
Os Catadores e o Viajante do Tempo
Data 27/12/2010 11:56:32 | Tópico: Poemas -> Sociais
| Os dias foram passando Nas ruas desertas O viajante do tempo Observava as criaturas
Dormindo sob as marquises O carrinho cheio de papelão A barriga só com um pastelão O jornal aquecendo as noites
São dias que se repetem Aos olhos do visitante É a outra face da cidade Das vidas que insistem
Não são mendigos, nada pedem Apenas livram as calçadas Das caixas, dos embrulhos desfeitos Na saga da sobrevivência, cansam e dormem.
As suas moradias distantes Fazem das ruas seus lares Faça frio ou calor, pouco importa Todas as estações ao sabor da brisa
O intrépido cavalheiro Encontra um casal de catadores Uma breve troca de olhares E lhes oferece um prato
Uma prenda rara necessária Para suportar aquela noite friorenta Eles agradecem a divina providência E o viajante deixa escapar uma lágrima
Assim seguiu o misterioso Senhor Enquanto se agitavam jovens em bares A tudo ouvia atentamente, gemidos e preces Sua missão destinava-se aos humildes, sem penhor.
Mas, todo o alimento contido em um prato Do bar na Lapa, à quentinha na Rua dos Andradas Era o contraste de vidas desiguais, um paradoxo Pois ambos tinham sua razão de ser, deveras...
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em 27/12/10.
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