
MEUS SONETOS VOLUME 085
Data 16/12/2010 08:01:40 | Tópico: Sonetos
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1
Meus parabéns, amigo não me esqueço Do dia em que fazemos tanta festa Seguindo por caminho que conheço Uma alegria enorme é o que me resta.
Uma amizade eu sei, jamais tem preço, Por isso tanto apreço à vida empresta Aquele que conhece e reconheço Tanta honradez quem sabe sempre atesta.
Não vejo outra maneira de dizer Que somos bem felizes, companheiro De termos do teu lado tal prazer
De mais um ano em novo calendário Dizer; tu és amigo verdadeiro, Meus parabéns por teu aniversário!
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Meus parabéns! Amigo nesta data Comemoramos juntos – bela festa – Esta emoção feliz que se retrata Louvando a maravilha que se empresta
Num dia tão sublime para nós Que somos seus amigos verdadeiros. Atando a cada dia mais os nós Contamos com teus braços companheiros...
A vida nos trazendo dores, medos, Também nos mostra a sorte triunfante Quando revela assim os seus segredos
Mostrando que não sou tão solitário Por isso, é que agradeço e neste instante Desejo-lhe feliz aniversário... Marcos Loures
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Meus ossos espalhados pelo chão Banquete para as feras esfaimadas. Meus olhos arranquei, matei clarão Nas sendas das insanas desvairadas
Que bebem cada gota em podridão As águias entre pombas disfarçadas, No fundo de minha alma este porão Mortalha das paixões em debandadas.
Sou verme e posso ver-me retratado Na entranha deste esgoto em que me dei. O vento tantas vezes desregrado
Transforma num instante a antiga grei. De tudo o que busquei no meu passado, Apenas o vazio eu encontrei... Marcos Loures
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Meus órgãos espalhados nas estradas, Os restos representam a tortura, Nos braços amputados, nas caladas. Caminho meus delitos sem brandura...
Sonhara tão somente com as fadas, A mão que me maltrata finge cura... Nas costas cicatrizes, chibatadas, Meu olho esta navalha vem e fura...
Meus medos estampados, tua face... Martírios e balaços num fuzil... A ditadura usando seu disfarce
Promete enfim, vender o meu Brasil Procura pela gralha que a comparse; Não deixarão sobrar, no fim, um til...
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Meus olhos; faroleiros da esperança, Audazes marinheiros sem destino, Trazendo, timoneiros, desatino, Distância que o ligeiro sonho alcança.
Quem dera mensageiros da aliança, Usando este tinteiro, qual menino Mergulho por inteiro e me alucino, No gozo alvissareiro desta dança.
Sentindo os doces cheiros da alegria, Seguindo estes ribeiros- fantasia, Caminhos costumeiros percorridos
Os cantos derradeiros de minha alma, Mordaz aventureiro, o sonho acalma, Trazendo amor/arqueiro aos meus ouvidos...
6
Meus olhos venalmente esfumaçados... No quarto que decifro minhas lendas. Febrilmente, revelo os embaçados Amores que mortalhas sem ter prendas...
Não permitindo tempos disfarçados Nem os templos que abrigam tais contendas. Nossos braços, num mar, entrelaçados, Bocas que nos cuspiram, nunca ofendas...
As febres delirantes paralíticas... As rochas que tombamos, monolíticas, Os medos tatuados nossas almas...
As mortes que vivemos por lazer No fundo não nos trazem ermos traumas, Deveras, confundimos com prazer...
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meus versos que serão meus companheiros quando, ao fim desta jornada não restar nem sombra dos amores verdadeiros e nem mesmo um amigo eu encontrar...
meus versos são parceiros mais fiéis fiando nestas letras que misturam meu barco se perdendo sem convés as cores com que tramo não me curam
amores simplesmente são falsários demonstram um sorriso tão jocoso, depois se transformam noutros vários, não deixam nem sequer sombra do gozo.
amada, deixo o canto que não fiz, dizendo que em teus braços fui feliz...
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Meus versos poderosos como o quê Não podem encontrar em seus caminhos, Um óvulo sedento, enfim, por que Percebem que terão ali bons ninhos...
Eu disse pros meus versos: devagar Que o mundo, num segundo não se acaba, Também eu não mandei tanto esbaldar Nem abusar assim da catuaba...
Beleza de mulher que me conquista Sorriso divinal que a terra adorna. Agora o que farei? À bela vista Tomei duzentos ovos de codorna!
Vem logo que eu assumo esta criança Recomeçar depressa toda a festança! Marcos Loures
9
Meus versos palpitando em tanto amor Enlaces, descaminhos, e torturas... De tanto que procuro o salvador Sabor destes teus beijos e ternuras...
Te peço, por piedade, não desfaças Dos versos que dedico sempre a ti. Meu corpo no teu corpo, quando enlaças, Abrasa todo o sonho que pedi.
Aos poucos quando vou te percebendo Entregue na loucura mais sensata; De tanto que te quero, me envolvendo; E me vejo embrenhando em tua mata...
Amada, meu amor tão infinito, Aguarda teu amor, num mesmo rito...
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Meus versos não suportam a distância; Sequer irei seguir suas pegadas. Nem quero poesias malfadadas, Do amor já não suporto militância.
Aonde houver resquícios de uma infância, Porém estas imagens degradadas Preparam numa esquina as barricadas. Não posso suportar tal discrepância
E o cerne dos meus erros; não alcanço. Queria ser deveras bem mais manso, Mas tenho um fogaréu que nunca cessa
Nos gêiseres que trago dentro em mim, Ausência de ilusão foi o estopim Dispenso os curativos. Sem compressa... 11
Meus versos não são recados, Muitas vezes são falsários Tantas vezes meus pecados, Invadem mares, corsários.
Tais versos imaginados Esperneiam são hilários Nas sinas ouros e fados Vivem nos dicionários.
Amores vapor barato Seguem sempre o mesmo canto. Comem nesse mesmo prato.
Esquinas vivem dobrando, Não pedem restos e encanto A vida à toa passando... Marcos Loures
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Meus versos escondidos na gaveta Não saem do meu peito sem cuidado Por mais que ao que passei já me remeta Demonstram meu retrato, no passado.
Rasgados os meus versos de tormento Agora não pretendo mais saber De tanto que doía o sofrimento Amores que morreram reviver.
Meus sonhos se renovam mas não sabem Dos versos que escondi no meu recanto. São tantos sentimentos que não cabem Embora tanto amor em desencanto.
Vivendo nosso amor, esteja certa, Gaveta de minha alma vive aberta!
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Meus olhos se perdendo nas visões Noturnas, fantasias que carrego, Ungindo com palavras, tentações Vagando em corpos nus, persisto cego,
Em meio a ruas, bares e portões Nos carros e nos sarros, eu me entrego À fome das luxúrias, aos tesões, Sucumbo ao mel de intensas seduções.
Mamilos róseos, bocas, coxas pernas. Meus dedos e meus lábios, minha língua Não deixam que esta noite morra à mingua
Nas faces exprimindo rotas ternas, Molhando minha boca nos teus lábios, Os gozos explodindo, fartos, sábios...
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Meus olhos se perdendo nas visões Noturnas, fantasias que carrego, Ungindo com palavras, tentações Vagando em corpos nus, persisto cego, Em meio a ruas, bares e portões Nos carros e nos sarros, eu me entrego À fome das luxúrias, aos tesões, Sucumbo ao mel de intensas seduções. Mamilos róseos, bocas, coxas pernas. Meus dedos e meus lábios, minha língua Não deixam que esta noite morra à mingua Nas faces exprimindo rotas ternas, Molhando minha boca nos teus lábios, Os gozos explodindo, fartos, sábios...
Marcos Loures
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Meus olhos são cascatas, quase um mar Chorando por quem nunca poderia, Trazer uma esperança em novo dia Na selva de teus olhos; vou buscar
O tempo que não pude controlar. A aurora que virá mesmo tardia retoma num momento a fantasia E dela irei beber e me fartar.
Eu busco nas esperas o teu canto; Travando noite e dia, por encanto, Quem sonharia parto, invés de luto...
Teus olhos tão perfeitos, mas sou bruto; comigo mesmo, amada eu sempre luto até reconhecer teu olhar. Santo...
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Meus olhos que te enlaçam com ternuras Buscando no teu colo meu descanso, Aguarda tanto amor, suas venturas Qual rio que procura seu remanso.
Ternuras desejadas e queridas Dos braços da mulher que procurei, Vasculho nos espaços, tantas vidas, Parece que este amor eu encontrei.
Deitando sobre esse vergel tão cálido Que trazes com ternuras indizíveis, A lua com luar belo e tão pálido Reflete as belas cenas mais incríveis...
Teus olhos e luar, que fantasia, No brilho que este amor, tonto, irradia!
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Meus olhos procurando teu sorriso, Que; em tudo é mantimento de minha alma. Viver assim pressente o paraíso, É chama que me ardendo, já me acalma...
Pois tudo que há de bom e a vida trouxe Encontro em teu sorriso, minha amada. Amando a cada dia como fosse A curva derradeira desta estrada.
Não canso de louvar o santo amor Que veio com desígnios; forte, intenso... Vivendo enamorado; tanto ardor... Sabendo que este amor é mar imenso.
A vida nos teus braços descortina A beleza da mulher, minha menina!
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Meus olhos procurando tais pegadas Deixadas nestes trilhos que passaste. De tanto procurar, pernas cansadas, Seguindo os aromas que deixaste...
Eu quero teu amor, não mais discuto. É tudo o que bem quis a vida inteira. Teu nome; estou distante... Nada escuto. Por tanto que te quero, companheira...
Eu sei que tanto errei, peço perdão. Meus medos aumentando pouco a pouco. Errei por tanto amor, tanta emoção. E temo, desse jeito, ficar louco...
Retorno; tão cansado... Morta a chama. E te encontro, deitada em nossa cama!
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Meus olhos pelos teus já perguntavam Enquanto estrelas belas conviviam Com sonho que decerto te buscavam, E tantas fantasias permitiam
Trazer os teus caminhos que douravam Os passos onde os meus sempre seguiam Remansos sensuais que se fartavam De todos os momentos que viviam
Dois seres em perfeita comunhão, Vestidos pelos raios da paixão Na profusão de um mar em lava ardente
Causado pelo fogo de um vulcão Vibrando o coração, tomando a gente Até chegar bendita inundação.
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Meus olhos nos desertos se lançavam Eternos sentimentos, poço e pólo Deitando meu prazer busco teu colo E apenas frios olhos me miravam.
Em nossas diferenças que saltavam Aos olhos de quem vê além do solo, Desejos e velórios misturavam Receitas tão diversas mesmo bolo.
Fagulhas e farrapos, farpas, lumes, A boca em podridão traz teus perfumes, Mas mesmo assim prefiro essa halitose
No amor que me entranhou em pura osmose Do vago que eu trazia, agora pleno, Bebendo deste amor mel e veneno...
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Meus olhos no futuro, quando os ponho;
Vislumbro a maravilha da esperança.
Embora nos pareça tão medonho
O grito da injustiça nos alcança
E penso que este canto tão tristonho
Proponha para todos nova dança
Vibrando com tal força em nosso sonho,
Possamos relembrar do amor-criança
Que teima em nosso peito resistir
Trazendo neste vento que promete
Beleza e sensação de um bom porvir.
Eu sei que te pareço sonhador;
Porém minha ilusão já me remete
À promessa aromática da flor...
22 Meus olhos não se cansam de esperar, Teus olhos nos meus olhos, se perdendo... Descendo manso rio sob luar, Cascatas, corredeiras, conhecendo...
Teus lábios nos meus lábios, imersão. O cheiro desta boca tão ardente. Comendo tantas frutas da estação, Prazeres que me deixam sorridente...
Nas noites tantos grilos, vaga-lumes, Nos cantos e nos brilhos, nosso amor... Tragando ardentes goles e costumes, Tocando uma viola, em esplendor...
Viajo nos teus montes, serenatas... Teus braços... Nossas noites. Me arrebatas
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Meus olhos lacrimando em cachoeira Descendo pelos rios em fumaça Paixão que me domina, a derradeira, O tempo nos teus braços nunca passa.
A vida se mostrando alvissareira Destino mais feliz já não se embaça Se eu tenho tanto amor, quero que queira O sentimento nobre em que se faça
A nossa redenção em plena glória Nos laços destes braços, a vitória Trazendo num segundo eternidade.
Estou apaixonado, nunca nego, Felicidade imensa que carrego É feita deste amor que é de verdade... Marcos Loures
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Meus olhos inda miram teu retrato, Espelhos de minha alma são só teus. O dia se tornou cruel de fato, Apenas me restando o triste adeus.
Na ventania imensa, o meu regato Procura renascer momentos meus Que foram sem destino e sem formato Apenas refletindo olhos ateus
E assim, seguindo a sombra de mim mesmo, Caminho e tantas vezes; vou a esmo. Bebendo a lua vaga e merencória.
Olhando volta e meia o meu reflexo A vida sempre traz sem rumo ou nexo Recordações tão vivas na memória.
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Meus olhos entornando esta saudade Em lágrimas sutis, inebriantes Aonde se plantara por instantes Abrolho, num momento, tudo invade.
O quanto se perdeu em falsidade Deixando luzes claras, radiantes, O amor quando embrenhou sendas distantes Matou o que se fora, claridade.
Agora que desfilo este vazio Nos olhos tão tristonhos, infelizes, Perdoe por favor, os meus deslizes,
Pretendo reviver o nosso estio, Embora traga fundas cicatrizes, Quem sabe noutro dia outros matizes? Marcos Loures
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Meus olhos em total ansiedade buscam Pelo céu essa estrela apaixonadamente Bela. Estou tão distante... Eu quero, simplesmente Seu brilho constelar. Os outros já se ofuscam...
Estrela radiosa, o meu verso se encanta Com o teu raro lume. Embalde te procuro! O céu, tão invejoso, esconde-te na manta Pelas nuvens formada, o mundo fica escuro...
Quem dera se pudesse, estrela, ver teu brilho, A vida, então, seria enorme fantasia. O meu olhar vazio, espera por teu trilho!
A cada noite nova, um sonho de delícia... Em ti, estrela amada, um canto de alegria! O céu mais ciumento, esconde-me Letícia Marcos Loures
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Meus olhos decifrando teus problemas, Decoro minhas tendas com mentiras. As ruas que iluminas, velhos temas. As cancerosas bocas que me atiras.
Nas melindrosas luas, meus poemas. As trevas que me deste, velhas tiras. Nos medos que segredas torpes lemas. Nos teus tantos dilemas já me estiras...
Adormeço nas guerras que me fazes, Iluminando o brilho do meu túmulo. Nas vezes que fingiste; surdas pazes.
O começo e final, tu és o cúmulo! As forças que roubaste fazem falta. A noite dos amores dorme incauta!
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Meus olhos decadentes e sombrios Carregam a tristeza secular, Dos sonhos esquecidos e vazios Distantes das areias, sem o mar.
São olhos invernais morrendo estios, Desaprenderam cedo o que é lutar Perdidas andorinhas sem os fios, Estrelas tão longínquas sem luar.
Meus olhos, simples ilhas sem ninguém Eremitas morrendo em solidão. O tempo vai passando e nada vem
Senão o gosto amargo da saudade Daquilo que deveras fora o não. Sem brilhos. Em meu olhar: opacidade...
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Meus olhos de teus olhos, girassóis Encanto libertário, paz e vinho, As marcas dos amores nos lençóis, Ficaram, são guardadas com carinho.
Depois de tanto tempo, tantos sóis, Espero que tu voltes de mansinho, Brilhando com a força de faróis, Voltando como um pássaro ao seu ninho,
Trazendo para mim, felicidade, Matando, com certeza, esta saudade A cada novo tempo peço abrigo
Nos braços de quem amo plenamente A sorte em maravilha se pressente Vivendo esta esperança, amor, contigo... Marcos Loures
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Meus olhos de teus olhos revestidos, Trazendo dias mansos, demarcados De todos os temores já despidos Vencendo mares loucos, sobraçados,
Tocando mais profundo os meus sentidos, Meus versos de teus olhos namorados. Espreita a fantasia em mil sentidos, Certeza de momentos desejados.
Em sonhos vou teu corpo navegando De luzes magistrais me decorando Chegando à maravilha constelar
Luzindo fantasias estelares, Roubando deste sol fartos luares Mergulho em ouro e prata sobre o mar... Marcos Loures
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Meus lábios vasculhando cada ponto Do corpo desta sílfide divina Nos olhos deslumbrantes de menina Ao paraíso em vida eu já remonto.
E bebo deste gozo em que me apronto E galgo eternidade que alucina Felicidade intensa sempre mina Do porto que me deixa leve e tonto.
Um mero trovador apaixonado Fazendo os mais sinceros madrigais Querendo estar contigo lado a lado
Navega pelos astros, liberdade. Dos sonhos em fulgores tropicais Amor vai redobrando a intensidade...
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Meus lábios vasculhando cada ponto Do corpo desta sílfide divina Nos olhos deslumbrantes de menina Ao paraíso em vida eu já remonto.
E bebo deste gozo em que me apronto E galgo eternidade que alucina Felicidade intensa sempre mina Do porto que me deixa leve e tonto.
Um mero trovador apaixonado Fazendo os mais sinceros madrigais Querendo estar contigo lado a lado
Navega pelos astros, liberdade. Dos sonhos em fulgores tropicais Amor vai redobrando a intensidade... Marcos Loures
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Meus lábios vão buscando doces méis Pois sabem receber de teus carinhos. Meus olhos na procura, mais fiéis Encontram em teus braços, caros ninhos.
A noite vai passando calmamente, Trazendo uma lembrança sensual Do amor que determina a toda gente Que a paz promete ser celestial
E vamos, sem desculpas nem temores, Fazendo tanto amor sobre os lençóis Deitando sobre a cama, raras flores, Dos rios do prazer, teu corpo é foz.
E nada nos impede, com certeza, De termos neste amor, tanta beleza...
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Meus lábios te procuram, sem palavras... Apenas te tocar, te dar um beijo. Qual fora um jardineiro em belas lavras Cuidando do canteiro, o meu desejo...
Não digo quase nada, nem preciso; Encontro em tua boca, amada, a chave Que leva o pensamento ao paraíso; No toque tão sutil e mais suave...
Carinhos que se buscam, sem temor; Nos mostram os caminhos mais concretos Da estrada divinal, em tanto amor, Dos sonhos que queremos; os completos...
Querida és meu alento em noite fria, Ao te saber, minha alma se arrepia!
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Meus lábios te percorrem sem juízo, Mas saiba que este amor não diz pecado, Altares que nos trazem paraíso No imenso fogaréu, anunciado.
Tocando com desejos os teus seios Delícias que encontrei, belas romãs, Dos corpos que se dão já sem receios Comemos, sem pudores as maçãs;
Assim doce veneno que me dás Inebriadamente me conquista Fazendo que se tenha a dimensão
Do amor que nos tomou e agora traz O céu que num momento já se avista Promessa de total inundação... Marcos Loures
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Meus lábios passeando em tua pele, Vorazes sensações, prazeres tantos. A cada novo porto que revele Encontro com certeza, mais encantos.
Meu corpo nos teus cais, quando se atrele Teus seios sobre mim, divinos mantos, Que o tempo não mais passe, e sim congele, Beijando por inteiro os belos cantos.
Nas ânsias de prazeres, tresloucados, Os lábios já dão conta dos recados, Sorvendo cada gota de rocio
Que espalhas nesta cama com doçura Orgástico caminho se procura Trazendo ao frio inverno um quente estio... Marcos Loures
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Meus lábios nos teus lábios fazem rede E sabem deste beijo tão gostoso, Matando em tua boca a minha sede, A sede deste sonho mais formoso,
Permite que em teus braços eu me enrede E seja sempre assim, bem carinhoso. Saudade é um retrato na parede Desejo sempre audaz, voluptuoso.
O beijo prometido, a boca espera Transbordando a doçura em primavera Destinos em carinhos são traçados.
Eu vejo ressurgir uma esperança Fazendo do teu corpo com pujança Caminhos em prazeres decorados... Marcos Loures
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Meus filhos são meus versos prediletos, São feitos da alegria e da esperança De sonhos mais perfeitos e diletos, Limites onde a vista, minha, alcança... Passeiam pela casa meus afetos Brincando com pureza de criança. Às vezes; nos meus sonhos incorretos, Jogado n’algum canto da lembrança Esqueço que também corria solto Na casa dos meus pais, doce janeiro... Nos braços da saudade vou envolto E acordo com um grito ou um sorriso, E o amor que é mais completo e verdadeiro, Convida a padecer no paraíso!
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Meus erros, meus enganos, meus defeitos, São todos testemunhas que eu existo, Se a nada neste mundo não resisto Talvez os meus problemas sejam feitos
Somente dos riachos que em seus leitos Encontram tantos seixos. Se benquisto O estio da esperança em que eu insisto Expressa os temporais, nem sempre aceitos.
Perenidade, um sonho tão fugaz, Nem mesmo algum sorriso satisfaz Quem tanto desejou inutilmente.
Não posso prosseguir, estou cansado, A morte vai mandando o seu recado E o fim inevitável se pressente...
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Meus erros são enormes, mas humanos. Nas ânsias as terríveis maldições. As falhas que me tomam; desenganos, Impedem com certeza, as soluções. Não falo que meus versos tão insanos São formas de enganar-me; ilusões. Mergulho na esperança os oceanos Formados pelas dores, emoções... Oscilo entre a verdade transparente E toda uma mentira que me guia. Nas mãos incandescentes, a serpente, Nos olhos outros brilhos mais sutis, Resisto e não concebo a fantasia, Mas mesmo assim, me sinto mais feliz...
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Meus olhos te procuram... Minha amada. Em meio a tantos olhos, quero o teu. Nas ruas, nas esquinas, bares, nada... Onde foi que esse olhar o meu perdeu?
Muitas vezes pensava ser sozinho, Nos meus dias total obscuridade. Cansado de viver sem um carinho, Trazendo a solidão sem ter saudade...
Meus olhos em teus olhos, de repente... Os brilhos refletidos, espelhados. O mundo, num segundo, diferente; Trazendo tantos sonhos... Rios, prados...
Porém tu foste embora... O quê que eu faço Sem ter os olhos teus, por onde passo?
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Meus olhos te procuram pela casa, Vasculho cada canto, nada vejo. Apenas o retrato de um desejo Que em fogo me incendeia e assim me abrasa.
Aos poucos, solidão apaga a brasa, E a dor que nunca cessa, eu já prevejo Esta última parceira; não almejo. Somente uma saudade me extravasa,
Pois nela posso ver o teu retrato Embora distorcido, na verdade. Revejo com prazeres cada fato
Vivido nesta casa, em nosso quarto. Lambido pelos olhos da saudade Sonhando; ao infinito logo parto.
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Meus olhos te buscando nas estrelas Distantes em meu céu quase sem brilhos Quem dera se também pudesse vê-las Quem sabe tu virias nestes trilhos.
As nuvens tão teimosas, escondê-las Somente momentâneos empecilhos Um dia se eu pudesse merecê-las Meus olhos não seriam andarilhos...
Eu quero que tu saibas deste sonho Que um dia cultivei, ser mais feliz. Amar-te plenamente, eu te proponho,
Meus beijos serão teus se tu quiseres, Talvez neste meu céu, novo matiz, Se na bela estrela, enfim, vieres...
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Meus olhos sem teus olhos, nada são Somente escuridão em erma estrada, Imagem num segundo vislumbrada, Guardada como fosse uma visão
Em mágicos delírios: tentação... Sem ter tua presença, não sou nada, Ao vento e a tempestade alma vergada Reflete o descaminho, negação...
Faróis que cedo guiam os meus dias, No olhar imaculado, fantasias, Magias de holofotes, luz intensa!
Quem sabe, por sonhar assim demais, Terei ao fim de tudo, os magistrais Olhares, pra quem sonha, a recompensa! Marcos Loures
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Meus olhos sem destino te buscavam Em noite tão distante e neste intento, As dores do passando se encontravam, Resquícios que carrego em pensamento. Depois da tempestade em que se achavam, Poeira novamente toma assento.
E sinto que terei felicidade, Ao ver esta mulher que já foi minha, E agora tão distante da verdade, Ainda em solidão, triste, caminha. Meus olhos encontrando a liberdade, Percebem que talvez, assim sozinha,
Ainda volte a ser em meu jardim, A rosa que nasceu do amor sem fim...
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eus olhos se tornando quase pálidos Numa ânsia sem limites, incontida. Quem teve plenitude, traz esquálidos Motivos pra seguir por toda a vida.
Meus dias que se foram, mais inválidos Deixando toda a base destruída. Quem dera se tivesse sonhos cálidos, Assim talvez achasse uma saída....
Mas venho bendizer o teu apoio, Que ajuda a ser mais forte e mais contente. O tempo nos ensina trigo e joio,
E mostra como é rara uma amizade. Por isso minha amiga, antes descrente, Concebo meu futuro em liberdade... Marcos Loures
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Meus olhos se perdendo neste espaço Em busca da amplidão dos teus carinhos... Em volta deste tempo, no cansaço, Os pássaros errantes pedem ninhos...
Não sei mais se consigo ser feliz. De tudo que busquei, nada mais tive... O mundo que sonhava e sempre quis Apenas nos meus sonhos inda vive...
Tentarei resistir mas não prometo... Os olhos esquecidos não mais vêem Dos erros nesta vida que cometo, Por certo das saudades já provêem
Amiga, como é bom ser teu corcel Meus olhos? Esquecidos lá no céu...
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Meus dedos te tocando, xana e seios Roçando tua pele bronzeada, Meu corpo penetrando belos veios Na gruta que me entregas encharcada.
A língua vai lambendo, tantos meios De amar esta mulher deusa safada, Deixando para trás velhos receios, Loucura sem igual já vislumbrada.
Teu cu vai deslizando em minha boca Na tua com volúpia esta piroca, Depois na putaria dois dementes
Que sabem desfrutar de cada gozo, Mijando em minha boca tão gostoso, Cravando em minhas costas fortes dentes...
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Meus dedos te tocando devagar, Percorrem os caminhos do prazer. Eu sinto minha pele arrepiar Meus lábios, tanta senda a conhecer... Surpresas neste belo passear Delícias tão gostosas de saber...
E rendo-me aos desejos mais profanos, Entrego-me sem tréguas nem descanso. Nos rumos mais audazes, soberanos, Os ápices divinos eu alcanço. Estar contigo assim, meus loucos planos; Nas furnas delicadas eu avanço...
Teu gozo é meu alento e meu destino, Nos rios caudalosos me alucino... Marcos Loures
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Meus dedos são audazes bandeirantes Que entranham por recantos divinais, Nos olhos redentores, diamantes, Percorro sendas belas, sensuais.
Jamais eles serão titubeantes, Pois sabem decifrar senhas, sinais, Requebros desejosos, provocantes Permitem que eu encontre portos, cais.
Ancoro meu prazer em tuas ilhas, E nelas desfrutando as maravilhas Furtando cada gomo, bebo o sumo.
Sacias com teu néctar as vontades Daquele que se dando em claridades Encontra o que queria, sanha e rumo... Marcos Loures
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Meus dedos deslizando em tua pele Procuras incansáveis por prazer. Destino em que em loucuras amor sele Num lúbrico mergulho no teu ser.
A cada novo verso que revele O quanto o teu amor me faz viver, À farta fantasia me compele O sonho tão sublime de se ter.
Eu vejo o teu olhar tão sequioso Ardendo de vontades, riso e gozo Na eterna sensação do querer mais.
Vencendo estas distâncias chego a ti, Amor que tantas vezes concebi Tornando nossas noites imortais... Marcos Loures
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Meus dedos andarilhos procurando Em tuas doces matas, vales, montes, Tocando com furor, divinas fontes Que aos poucos vão depressa se alagando.
Sentindo umedecidos horizontes, Nas belas cercanias se inundando, Gemidos mais vorazes sussurrando, Fazendo com o céu divinas pontes.
Até chegar contigo ao mar imenso Que logo me devora, intensidade, Sentindo mergulhar nesta umidade
O fogo da paixão audaz e tenso, Querendo te sorver e gota a gota, Sabendo que esta chama não se esgota
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Meus companhero perdoa As minha lamentação Se falo não é à toa Vem vindo do coração
Na boca o gosto da broa Da vida nesse sertão Meu pensamento mais voa Dexando a lamentação
Pros que perfere a sodade Eu perfiro nem dizê Na vida, sinceridade
É perciso pra vivê Mas cum amô e bondade Mió pra mim e procê !
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Meus castelos tombados pelos ventos... Meus passos desviados do caminho. As pedras que trouxeram sentimentos, Destruíram castelos, passarinhos...
Nas travessas saudosas sem tormentos, A paz e a alegria foram ninhos... Recebendo a visita; meus lamentos, Meus castelos ruíram, pobrezinhos...
Quando durmo; sonhando com castelos, Meus castelos, castelos meus, tão belos. Minha noite parece enluarada!
As dores que se perdem nessa estrada, Parecem nunca terem existido... Eu piso nos castelos, distraído...
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Meus candelabros, nossas velas lua... Cabelos soltos, secular romance... Vieste lúdica, formosa e nua. A cada passo a transformar num lance,
Esmeraldina essa beleza tua, Que em cada gesto, a mansidão me alcance, No gosto audaz da boca doce e crua. Não reconheço outro sequer nuance...
Quando passeias teus olores, rosas; Douras sem ver todos os meus caminhos. Nas mãos macias, belas, vaporosas,
As esperanças trazes sem saber, Os meus distantes sonhos pedem ninhos, Nas alegrias desse amor, morrer... Marcos Loures
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Meus cabelos tomados pela prata, As marcas de outros dias dolorosos, A solidão que conheci já se retrata, Dos sonhos que morreram, venenosos...
Vida de quem não ama, eu sei; maltrata, Distante dos caminhos luminosos, Perdido em ilusão, escura mata, Somente estes momentos tenebrosos...
Amor que parecera ser bizarro, Moldando nos teus braços, fino barro Do qual eu renasci, minha querida.
Do medo que vivera no passado, Cumprindo minha sina do teu lado; Salvando, finalmente minha vida...
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Meus cabelos tão brancos como a neve... Representam verdades que aprendi... A mão que sempre quis já não se atreve. O mundo desconhece o que vivi.
A vida que terei será tão breve, O tempo das tristezas, esqueci... A carga das saudades, anda leve. O medo de morrer, some daqui...
As orações que faço, peço a Deus, Que não me deixe morrer sem ver Maria, Os olhos apagando, trazem breus...
A vida esvoaçante já flutua... Memória do que tive, breve dia Lembranças da sereia, bela e nua.. Marcos Loures
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Meus beijos desejando cada afago Que trazes para mim, tão sedutora Sorvendo desta boca trago a trago, Certeza de vontade redentora.
Vieste salvadora em meu caminho, Curando que sofrera tanto tempo, Distante do que outrora foi sozinho, A vida não me mostra contratempo.
Vencendo toda sorte de pavores, Da solidão cativo, eu me liberto Nas asas infinitas dos amores, Nascendo bela flor neste deserto.
Amar, uma semente que me invade Granando traz por fruto a liberdade!
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Meu verso vasculhando, ganha o céu, Procura por pegadas, cada rastro Deixado pelos passos de um corcel Nos seios da mulher, puro alabastro,
Os olhos descortinam claro véu, Quem dera se eu pudesse ser um astro Rodando o firmamento em carrossel Erguendo o pensamento sem ter lastro
Ganhando a eternidade em manso beijo, Num mundo mais gentil que em ti prevejo. Deixando-me levar em correnteza.
Assim, ao parearmos nosso rumo, Bebendo da alegria o farto sumo Não quero mais saber desta tristeza.
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Meu verso vai dispersa bomba atômica Rasgando o que puder em faca e riso. A voz que imbeciliza morre cômica A morte do idiota é o paraíso.
Meu verso uma trombeta sem juízo Palavra vai matando e morre agônica Alarmes exauridos num aviso Não quero estupidez que seja harmônica
Nem mesmo o quanto nada sobrará Do verso que não fiz e não farei Falando deste amor que restará
Depois de todo o podre que plantei Batalhas que emboscaram liberdade Restando esta mortal tranqüilidade...
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Meu verso vai buscando em teus caminhos O colo que esperei a vida inteira, Meus dias que já foram tão sozinhos Encontram verdadeira companheira
Que mostra com calor e valentia Amor que salvará quem sofreu tanto. Portanto no teu canto de alegria Um manto me recobre com encanto.
Sem ter a tempestade que eu tivera, Nos dias mais doridos, tão vazios. Espero recolher a primavera Na fruta delicada, nossos cios,
E assim nesta alameda enveredar Meu sonho de prazer e, enfim, de amar...
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Meu verso te proclama em amizade, Pois trazes no teu canto sossegado O gesto de quem tece claridade Respeita cada dor de meu passado, Usando de total sinceridade, Caminhas noite e dia, lado a lado
Comigo na certeza de encontrar Um mundo bem melhor de se viver. Não teme nem sequer a luz solar Nem teme nova vida conhecer. Por isso minha amiga, o meu cantar É feito simplesmente pra dizer
Que tenho uma certeza que me abriga, A de que tu és sempre minha amiga..
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Meu verso te fala dos sonhos que trago Amor que comove tomando o meu peito Fazendo mais forte querida, este afago, Vencendo a tempesta no quarto em que deito.
Total calmaria placidez no lago Aonde em ternura, farturas espreito, Sabendo do gozo divino, pois mago, Que após tempestade, meu bem, eu aceito.
Sublime dueto dos sonhos e risos, Amor mais completo traduz paraísos Vestido de sonho bebendo da fonte
Que nunca se seca, mostrando o horizonte Que tanto tentara, sabendo existir Na jóia tão rara, sublime porvir... Marcos Loures
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Meu verso só reflete; minha amada, Toda a beleza imensa do teu canto. És como a lua intensa, prateada, Deitada sobre mim, em puro encanto...
Percorro o mesmo rio que ditaste Com toda uma alegria sensual, Nessa ternura imensa demonstraste U’a força sem igual, fenomenal!
Que bom poder estar aqui contigo, Dançando com palavras. Vou entregue... Encontro no teu canto o meu abrigo, E o sentimento imenso não se negue,
Amada, me permita te dizer, Teu canto fez meu verso renascer!
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Meu verso sertanejo, um repentista canta. Mostrando o meu desejo, um moço caipira Que sempre quer um beijo, um gosto que me encanta Da moça em que prevejo a sorte que não fira.
Um coração sozinho em busca de uma manta Que venha aquecer ninho em forma de mulher Trazendo de mansinho o bem que ela quiser E a lua no caminho à noite se levanta
Chamando pro ponteio através da viola Ao pratear a terra iluminando a mata Refaço minha sorte em plena serenata
Mostrando que o recheio, amada, da sacola Trazendo pr’esta serra o cheiro do alecrim, Meu canto traz a morte escondida de mim...
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Meu verso se tornando mais conciso Batuca no teu peito sem parar, Vertendo em nossa cama traz luar Na manta feita em puro paraíso.
Eu quero cada gota e sempre biso Bebendo a vida em goles, farto mar, Serpentes vão chegando devagar Venenos em fartura sem aviso.
Vou ávido de ti prazer insano, Transformo a brisa calma em minuano, E a tempestade vira furacão.
Cabelos esvoaçam, cavalgadas, Vagando mil estrelas, madrugadas, Tocado pelo amor, louco tufão. Marcos Loures
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Meu verso se encontrou em plenitude Dizendo simplesmente todo o sonho De ter sempre o bom senso e juventude No que se fez completo e bem risonho.
Que o tempo nos impele e nos ilude. Um mundo bem melhor: eu sempre sonho. Decerto em outros templos tudo mude Porém quero um viver menos tristonho.
E digo deste modo,o que pressinto Sorvendo todo o mel que me permites. Concedes teu prazer, desejos, sinto.
E quero ser só teu. Em todo verso Demonstro sentimento sem limites Vencendo o duro medo de ir disperso.
Soneto feito sem a letra A
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Meu verso se encantando Buscando o teu carinho, Assim irei cantando Por todo o meu caminho,
Um homem se entregando Outrora tão sozinho, Amor vai dominando, Entrando no meu ninho.
Quem sonha em ser feliz Já sabe deste fato, Contigo amor se diz
E mostra o seu retrato, Legado que eu mais quis, Remanso de um regato...
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Meu verso se desfaz da poesia Deixando para trás o que sonhara, Matando em voz cruel o novo dia, Fragilizado assim, desesperara. A vida tolamente prometia A noite solitária, fria, amara.
Na lua que se fez mais clara e forte, O dia prometendo um novo brilho Mudando todo o rumo desta sorte, Trazendo uma esperança como trilho. Não temo mais sequer a fria morte, Seguindo sem temer um empecilho,
Imagem que eu tivera agora é rara: “Somente a noite fria inda me ampara.”
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Meu verso que te faço, verso amigo; Reverso do que traço, sem temer. Diverso do que penso, do perigo, Neste universo inteiro, percorrer.
Converso com meu Deus e tanto peço. Inversos meus caminhos percorridos. Conservo os desejos que mereço Sou servo dos meus erros cometidos...
Reservo o meu pedido de perdão, Preservo meus amores sem juízo, Me atrevo a te pedir compreensão, No trevo entre inferno e paraíso...
Mas levo uma amizade tão fecunda Me enlevo numa prece mais profunda...
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Meu verso que se fez em puro afeto Buscando nos seus olhos, minha luz. No sonho mais bonito, predileto, O raio que me leva e reproduz Em um caleidoscópio belo aspecto Da vida que me cerca e me conduz
Ao corpo encantador de uma morena, Ao jeito tão faceiro da menina. À glória benfazeja que me acena, Aurora que me cerca e me domina. Nesta delicadeza de verbena A jóia, em raridade, diamantina...
No mundo mais airoso em que se crê, Mil versos que dedico p’ra você...
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Meu verso que disperso pelos ares Encontra uma resposta noutro peito. Atravessando ruas, rios, mares, Navega em liberdade. Contrafeito
Por trazer a saudade como tema, Exclama em solidão esperançosa - Que sabes, é dourada e rara gema- Na busca de uma vida mais viçosa.
Pensara não ter eco nem resposta, Mas tendo uma amizade como a nossa Saudade se fazendo em mesa posta Morre enquanto o sonho se remoça.
Amiga, eu agradeço e compartilho Contigo, ternamente, este outro trilho... Marcos Loures
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Meu verso qual aborto que incompleto Deixou uma placenta no caminho. Vencido pela dor não me completo Nem tenho mais um resto deste ninho.
Sou quase, na verdade, um triste feto Jogado pelas ruas, sem carinho. No vaso que quebraste sem afeto, Um parto que se fez, morreu sozinho...
Um ser que tão abjeto vai sem rumo, Vergastas arrancando minha pele. Numa acidez terrível, podre sumo
A sorte malfadada me repele. Quem vive e nunca mais conhece o prumo, Na morte encontrará enfim quem vele... Marcos Loures
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Meu verso procurando uma alegria Encontra nos teus olhos, raro brilho Seguindo uma ilusão que assim me guia Percorro em pensamento um belo trilho.
Quem dera se pudesse, a cada dia, Mostrar o quanto já me maravilho Sentindo o teu perfume que me extasia, Num sonho que se faz sem empecilho.
Nas malas que carrego do passado, Tristezas, sofrimentos, dor atroz, Ouvindo em emoção tal bela voz
Permite que eu te fale extasiado, Que o peito emocionado já se cala No sonho de poder somente amá-la...
8475
Meu verso predileto, o nosso amor Bem distante da guerra, eternas tréguas Navego o mar constante em esplendor Por milhas, anos luzes, vastas léguas.
E sei que terei sempre o manso cais Aonde o coração já sabe e diz Do quanto amor ao ser assim demais Num brado, grita ao mundo: sou feliz!
Em nossa parceria a solução, Rompendo as tais algemas do passado, Ao fundo ouvindo a voz: libertação, O sonho sempre bom de ser sonhado.
Quando eu te conheci estava certo; Portal do paraíso, em paz, aberto...
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Meus discos esquecidos numa estante, Parecem com minha alma abandonada. Quem fora; por decênios, bajulada Decadente se mostra num instante
A vida me calando, qual farsante, Não deixa mais seguir nenhuma estrada, Sobrando do que fui quase que nada, Embora tão teimosa e relutante
Não queira abandonar uma esperança, Nos discos que escutava, festa e dança, Na estante a solidão do não mais ser.
Atando fogo, queimo esta vitrola, E tento em novo canto renascer Qual pássaro quebrando uma gaiola...
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Meus dias transcorrendo preciosos, Tateiam nesta busca mais sossego. Nas portas que criei, pedindo arrego, Peçonhas inoculas. Perigosos
Os sorrisos que trazes... Sempre nego As cores que não tenho. Melindrosos, Os caminhos sofríveis que navego. Meus dias e meus dedos são nodosos!
Renasci dessas cinzas que sopraste. A pátria que pariu m’abandonou. As mortes que te dei, tu confrontaste;
E quase nada tive e me restou... O vento sutilmente quebra as hastes , Essas hastes que ergueram quem amou!
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Meus dias quando outrora alvissareiros, Raríssimos troféus de uma esperança. Promessas de vitória e seus loureiros, Julgando bem mais forte uma aliança Primor de velhos sonhos que, guerreiros, Morreram sem resquícios na lembrança.
No lodo em que emergi, pr’a sempre imundo, Charneca de meus olhos, falsidades, No pélago vazio em que me inundo, Distante de pureza e castidades, Vagando sem ter rumo pelo mundo, Apenas me restando tais saudades...
No crocitar de uma alma prisioneira Somente a solidão é companheira.
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Meus dias por teus dias procuravam Embora tantas vezes não convinham, Os rastros que na areia se buscavam Mostravam para onde nunca vinham
Os dias que talvez inda clamavam E restos de esperança já continham, Enquanto os meus caminhos se passavam Os braços noutros braços não se aninham
Vertentes deste rio que prossegue Atrás de um velho mar, salgado e morto. Recebo o teu olhar em manso porto
E sigo na alvorada quase entregue Às rotas emoções, rotas perdidas, Sem ver no labirinto outras saídas...
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Meus dias embotados; silencio. Nas pétalas doridas da saudade. Um medo me turbando, estou vazio, Vagando pelas ruas da cidade...
Às vezes- sem amor – penitencio E calo qualquer forma de verdade. Fantasmas, fantasias... Logo crio Fugindo do que fosse liberdade.
Só resta uma esperança nisto tudo, De um canto que renove o meu viver. E quase novamente assim me iludo
Fazendo da amizade um novo canto Que possa renovar o meu querer Trazendo ao que me resta algum encanto..
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Meus desejos transcorrem vivos, plenos... Transformados em sonhos delicados.. Na beleza que tens, Ó minha Vênus, Meu mundo viveria sem pecados...
A sorte que me lança de joelhos, Não deixa mais verter as minhas lágrimas... Das fontes que bebi, não sei de lástimas, Os olhos que chorei, estão vermelhos!
Meus desejos deliram seu juízo. O resto que carrego nem preciso. O que fizeste enfim, dos tristes versos?
Percorro sem saber, mil universos... Palavras beijam, cortam, dilaceram... Amores que criei, nunca me esperam! Marcos Loures
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Meus dentes te mordendo levemente, Aos poucos te entornando, devagar... Sabendo que em meu mundo, de repente, Meus barcos tu desejas navegar.
Eu quero a sensação do teu prazer, Da sede que eu mais quero saciar. Nos braços e nas pernas me envolver, Delírios de perder e se encontrar...
Eu quero a maciez de teus cabelos, Roçando minha nuca num enlace. Carícias de sentir todos os pelos, Nas horas em que mansa, tu me abraces...
Eu quero viajar contigo espaços; Depois ir descansar nos teus cansaços...
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Meu verso derradeiro, na verdade, Espera um pouco mais para nascer E sei que ele dirá de uma amizade, Razão fundamental para o prazer.
Não deve demorar, a vida é curta, Ainda mais querida pra quem sabe Que o tempo de viver cedo se furta Nos braços da doença onde já cabe
As pernas que decerto perderei, Os olhos que se vão, bem lentamente. Mas disso tudo amiga eu guardarei, Resquícios do que tive, veramente.
Amigos que encontrei pelo caminho, Embora, com certeza, eu vá sozinho...
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Meu verso como faca corte e gume, Vagando pela noite sem limites. Dos vales mais profundos; ganha o cume Da dor que não aceita mais palpites.
A flor que pede espinhos sem perfume Impede que meus olhos; nunca fites. Um sonho: ser feliz nunca se assume O risco de viver? Não me limites!
Meus pés são minhas asas, vão libertos O gosto da discórdia me atraindo. Tragando os insalubres, vãos desertos
Sou parte do que fora o não ter sido. As máscaras aos poucos vêm caindo Na farsa em que imbecil; tenho vivido...
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Meu verso calado Depois desta festa Amor delicado, Por certo o que resta
Deixando de lado, Invado a floresta De sonhos, marcado, O nada se empresta
E mostra um caminho Sem paz, claridade, Deixando sozinho,
Vibrando a saudade Aquecendo o ninho Sobrou amizade...
85
Meu verso andando a esmo pelas ruas Depara-se com quem amei há tempos. Bonita, como sempre, continuas, Porém no nosso caso, os contratempos
Fizeram nosso sonho terminar, Aborto do que fora tão divino, Mas nunca deixarei de te adorar, Tu és todo o meu sonho de menino...
Nas horas em que a lua acaricia Tocando mansamente nos teus seios, Amor quando em amor, já se vicia
Difícil se esquecer, isso eu garanto, Mesmo que distante, sem receios, Teu nome com saudades sempre canto...
86
Meu velho companheiro de desditas, As noites que rolamos bar em bar Prenúncios destas luas tão malditas Trazendo esta vontade de chorar.
As nossas poesias mais aflitas São feitas destes raios de luar Palavras maltratando, velhas criptas Aonde um dia iremos descansar.
Amores que perdemos nada são, Apenas andorinhas num verão Que voltam para a casa nos deixando,
Amores pela vida descartando Restando tão somente esta amizade Que é feita na aguardente da verdade... Marcos Loures
87
Meu velho camarada, estou feliz Somente por ouvir a tua voz, Enquanto esta canção estreita os nós, Eu tenho com certeza o que mais quis
Inspiração qual fosse um chafariz Deixando no passado o medo atroz De quem sem ter mais dentes quer a noz, E via a poesia por um triz.
Agora sem sequer poupar o sonho, Mergulho nos encantos do versejo, Deixando vir à tona o meu desejo,
Um novo tempo em paz, eu te proponho, Dos Pampas às montanhas, Sul e Minas, As ondas da esperança são divinas...
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Meu tormento, meu bem, sempre dói, Se tu vens; porém nem quer me ver. O meu medo, por certo, destrói, Se te perco, que posso dizer?
Viverei sem poder ter o sonho, Que, segredo, perdi, com teu bem. O que foi, num momento, risonho, Hoje sofro; viver, sem ninguém...
Resto o gosto terrível comigo, Deste fel que verteu dentro em mim. Eu te empresto, meu bem, o perigo Que me morde, ferino sem fim...
Sei que sou esse resto, ferido Sem teu corpo, desejo perdido...
Soneto sem a letra A
89
Meu tormento é companheiro Que não me larga jamais. Onde vou, seguindo atrás Me acompanha o mundo inteiro.
Já me acostumei assim, O tormento é meu amigo, Pois, sempre andando comigo, Vai comigo até o fim.
Se esse tormento morresse Eu morreria também Eu procuro por alguém
Que nunca se aborrecesse Dividir meu pensamento Com esse bendito tormento! Marcos Loures
90
Meu tempo em alegrias; vou vivendo Distante do que fora gelo e neve Teus olhos aos meus sonhos prometendo Desejos de uma vida bem mais leve,
Contigo permaneço não temendo A dor da solidão que inda se atreve A me roçar a pele, corroendo Tornando uma alegria bem mais breve.
Nas asas/ liberdade, a fantasia Refaz em doces olhos, novo dia Tomando o coração invade a mente
E traz tanta fartura na colheita Enquanto a fantasia se deleita Eu quero o nosso amor completamente. Marcos Loures
91 Meu tempo de sonhar já não existe, Eu quero ter apenas um desejo Enquanto a solidão não mais almejo O coração sofrendo, segue triste
Do sórdido caminho, dedo em riste O céu não mais trará fino azulejo, Quem sabe inda reste algum traquejo Num peito que, teimoso ainda insiste.
Pegando uma carona na vontade Eu sigo os rastros tolos de uma estrela Que morre mal ressurge a claridade
E deixa como marca, este vazio. A sorte de sonhar e de contê-la Não passa de tolice, ou desafio... Marcos Loures
92
Meu sonho vai vestido em linho branco Atravessando as noites nada alcança. Apenas um sorriso de criança Restando do que fora um moço franco.
No dia que percebo e que alavanco O que sobrou de tudo, uma esperança, O medo de viver já não me cansa, E perto de teus olhos, eu me estanco.
Avanço, vou incólume, o caminho, Embora em passos trôpegos, persisto. Quem sabe inda serei por ti benquisto
Quem sabe beijarás a minha boca. Meu sonho vai teimoso em branco linho, Mesmo que esta esperança seja pouca...
93
Meu sonho vai vestido de saudades; Invade tantas noites sem descanso E mesmo se sereno, não alcanço O manto que vestia, veleidades;
Entranho podres flores com maldades Maleitas e defluxos, meu ranço, No rancho deste tempo quando tranço Os pés se distanciam das verdades.
Amor armado mostra-se sem nexo E verte meus desejos no infinito. Sem mar que me dê formas em reflexo,
Deformas esplendores e metais. Alegre não consegues ver meu rito Em doces e profanos festivais... Marcos Loures
94
Meu sonho tão distante, em negra treva, Alçando uma esperança no infinito. A vida dolorosa então se neva Na solidão mais dura do granito.
Quem dera se me ouvisses. A dor leva O meu desejo intenso e mais bonito. Por tanto tempo, sempre em louca ceva, Apenas por resposta: o não, teu rito.
Mas sinto que virás ao fim do dia, Na porta escancarada da ilusão. Quem sabe assim, luxúrias, gozo e cio
Fomentem minha vida em alegria. Nos laivos mais fecundos da paixão, Queimando um coração deveras frio... Marcos Loures
95
Meu sonho sem convés perdeu a rota, Mulher que foi perfeita timoneira Desaba da mais alta ribanceira Deixando o que sonhei além da cota.
Galopo uma ilusão, o peito trota Rasgando da emoção rota bandeira Fazendo deste amor qualquer besteira Roubando o pensamento, alma remota.
Cabeceira dos rios da esperança Mortalhas avizinham num sarcasmo, Mordendo e me cortando num orgasmo
A moça me enxovalha e não se cansa Do quanto que não fui e não seria, Alçando em bofetão uma alegria...
96
Meu sonho se tornando o derradeiro... A morte me permite essa oração. Entrego-me em teus braços, sou cordeiro No sacrifício louco da paixão...
Um verme que campeia sorrateiro, Omite-me palavras de perdão. Talvez eu não mereça o verdadeiro Sentido da palavra compaixão...
A solidão constela minha sorte, Nas amplitudes todas, sou fracasso... A boca que me oscula, fria morte,
Encobre e vai nublando tudo em volta... Amor que já perdi, meu embaraço, A dor dessa saudade me revolta!
97
Meu sonho se esquecendo da saudade, Invade nossas noites sem descanso, Trazendo, sem temor, felicidade. E mesmo assim, sereno, já te alcanço...
Entranho molemente cada canto... Não deixo que percebas que sofri. Eu quero teu prazer em puro encanto, Por isso; minha amada, estou aqui...
Amor sem ter juízo; mas com nexo, Trazendo meus desejos infinitos. Percebo nos teus olhos, meu reflexo, Nas alegrias temos nossos ritos...
Durante nossas noites, festivais, Deixando esse sabor de quero mais...
98
Meu sonho que se esvai qual leve fumo Trazendo esse perfume de mulher. Distante de teus olhos perco o rumo Aguardo qualquer dor que, enfim, vier...
Meu sonho em toda noite se repete Formando um carretel de finas dores, Quem fora, em carnaval, tanto confete; Sozinho procurando seus amores...
Mas sinto neste vento uma bonança, Mando de seda verde que te cobre... Deslumbro neste sonho uma esperança Que a força dentro em mim já se redobre.
E traga, sem ser sonho, o meu sonhar. Vontade, em realidade, de te amar!
99
Meu sonho qual noctâmbulo percorre Os túmulos que trago no meu peito, O sangue pela boca quando escorre Esvai em conta-gota, encharca o leito.
Aos poucos esperança leda morre E vago pela noite insatisfeito Bebendo a vida intensa até que o porre Permita o meu descanso e a morte aceito.
Se vens tocar meu corpo, carniceira Encontras os escombros, meus destroços, Carcomes e me expondo entranhas e ossos
Não deixas nem resquícios do que fui, A mão que traz afago, derradeira, Castelo que fatídico já rui...
8500
Meu sonho procurando pelo afã De saber que não temo tais procelas... A vida, sem sentido, minha irmã, Soltando-se não teme tantas celas...
Quem pensou se perder, nova manhã, Espera das auroras lindas telas... Deslinda-se nas matas, flamboyant, Meus mares navegando vento e velas...
Nos sonhos, receoso da saudade, Expresso essa ilusão, velha quimera... Qual Pégaso buscando liberdade,
Meus sonhos vão pairando p’los espaços... Trazendo, temporã, a primavera... Delícias encontrando nos teus braços... Marcos Loures
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