
MEUS SONETOS VOLUME 080
Data 14/12/2010 07:06:54 | Tópico: Sonetos
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1
Mataste com sarcasmo um inocente Ao escarres, torpe, no mendigo Que ao estender as mãos em desabrigo Gritara por justiça tão somente.
Não viste, mas cuspiste em toda a gente Ao adubar o joio, negas trigo, Desdenhas este Deus que fez-se amigo Embora em ironia, dizes crente.
Paginas tua vida com sarcasmo, Depois, inconseqüente a cada espasmo Verás o olhar daquele que feriste.
Serás que percebeste tal torpeza? No vômito encontrando a sobremesa, O dedo da justiça, enfim em riste... Marcos Loures
2
Matar o meu desejo num desejo Que possa me matar em tal prazer Que eu possa na saudade deste beijo Sem medo, num momento bom morrer.
Vivendo esta loucura que prevejo Roçando a minha pele, posso ver Ao aflorar com fúria sempre vejo O doce que pretendo recolher
Na boca da mulher maravilhosa, Que possa me trazer um diamante Enquanto encontro a fonte mais gostosa
Num gêiser divinal, glorificante A vida se tornando fabulosa, Bebendo desta mina a cada instante... Marcos Loures
3
Matar nossas vontades, cio e gozo, Ardendo de tesão, te quero nua. Chegando ao paraíso mavioso Que em sevícias divinas continua.
Descubro este caminho caprichoso, Transando nesta praça sob a lua. A puta que em delírio doloroso Mordendo a tua carne louca e crua.
Esporro em tua boca leite e sal, Escrava dos desejos, serviçal A deusa se mostrando tão vadia.
Enquanto me galopas esbofeteio, Unhando com vontade cada seio, Regando com furor tal putaria.. Marcos Loures
4
Matar as fantasias e ilusões É quase que morrer em plena vida. No amor a porta aberta e distraída Causando, disso eu sei, revoluções
Tomando assim de assalto os corações Quem ama teu sua alma, enfim, ungida No sopro deste encanto, uma saída, Não resistas, querida às tentações.
Deixe que esse rio siga em paz, E beba da alegria que amor traz Sem mesmo perguntar para onde vai.
O dia nascerá, tenha certeza, Vencer com esperança a correnteza Sabendo que; levanta-se quem cai... Marcos Loures
5
Matar a tua sede n’outros braços Pensando ser os meus. Serve de alento? Caminhas com alguém em tantos passos Exposta à calmaria de outro vento.
Viver sem alegria este momento, São erros que, imagino serem crassos, O amor jamais suporta o sofrimento. De todos os teus sonhos, olhos lassos...
Não vejo como possas ser feliz, Se a boca que te beija nada diz Senão de uma lembrança que persiste.
Perdoe, não desejo aqui teu mal, Porém ao desabrigo, a tua nau Terá um porto amargo, ledo e triste...
6
Matar a nossa sede em pleno gozo, Sem ter sequer limites e bom senso. No toque, no carinho mais gostoso. Em ti querida, amada, eu sempre penso,
No amor que a gente faz, maravilhoso, A cada novo dia me convenço De todo este querer voluptuoso Que dá tanto prazer, amor imenso...
Ardentes os teus beijos mais sedentos, Teus seios são divinas esculturas, Passeio com meus lábios, mansos, lentos
O teu corpo moreno, carnes duras, Na noite que se faz extasiada, Tua nudez se mostra iluminada.
7
Marujo inebriado em maresia, Encontra em plena areia, caracóis, Deitando nesta praia a fantasia, Dourando-se ao poder de vários sóis.
Somando o quanto quero e nada tinha Enquanto a tempestade não passava Ao ver esta emoção, agora minha, Não tenho mais porteira e sequer trava.
Somente uma semente de esperança, Ao solo mais profícuo vem chegando. A vida frutifica na bonança, Tristezas lá se vão, fugindo em bando
Perfumes do rosal, farta colheita, Abrindo o coração que se deleita...
8
Martírios que vivi; já não concebo Nem deixo mais a dor me conquistar, Tristezas vão em bando, volto ao mar, No fogo do prazer que ora recebo.
Um novo amanhecer, enfim percebo Depois de tanto tempo a divagar, Aflora no meu peito o bem de amar, Teu néctar mavioso; agora bebo.
Quem fora simplesmente um sonhador, Ao ver amanhecer a recompor Estrada que trazia o mesmo não,
Não pode mais deixar de agradecer Ao ver em belos dias perecer, Verdugo de meus dias, solidão. Marcos Loures
9
Marmóreas ilusões dizendo nada A lua quis argêntea e a perdi. Nos vastos desdenhares; chego a ti, Esgares iluminam madrugada.
Sereia num inverno congelada, Não posso suportar mais teu piti, Habilidosamente me escondi, Debaixo desta saia; assim rendada.
Rodando pelas ânsias da querência, O amor não pode ser qual penitência Pagada com moedas sem valor.
Um cheiro no cangote faz estragos. Porém sei dos pecados todos pagos E fujo desta insânia dita amor...
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Mariposas adentram na janela Aberta do meu peito em noite ardente. Semblante refletido, lua dela, Na ardência deste encanto mais fremente.
Volvendo esta emoção vou num repente Alçando o quanto tive em mão singela, A boca que me lambe crava o dente E dá tanto prazer na mordidela.
Não venço meus temores, mas te quero, Primavero meus sonhos em delírios. Teus olhos nos meus olhos, meus colírios
Na brisa do teu riso, luz que espero Na florada divina, num estalo, Cavalgas teus prazeres, sou cavalo... Marcos Loures
11
Mariposas adentram na janela Aberta do meu peito em noite ardente. Semblante refletido, lua dela, Na ardência deste encanto mais fremente.
Volvendo esta emoção vou num repente Alçando o quanto tive em mão singela, A boca que me lambe crava o dente E dá tanto prazer na mordidela.
Não venço meus temores, mas te quero, Primavero meus sonhos em delírios. Teus olhos nos meus olhos, meus colírios
Na brisa do teu riso, luz que espero Na florada divina, num estalo, Cavalgas teus prazeres, sou cavalo... Marcos Loures
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Marinheiro, envelheço sem meu mar... Os oceanos tornam-se mentiras Não sei porque, resolvo te contar Histórias tão antigas viram tiras
Soltas no jornal... Tento navegar Mas as ondas temíveis viram piras Sedentas estão prontas pra queimar... Marinheiro que teme o mar... Atiras
Um olhar tão irônico que marca. A verdade é que trago tantas mágoas, A vida me deixou perdi a barca...
Mistérios deste mar, já quis amar As dores me cobriram, tantas águas, Quem sabe, um dia, aprenda enfim nadar! Marcos Loures
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Maria se não fosse quem amava Talvez eu não amasse mais Maria, Maré quando depressa a mim chegava Mostrava em fina areia que amaria
Quem mares sem temores maltratava Tratava de saber minha agonia. A faca penetrando em veia cava Cavando quem amor não cevaria.
Calvário de quem ama, serpenteia Na sala disfarçada de perfume. A lua que não veio, maré cheia,
Estende o rubro pano das promessas. Maria vê se deixa de ciúme Pecados sei de ti e não confessas...
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Maria se fez luz e fantasia Mas teve que seguir em outro intento, Além do que João assim previa Na barca da vontade em louco vento.
Maria, na verdade não sabia Que a chuva se fazendo em novo invento Nas coxas da morena, ela lambia Molhando toda a moça num momento.
A transparência feita em organdi Deixando essa menina quase nua. Meu braço pra morena; ofereci,
Quem sabe atravessar estreita rua. Problema é que João voltou correndo Assim que percebeu estar chovendo...
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Maria que é bonita e tem talento, Entorna poesia quando escreve, Meu verso num segundo já se atreve, Bendito seja tal atrevimento!
Fazendo da alegria um sentimento, Derrete com certeza o gelo e a neve, Perdoe o trovador que em verso breve Encontra no teu canto, tanto alento.
Por vezes, caminheiro sem destino, O coração teimoso de um menino Num velho batucando em desatino
Sabe reconhecer um cristalino Olhar e neste intento eu me alucino E à luz de teus poemas, me ilumino...
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Maria não merece ser feliz, Depois do que ela fez, nem mesmo reza. O mundo se disfarça nessa atriz, Amor que na verdade não se preza.
As valas que enfurnaste no céu cris, O bando que comandas morde, presa... Nas marcas que fizeste, cicatriz De giz, literalmente vil se enfeza...
Maria tem pudores de falsária, Vendeta de primores indecentes, Vivendo de sugar a plebe otária
Que lambe e sutilmente crava os dentes. Transmite se puder, gripe aviária, A desvairada emana dos dementes... Marcos Loures
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Maria foi à caça e nada vendo Voltou de mãos vazias. Pobre fera. Quem sabe de tocaia noutra espera. O jeito é bem mansinho ir percebendo
O quanto na verdade não desvendo Diz vendas feita em sal que não tempera. Deitando o meu prazer numa tapera Ainda continuo um sonho tendo.
Tentáculos do amor não mais os quero, Se o gozo da alegria destempero No fundo o que Maria ainda quer
É quem não faça dela algum objeto, O beijo que encontrou de um ser abjeto Jamais a satisfez como mulher...
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Mares e marés, matas, cachoeira O canto da promessa já se cala. A dor que me tortura a vida inteira Batendo nesta porta, entra na sala...
E traz a tempestade verdadeira Que pesa em minha vida, quero amá-la; Tomando em meu destino, a dianteira. Calando-me não deixa sequer fala.
Quem sabe encontrarei no fim da vida Depois de tanto amor em despedida Depois da solidão terrível fera,
No cimo das montanhas, meu cansaço, Encontro nestes rastros o teu traço Trazendo para mim a primavera...
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Marcos Loures: O Poeta. Para um poeta desse porte o quê dizer? Um Marcos Loures não se encontra todo dia, conhece bem essas quebradas do viver, seu verso é forte, é suave, é poesia. Quando ele some dá um quê de nostalgia e a galera quer então logo dizer: menino, moço, um doutor, que na grafia, numa tacada, um soneto faz nascer, ventos de Minas já lhe sopram boa sorte, Caburaí até Chuí, repete a história, que volte logo, sua falta é imensa, sua presença é nota dez, é passaporte pra conhecer um mundo infindo; na memória, está presente em cada verso mais querença. 19
Marchando em altivez até o fim Da longa e dura estrada desta vida, Percebo que encontrei no meu jardim A flor mais desejada e mais querida.
Quem tem uma esperança segue assim, Pois vê, no labirinto uma saída Já tendo a solução, concebo enfim A paz feita amizade repartida.
Meus olhos no infinito de teus olhos Encontram seus espelhos, brilho farto. Abrindo das janelas os ferrolhos
Abrolhos vou matando em meu caminho, Decerto com firmeza agora eu parto, Sabendo que não vou jamais sozinho.
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Marcante redenção do amor em prece Expressa o sentimento mais perfeito. No quanto nos teus braços me deleito O amor em alegria, luzes tece.
Ao canto abençoado se obedece Numa emoção que entranha no meu peito, O verso em que se mostra satisfeito Em cores tão sublimes transparece.
A barca dos meus sonhos segue em frente Sabendo que no amor, bom timoneiro, Encantos com certeza, ela terá;
No olhar abençoado, a luz se sente Inundando arrebol rega o canteiro Trazendo a fantasia para cá... Marcos Loures
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Marcado pela cruz, o sentimento Deixado no passado e por sinal Vendido num infame vendaval Está decerto em nosso pensamento.
Perdão que se tornou um claro alento Jogado nos escombros do bornal. Estornos vão moldando um ritual, Expondo em coação, meu sofrimento.
Talvez se desnudar-me dos desejos, Vontades sem limites tragam pejos, E o novo amanhecer, quando vier
Trará já no seu bojo um raro brilho, Quem sabe se seguindo o manso trilho Eu tenha esta alegria que se quer. Marcos Loures
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Marcado em solidão e sofrimento Eu tento um novo verso que refaça O tempo de sonhar que em pleno vento Aos poucos, firmemente se esfumaça.
Na praça e nos coretos do passado Meninas e cinemas, lua, encantos. Agora tão somente o mesmo enfado Espalha a solidão aos quatro cantos.
Mesclando minhas dores com as tuas Odores misturados, bom suor. As carnes nesta cama, fomes nuas Prometem movimento bem melhor
Nas ancas e quadris, doces balanços A lua se refaz em raios mansos... Marcos Loures
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Marcada num sorriso em nossas faces A lua prometida, clara e cheia. Apenas o vazio me incendeia Mudando num momento, os desenlaces.
Por mais que em outras luas sei que passes Aguardo a chama plena em que se ateia O fogo que tomando cada veia Permita melodias em que traces
Um rumo bem distinto. Quem me dera... A lua que se quer frustrando espera Não vindo, deixa espaços, dias vãos...
O tolo coração ainda tenta Em meio a tempestade tão violenta Sentir o teu perfume em minhas mãos Marcos Loures
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Marcada assim a ferro, sangue e fogo, Paixão que nos tomou, em força audaz. Tomando o pensamento trama um rogo Que faça todo o canto vivo em paz.
Nenhum poder jamais nos calará Nem mesmo uma incerteza, nem temores. No chão de nosso amor, só brotará Perfumes e carinhos, santas flores...
Nossos pendores livres sem grilhões, Nossos sonhares sempre em liberdade. Vibrando em nosso peito as emoções, Além de todo mar, sinceridade.
Tu és amor intenso e soberano, Amor que não permite mais engano...
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Maravilhosamente aqui comigo, Despida de qualquer ingenuidade Menina, nosso amor é um perigo, Que falem desse caso na cidade! No fundo tanto quero que nem ligo, O que quero é viver felicidade!
Se vemos mil cometas que se danem Aqueles que não sabem das estrelas. Que as dores que passamos não espanem As luas que queremos; são tão belas. Que aqueles que não amam já nos banem, Não sabem de alegrias, nem vivê-las.
Quando rolamos mares, cordilheiras, Atropelamos ervas tão rasteiras...
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Mar! Dono das quimeras que me matam, Nos vendavais; inquieto me tortura... Os medos dessas ondas já maltratam, A noite que marinha é tão obscura
Traz-me fosforescentes algas vivas... Águas vivas queimando... Tu gravitas Se eleva por sobre águas mais altivas... As noites que vivemos não levitas...
Leviatã fantástico... Sereia... Quem dera desejasses meus desejos... Incêndios netunares, mar ateia
Forjando maremotos e procelas... No mar que navegaram nossos beijos, Abismos terebrantes, belas celas...
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Mãos dadas; caminhamos pela vida, Unidos em tristezas, alegrias. Tua presença é sempre tão querida Trazendo uma certeza em duros dias. Por mais que esteja longe uma saída, Terás toda a presteza que dizias...
Não deixas meu caminho sem ter rumo, Não cobras o que dás de coração. Ajudas com teus braços a dar prumo E confiança em cada direção Que for a mais sensata onde me aprumo Achando sempre assim, a solução.
Por mais que a dor se faça de verdade, Tu sempre estás comigo em amizade....
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Mãos dadas caminhamos pela vida Formando uma corrente interminável, Na sensação divina, pois querida De um mundo bem melhor e mais amável.
Fraternidade sempre em voz unida, Trazendo bem perto o inalcançável, Nesta alegria, nossa, dividida, Num sorriso em glória, demonstrável.
Semearemos juntos os amores Que fazem do universo o nosso lar, Não digo que sejamos sonhadores
Nem falo que esta festa é impossível. Um sonho repetido a se sonhar Tornando uma ilusão mais acessível...
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Manter-se jovem sempre que puder, Sorrindo de si mesmo, gargalhar, Olhando de soslaio pra mulher Que passa na calçada a rebolar.
Saber de uma armadilha se vier, Mas nem por isso, a vida enfim, poupar. Fazendo sem temor o que quiser, E nunca se negar ao louco amar.
Assim a primavera se prolonga E a estrada com certeza é bem mais longa Pra quem nunca temeu a tempestade.
Bebendo com vontade o furacão, Sangrando a vida inteira na paixão, Alçando a tão querida liberdade!
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Mantendo uma esperança até o fim, O velho caminheiro não desiste, Até quando se mostra amargo e triste, Espera florescer o seu jardim.
Torpor de uma aguardente, rum e gim, O coração deveras luta e insiste, Sabendo que outro dia ainda existe Lutando contra os medos. Sou assim...
E mesmo que pareça temerário, Amar é como um mal tão necessário Que nada poderá calar a voz
Do coração envolto em braços mansos. Recantos mais suaves, meus remansos, Fazendo da alegria, porto e foz... Marcos Loures
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Mantendo o sentimento sempre vivo Loucuras muitas vezes necessárias Trazendo o pensamento sempre altivo Vencendo estas tristezas, adversárias...
Às turras com diversas emoções, Eu tento desvendar tantos segredos, O quanto se permite que as lições Ajudem a mudar velhos enredos.
Amor quando se faz numa partilha É força insuperável, tenho dito. Não quero mais cair nesta armadilha De um rosto inexpressivo, mas bonito.
Eu busco a mais perfeita companheira, Estando do meu lado, a vida inteira... Marcos Loures
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Mantendo no meu peito, a porta aberta Adentra-se este sonho que me trazes De todo o que pressinto, estando alerta A vida se renova em várias fases.
Dormir eu te garanto não mais quero Se agora o meu sorriso é mais intenso. Além de qualquer sonho eu me tempero No amor que nos teus braços, tenho imenso.
Encantos espalhados pela casa, Estrelas debruçadas na janela. Calor que veramente assim me abrasa Amor em plenitude se revela
E chama para o gozo, tais magias Realizando as nossas fantasias...
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Mantendo estes teus olhos tão abertos Envolves minha vida com teus braços. Ocupas mansamente os meus espaços E tramas venalmente tais desertos.
Os dias reticentes vão incertos, Marcados por teus passos duros traços. Penetram minha carne, frios aços, Mortalhas em que os sonhos são cobertos.
Tu queres minha vida solitária, Deixando em purgação meus sentimentos. Cansado destes ritos, teus lamentos,
Procuro uma esperança solidária Que trague ao fim do tarde, uma amizade Indícios da manhã em liberdade...
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Mas sei que tudo passa. E no amanhã O sol renascerá... Tola ilusão... A rosa se perdendo do pendão Deixando a floração amarga e vã.
Aflora-se esta emoção que sei malsã, Levado pelas ondas; perco o chão E morro a cada dia na amplidão Do céu agrisalhado na manhã.
Epidêmica tristeza agora grassa, Do quanto imaginara luz e graça A fonte vai secando pouco a pouco.
Morrer nos braços teus. Ah quem dera! Porém a solidão, terrível fera, Encharca o meu cantar, insano, louco...
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Mas saiba que te quero eternamente, Embora muitas vezes não pareça Tua imagem não sai de minha mente Eu temo que ao final eu me enlouqueça.
Tendo no coração lugar tenente O amor que tantas vezes prega peça Com teia cada vez mais envolvente, Além do imaginário se confessa.
Amar e ser contigo a vida inteira Não tendo mais desculpas sigo em ti, O sonho mais sublime que vivi
Razão de minha vida, mensageira Dos deuses, entidades, santos, reis. Fazendo dos delírios suas leis... Marcos Loures
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Mas quando em calmaria, amor eu canto E nele vejo sempre a luz bendita Minha alma em sedução, zênite fita Bebendo cada gole deste encanto.
Nos braços deste sonho me agiganto Meu mar em emoção logo se agita Sabendo que encontrei rara pepita Afasto dos meus dias medo e pranto.
Porém se o bem do amor me emociona, Enquanto chega, atroz, logo abandona, A seca deste rio; eu volto a ver.
Somente na amizade eu encontrei A mansidão real em bela grei Um rio em grato mar a se verter. Marcos Loures
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Mas por que me beijaste, te pergunto, De tudo que sofri, bem sabes quanto, O beijo que foi dado, suave encanto Entretanto machuca e não me cura. Pois sei da maciez duma ternura Que nunca demonstraste, minha amiga. A noite em sofrimento, não prossiga, Não sou quem tu desejas, estou certo, Meu coração tristonho, meu deserto, Merece por acaso um sofrimento? Teu beijo ressuscita o meu tormento. Tormento da saudade de quem fui, A manta da esperança já se pui Desnudando a minha alma sofredora, Que mesmo que não saibas já te adora!
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Mas não repare não, a lágrima é de araque E beijo a tua mão apenas por favor Na taça de cristal eu bebo até conhaque E a moça que rebola adoça o meu amor.
No jogo de mentir tu me fizeste um craque Quero indenização. Não tenho onde mais pôr A cara depois disso. Aonde ponho o fraque Que inútil eu comprei? E o terno furta-cor?
Não tomo em teu louvor sequer mais um pileque, Agora sem defesa eu jogo de beque E faço do meu verso o que bem eu quiser.
Na túnica rasgada um sinal destes tempos, Cansado de bancar estes teus passatempos Vá caçar o que fazer; me deixe em paz, mulher! Marcos Loures
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Mas eu preciso, enfim, continuar Seguindo minha estrada, o meu caminho Na busca em cada canto a vasculhar Até poder topar com festa e vinho
Nas mãos de uma mulher, que com carinho Entrega o coração sem me cobrar Arranco da roseira tanto espinho, Adoço, com seu mel o imenso mar.
Um violeiro que é feito trovador Já sabe dar valor à luz da lua, Que iluminando os passos vem propor
A todos, indistinta claridade; Atrás dessa janela bela e lua Na caça desta tal felicidade...
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Mas és muito volúvel – que revolta! O tempo que perdi já não tem conta Minha alma acorrentada agora solta Procura uma emoção ainda tonta.
Quem teve uma ilusão por falsa escolta Percebe quando a vida, vil, apronta, O tempo que passou, eu sei, não volta Nem mesmo uma tristeza se desconta
Das dívidas que tens para comigo, Mulher que me mostrou que o desengano Condena quem amou ao desabrigo
Pensando que encontrei felicidade Eu vejo que no fim, do sonho e plano, De tudo não restou nem amizade
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Mas deixe que eu te embale, meu amor, Nesta rede de braços, coração. Devagarinho, manso, como for; Deixando, bem distante, a solidão...
Mas deixe que eu te chame assim, querida. Que a vida sem ternura, vale nada... É lua que se vai, está perdida; Vagando sem ter brilho, des’perada...
Mas deixe que eu te encontre em cada canto, Em cada fantasia, cada sonho... A vida necessita deste encanto Um mundo mais feliz, eu te proponho...
Mas venha pr’os meus braços, vem comigo, Preciso estar contigo, meu abrigo...
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Manhã que vem chegando, bela aurora, com raios de esplendor, o sol nos toma, tua beleza imensa se decora neste matizes raros, tudo soma.
Orvalho no jardim, cristal que chora amor que dilacera e não se assoma, quem dera meu amor, contigo agora estarmos bem mais juntos, nova soma.
Tu és meu aconchego, estou em ti, em cada novo verso que te faço. Amor igual ao nosso, eu não vivi,
mostrando da manhã, a claridade, em rumo a mais um dia, passo a passo, envolto em teus braços, liberdade...
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Manhã que nunca veio, morre tarde. A cor destes teus olhos, frágil lume. Amor tão terebrante nega alarde, O sol embora fraco, traz perfume.
A cor desta esperança já se encarde. O verde desbotado, teu ciúme. Transforma-se vazia, é tão covarde; Meu medo, é cordilheira cobre o cume...
O raio das manhãs, me nega aurora. Nos meus jardins sofridos, morre a tília A morte, tantas vezes, me namora;
Mas quando a noite cai, profundo talho, Me lembro da manhã plena de orvalho; Me lembro d’ outros olhos, os de Hercília!
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Manhã que já decifra tal mistério, Amores se perdendo e se encontrando. A noite que passamos, sem critério, Delícias e tristezas penetrando.
Não quero mais viver em desespero, Tragado pela força da saudade. Amor, sem teu amor, eu nunca quero, Amar-te é traduzir felicidade...
Teus pés que tanto embasam minha vida, Não podem se ferir nem tropeçar. Se tantas vezes fomos despedida, Preciso, pra viver, recomeçar...
Perdoe por meus erros, te amo tanto... Meu verso sem teus olhos, perde encanto...
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Manhã fria pedindo um cobertor, Quietinho; te procuro. tão gostoso... Debaixo da coberta o teu calor Deixando o frio dia mais dengoso...
Carinhos se procuram; bocas, braços... Uma vontade doida de ficar. As pernas desenhando tantos traços, A vida transcorrendo devagar.
O cheiro de café penetra o quarto, É hora, meu amor, eu tenho que ir... De amores e desejos nunca farto, Mas nada mais espera. Vou sair.
Lambuzo minha boca, pão e mel... E sonho com carinhos... Vou ao céu...
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Manhã extasiante se pressente Nos olhos da mulher maravilhosa Que faz a minha vida ser contente Estrela que me guia, fabulosa.
Plantando o coração em fértil solo, Arando com cuidado e com firmeza Amor quando em verdade não tem dolo Enfrenta calmamente a correnteza;
De todos os meus sonhos, sei que trago Um canto mais suave e mais bonito Na vida que se dá calor e afago Um mundo em paz total, eu acredito
Somando nossas forças, não mais temas Rompemos desde já tantas algemas. Marcos Loures
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Manhã de primavera no meu peito, Canteiros em mil flores expressando O vento da alegria calmo e brando, Deixando o canto leve e satisfeito.
O amor quando disperso, não tem jeito, Aos poucos meu caminho desabando, As fantasias fogem noutro bando, Apenas as tristezas tomam leito.
Mas quando amor se faz primaveril, As feras mais distantes do covil, As sendas florescendo em harmonia.
Assim, ao te encontrar, eu percebi, Que tudo o que eu sonhara estava ali, A tradução perfeita da alegria! Marcos Loures
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Mandingas desfazendo um vil quebranto, Sonatas invadindo a madrugada, Coleto das estrelas cada encanto Desfio nosso amor numa alvorada. Decoro nossa vida em pleno canto No tanto que essa luz é desejada.
Do nada vou cerzindo a plenitude, Cevando o meu destino em forte laço. A cada amanhecer, nova atitude, Permite novamente este regaço Do sol que traduzido por saúde Invade nosso mundo passo a passo.
Cadenciando o sonho eu encontrei O amor que tantas vezes procurei. Marcos Loures
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Manda as crianças pra cama, Depois não vem reclamar. Quando a gente acende a chama, A censura vai pegar!
Pois tem gente que reclama Quando a gente quer amar. Misturando nossa trama, Vai querer nos censurar.
Meu amor nunca foi fraco, Tanto engorda quanto cura. Mas cuidado com pitaco
De quem não sabe ternura. Vive olhando no buraco Da porta, da fechadura...
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Manás que desfrutamos com ternura, Delícias percebidas, guloseimas, Nas flamas que nos tocam; tu te queimas, Bendita com certeza, a queimadura...
Amar é se entregar a tais delírios, Sem ter qualquer defesa, mergulhar... Naufrágio que embeleza qualquer mar, Trazer nos olhos fogos e colírios.
Nos círios e nas rezas, procissões, Brotar tal fantasia aos borbotões, Mundanas esperanças, sacros ritos.
Manjar que, inebriante, nos fascina, Galope de corcel em solta crina, Carícias que amaciam mil granitos... Marcos Loures
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Mamãe não te ensinou a ter respeito? Implicante, gosmento e xexelento Adora provocar algum tormento, Apanha e sai chorando deste jeito.
Precisa ter coragem e muito peito Pra poder encarar sem ter alento O enorme furacão que já foi vento, E nunca está deveras satisfeito.
Pra ser leão além de ter a juba Não pode fazer birra por jujuba, Por isso, meu amigo, caia fora
Não seja tão birrento, por favor. Bisbilhotando assim quem faz amor Castigo lá do Céu não se demora... Marcos Loures
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Maltrata me deixando satisfeito O sentimento que me marca em gozo, Do dia em que pensei maravilhoso A claridade sonegando o feito.
Amar talvez não seja meu direito Quero, porém, o amanhecer fogoso Nos braços da mulher, sonho gostoso Tramando sempre um belo cais, perfeito.
No quanto fantasio e nada tenho, Não vejo mais a tempestade insana Mesmo perdendo no final o jogo,
Vivas estrelas; neste amor, contenho Vivificado em luz tão soberana Não temo mais o frio nem o fogo Marcos Loures
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Maloca que se toca vira casa Se acaso ano que vem tu não vieres Deixando para trás cama e talheres Algures outro tanto não abrasa.
Se a fase é muito boa eu te garanto Que o gol sai bem mais fácil e não demora, Se o tempo em temporal noite decora Qualquer coisa servindo como manto
Oráculo, no horóscopo, nas cartas, As partes se contentam com metade Por mais que solitário, o lobo brade
A guerra entre dois sonhos nunca apartas Pois partes se completam formando uma, Não dê moleza à moça. Ela acostuma...
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Malícia nos teus olhos de menina, Melancolia trazes, risos tristes... Mistérios: tua lua cristalina... Martírios dos amores que resistes...
Misantropia e luta, tua sina... Molecagem, brinquedos, nada omites, Metódica, trazendo luz divina... Mediadora, os conflitos, dedos ristes,
Maciez travas beijos e mordidas... Me manejas do modo que quiser, Mansidão ultrapassa nossas vidas,
Meiguice rebentando quando quer, Mazelas que consolas, reunidas, Me mostram teu perfil, M, mulher... Marcos Loures
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Malhas entrelaçadas formam teias... Misturas amarelo com marrom... O fogo te devora, plenas veias... Teus passos mais silentes, ouves som?
Os olhos faiscantes, chama ateias, Brilhando nas escuras, qual neon. Em pânico, as florestas, incendeias. Beleza que apavora tem seu tom...
A tantos que te temem és quimera, Embora não conheçam tuas garras. Nas noites, quando caças, as amarras
Armadilhas expondo a bruta fera... Tantos medos ocultas nas bocarras, Encantos, alucinas, bel pantera! Marcos Loures
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Malditas as palavras que disseste Tornando assim indócil coração. Infames sensações, canalha e peste, Resquício de mortalha em podridão.
Sorriso tão mordaz que assim me deste Em gosto e paladar, humilhação... Esta carcaça imunda, enfim reveste Um ser que testa a força do perdão.
Vampira de esperanças, ser infecto, Na face carcomida um triste aspecto, Esdrúxula figura, leda trama,
Ferindo com frieza, tolamente Aquele que em teus braços foi demente, E que desesperado, ainda te ama... Marcos Loures
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Mal viro as minhas costas e me trais, Que faço se não posso estar contigo Durante tanto tempo. Mas te digo Que o corpo que se entrega assim demais
Depois de certo tempo por castigo, Será para as bactérias, vírus, cais. Se queres tu saber, eu nem te ligo, Sãos teus estes problemas sexuais.
Só falo e com certeza, não repito, Que mais do que passar em ti um pito, Em outras vou até me embriagar,
Se a solidão temível já me espanca, Não quero nem saber se a mula é manca, O que eu quero, querida, é rosetar... Marcos Loures
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Mal vem o sol nascendo em bela aurora As luzes da cidade inda brilhando, Meu quarto em tuas cores se decora E, aos poucos meu desejo renovando No amor que a gente faz sem ter nem hora No corpo em que persisto navegando;
Neste caminho lindo, um andarilho Procura a imensidão sem ter atraso, Rompendo uma alvorada em raro trilho, Sem hora sem destino, sina ou prazo. Envolto em maravilha, então me pilho Deixando este futuro ao mero acaso.
Só sei que trafegando em tais magias, Encharco esta manhã de fantasias...
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Mal sabes que vieste em redenção A quem por tanto tempo imaginara Que a vida tão distante da emoção Seria com certeza bem amara. Mal sabes que vieste em redenção A quem por tanto tempo imaginara Que a vida tão distante da emoção Seria com certeza bem amara.
Meu peito padecia da ilusão De ter somente a dor de fria escara Porém ao perceber aluvião Que veio com vontade e que antepara
Jogaste com certeza um pólen raro Que fez da poesia um instrumento No qual por tantas vezes eu me amparo
Ao aplacar decerto o sofrimento, Meu peito desta forma eu escancaro Pois sei que encontrarei em ti ungüento... Marcos Loures
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Mal sabes que o descuido traz encanto Deitada mal coberta num lençol; Deixando-me antever, por certo, tanto Quanto brilha na tarde um forte sol.
Eu quero te sentir sem entretanto Tornada em minha vida, um bom farol, Bem sei que não terei nenhum espanto Em te fazer meu rumo e girassol.
Hiperestesiado sinto o vento Batendo no meu rosto, na promessa De renovar o manso sentimento
Que dorme nesta cama junto a ti. Sem medos minha sorte te confessa Que és tudo o que sonhei e que perdi...
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Mal sabes que este sonho me domina Tocando fortemente o meu querer. Encontro em nosso amor infinda mina Que sempre me dá forças pra viver
Por mais que a noite tarde, me alucina Esta esperança imensa de te ver Poder beijar a boca da menina Que sabe me dizer o que é prazer.
Eu quero que este dia seja farto Como um banquete intenso e soberano. Jamais desta vontade, amor, me aparto
Pois ela dá razão para sonhar. Viver o sentimento sem engano E livre, totalmente, enfim. Te amar.. Marcos Loures
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Mal sabes quanto eu amo cada vez Em que percebo estás perto de mim. Tu me irradias, pena que não vês O quanto te desejo, tanto assim.
Meu verso te buscando, insensatez, Aguarda esta resposta, amor sem fim, Parece que em verdade tu não crês No quanto és importante, mas enfim
Depois de tanto tempo na procura De teus lábios sedosos, venho aqui Clamar por teu amor, feito em ternura.
Sonhando sempre, sempre chego a ti, E bebo em tua boca, esta loucura Na qual com toda força eu renasci... Marcos Loures
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Mal sabes quanto amor eu te dedico, Não posso suportar a tua ausência. À espreita dos teus passos, sempre fico, Retorne para mim; peço clemência! A todo instante como na tocaia, Espero que tu venhas, minha amada. Do meu mundo, te imploro amor não saia, A vida sem amor; passa a ser nada! No meu amor, que sabes ser sincero, Entrego-me sem medo e sem pudores. Recebo no teu canto que eu espero O brilho de teus olhos sedutores, E digo: meu amor, o que mais quis É ser nos teus carinhos, tão feliz...
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Mal sabes quanto amor em tanta fé Encanta quem deseja ser feliz. O nosso casamento vai dar pé Pois nele encontro assim o que eu mais quis. Deitando junto a ti, bom cafuné Vontade de ficar e pedir bis.
Amor que se mostrou tão indulgente Não sabe de ciúmes nem de brigas. Eu gosto de viver intensamente E sei que também queres, das antigas Loucuras que fizemos plenamente Erguendo com ternura nossas vigas.
Perdoe se eu te louvo qual idólatra, Trafego em teu prazer, amor podólatra...
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Mal sabes quantas vezes, delirando; Chamava por teu nome e te esperava. Amor de tão sublime, não sei quando Eu te perdi. Querida, eu te adorava
Em cada novo dia, procurando Toda alegria imensa que me dava Amor que me levaste. Vou passando E a vida me queimando como lava.
Eu quero novamente te sentir, Minha boca procura pelos teus. Por isso, nestes versos te pedir:
Não deixe que a saudade me domine. Esqueça que me deste, um dia, adeus... Vem logo, antes que a vida, enfim, termine...
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Mal sabes quando há tempos eu a via Andando pelas ruas, na calçada, Aos poucos, devagar eu percebia, A força que tu tens, irradiada.
Palavra que depois sentia cada Movimento sublime da alegria Que trazes em teus olhos, luz dourada Que há muito- não soubeste- já me guia...
Os laços de amizade cultivados Em ramos bem mais fortes do arvoredo Os passos sem segredos, foram dados
Na busca da real felicidade. E faço, com certeza o meu enredo, Baseado nos suportes da amizade...
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Mal sabes do poder que tens, querida. Fazendo da palavra o teu buril. Imersa dentro em ti, sublime ermida, Gerando um sentimento mais sutil.
Poética expressão em cor sortida Caleidoscópio em versos permitiu Erguer o teu altar enquanto acida Adoça com teu mel acre e gentil.
Lidar com os fantasmas de ti mesma Ao dicotomizar, de cada sesma A multifacetária sensação
Numa esquizofrenia salutar, Sabendo ao dividir, multiplicar Domínio em maestria da emoção... Marcos Loures
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Mal pude perceber tua chegada. Vieste devagar e mansamente Lutar contra a corrente dando em nada Pensara num chuvisco, veio enchente...
Querência quando invade a madrugada Domina o sentimento, toma a mente. Sangria, de repente, desatada, Pensei em calmaria; tolamente...
Numa avalanche; toma o tempo inteiro, Enchendo com os cânceres, cinzeiro, Esfumaçando o quarto do infeliz.
Porém a consciência enfim me diz: Vadre Retro; romântica ilusão, Irônico troféu: escravidão!
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Mal pude perceber que, enfim, brotava A flor do jasmineiro em meu jardim. Se fosse jardineiro reparava Porém, quase não vi esse jasmim.
Jazia em mim a dor de ter perdido A flor que se fizera companheira. Durante, antes, depois de ter sabido, Que nada se perdura a vida inteira.
Em mim o cheiro triste destes lírios Em cravos e perpétua solidão. Mortalhas macilentas e martírios; Delírios invadindo, sempre o não.
Ao ver-te, bela e mansa, junto a mim, Relembro o jardineiro e o jasmim...
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Mal pude perceber quando partiste Deixando a minha casa de manhã Estava mais cansado do que triste Sabia que esperança fora vã;
Vivera intenso amor que inda persiste Embora um guerrilheiro talibã, Porém quando da luta se desiste Esquece-se dos gozos da maçã.
E assim que o dia veio trouxe o sol, Tomando em claridade este arrebol Forrando o chão em luzes faiscantes.
Qual fora um helianto, uma falena, Retina registrando toda a cena, Pensei ser mais feliz. Bem mais do que antes...
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Mal pude disfarçar minha surpresa Ao perceber aqui, tua presença, Os dados já jogados sobre a mesa, A noite que deixaste, foi imensa.
Depois que tu partiste; restou nada, Somente este vazio interminável. Numa longa e espinhosa caminhada, O muro que ora enfrento, insuperável.
E agora tu retornas. Ironia... A vida nos prepara cada cena! Aonde eu esperava uma alegria, O riso que sarcástico, envenena.
Medonha garatuja do passado, O amor que tanto quis; esfacelado...
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Manias? Eu as tenho e jamais nego, Um bom botafoguense sabe disso, Por mais que o tempo seja assim mortiço, Os olhos de esperança eu já carrego.
Nos barcos da ilusão sempre navego, A vida é nó comprido e corrediço, E mesmo sob a chuva eu não me enguiço, Farejo a solução, embora cego.
Amigo, o coração neste galope, Tristeza no meu peito, sem IBOPE, Meu grito em fantasias nunca morre.
Pois quando a solidão bate na porta, O sangue vai pulsando em minha aorta E assim oxigenado, me socorre. Marcos Loures
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Manhã vem renascendo em mansa brisa Depois da tempestade que passamos. Das árvores do amor, quebrando ramos, O sol que agora nasce nos avisa
Do quanto é necessária a mão precisa Na qual, felicidades encontramos, Ao mesmo tempo em que nos aparamos A dor vai fugidia, assim desliza
Por entre os descaminhos; solitária, Palavra benfazeja é necessária E mostra ser possível novo dia.
Assim iremos juntos, solidários Decerto não seremos solitários Já tendo uma esperança como guia. Marcos Loures
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Manhã vai se mostrando bem mais clara Tomando toda a praia em raro sol O verso mais audaz ora declara O quanto sou de ti um girassol.
Os ventos assanhando os teus cabelos, As marcas de teus pés na branca areia. Delírios tão gostosos de vivê-los Tanto amor adentrando em minha veia.
Sereia que se fez em fantasia, Desejo te buscar a cada instante As ilusões que amor, insano cria Permitem cada raio deslumbrante.
Não suporto esperar, eis a verdade, Sequer raiar aurora. Ansiedade
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Manhã trazendo todo o seu frescor Invade nosso quarto e nos provoca; Deitados, mergulhados no torpor, O deus enamorado nos convoca. No cheiro de lavanda que se espalha; Percebo tua boca desejosa, Unidos pela mesma cordoalha Deslumbro essa manhã maravilhosa. E vamos; navegantes sem destino, Rompendo mais um dia prazeroso. Hedônico delírio de um menino, Passando com amor em pleno gozo; Sem hora de chegada ou de partida, Os dias mais felizes desta vida.
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Manhã tão luminosa que chegou Trazendo o teu olhar, sol radiante, Tocando o coração me despertou Fazendo acelerar a cada instante.
Aos poucos, teu olhar me desnudou, Jogando-me na cama, amor vibrante Que toda essa manhã iluminou, Prometendo-me um dia deslumbrante.
Danço no teu corpo mil desejos De beijos e carinho sem ter fim. Trazendo para a vida, nos festejos;
O gosto que esquecera no passado, De ter esta alegria toda em mim, No canto que te faço, apaixonado...
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Manhã se refazendo em mãos vorazes Na cálida presença da peçonha Entranha bem profundas as tenazes E mata em ironia audaz, medonha.
Orgástico amanhã que em risos trazes Àquele que em delírio já te sonha. Na farsa que se impõe; diversas fases Desde que a vontade enfim se imponha.
Egresso do naufrágio, este rochedo Persiste sem saber de teu segredo E morre enquanto tudo desconhece.
Soubesse pelo menos meu destino, Talvez inda restasse, em riso ou prece um verso que não fosse em desatino...
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Mal percebes a luz que se irradia Dos olhos de quem ama veramente. Revelam com clareza o que se sente, Entornam simplesmente poesia...
Distante da vaidade, eu bem queria Beber de tua boca fartamente, Vivendo um mundo em paz, pleno e contente; Porém a noite segue tensa e fria.
Pairando sobre mim opacidade Retrata tão somente o vão que existe, Num canto amargurado, sigo triste
Nos olhos de quem amo? Falsidade... Um diamante perde o seu valor, Canteiro em dura seca, busca a flor... Marcos Loures
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Mal posso adormecer, te sinto aqui Trazida pelo vento do querer. Ah! Nessa imensidão te concebi Sinônimo perfeito de prazer... Meu pensamento; fixo, não pára, O tempo inteiro quer te ter comigo, A noite em solidão, nada me aclara, Procuro em cada estrela o meu abrigo... E vejo teu retrato neste céu, Completa e tentadora sedução; Aberto, sem ter nuvens, branco véu Pintando o teu olhar, constelação... Eu quero o teu amor. Cada segundo Que passa sem te ter cala profundo...
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Mal posso me lembrar de minha vida Antes de encontrar-te, meu amor. Achava que não tinha mais saída, Faltava no meu mundo este frescor
Que trazes sem cobranças. Sim, querida, Tu és o meu caminho a recompor Estrada que julgara já perdida, Sem ter como seguir. Por onde for
Carrego tanto amor dentro de mim. Sorrindo o coração, posso dizer Que tenho o que desejo; pois assim
Que pude conhecer-te, minha amada, Reaprendi contigo o que é viver, E a solidão, deixei abandonada...
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Mal posso suportar a claridade... Os dias me parecem violentos, Envoltos em terríveis sofrimentos, Não dão, ao pensamento, liberdade.
Nas ruas, nas esquinas, na cidade, Os homens se esquecendo dos tormentos, Maltratam, se torturam, sem ungüentos. Destroem, sem saber, felicidade.
Nas horas mais incríveis sem segredos Não respeitam sequer os nossos medos, Destroçando, inclusive, as fantasias...
A claridade expondo meus pecados, Expondo meus segredos, violados... Não posso suportar os claros dias! Marcos Loures
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Macabras sensações se repetindo Tomando toda noite em pesadelo, Trazendo uma agonia que em novelo Aos poucos, os meus sonhos, destruindo.
O chão sob os meus pés já vai se abrindo, Embalde, tento insano revertê-lo, A pele está marcada pelo selo Do sofrimento inútil me invadindo.
Assim caminha a louca humanidade Na busca pela doce liberdade, Encontra tão somente o descaminho.
Olhando o meu passado passo a crer Tão fútil o que trouxera algum prazer, Caçando o que não tive, vou sozinho Marcos Loures
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Macabros e temíveis rituais Florindo a minha noite em cardo, erica, No abrolho recolhido já se explica O gozo destes medos canibais.
No limbo as gargalhadas infernais Fumaça se esvaindo me intoxica Sulfúrica ilusão motes replica Em meio a tempestades abissais.
Estendo em desespero minha mão Alçando ao mesmo tempo Céu e chão, Hedônica amargura já vem vindo
Um Eldorado feito em ar satânico, Porém vou me entregando sem ter pânico Formidável cenário atroz e lindo... Marcos Loures
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Macaco olhando o rabo do vizinho Mal vê seu próprio rabo fedorento. Deixando outro macaco em seu cantinho, Talvez fosse mais simples, sem tormento.
Tratar o semelhante com carinho É coisa que aprendi e me contento, Melhor ir caminhando de mansinho Do que deixar o rabo exposto ao vento.
Tão grande é o rabão deste macaco Que nada percebeu por tanta sobra; Ataca e com tacada toma taco.
De tudo o que percebo, rabo pleno, Cuidado, meu amigo, com veneno, Esse rabo que tens? Não vês? É cobra...
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Macacos que me mordam se eu deixar De agradecer o teu amor sincero, Por isso eu quero aqui comemorar No dia mais feliz que sempre espero
Depois de tanto tempo, renovar O fogo em que me toca e me tempero Pois sei que o sentimento nunca é mero É feito em alegria que é sem par.
Um ano, mais um ano, o tempo passa E nada matará tal emoção. Destino com destino que se traça
Permite vislumbrar felicidade. No teu aniversário, coração Batendo bem mais forte, de verdade. Marcos Loures
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Machuca o coração a tua ausência... Sabendo que te quero, minha amada A vida não se faz coincidência, Precisa ser, deveras, conquistada.
Em cada novo beijo, num novo abraço, Se somam sentimentos mais perfeitos. Amando quem se fez pleno cansaço, Desejo reclamando seus direitos...
Repare como o céu tem claridade Roubada de teus olhos, minha estrela. Louvando tanto amor em liberdade A cada no sonho, revivê-la.
Machuca o coração ando curvado, Coração tanto pesa, apaixonado!
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Macia; a boca nojenta Investida de ilusões, Arrancando em mil porções A verdade que apascenta.
Mão que morde e violenta, Esperança aos borbotões, Nas entranhas, meus rincões A vida passa tão lenta.
Mas no fundo o que me serve Sendo servo e vil cativo, Me mantendo, sobrevivo
Tendo a luz que me conserve Destes olhos sertanejos Marejados de desejos.... Marcos Loures
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Maciez lucidez insensatez Parcimônia medonha sobriedade Ócio fastio cio frigidez Sobra sombra semblante seriedade.
Azo azia azar asas aridez, Ânsia ganância mansa ansiedade Tendência temor termo timidez Ida doída doida dose idade...
Ilha família tília filha brilha Manso remanso alcanço danço lanço... Trama metralha metro trismo trilha...
Lesa beleza isola brisa mesa Canso repenso meço traço avanço... Íngua míngua aguar, língua portuguesa...
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Madrugada... Sentindo a fresca brisa Entrando pela porta escancarada Tal qual fora um sonho que me avisa, Que a vida se aproxima perfumada
Pela rosa que nasce no canteiro, Orvalhada em carinho, inda em botão. Num sentimento puro e verdadeiro, O cheiro desta rosa em minha mão...
Retenho o ar, respiro mansamente, Imensa paz me invade e me transtorna. Assim me vou me entregando corpo e mente, Minha alma de ternuras já se entorna...
Estou entregue ao vento encantador, Sinto que chegaria, enfim, o amor...
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Mãe, sorrateiramente, maldições Maldiçoas caminhos me amofinas... Não vieram de ti, bem sei, senões, Mas as pernas que me deste, vãs, finas,
Não podem resistir às solidões, Nem podem libertárias, libertinas, Não vivem sem celeumas nem perdões. São vagas, minhas almas lamparinas...
Ignota, imbecil ou ser venal. Vazio estapafúrdio, quase zero... Meu mundo que não pude nada quero,
Resumo num recorte de jornal. Não sirvo nem talvez de calendário... Quem sabe encontrarás no obituário? Marcos Loures
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Magia que me trazes com fartura, Delitos que cometo, sem saber. O amor quando se dá com tal brandura Promete a cada dia mais prazer.
Por mais que a noite ainda esteja escura, Será maravilhoso amanhecer Do lado de quem traz em si a cura E impede que eu retorne a padecer
Dos males da tristeza e solidão, Perdido num deserto sem oásis. A vida percorrendo novas fases
Invade com total dedicação O peito de quem tanto já se deu, E agora amor sincero, conheceu... Marcos Loures
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Magias que se fazem prediletas Tornando nossas vidas mais benditas, Em noites maviosas, infinitas, De luas e de estrelas tão repletas.
Em meio a tantas luzes me completas, Confirmas toda a bênção das escritas, Deixando bem distantes as aflitas Canções que nos feriram, finas setas.
Amiga, em delicado e doce aroma Demonstra teu sorriso calmo e franco, Abrindo calmamente tantas portas.
Ao ver-te carinhosa em bela soma, Abrindo o coração, sangria estanco E deixo estas tristezas, todas mortas...
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Mágicas fantasias inconstantes Povoam meus sentidos e pensares. Trazendo os gostos tantos dos lugares Aonde visitei mesmo em instantes.
No quanto que em desejos tu decantes Os erros e desvios tomam ares De trágicos caminhos. Nos altares Dos sonhos; entretanto, fascinantes...
Andando entre temíveis fogaréus, Os olhos em amores, como réus Na lua um testemunho passa a ter
Quem fora nesta vida, um trovador, Andando de mãos dadas com amor, E em meio a tantas ondas de prazer. Marcos Loures
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Magoaram-te? Querida eu não permito Que alguém possa ferir quem tanto bem Espalha pela vida, pois se alguém Tornou teu dia a dia mais aflito
Não deixe o coração restar contrito, Eleve o pensamento, pois já vem A mão de um Deus mais justo que também Esteve sob a cruz, mas infinito
Dizendo de um amor e do perdão Deixou para nós outros tal lição Que mostra todo amor em plenitude
Às vezes, perdoar, bela atitude Permite-nos alçar em liberdade Sentido bem real de uma amizade... Marcos Loures
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Maio primaveril, aqui outono... mostrando tantas cores, raro céu; deitado e tão distante no abandono, quem dera se tivesse um bom corcel,
por certo voaria até chegar ao Porto dos meus sonhos, terra bela. A voz que vem chegando de além mar, riscando num segundo, minha estrela.
Dizendo deste amor que é meu amparo, nas cores de uma aurora divinal. Voando em pensamento, nunca paro, saido deste trópico outonal
chegando de surpresa, sem aviso, buscando lado a lado, o paraíso...
Marcos Loures
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Maior amor; no mundo, te garanto, Jamais existirá que o nosso amor. Amor que se traduz em tanto encanto, Encantos e desejos, olor, flor...
Eu quero t’a nudez na minha cama, Nas tramas que confundem nossas coxas. Aos poucos acendendo nossa chama, Depois as tuas pernas, mansas, frouxas...
Amor que se deseja eternamente Mas mente nessa eterna gratidão, Se forma coração, desejo e mente, Se sente no explodir dessa emoção.
Depois no regozijo do depois, O gozo no cansaço de nós dois...
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Mais belas as palavras quando ditas Com toda força vinda da emoção As frases que me encantas, tão bonitas De todo sentimento, uma expressão.
De que valem tesouros ou pepitas Se não houver sequer lapidação. As sensações tão mágicas descritas; Maravilhosas, vêm do coração.
Por isso ao emanar tanta ternura Acalmas meus sentindo, me apascentas. As dores tão temíveis, violentas,
Momentos de tristeza e de amargura Consegues transformar com paciência, Fazendo mais feliz minha existência... Marcos Loures
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Mais forte, com certeza, vinha o vento, Trazendo para tantos o sinal Da sorte se entranhando num momento Numa transformação, seu ritual.
Durante a ventania, segue lento, Da latitude sabe, ao menos, grau Sem ter a referência visual, Periga num naufrágio em sofrimento.
Porém o teu sorriso me persegue, E nele sigo os rastros, timoneiro. Por mares tão sombrios que navegue
Percebo mesmo às vezes temeroso, Que ao ter o nosso amor por companheiro, O dia raiará maravilhoso... Marcos Loures
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Mais importante amor Do que saber do tempo - Tal escravizador, Traz sempre contratempo – Ver o real valor Sem ser só passatempo
De tudo o que sentimos E tudo o que fizemos. Amor que dividimos Carinho que nós temos, O quanto repartimos, E tudo em que nós cremos.
A data nada diz, Mas sei que sou feliz...
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Mais nobre que a riqueza, uma paixão, Por mais que ela se frustre pela vida. Não há querida amiga, evolução Sem ter uma paixão como partida,
É dela que se emana a solução Para os problemas todos, a saída É feita de total empolgação Jamais se dá, decerto por vencida
Enfrenta as tempestades e as procelas, Não teme nem a queda ou cicatrizes, Pois os apaixonados são felizes,
São donos dos planetas, das estrelas, Desconhecendo dores ou louvores, Movendo cada passo sem temores.
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