
ORÁCULOS DE SOL
Data 18/12/2010 02:21:28 | Tópico: Poemas
| É quando o sol com seus oráculos ateia fogo à tarde que multiplica-se nas horas de silêncio e mormaço
enquanto nas frutas adormece o açúcar amadurecido – na carne – através do dia
O dia é esse: estas manhãs e tardes acesas num relâmpago que se propaga em convulsão; esta combustão de luzes súbitas arrancadas das entranhas do céu esta flor em fogo que nos incinera em silêncio;
Dia – objeto do tempo – elemento necessário à sublimação vegetal. Sob seu árduo trabalho a arquitetura do sol a alimentar algebricamente as articulações da terra. Presa ao chão, a raiz submete-se à necessária escuridão. O dia findo previsto na conjuração carnal previsto no calendário obtuso nas hordas televisivas e um sol freqüente a questionar-me ( e eu a ele ) o desgastar das nossa vidas;
indagar a si mesmo é como prever a própria morte. A morte dissecada nos relógios na amputação das horas.
Sol. Fúria de anjos sobre a pedra e o mar inadiável sobre a pedra e o sal incendiando-se sobre a pedra sempre pedra acesa ao sol
crepúsculos de incêndios purpúreos apagados pelo mar aflito a rebentar irrequieto sobre as constelações das praias
sol sol que espero sob tua agonizante vigília?
eu – verbo presente a conjugar-me – aceso o amor das horas escaldantes sepulcro de vozes inabitadas nas gargantas: a piedade dos anjos não nos libertará dos verões diurnos
O sol é cúmplice da pedra no silêncio e no soluço onde te abraço e confesso:
onde se alimenta o fogo destas horas?
|
|