
MEUS SONETOS VOLUME 082
Data 15/12/2010 18:23:13 | Tópico: Sonetos
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1
Menina A flor É sina Amor.
Divina A cor Assina Ardor.
Sereno Veneno Do beijo
Que tento, Momento Desejo...
2
Menina vou dizer Do amor que tanto tenho, Tão cedo assim eu venho Buscando em teu prazer
O gosto de viver, Nas matas eu me embrenho, Calor de ti retenho E adoro este querer.
Menina, o teu sorriso Trazendo uma certeza De ter no paraíso,
A paz, tanta beleza, Amor não mostra aviso, Vem logo e põe a mesa... Marcos Loures
3
Menina: venha logo sem demora Que toda a fantasia quer ciranda, Enquanto a poesia já desanda O beijo da saudade se assenhora.
Chegando de mansinho, quero agora, O coração pesando assim de banda A lua sertaneja na varanda O beijo da morena comemora.
Teria algum presságio para mim O velho realejo de outras eras? Amores e prazeres são quimeras
Espero alguma flor neste jardim, Mas nada do que colho no canteiro Falou de teu amor, se é verdadeiro...
4
Menina vem comigo e então me nina Que a noite pode ter fantasmas mil. De todo o desespero que se viu A noite em pesadelo não termina.
Tua presença calma, feminina Acalma este velho permitiu Que a vida não mais fosse dura e vil, Mudando em calmaria a minha sina.
Vencendo meus temores que de antanho Fizeram de meu peito um alvo fácil Contigo, na verdade eu sempre ganho,
Sorriso de menina em corpo grácil Com toda essa alegria que se emana Da boca mais gostosa e mais sacana...
5
Menina vê se nina quem te adora A sina que persegue quem te chama As asas que te cobrem sem ter hora Na cama que reclama tanta chama
Coberta de prazer seu ser aflora E implora quem te quis por nova trama Quem sabe faz agora e vai embora Não posso nem dizer que não me escama
A luta que foi bruta se repete Compete e me destrata mas confete Espalha quem navalha e serventia
Ventava mas não trouxe um agasalho O vento que quebrava tanto galho Amava essa menina em galhardia... Marcos Loures
6
Menina tão safada se mostrando, Afasta esta calcinha devagar. Enquanto vai assim se masturbando Convite sem igual para sonhar.
Depois bem mais safada me excitando, Chamando para a gente se entregar À foda sem pudores. Provocando; Vontade quase louca de transar.
Chupar o teu grelinho, te lamber Depois ,com toda calma te fuder Até que o gozo venha em chafariz.
Menina já não brinca de boneca, Mas sabe segurar, sempre a peteca, De ti, eu sou, decerto, um aprendiz... Marcos Loures
7
Menina tão formosa, moça feita, Delito prometido, bom pecado, Fingindo que me quer, logo me enjeita, Sorriso delicado, mas safado.
Beijar a sua boca, ser seu homem, Deitar sob as estrelas, sob a lua, Vontades, disso eu sei, já me consomem, E sonho com a bela, toda nua.
Quem dera se eu pudesse... Mas não posso, O velho coração não mais suporta, Se ainda fosse jovem, ainda moço, Eu poderia entrar por sua porta.
Porém a realidade policia, Não vou fazer do amor, pedofilia..
8
Merencório luar vai dando adeus, O dia não promete sequer sol; Juntando o que restou; pedaços meus, Quem fora um arquipélago, hoje atol.
Eu sei que na verdade tanto errei E pago por pecados cometidos. O quanto foi possível desejei, Os pés estão cansados e feridos...
Colecionando enfim, tristezas várias, Não me resta senão cevar abrolhos. As noites se tornaram temerárias, Já não consigo mais fechar meus olhos
E vago qual noctâmbulo sem eira. Sem ter sequer alguém que ainda me queira...
9
Mereço o teu desejo se quiseres? Mereço o teu carinho se vier? Amar é um banquete em mil talheres Para se desfrutar numa mulher.
Tu és o meu princípio, meio e fim, Caminho que se em mesmo já se encerra, Amando em plenitude tanto assim, Maior amor nenhum em toda a terra.
Tu és a minha cura e meu remédio, O vento, a tempestade, minuano, Sem ti a morte sempre faz assédio, Te quero desde sempre, amor temprano.
Sou servidor dileto de teus passos, Meu canto predileto, nos teus braços...
10
Mereces toda dor sem ter nem tréguas Herança dos teus erros tão freqüentes. Amores são deveras delinqüentes, E neles pensamentos voam léguas.
O látego que corta a tua pele Penetra em tua carne e se aprofunda. Uma alma sem parada, nauseabunda Enquanto já seduz, nega e repele.
Perdoe se não podes me entender, Sou quase um frágil tolo colibri Que vive procurando algum prazer
Vagando rosa em rosa, sem canteiro. Porém ao te saber eu conheci Da amarga dionéia, cor e cheiro... Marcos Loures
11
Mereces muito mais, eu te garanto Que um velho diabético e banguela Espere que irás ter rica baixela Com toda mordomia em raro encanto.
Quando sobra um trocado almoço e janto, A vida só dá chute na canela, Quebrei a bicicleta e sem magrela Não posso nem sair. Haja quebranto!
Meu carro, uma Brasília setenta oito, Guardada na garagem. Sou afoito; Partindo o meu nariz vivo sem grana.
Não posso mais molhar nem o biscoito, A coisa está ficando deste jeito, Por isso é bem melhor pensar direito.... Marcos Loures
12
Mereceria a chance que me deste Talvez se houvesse enfim algum proveito, Se tudo o que não tive já rejeito A culpa é dos meus ermos, velha peste.
Não tendo quem abone nem ateste Eu sigo a minha vida deste jeito, Disfarço tanta angústia num trejeito, Porém meu coração prossegue agreste.
A luta jamais pára, é tão ferrenha Por mais que a fantasia ainda venha No fundo estou cansado desta vida.
Tirando a gargalhada do bufão, A sorte se perdeu sem direção E a morte se mostrou digna saída...
13
Merece dias plenos, soberanos, Aquele que se entrega sem perguntas, Destinos superando os desenganos Em almas que caminham sempre juntas.
Vencer os dissabores naturais Que teimam e persistem em chegar, Os olhos mais que fátuos, magistrais Enveredando as tramas do luar.
Em plagas tão diversas, novas greis, O templo dedicado ao deus amor. Ignorando preceitos, tolas leis, O cais se mostra ao bom navegador
Ancoradouro mágico e gentil, Que há tempos nosso amor já descobriu...
14
Mentistes sobre o pão, negaste o vinho, Vendeste este judeu crucificado, Coroa que me deste, puro espinho, No beijo traiçoeiro, o teu legado.
Mas não me deixe aqui, morro sozinho, Eu necessito o riso escancarado De quem se fez feroz em desalinho, Mulher de brilho fácil és o meu fado.
Nas cinzas que me trazes, teus chicotes, Na embriaguez sincera e comovida, Minha alma; se inda existe, vai aos lotes
A cada nova esquina convertida Nas mãos de quem açoita; o paraíso Barganha em que me vendo sem aviso... Marcos Loures
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Mentiras, sedimentos de esperança? Não creio que isso seja a solução, Tampouco salvará. Sigo a lição Do sonho que distância tanta alcança.
Enquanto este arvoredo ao longe dança, Ao vento desvairado da paixão, Acena-se ao final, rebelião, E o que pensara firme já balança.
Destituindo antigas ditaduras Formadas por carícias e torturas, Fugindo deste déspota terrível.
Não quero mais excêntricas miragens, Depois de tantas falsas garimpagens, Jamais quero este fardo imprevisível...
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Mentiras quando ao vento soltas são, Neste furor intenso me transtornam. Sabendo governar meu coração, Excesso de cuidados logo entornam...
Insanas confianças nos futuros Fortuitas ilusões que queimam tanto, Os frutos deste amor se estão maduros, Recordam das sementes outro tanto.
Semeio novas luzes no teu peito, Cintilam meus cristais e diamantes, Amor quando demais, amor perfeito Embala nossos sonhos delirantes...
Que importa meu amor da vida o fel, Se tramas nossa cama em doce mel...
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Menina que me fez ser mais feliz, Eu quero em cada toque mais audaz Prazer que sempre, sempre, satisfaz Promessas nesse amor que; louco, fiz.
Não quero mais a vida por um triz, Apenas um desejo ameno, em paz. A fome do querer, teu beijo traz, Vontade se refaz e pede bis.
Sentir o vento manso da paixão Tocando minha face, sem demora. Querendo todo amor que já se aflora
Batendo em descompasso, o coração. Teus lábios vão roçando meu pescoço, Amor que a gente faz, puro colosso! Marcos Loures
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Menina que me deu certa esperança De ter na vida lume e ver saída... Versando por verdades, sem vingança, A lida vinda pede nova vida...
Renovo meus amores- contradança Meu leme não se parte na partida... Confio nos meus fios sem fiança, A mão que acaricia; concebida...
Menina que me nina nunca pára, Não pare de trazer nova jornada. Jornal que nunca lido se compara,
distante das sarjeta; bela estrada, Amor sem sofrimento é coisa rara, É jóia que se fez bem lapidada.
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Menina que jamais morreu em ti, Sonhando com mil mimos e carinhos. Encontro e felizmente descobri Que o amor perfaz em paz os seus caminhos.
Amor que tanto busco encontro aqui Deitando no teu colo, belos ninhos Que aos poucos inebriam, pois sorvi Segredos e carícias, raros vinhos.
Na divindade expressa em ricos motes, Com total sutileza, bem te quero. Eu peço, já torcendo que me notes
E venha caminhar neste arrebol, Abrindo o peito sinto que te espero Pra juntos passearmos sob o sol... Marcos Loures
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Menina que embeleza a minha vida, Por ti eu caminhei além do cais. No brilho da manhã recém nascida, Amor assim divino que se faz,
A dor quieta num canto, adormecida, Bem sabe que não volta nunca mais. Vai preparando a sua despedida, Tomada pelo amor que a noite traz.
Tu és a minha sina, profundo amor, Marcando com teus beijos, meu caminho. Da boca; tão gostoso este sabor,
Que é feito delicado, de mansinho, Do jeito que mais quero, tentador, Coberto pela paz, pelo carinho....
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Menina provocante e radiosa, Eu gosto de sentir o teu perfume, Perdoe minhas cenas de ciúme Espinho que maltrata a bela rosa.
Seguindo a tua imagem tão formosa Qual fora uma falena que no lume Encontra o que procura; caprichosa E morre no calor de tanto ardume.
Cardumes estrelares te perseguem, Neste tropismo raro e fascinante, Ao ver a criatura assim brilhante
São poucos os que tocam e conseguem Saber da raridade deste encanto, Por isso é que eu te amo tanto, tanto...
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Menina o teu desejo é meu alento, Mas este sonho eu sei que não mereço. Deitar-me do teu lado... O pensamento Voa... e vai me virando pelo avesso..
Sentir teu corpo aqui, no manso vento Que vai me arrepiando... eu me enlouqueço. Beijando-te querida, num momento A vida se refaz em recomeço...
Sentir teus lábios quentes sobre mim, Afagar teus cabelos tão revoltos, Passar a minha vida toda assim...
Beber deste perfume gota a gota... Meus sentimentos voam, estão soltos... Nesta esperança imensa... mas remota...
23
Menina nunca mates a princesa Que dorme no teu peito em ilusão. Pois nela se encontrando tal beleza Que assim perfumará teu coração. Por mais que a vida traga uma incerteza Por mais que tantas vezes ouça o não;
Não deixe que se morra esta esperança De um dia ser feliz, pois tu mereces. A vida carregada de lembranças Nos sonhos mais divinos que tu teces Revive em alegrias, as crianças Refeitas nos carinhos e nas preces...
Não mates a princesa; por favor. Pois traz nesta pureza o vero amor.
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Menina não me perco em devaneios Da moça que cheirosa é rosa e luz Os dedos ao fazerem seus passeios Prefere corpos juntos, porém nus.
Do quanto percorri divinos veios O verso em ser complexo reproduz. No fundo a transparência diz dos seios Tornando bem mais leve minha cruz.
Enterro o sentimento neste rio Que mesmo tão confuso, quero e crio, Na foz que nunca veio nem virá.
Amiga em teu regaço, o meu descanso, O quanto tanto quis e não alcanço Expressa o que o meu sonho não me dá... Marcos Loures
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Menina fecha os olhos, devaneios; E sonha com seu príncipe encantado. As mãos delicadas sobre os seios Num movimento manso, alucinado...
Depois, vai mansamente e sem rodeios, Em busca do caminho tão sonhado, Procura, num segundo os outros meios, Prazer que tantas vezes foi pecado...
Menina vai se abrindo, sem segredos, Os olhos revirando. Uma loucura... Delícias desbravadas pelos dedos,
O príncipe chegando, devagar... Num gesto de carinho e de ternura, No delírio, começa a galopar...
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Menina de programa, bela puta Que ronda em minha cama, bem safada, Aluga por momento cada gruta Topando sem temer qualquer parada.
Pagando este boquete inesquecível, Fudendo com vontade e com tesão, Seu cu, sua buceta, foda incrível, Na minha cama vira um furacão.
Trepando a noite inteira, não se cansa, Com um, com dois, com três adora sexo, Orgasmos sem limites sempre alcança.
Lambendo uma buceta, dando o cu, Engole tanto o côncavo e o convexo, Vem logo minha puta, eu já tô nu!
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Menina como é bom poder tocar A pele tão macia, carne dura. Sentir de tua boca o paladar Em nossa noite plena de ternura...
Estrela tão distante, estás aqui Eu sinto o teu perfume por inteiro, Amor tão delicado encontro em ti, Deitada neste mesmo travesseiro...
Menina teu sorriso de sapeca, Brincando com palavras me seduz... Guria, minha prenda, uma boneca,
Irradiando bela fêmea, luz... Tu és tão sedutora quando quer, Menina desejada, uma mulher... Marcos Loures
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Menina cada mimo que me fazes Dizendo deste sonho que nos chama, Enquanto a lua muda suas fases O amor que nos domina em forte chama
Não deixa que a tristeza se aproxime, Brincando com cometas, sigo os rastros Que deixas quando passas tão sublime, Saltando sobre belos, vários astros.
Sentindo o teu perfume, vou além, Pois trazes um jardim dentro do peito Doçura que em teus lábios sei que tem Deixando um sonhador tão satisfeito
Teu corpo delicado, nos teus seios, Delírios em trejeitos e meneios... Marcos Loures
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Menina bem sapeca na pracinha, Deixando suas pernas entreabertas Meus olhos vão buscando em descobertas Beleza que se mostra sem calcinha.
Macias suas coxas, peludinha, Gostosa de se ver, olhos alertas, Queria bem debaixo das cobertas, Brincando em sacanagens, vem marcinha...
Eu quero te sentir línguas e bocas Tocadas, bem safadas sem juízo. Rondando e penetrando tuas tocas
Fazendo desta noite inesquecível, Sentindo bem maroto o teu sorriso, Amor que a gente faz, sempre é incrível.
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Menina bela flor dos meus enganos... Tu sabes quanto eu quero o teu carinho. Vivendo neste mundo sem ter planos, Sonhara a vida inteira ser sozinho.
Chegaste, te chamei, vieste rindo, Agora o que farei menina flor? Sorriso tão feliz, contente e lindo Tomando o coração em pleno amor...
Levar-te para a casa? Ser só teu... Nos teus olhos fechados, ilusões... Quem teve nesta vida amor ateu Marcado pelas dores das paixões...
Se me entregar assim, prá sempre morro, Se te deixar partir, cadê socorro?
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Menina amada eu quero estar contigo Em todos os momentos que puder, Sabendo da menina esta mulher Divina que desejo e que persigo.
Um sonho em maravilha em que eu consigo Ter toda uma alegria em bem querer, Decerto em tantas brilhos, o prazer Encontra nos teus braços raro abrigo.
Menina, ao me ninares, acalanto Amada sensação de ser feliz. Ouvindo em tua voz um belo canto
Querendo sempre assim, pedindo bis Da boca que extasia intensamente No amor que enfim chegou, completamente!
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Menina adormecida na calçada, Os cães lambendo boca, corpo e cara... A noite transtornada vem gelada, Promete novo açoite, ninguém pára,
Apenas observando a velha gralha, Rapineira feroz, gralha faminta... O bico está moldado qual navalha, O sangue devorado, bela tinta...
O povo adormecido, qual menino, Pressente quão voraz é tal rapina, Com medo, prometendo um desatino,
Espelha-se na face da menina... Essa gralha expectante em vão crocita.. O povo apavorado sabe e grita! Marcos Loures
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Menina a tua saia me fascina Perebas que tu coças? Maravilha! Quem dera ser a pulga pequenina Fazendo nestas coxas minha trilha.
Chegando sorrateiro descortina Alagamento abunda na vasilha Bebendo cada gota da vagina Atino e desatino, barco e quilha.
Um dedo gigantesco já me agarra Espreme e num momento acaba a farra, Morrendo em alegria inusitada,
Ao menos adentrei em rara rota, Formidável mulher, bela xoxota Agora com pulguinha destroçada... Marcos Loures
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Mendigo alguma chance pra poder Decifrar sonhos tolos que inda trago, Quem dera conhecer algum afago Murmúrios inaudíveis do querer.
Alhures ou aqui; cadê prazer? No mar que transformei em simples lago, Eu bebo da emoção; mas não sei mago, Adaga eu esqueci; pode bater.
Carente dos cardumes da esperança Enfados rituais; lugar comum, Quisera pelo menos ter algum,
Residual fornalha diz lembrança. E quando me incendeio; um cadafalso Expressa este universo vão e falso...
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Memórias de outros tempos, gloriosas, Aos poucos meu caminho vão mudando, Espalham mil canteiros, belas rosas, E as dores com certeza, devastando,
As horas ao teu lado, valorosas, Do medo de viver me libertando Encaro estradas sempre caprichosas Meu canto a cada canto retumbando
Eternamente sei que irei amar-te, Vivendo a plenitude em qualquer parte. O tempo de viver é soberano.
Fazendo deste amor uma colheita A sorte em berço esplêndido se deita: coração lateja em sonho insano. Marcos Loures
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Memória, crudelíssimo carrasco, Termômetro de quantos vendavais... História, vai girando seu fiasco, Num tom sobre tom, marca, contrafaz...
Colibri, pirilampo tento e masco, Sonoridades sépias, nunca mais... No paralelepípedo, meu casco. E, vergonhosamente, tudo trais...
Beija-me muito! Quero contra-sensos, Ascender aos celestes magazines... Meus sábados, domingos são imensos...
Na praça, atenção: meus velhos cines Passarão mesmo filme, meus incensos. Não há tino, nem cetro: Desatines!
37
Memória tantas vezes cuidadosa Olvida num momento a dor imensa, Deixando uma alegria em recompensa Tal qual a vida fosse pura rosa.
A luz supera a noite tenebrosa Quem sabe tal saudade inda convença Ao esquecer decerto, cada ofensa, A vida nos ressurja; maviosa.
Assim nós poderemos refazer Embora sobre um pântano, essa casa Marcada pela dor e por prazer,
Mais forte do que a treva é a forte brasa Que mesmo sendo fátua, ressurgiu Tornando a cusparada mais gentil.
Marcos Loures
38
Melódica manhã sem manha e sol Sombria cascavel prepara o bote. Do mel que se lambuza quebra o pote E arrisca qualquer coisa em besteirol.
Não vendo nem a sombra em arrebol Esquece deste efeito – o tal rebote. Se sabe ou não sabe deste mote Ilustra a solidão de algum farol
Perdido num atol no fim do mundo, Carcaça que caminha sem destino, O manto que recobre sendo imundo
Corsária vai vagando solta ao léu. O sol que inda pensara estar a pino Há muito se afastou daquele céu.
39
Melífera poesia? Não terás; Meu verso é feito um fio de navalha Que corta ao mesmo tempo em que batalha Tirando da alegria, rumo e paz.
Se amor em fantasia satisfaz, No fundo eu preferia esta bandalha Da moça que rebola e que avacalha Enquanto sem juízo, for capaz.
No fundo o que queremos é só sexo, Por mais que seja simples ou complexo A gente quer delícias em lençóis.
Desculpe se te falo sem rodeios, Desejo tuas pernas, coxas seios, Bem antes no durante e mesmo após... Marcos Loures
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Melífera paisagem? Não mais creio, O tempo traz ditames que ora eu ouço, O amor gerando assim tal calabouço, O quase se mostrando mais alheio.
Fogueira da ilusão; já não ateio, Mergulho neste abismo, ganho o fosso, E quando em noite escura, sei que posso Fingir que cevei trigo, até centeio.
Aderna-se ao final a embarcação, Sem rumo, peço bússola e não tem. Do velho eu aprendi que precaução
Permite a caminha mais tranqüila, Mas teimo em prosseguir assim, porém Eu sei deste temor que alma destila.
41
Melhor ser solitário que ser farto, Aparto os meus demônios; mato igrejas Jazendo cada gozo que desejas Os passos entre fúrias já descarto.
É preciso uma reforma; um novo parto, Gulosas confrarias tão sobejas Distante do que sonhas e tracejas, Gracejos de cristãos ora descarto.
Não bastaria a Cruz, pobre cordeiro. Fizeram de teu Lar podre puteiro, Milagres a granel, hipocrisia.
Disputas entre velhas meretrizes Esquecem e renegam o que dizes Tomando conta; assim, da portaria...
42
Melhor que um beijo só pão com meleca, Dizia meu amigo Igor Areas Por isso é que me perco em tuas teias, Não vou deixar cair, juro, a peteca.
Mulher- a preferida? A mais sapeca, Beleza é o que se esconde sob as meias. Depois a gente rola nas areias Quem faz amor, decerto nunca peca.
Meu beijo com certeza açucarado, - Diabetes não anda controlado- Ligando em cima esquenta ali por baixo
Depois é só correr para a galera, Quem sabe fazendo hora, não espera Vem logo que tu gostas quando encaixo... Marcos Loures
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Melancólica noite... Lara partiu... Tantos copos vazios neste bar! Minha boca amargando esse luar! Onde estás Lara? Nunca mais se viu!
Dia seguinte, céu bem claro, anil... Nem rastros conseguiu, por fim, deixar... Restando-me somente procurar... Amor que se vai, tudo mata, vil...
Mas não quero teus olhos sem paixão! Não quero tua boca sem mordê-la Não posso conceber um coração
Sem força violenta p’ra bater... Não posso perceber sequer estrela Cadente, no meu céu desfalecer... Marcos Loures
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Melancolia invade, toma tudo... Tristeza do que fui e não sabia, Nas janelas o vento... Fico mudo, Esperando nascer um outro dia...
Em várias tempestades, sei, contudo, Nada me sobrará, nem fantasia... Nada me restará, nunca me iludo... O que posso fazer? Melancolia...
Meus cigarros consumo sem descanso... O câncer alimento das saudades... O final desta farsa vem tão manso...
Os meus olhos cansados, sem remanso, Não sabem distinguir nem claridades... Morrer, morrer, prazer final, avanço...
45
Menina tão bonita, quero um beijo Da boca mais gostosa que já vi, Fazendo deste sonho o meu desejo, Quem dera se estivesse, amor, aí. É tudo nesse mundo que eu almejo, Meu pensamento chega até a ti.
Estar te acarinhando, mansamente, Fazendo cafuné, te ter no colo... Amor desse jeitinho que é o da gente Na rua, na fazenda, sonho e solo, Saber quanto é gostoso, de repente Teu braço em que me entrego e me consolo...
Morena, vem comigo namorar, Pela janela aberta, entra o luar...
46
Menina se te nina a lua mansa, Deitando sobre ti, velhos desejos A fúria da vontade nos alcança Aproveitando em festa tais ensejos.
De amor e de carinho enchendo a pança A boca saliente em seus traquejos, Procura sem fronteiras, vira lança E invade os Paraísos sem ter pejos.
Ao cerne da questão, carne desnuda, Depois é um Deus nos salve e nos acuda, Juntando corpo e corpo, sacro grude.
Eu posso até morrer que vou feliz, Só peço que me dês chance de bis Antes que a tua idéia, logo mude... Marcos Loures
47
Menina quero ter tua boleta Sentir esta umidade num rocio. Tocando para ti minha corneta Percebo esta delícia feita em pio.
Beijando a tua cana meladinha, Percebo que tu queres um pouquinho, A bruta desenhada é toda minha, Prometo que vou só bem de mansinho.
Podendo com vontade e com telão Até que venha a borra que tu queres, Cascalho vou colando neste chão, Do jeito e da maneira que quiseres.
Na grelha minha língua se queimando Boleta mais perfeita me mostrando...
Marcos Loures
48
Menina que se faz de pura e santa, Na hora mais gostosa fecha as pernas, A sede de te ter; querida, é tanta, As tuas carnes todas, belas, ternas.
As mãos que se passeiam, bocas idem, Encontro em tua fenda uma porteira. Aqueles que não sabem; que duvidem, Pois sei que ela não dá mesmo bandeira...
Mas sorve, engole tudo e quer de novo, Atrás já me permite um bom carinho. Esqueça o que disser o tolo povo, Não vamos só ficar neste sarrinho.
Menina se faz pura donzela, A fera em nosso caso: claro que é ela.
49
Menina que ninando cada sonho Trouxe-me essa alegria já sem par, Meu mar; aonde embarco e sempre ponho Delícias que encontrei na preamar
Mil cordilheiras, venho e assim transponho Neste horizonte lindo de mirar, Encontro um arquipélago risonho Espelhos refletindo o teu olhar.
Um céu caleidoscópico recebe Alucinadamente cada brilho Que emana-se em teu corpo em cada sebe
Por onde passaremos sonho e verso. Que nada se transforme em empecilho Ao claro amor, maior deste universo... Marcos Loures
8150
Menina que mulher desejo tanto, Beijar-te impunemente e te tomar Serena em meus anseios. Teu encanto Recebo como vontade de gritar,
Sangrar nossos desejos sem espanto, Rolando em nossa chama, flamejar. Vibrando com potência esse meu canto E logo, descobrir onde te achar.
Sentindo o teu perfume delicado Nas ânsias da mulher que se promete. Amar-te com furor, extasiado...
Em arrepios fartos, alvoroço, O teu corpo aos meus lábios se arremete, Beijando, mansamente o teu pescoço...
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Menina que me nina com seus versos, Mostrando a doce mina em que se emana A luz que seja bela e soberana Deixando para trás dias perversos,
Colhendo os meus retalhos que, dispersos, Impedem com certeza força e gana, Moldura que se tece e desengana, Motivos para a morte são diversos.
Porém contemporizas meus temores, E mostras com ternura outros alvores Apaziguando enfim, o meu corcel
Que vaga por estrelas sem destino, Tu sabes que, menina, em desatino O dia-a-dia arranca cada véu... Marcos Loures
52
Medo tanto Cedo e sigo No meu canto Sem abrigo
Desencanto No perigo. Uso o manto Mais antigo
Levo o riso De quem sei Paraíso
Que busquei. Se preciso, Voltarei...
53
Medonha garatuja caricata Medonha garatuja caricata Demonstra esta sombria noite imersa Em dura tempestade que maltrata Tornando a fantasia mais dispersa.
Na bêbada impressão que inda nos ata, Dos sonhos, dos amores, tão diversa, Nos bares, suas mesas, desbarata Centralizando assim, cada conversa.
Matei as fantasias, nada mais. E quando expus aqui meu pensamento, Dos versos que julgavas tão banais
O fogo em explosão, duro lamento Rompendo as ribanceiras, ledas margens Expressam fielmente m’as paisagens... Marcos Loures
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Medonhas confidências fiz à lua, A velha prostituta dos amantes, Bebendo do meu copo, exposta e nua, Permite-se ao desfrute das bacantes.
Orgástica e tão plena já flutua Sangrando as ilusões mais delirantes. Reflexos desta dama sobre a rua Enganos falsificam diamantes.
Meus espermatozóides sem proveito, Jogados nas latrinas da esperança. Rolando, vou sozinho em velho leito
Arcando com meus erros. Grito amor, Apenas o vazio inda me alcança Lançando meus prazeres ao terror...
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Mefisto se mostrando mais audaz Ao permitir teu riso, seio exposto Fartura de desejos sempre traz Um vômito jogado no meu rosto.
Não quero ser cativo ou capataz Nem quero disfarçar em pleno agosto Calor que sei jamais inverno traz. Mas deixo o meu recado e já me encosto
Nos ombros desta bela meretriz, Escancaradamente apaixonado No podre de teus lábios sou feliz.
E venço a madrugada em pleno esgoto, No corpo quase morto, abandonado, Jogado pelas ruas, boquirroto... Marcos Loures
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Melancolia à postos, não me resta Sequer algum motivo pra sonhar. Se o jeito é derrubar cada floresta Tentando usufruir pleno luar,
Prefiro a solidão que a vida gesta, Matando pouco a pouco, devagar, Deixando a luz entrar mínima fresta, Com toda a gratidão a pratear.
Porém eu não pranteio este passado, Nem mesmo irei buscar algo de novo, Do sangue que escorreu do nosso povo
Na luta pelo sol anunciado, Eu vejo que valeu cada batalha, Embora a mão feroz; inda retalha...
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Medo preso e sombrio pede vento; Quem passeia na vida é solitário Escapando demente desse tormento De todo nosso amor imaginário.
Se não puder viver cada momento Buscarei por caminhos qual templário, Na esperança real sem sofrimento De reviver a paz, livre canário...
Olhos presos,medrosos perdem tempo Buscando no atroz fogo da tempestade A brisa que jamais vem... Contratempo...
Odeias as verdades que não digo, Te trazem as relíquias da saudade. Meu amor renovando o teu, antigo...
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Medida desse amor tão sem medidas Não cabem nestas roupas que não vestes, Penetro tuas tocas distraídas E adoro esse desejo que revestes...
Loucura se inteirando na loucura Sem meias, cintas-ligas ou prisões, A mão que teu prazer, tonta, procura, Encontra a cachoeira em borbotões...
Medidas que proponho em nossa chama Ardendo maviosa no delírio, Queimando nosso amor, que tudo inflama, Nas dores e prazeres, bom martírio...
Invado tuas praias, me incendeia, Me afogo no teu mar, na maré cheia...
59
Medalha prateada no meu peito Dizendo dos balaços e dos medos. No pátio dos desejos meus segredos E morro totalmente insatisfeito.
Profetas vão errantes, podre leito, Dentadas nos olhares, desenredos, Montanhas renascidas de penedos Espetam minhas costas quando deito.
Uma estrela sem brilho adentra o quarto, Marasmos modificam sonho e parto Presentes os desígnios do passado
E o cardo acalentado na janela, O salto suicida se revela No beijo da pantera malfadado...
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Mecônios que carrego dentro da alma, Nefastas procissões de querubins, Veneno que espalhaste nos jardins, Os fins não justificam velho trauma.
A mão que sobre o túmulo se espalma Rastejas entre pedras e capins, Verdugo da emoção, noites afins, Nem mesmo a faca em riste, ora me acalma.
Inata sensação do nada-ser, Carcaças carcomidas pelo tempo. Se eu tento, proliferas contratempo
É vasto este arsenal que tu carregas, Esgares entre máscaras, poder. Avinagrando enfim, minhas adegas...
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Mecânico que segue para Meca Mercante que se entende por bacante Antanho nada disse da moleca Que beija sem pudor a cada instante.
Um velho vai tocando uma rebeca Falácia em felação diz sua amante. Não deixando cair esta peteca A moça com sorriso faiscante.
Metódico não diz do dom erótico Roçando devagar divino pórtico Amor que eu não queria tão melódico
Tampouco que isso fosse assim exótico O gozo do prazer sulino ou nórdico Não pode ser jamais frio estrambótico... Marcos Loures
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Mecânica expressão que se repete Confetes esquecidos no meu terno, Os olhos vãos, a vida não compete E ao mesmo tempo tento ser eterno.
Não quero nem percebo alguma enquete Que possa traduzir um vento terno, Amor, mal concebi, vi a maquete, E dela traduzi perfeito inferno.
Se sigo moribundo e tão sombrio Persigo cada rastro que deixei, Depois do mesmo nada, o nada eu crio
Vazio se tornando minha grei. Se eu sei ou se seria simples vão Mais forte e temerário, o coração... Marcos Loures
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Desfilo um emaranhado de vontades Ardentes fogaréus sem recompensa. Assisto ao desfilar atrás das grades À fantasia; alma seguiu propensa. A moça tinha raras qualidades, Fortuna em possuí-la? Foi imensa.
As coxas mais roliças e gostosas, Na fúria inesgotável dos quadris As noites sempre são maravilhosas; Sorrisos generosos e gentis, As mãos sem ter limite, audaciosas, Fizeram-me decerto mais feliz...
Porém escravizada pela estética, A sílfide desfila hoje, caquética...
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Me trouxeste calor, embora fraco... Gaiolas me recordam passarinho. Da vida não terei sequer um naco, Meu canto terminei, irei sozinho...
Nas noites que varei festejo Baco, No fim de tudo, perco meu caminho. Da fortaleza imensa, sobrou caco. Meus olhos aves, procurando um ninho...
Do calor que trouxeste resta a neve. Amor que não vivemos, morre breve, Sentimos nossos passos tão cansados...
As noites se encharcaram, pesadelos... Erramos, tropeçamos nos novelos Envoltos pelos mantos esgarçados... Marcos Loures
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Me tesas, me deixando em fogo e brasa, Acendes a fogueira, bem vadia. Fazendo do teu corpo a minha casa, Fudendo sem parar, é noite e dia.
É tanta sacanagem, putaria, Boquetes, siriricas e punhetas Que envolvem em loucuras e magia, Caralho, rabo, cu, seios buceta.
Misturas de teus gozos com o meu Teu grelo mais sedento pede mais, Mesmo ardendo de tanto que fudeu, A língua vou roçando no teu cais,
Tu pedes minha porra, e dás teu mel, E tudo recomeça em carrossel... Marcos Loures
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Me sinto um dinossauro, meu amigo, “ Perdoe o galicismo, mas me entenda” Que enquanto a poesia traz a tenda A vida me promete o desabrigo.
Se gostas ou não gostas eu nem ligo, A vida tal segredo não desvenda, Talvez ao fim da vida alguma prenda, Mas juro que este sonho eu não persigo.
Fazendo do soneto, arma antiquada, Espada em minha mão desembainhada Banhando-me nas águas do passado,
Eu ergo o meu olhar para anteontem, Os dedos sem ter onde ainda apontem Libertam coração velho enjaulado... Marcos Loures
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Me sinto frágil, ágil, imbecil. Impropérios, carinhos que me dizes... Na certa, pensará: fomos felizes, Amor, quando inconstante, é muito vil...
Não tentes enganar, não sou servil, Descoramos portanto esses matizes... Fui perdido ,perdi, cacei perdizes, Nas ondas que perdemos, dor pariu...
Caçoas dos meus versos, sou estúpido, Não quero mais sorver, nem restar cúpido... Apenas navegar, pois é preciso...
As bocas escancaras, nada sinto... Embriaguez igual, só com absinto, Nem venha sugerir que dramatizo! Marcos Loures
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Me recordo, criança temerária; Acácias no jardim da minha casa... A dor dessa saudade; vem, arrasa Quem fora, um dia, vida libertária.
A saudade voando, procelária, Me traz a sensação cruel da brasa; O trem da juventude, já s’atrasa, Deixando tão somente essa cor vária.
Nas flores tão singelas dessa acácia, Seus cachos amarelos, na fáscia Dos sentimentos, cortam, fundo talho...
Quem soube de meus dias, já se vai. A tarde d’existência, triste, cai... Sobrando do meu mundo, um só retalho...
(Saudades das acácias que perdi, Quando era tão feliz, por ser criança, As acácias não saem da lembrança; São marcas desse tempo que vivi!)
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Me prendendo nos teus braços Eu não quero liberdade Esquecendo os meus espaços Na prisão, felicidade! Meu amor, estreitos laços Já me traz sinceridade. Tropeçando nos meus passos, Dos teus braços, que saudade! Minha amada toda a vida, Procurei por um carinho, Que bom te encontrar; querida! Teu amor já me consola, Deixa eu ser um passarinho Preso na tua gaiola!
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Me permitam voar, asas abertas Que sustentam meus sonhos, culminâncias... Os mundos invisíveis, seus alertas, Espreitam por conquistas, discrepâncias...
As expressões diversas, incompletas, Navegam seus primores, as infâncias Dos sonhos que perdi, as minhas metas... Não pude resistir a tais ganâncias.
Benditos os que sofrem, regozijam, As dores que não pecam nem deturpam... Dos templos, predadores nos alijam;
Nos levam por fantásticos porões. As mãos mais caridosas nos conspurcam, As garras aprofundam solidões... Marcos Loures
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Me pego perguntando aonde vais Bem sei que não possuo esse direito. De tanto que tentei um novo cais, Inquieto, em tempestade, insatisfeito...
As noites que escapava, na surdina, Tramando uma esperança que não vinha... Rompendo a madrugada, dura sina. A sorte se mostrava má vizinha.
Marcado pelo medo da saudade, Em volta com a dura solidão. O medo de perder a liberdade, Envolto na penumbra da paixão...
Só resta no meu peito esta certeza, Saber que tanto amei a ti, princesa...
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Me lembro não somente deste beijo Que foi nosso primeiro, inesquecível. Ao ver o meu passado te revejo, Sinto o mesmo desejo, forte, incrível...
Mais que isso, meu amor, eu não me esqueço Além do nosso beijo, tão querido, O toque em tuas mãos, nosso começo, Que sinto, assim, viver longe do olvido.
Teu cheiro, teu perfume delicado, O vento que trazia uma esperança De conhecer o amor, extasiado, Nada disso me sai da lembrança...
Interessante, gosto de lembrar, Nosso primeiro beijo? Com o olhar!
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Me lembro da presença delicada, Tão mansa mas perfeita em sintonia Daquela que com mãos de seda e fada Aos poucos me domava em alegria... Faz tempo que desejo, mãe amada, Cantar nestes meus versos, poesia À ti, mulher querida e dedicada, Amiga e companheira, dia a dia... Te sinto, mesmo longe, aqui tão perto, Amor igual ao teu não recebi, Estás em cada dia em que desperto No sol que no meu mundo descortino, Beleza sem igual encontro em ti, Minha querida Osília Mannarino!
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Me lembro da balada que tocava No dia mais feliz de minha vida, Te juro que eu jamais imaginava Que a sorte que eu julgava já perdida Pudesse, na balada me trazer Uma esperança toda renovada Dizendo: na alegria volte a crer, Escute tão somente esta balada... Meu coração defronte ao peito teu Trespassados na mesma direção Por esta seta que Eros concebeu No fervilhar intenso da paixão... Neste total eclipse uma emoção, Juntando em nossos dois, um coração!
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Me esqueceste... Perfazes meus caminhos... Nas tuas vestes, fogo... Covardia... Nas marcas que deixaste, teus carinhos, Nas horas que passamos, melodia...
Os rastros que percorro são daninhos, Me transportam da noite para o dia... Não me queres, jamais quis outros ninhos, Uma noite somente bastaria...
Ah Morena, mendigo teus mistérios! Amores que perdi, pedem critérios, Perigosa tigresa me naufragas...
Não quero cultivar dores nem mágoas! Dominaste meus palácios dos desejos... As flores que colhi, foram teus beijos! Marcos Loures
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Me fizeste mais voraz Nas cordas deste meu pinho... A porta aberta mordaz Na morte certa, sozinho...
Instigo mas incapaz Tanto sangue, tinto vinho! No teu norte peço paz Sou vasto, pequenininho!
As hóstias que me negaste Nesse divórcio que tive Cicatrizes, me marcaste.
Sou gado, vivo sem cerca; Não há força que me prive Nem distância que se perca! Marcos Loures
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Melancolia à vista, sonho a prazo Desprezo o que somei e não carrego, Se em meio a tempestades eu navego, Decerto com mentiras disso aprazo.
Chegaste, minha amiga, com atraso Ainda não fiquei, de todo, cego, Não faço nem metade do que prego, Porém não quero além de um tolo ocaso.
Gracejos entre goles, gargalhadas, Palavras sem sentidos espalhadas Olhando sorrateiro, em nada creio.
Parado em qualquer canto de uma praça, Quem só sobreviveu e o fim abraça, Espreita de tocaia, vago, alheio... Marcos Loures
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Me diz a minha lua entrelaçada Nos braços da sutil enamorante Que tudo que passei não deu em nada, Que a vida recomeça d’ora em diante...
O peso que carrego na lombada, É peso que me aflige, sou farsante, O medo de romper a madrugada, Adormecido ao lado da tratante...
A lua se entrelaça com cometas, Deitada se mostrou ninfomaníaca. Deslumbra-se com sátiros, ninfetas,
As pernas se misturam, brancas, pretas, A lua dá risada demoníaca. Se abrindo dadivosa, tetas, gretas... Marcos Loures
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Me disseste insincera que não quer; Concebo tantas formas , seu estilo... Não me dizes jamais coisa qualquer, Lágrimas que choraste, crocodilo...
Agora que me dizes teu affaire, Nas luzes que brilhas não rutilo... Os teus fascínios vários de mulher, Resplandecem, deixando-me intranqüilo...
Nas horas que te quis, não me querias... Agora simulando novo amor, Pensavas aquecer t’as noites frias,
Na cama desse pobre trovador! As mentiras sinceras que causei, Fortuitas, não garantem que te amei! Marcos Loures
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Me deste teu colostro, juventude... Teus sonhos foram belas fantasias.. Vivendo tanto amor na plenitude Cordões umbilicais nem percebias...
Amantes joviais, tal amplitude, Nos trouxe verdadeiras poesias... Irei amar-te assim, muito e amiúde, Nossos momentos: lúdicos, os dias...
Fomos principiantes, mas distantes... As bocas se entreabriam, doce beijo... Os medos e delírios inconstantes...
Na farsa que perdemos, fomos trágicos... As mãos não traduziam os desejos. Nossos amores: tímidos mas mágicos! Marcos Loures
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Me curvo assim defront'ao sentimento Que invade minha vida e não me cansa. Amor passou a ser o movimento Mais alto que meu sonho sempre alcança.
Teus belos seios, deusa que me encanta, Teus belos olhos, dona dos meus dias. Tanta certeza sempre me agiganta E faz das minhas noites, alegrias...
Eu sinto teu perfume, minha amada, Eu sinto teu carinho, tão sublime. Depois de tanto tempo sem ter nada. Amar passou a ser tudo que estime...
Eu quero teu azul neste meu céu, À noite descobrir todo teu véu...
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Melancolia é coisa passageira Quando se tem ao menos fantasia. A sorte se mostrando a mensageira De quem bebe dos sonhos, poesia.
Espero que em teus braços, companheira A vida se refaça a cada dia, Além do que a tristeza ainda queira A luz que tu me trazes, também guia.
E tento sem disfarces nem temores, Viver a plenitude da amizade Deixando para trás quaisquer rancores
Unindo os sentimentos, nada temas. Vencendo a fria treva, a claridade Permite que se rompam tais algemas... Marcos Loures
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Me bastaria estar contigo, amor Mais uma noite. Na canção que sonho, Ouvindo vozes tão suaves, ponho Meu mundo, trago essas saudades... Flor
Que sempre trouxe seus espinhos, dor... Mas quando vejo esse luar, tristonho; Brusco me calo, esse lugar medonho, Não poderá mais prosseguir. Condor
Atravessando cordilheiras, Andes... Bem que tentei, não consegui nada antes... Espero pelo melhor, vivo só...
Me deixas luto, mas, perder não sei... Quem sabe tenho o que jamais sonhei; Quem sabe então, eu voltarei ao pó...
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Me acumulaste sempre em tanto amor Que trago este rosário de esperanças. Sabendo de teu riso sedutor Amiga me conduzo em tuas danças.
Nas águas destes rios, leves, mansas. Certezas deste mar encantador. Distante de guerrilhas, medos, lanças, Na profusão intensa em bom calor.
Amiga, não me farto de teus dedos Beatos, carinhosos e felizes. Amores, amizades, teus segredos,
Na cura de tais males, cicatrizes. Ilusões por certo mais presentes, No amor em que vivemos, somos gentes...
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Meu barco soçobrando em tempestade Perdido num naufrágio sem destino Buscando inutilmente a liberdade Debaixo deste sol, imenso, a pino.
Encontra nos teus braços, Amizade, O rumo mais perfeito e cristalino, Vivendo finalmente a claridade Na mão que impede insânia e desatino.
Ao ter tua presença tão amiga, Minha alma com firmeza vê a viga Que possa permitir a caminhada.
Sabendo separar trigo de joio Poder sempre contar com teu apoio Permite a nossa vida abençoada! Marcos Loures
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Meu sentimento exposto, torturando, Rasgando, sem ter pena, o coração; No que resta do peito, vai cravando As garras mais sutis dessa emoção...
Tantas noites passadas procurando Encontrar nos meus versos, a canção Que permita viver. Agonizando Tento sobreviver nessa paixão!
Restam somente rimas esquecidas, Alimentadas pelas, já perdidas, Emoções que me negam sobrevida...
Sonhando com meus versos mentirosos, Navego os universos vaporosos; Onde minha alma finge nova vida...
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Meu Senhor! Eu te imploro, por favor. Não me deixe morrer sem Seu alento... Não tenho mais vergonha desse amor Que me trouxe na vida, sofrimento.
Perdido em desalento imerso em dor andando sem ter rumo, um sonhador enfrenta as tempestades onde for, Viver de tal maneira? Eu não agüento...
eu quero simplesmente ser feliz, Não penso noutra coisa em minha vida... Felicidade; escondes, onde? Diz...
Procuro em vão, buscando outra saída nos labirintos. Vivo por um triz E a sorte há tanto tempo em despedida...
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Meu Senhor eu te peço um momento Para ouvir minha prece afinal. Vou sofrendo na vida o tormento Que me queima, tortura, esse mal.
Pecador com meus erros que sei Venho a Ti te pedir Teu perdão Nos castelos de areia finquei Os meus pés. Tropecei, fui ao chão.
As amarras da vida trouxeram, Muitas vezes me impedem de ser, O que todos caminhos puseram À grandeza do amor, seu poder.
Eu Te peço Senhor, caridade, Aprender que, no amor, liberdade!
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“Meu sangue errou de veia e se perdeu” Chegando ao coração desta mulher Encontra o que deseja e se puder Faz dele, na verdade, um porto meu.
Se tudo o que mais quero é sempre teu, O beijo mais gostoso que se der Pulsando deste jeito o que fizer Há tempos o meu peito percebeu.
Seguro tuas mãos e vou contigo, Se a chuva inda vier eu nem mais ligo, Abrigo que eu buscara, agora eu sei.
No encanto de teus olhos me perdi, Deságua esta esperança e chega a ti, Tornando o coração, remanso e grei. Marcos Loures
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Meu rumo se transmuda num repente E mostra ao fim do túnel uma luz. O quanto ser feliz já se pressente, Olhar que em teu olhar se reproduz
Tocando o coração de toda a gente Amor intensamente nos seduz E agora se eu prossigo mais contente Não temo mais a dor, amarga cruz.
Somando nossos passos cedo alcanço O fim da caminhada e vou feliz. Encontro finalmente este remanso
Deitado sob estrelas luminosas Estendo sobre a terra um chão de giz Plantando no teu peito belas rosas... Marcos Loures
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Meu rumo se transforma totalmente Depois de cada chuva em tempestade, O bêbado nas ruas da cidade Vagando sem destino, qual demente,
Intrépida jornada pela mente, No quanto que não tive e já me invade A trama se perdeu em quantidade E o fim do nosso caso se pressente.
Mas tendo o teu corpinho assim desnudo, Chamando para a festa, vou com tudo, Adentro o festival, macia a cama,
Os planctos e as sementes, plantas, gozo, Do emaranhado louco e caprichoso, Acende em brasa imensa, a velha chama. Marcos Loures
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Meu rosto, qual meu peito, está disforme; As rugas destruíram num repasto. Nas lutas que sangrei, a vida dorme... Não deixariam resto, rosto, rasto...
Com calma seguiria, num conforme, As tropas que pastaram no meu pasto. Nas horas que te tive, me desgasto, Não quero que me digas nem me informe.
Teimosamente sigo na batalha; Não quero mergulhar na tua praia, Sem tempo p’ra saber da nova falha...
As tarjas cobrirão nossa gandaia. Não venhas com palavra que te calha, Levanta, sem pensar, a tua saia!
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Meu rito recomeça novamente, Amar e desamar, amar de novo... Parece que virei clarividente Do mesmo paladar, contigo provo Mas sei que talvez venha,( sou descrente) Um gosto renovado noutro povo.
Amiga, estou cansado desta liça Que faço todo dia em prol da vida. O amor que já perdi não se cobiça Nem traz alguma chance de saída. Minha âncora que é feita de cortiça Garante esta esperança assim, perdida..
Só posso garantir que, na verdade, O que nos sobrará: uma amizade...
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Meu rio desemboca no teu cais Depois das cachoeiras no caminho, Eu quero e com certeza tenho mais Sabendo que não vou seguir sozinho.
Estrelas que me trazes, com as quais Decoro minha senda, em teu carinho A solidão se foi para jamais, E nos teus braços mansos eu me aninho.
Amiga, como é bom dizer teu nome, A dor aos poucos morre, agora some, E sinto que se aflora num sorriso
O sol de uma alegria transparente, Tocando todo o mundo de repente, Forrando minha estrada em paraíso...
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Meu rígido e voraz caralho busca Na xota desta deusa um gozo pleno Prazer que me inundando não ofusca O quanto que em desejo me enveneno.
Safada a bela puta vai abrindo As pernas e me chupa porejando Rocio em sua gruta permitindo A foda que estou sempre desejando.
De quatro em seu cuzinho, meu remanso, Rebola em minha pica, bem gostosa Coloco com vontade, porém manso, Alcanço o gozo pleno enquanto goza
A deusa que se fez puta e vadia, Na porra se embebendo de alegria... Marcos Loures
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Meu querido amigo Não tema esta dor Perfume sem flor Não vem mais contigo,
Em teu doce abrigo Percebo o valor Do sonho a compor Que assim eu persigo.
Perguntas não faço Apenas te abraço Em tua aflição,
Assim amizade Traz a claridade Mata escuridão...
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Meu pobre coração, sofre calado; Os medos e tristezas seu enredo... Quantas vezes, sofrendo tal degredo, Procurou prosseguir sem ser alado...
Percebendo o bater descompassado, Não posso conhecer o seu segredo; Tantas vezes constrito sela o medo, Outras tantas bateu desesperado...
Meus olhos vão cansados de chorar, Vagueio e não consigo te encontrar. Não posso sufocar mais o meu pranto...
Nem quero nem desejo te esquecer, Mil vezes, estou certo, então, morrer. Do que colecionar mais desencanto... Marcos Loures
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Meu pensamento, nunca soberano, Jamais cuidou de ser do amor cativo, Depois de se perder em desengano, Criou esta ilusão de amor que vivo. Vencido pela força das quimeras, Amor levara sempre duros fardos, Sabendo quanto doem as esperas, Amor já se cortara em tantos cardos... Porém destes espinhos do caminho, Amor encontra a flor mais delicada, E sabe que se foi bem mais sozinho, Agora segue a vida iluminada Nos braços de quem mais valera pena, No colo extasiante da morena...
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Meu pensamento livre sempre vaga Nas noites insensatas, corta o vento. Bebendo em tua boca, já se alaga A lua em derradeiro firmamento.
Na mão que me penetra a fina adaga Do amor que se fez forte em juramento. O sonho navegando noutra plaga Pressente a maravilha do momento.
Nos gozos, nas luxúrias, embebido, Descendo minhas mãos pela corrente Dos mares que naufrago. Decidido
Entranho em cada gruta, explorador, Descubro um diamante e vou contente, Nos tesouros divinos deste amor...
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Meu pensamento envolto num lamento Calando em seu tormento, minha voz. Sagrando contumaz pressentimento Que torna o meu viver, decerto atroz...
Que resta de meus sonhos? Quase nada... O canto que te trouxe queda mudo. A mão que acaricia a minha amada, Retalha meu amor em quase tudo...
A vela da esperança então se apaga, E nada do que fomos já me resta... Dos mares que navego, louca vaga Remete ao sentimento que me empresta...
Amor que em tal tormenta já soçobra. Contento com os restos que me sobra...
Marcos Loures
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