
Vivendo tal como um rato.
Data 03/09/2007 13:50:16 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
| Quantas vezes não pensaste, Em coisas que tu gostavas. Mas não as realizaste. Nem sequer as começavas.
Ficavas com o pensamento, E só isso era consolo. Tal e qual um casamento, Em que não comes do bolo.
Habituaste-te a viver, Sem teres rumo nem destino. E acabaste a sofrer, Uma vida de desatino.
Sem nunca tu conseguires, Aquilo que tu sonhavas. Acabaste por não ires, Aos sítios que tu pensavas.
Vivendo na apatia, De veres os outros viver. E passando o dia a dia, Sempre e só, para sofrer.
Habituaste-te assim, A seres um bicho do mato. E ao sofrimento sem fim, Vivendo tal como um rato.
Que sabe que é nocivo, Se o veneno comer. E só sente que está vivo, Porque continua a roer.
Vivendo tal como um rato, Que nada sabe da vida. Que se vê no meio do mato, Sem saber onde há comida.
Assim tu vives também. Tal e qual rato caseiro. Sabendo tu mais que bem, Que não vives sem dinheiro.
E pensando muitas vezes, Em coisas que tu gostavas. Passavam dias e meses, Em que tu nada alcançavas.
Pensavas tal como um rato, Mas mostravas estar contente. E fazias-te passar por gato, Enganando muita gente.
Habituaste-te a viver, Com muito pouco, ou nada. Ás vezes sem teres comer, Em cima levavas porrada.
Tinhas que viver satisfeito, E acordar sempre cedo. Eras um rato perfeito, Ao teres que viver com medo.
Satisfação de viver. Vivendo tal como um rato. Que todos queriam ver, Tal e qual bicho do mato.
O rato que tudo rói, Não liga a credos ou cores. E uma ferida só lhe dói, Quando sente muitas dores.
Vivendo tal como um rato, Muitos dias, muitos meses. Alcunharam-te de ingrato, Não uma, mas muitas vezes.
Perdeste a vontade de rir. E perdeste anos de vida. Mas não podes admitir, Que a vida está falida.
Quem nunca viveu assim, Não sabe dar o valor. E chega sempre ao fim, Sem ter pontos a favor.
zeninumi 3/9/2007
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