
MEUS SONETOS VOLUME 072
Data 12/12/2010 11:09:07 | Tópico: Sonetos
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101
Falando destas lágrimas que escorrem No rosto da mulher que tanto amei. São gotas orvalhares que socorrem Aquela a quem, em versos, procurei...
Eu sinto que partiu que ela amara, Deixando um grande hiato em sua vida. Por mais que te quisera vida amara, Não quero desfrutar desta ferida.
Amiga, não me esqueço que outros dias Tu fostes importante para mim. Não quero te cobrar as alegrias Que, um dia, tu levaste; nem assim!
Envolto em tantos traumas, na verdade, Querida em nós restou uma amizade...
02
Falando deste amor calmo e preciso. Não quero me perder sem teu carinho, Aguardo cada gota deste vinho E bebo em calmaria o paraíso.
Amor que tocou fundo e sem aviso Fez do meu peito agora, rumo e ninho, Chegando toda noite de mansinho, Eu dele quero sempre e até repriso.
Cevando a vida inteira, na colheita A vida em harmonia quando é feita Provoca a mais suave convulsão.
Eu quero recolher felicidades E mesmo que inda venham tempestades, Jamais em minha vida digo o não. Marcos Loures
3
Falando deste amor em amizade Que há muito nos domina e nos conduz. Trazendo um novo sonho: liberdade, É feito resplendor em plena luz.
Abrindo meus caminhos, vens comigo Querida companheira predileta. Em versos tão simplórios já te digo; Minha alma vai contigo e se repleta
No sonho de alegria que virá Depois de tanta dor que assim passamos. Caminho de esperança, um Xangrilá Sem cruzes, sem escravos e sem amos;
Num facho, minha amiga, de um farol, O dia nascerá em pleno sol...
4
Falando deste amor Que é fogo em pura chama, Sem medo e sem pudor Ardendo em nossa cama,
Carinho redentor De quem cedo reclama Um mundo encantador, Que é feito pra quem ama...
Não vejo outra saída Eu quero estar contigo, Amor da minha vida,
Um sonho que persigo Minha alma vai perdida, Sem ter o teu abrigo.. Marcos Loures
5
Falando deste amor que é solução E traz uma esperança em cada verso, Do fogo que nos queima, frente e verso, Na vida nos entorna uma emoção.
Andar no paraíso, pés no chão, Um coração que andara tão disperso Mudando da medalha, seu reverso, Agora ardendo, cego de paixão...
Falar de nosso amor é ter, decerto, Um rumo mais airoso para a vida. Oásis que encontrei neste deserto
Prelúdios de esperança, sonho raro. Nas duras caminhadas, meu amparo. Do labirinto imenso é a saída!
6
Falando deste amor que quero tanto E sempre se despede sem carinhos. Meus olhos caminheiros que sozinhos Aos poucos vão perdendo luz e encanto.
Distante dos meus sonhos, inda canto Lamentos em canções. Ermos caminhos, Ausência de ternura, burburinhos Disfarçam sofrimento, calam pranto.
Mas tenho ao fim da vida o lenitivo Nos passos entre as ruas e calçadas, Colhendo estas estrelas malfadadas,
Ainda que cansado, eu sobrevivo, Fazendo do meu céu o lupanar Aonde tento, insano, o bem de amar...
7
Falando deste amor sem ter critério Mentindo em cada verso, vero gozo. No prédio de teu braço, um cemitério Se mostra mais faminto e andrajoso
Nas roupas e trejeitos de outro império Amor em marcha lenta é mais gostoso. Agora, desse amor falando sério Sou quase o que não veio de teimoso.
Mas tenho amor-perfeito no jardim, E sempre-viva aguada no canteiro. Das flores que plantaste dentro em mim,
A seca foi voraz, não sobrou quase. Se falo deste modo mais certeiro Amor veio por certo em outra fase.
8
Falando deste amor tão docemente Em termos mais felizes, namorados. Andando em liberdade, alcanço os Fados E deixo que este sonho me avivente
Quem anda tão distante qual demente Não sabe destes laços bem atados Tampouco destes sonhos desfraldados Que invadem seduzindo nossa mente.
Amar é ser feliz e ser honesto, É ter solicitude, estando presto, Voar sem ter as asas milagrosas.
Amar é ter engenho, saber arte, Estar em pensamento em toda parte Aonde recender olor de rosas...
9
Falando deste amor tão leviano Que fez das suas tramas, meu degredo. Achando que podia, soberano Tomar já em tocaia o meu segredo,
Roubando a sensação de cada plano Matando um coração deveras cedo, Levando para a vida, o desengano Criando em meu caminho o desenredo.
Falando deste amor que não tem senso Rebenta em corredeira uma esperança Fingindo ser amor maior, imenso;
Fez desabar o sonho que eu tivera Levando em arranhão toda a lembrança Mostrando sua garra, faca e fera.
7110
Falando deste bem, tanta ternura, Mudando num momento, a minha vida, O coração sedento já murmura E encontra a paz que achara assim perdida. Não temo nem a dor nem noite escura, Cabeça pelas ruas, vai erguida.
Sabendo deste amor feito loucura, Percebo, nos teus braços, a saída, Pra todo o sofrimento, a minha cura. A luta se mostrando enfim vencida, Rasgando da tristeza uma moldura, A sorte e alegria permitida
Vivendo o tempo inteiro do teu lado, Meu sonho ao deus amor, já consagrado... Marcos Loures
111
Falando da saudade que deforma Os sonhos mais audazes que teria, O tempo do passado sempre informa Dizendo do que outrora inda cabia.
Tomando num segundo a antiga forma, Às vezes com tristeza ou alegria Realidade aos poucos se transforma, Apenas tão somente fantasia...
Metade do que fui ficou por lá, Porém outra metade chegará Mudando a direção de cada vento.
Saudade, uma armadilha dos sentidos Trazendo pães há tempo adormecidos Suprema traição do pensamento...
7112
Falando assim baixinho Do amor que me tomou, Chegando de mansinho Buscando aonde vou Um pouco de carinho Que a vida nos mostrou
Em cada verso intenso, Amor que já desfio. O tempo todo eu penso Sem temer desafio Pois sei, me recompenso, No gozo e no arrepio...
Amada, que delícia Sentir cada carícia..
7113
Falando tão somente de um amor Que unindo nossas vidas em dueto, Na terna sensação doce sabor, Dançando a noite inteira um minueto
Fazendo da alegria feito um gueto Aonde a poesia faz louvor, Felicidade é mais que um amuleto Um sonho além de tudo, encantador.
Usar cada palavra com esmero, Vivendo em plenitude amor sincero, Sem medo do amanhã. Sou teu agora.
A vida nos permite esta emoção, No incêndio desejado da paixão Amor feito uma lava explode, aflora... Marcos Loures
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Falando sério, nunca mais te quis. Fugiste pelas vagas tempestades, Cirandeiro esperei e fui feliz, Nas pedras que brilhaste traz saudades.
Serena a namorada que me diz, Carrega doce vento sem maldades. No bosque onde moravas, por um triz, A vida não me deixa novidades...
Dentro dele tem bosque tem um anjo. Nas pedrinhas mandei já ladrilhar, Nos desejos do andor, um novo arranjo...
Rua que, fosse minha era mais bela... Nas estrelas que dei, tanto brilhar... E todos meus amores foram dela... Marcos Loures
115
Falando em solilóquio noite afora, Eu teimo pelas ruas sem ninguém, Apenas solidão me revigora Trazendo o que se foi, e não mais vem.
É hora de partir, eu vou embora, Vazio o coração, sem ser de outrem, Teimando inda em bater, serve de escora, Mas sabe maltratar, ele também...
Olhando num espelho, cada ruga, Enquanto a vida amarga vem e suga O que restou de um tempo... que não tive...
A par deste fantasma que caminha, Uma esperança migra, esta andorinha Distante dos meus olhos, sobrevive... Marcos Loures
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Falando em pensamento meu amigo Por tantas vezes, fugirei de ti... Acumulando sem querer, comigo; As horas tristes que sequer vivi...
Pensei poder, te revelar o abrigo, Onde procuro me esconder, mas vi Teus olhos tomam toda a casa aqui. Me perseguindo mas, audaz, prossigo...
Meu pensamento, tal quimera viva, És, no meu porto mais seguro, estiva E cais, jamais eu poderei fugir...
Pensando assim, já procurei meu mundo, Mas, vens depressa, machucando fundo; A paz espero, não consigo agir...
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Falando em amizade chego a Ti Senhor dos meus caminhos, Deus amado. Com alegria enorme eu percebi Que estavas, companheiro do meu lado,
Na luz de uma esperança, eu vim aqui Dizer do sentimento mais sagrado Trazendo esta esperança que vivi No encanto a cada dia abençoado
Deixado pelo Pai pra quem quisesse, Um ato de real, divina prece Trazendo à nossa vida com louvor
O encanto mais sublime em liberdade Mostrando um novo mundo em amizade Exemplo mais perfeito feito amor Marcos Loures
18
Fugindo deste caos no coração Depois de me perder em desamor, Criando, novamente uma ilusão Que refaça meu canto sonhador,
Na mata tão cerrada da saudade, Imiscui-me inteiro sem saber, Que a fonte do desejo e da vontade Se encontra neste bosque do querer...
E dentro dele mora um anjo amigo Que veio ao meu encontro e me salvou, Amada, nos teus braços meu abrigo, Minha alma, teu querer azulejou...
E agora que tenho, minha amada, A estrada em minha vida, ladrilhada...
19
Fugindo deste amor que nego tanto Embora sempre cante desolado, Vivendo do que fora desencanto As horas mais difíceis do passado.
Não sei se mais terei o que pretendo Como se a tempestade me tomasse A noite na minha alma escurecendo, Tampouco me importando quem amasse.
Amor quando interesses superpostos Invadem sem temer, o sentimento, Os âmagos do amor ficando expostos, Terminam brevemente em sofrimento...
Eu amo quem portanto não me chama Nem clama pelo amor, ardente chama...
20
Fugindo desta treva que em passado Tão próximo se ergueu em nosso caso, Eu vejo que inda sigo deslumbrado Mesmo tendo sentido, perto, o ocaso De nosso sentimento que, marcado, Por essas rachaduras, como um vaso, Que jamais poderia ser colado Se não fosse essa sorte, num acaso. Bem sei que os erros todos foram meus Ao dar mais importância ao que não tinha, Beirando, uma loucura, um triste adeus, Sentindo toda a fria solidão Que perto, percebia que já vinha; As garras entranhando o coração... 21
Futuro mais brilhante Encontro na rainha Que se fez importante, Já sendo toda minha,
Não sou mais arrogante Amor quando se aninha, Te quer, dócil amante, A mão que me acarinha.
Eu quero te encontrar, Querida, bem amada, Bebendo este luar,
Tomando a madrugada É bom demais te amar, Não quero, enfim, mais nada...
22
Futuro destemido, embora brando Tristeza, bem distante não me humilha Ao ver-te, num relance aqui passando, Vestida para a festa, em maravilha,
O meu olhar faminto acompanhando Os passos que tu davas- estrela brilha- Sozinho, sem ninguém, imaginando, Pudesse eternamente, em tua trilha
Seguir e ter teu corpo junto a mim, Felicidade então; teria enfim Traçando em perfeição glória e prazer.
Bebendo em tua boca tal magia, Um tempo abençoado já se cria, Tramando um belo e raro amanhecer. Marcos Loures
23
Fustigo te provoco mas nem moves... Os panos desta manga são chineses. Nas trovas que te fiz, pena não troves... Amores e prazeres são às vezes...
Nas noites que te beijo peço engovs. Teclando essas saudades não desprezes... Me sinto indefinido mas não choves... Os campos sem as flores olhos neves...
Me decifro em teu par sem ser pacífico. Não cabe testemunha em nosso caso... Amores epidêmicos são tíficos.
Os cactus espinhosos minhas cruzes. A vida se encaminha para o ocaso. Sorrisos sem ser risos sem as luzes... Marcos Loures
24
Fungada no cangote da morena É coisa tão gostosa, sim senhor. Se a gente toda noite faz amor, A vida com certeza já se engrena.
Porém quando a saudade vem e acena Mudando a direção, quero compor, Um velho seresteiro e trovador A música sincera e, em paz, serena...
Lugar qualquer jamais será comum, No quarto, no motel ou no capim, Não posso desprezar de jeito algum
A moça que desejo a cada dia, Diabo disfarçado em querubim, Não quero nem saber se isso vicia. Marcos Loures
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Funéreas tempestades vão embora O quanto desejei e nada tinha, Felicidade eu sei jamais foi minha, Dos sonhos e quimeras, leda espora.
O quanto uma saudade rememora O dia que em verdade nunca vinha, Deitando sob o sol e sem sombrinha O sol do meio dia me devora.
Do bronze que queria; queimadura, Mas mesmo assim saudade cura, Valendo cada dor que propicia.
Sem tempo de temer os temporais, Se outrora desvendei segredo e cais. Ao menos tive um pouco de alegria... Marcos Loures
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Funâmbulo palhaço, equilibrista Preâmbulos esquece e logo insiste, Quem dera fosse arguto, mas vai triste E morre sem remédio e sem conquista.
A vida em estertores, nega a pista Aonde este infeliz sempre persiste Amor não é somente um velho chiste, Não há contra esta força quem resista.
Num frêmito palpita e descompassa, Em solilóquio perde toda a graça E mata num instante de emoção.
Que faço deste louco passageiro, Mergulha num momento e vai inteiro, Estúpido fantasma: coração!
27
Fumando o meu cachimbo eu percebi Quanto anti-social é o tabaco, Na terra do vintém o currupaco Descreve o que decerto nunca vi.
Tomando uma cachaça por aí, Ninguém eu te garanto, enche o meu saco, O velho sinuqueiro sabe o taco; Depois o porre sai pelo xixi.
Fumar um baseado eu te garanto, Causa menor tragédia; pois num canto Ninguém perturba a paz do maconheiro.
Porém se eu fumo o meu, que é um careta, Parece que fiz parte com o capeta; E fumo escondidinho no banheiro...
28
Fumando meu cigarro, na fumaça Espalho o que melhor eu sei de mim, O tempo vai passando e sempre assim A fome de viver não se rechaça.
Enquanto o vendaval vem e não passa Expresso em cada flor de meu jardim O aroma que encontrei na paz, enfim, Num gesto mais amigo, amor me laça.
Quem dera se tivéssemos pelo ar Caminhos estercados pra plantar Trazendo bem mais puro o nosso céu.
Porém ao ver a fome se espalhando, Os homens outros homens explorando, Recebo o gosto amargo deste fel. Marcos Loures
29
Fulguras em raríssimo esplendor Esgueiras pelo quarto abrindo a porta. Fartura em opulência, fina flor, Ao mesmo tempo cura enquanto aborta. Bebendo da esperança um bom licor Noutro momento, lépida, recorta.
A solidão, aos poucos vem chegando Na angústia a sensação de plenitude. Pergunto; sem respostas, até quando Não mudarás, querida, de atitude. O vento da ilusão que fora brando, Permite esta tempesta que me ilude.
Espreito uma alegria duradoura, Apenas incerteza dura,e doura...
7130
Fulgurantes luzes que em abismo Demonstram quão profundo é o sentimento. Se à noite tantas vezes só, eu cismo, Na espera de sentir um manso vento,
Percebo meu amor, que necessito De todos os carinhos que me trazes. Soltando minha voz pelo infinito, Louvando o sentimento em tantas frases.
Palavras que tocando o coração, São como redentoras, me aliviam. Altares, catedrais da sedução Que em doce sensação já principiam
Em vida escadaria para o céu. Alçando, galopante qual corcel... Marcos Loures
31
Fúlgidas presenças, opulência, As tuas carnes tépidas conduzem Aos templos fascinantes que seduzem, Cenário se tomando em florescência.
Tetânicos tormentos da demência, As horas que delírios reproduzem, Torturas entre flamas que reluzem, Insana e sedutora incoerência.
Serpenteias loucuras e fascínios, Adentro teus recônditos domínios E vibro em tentações trêmulo ardor.
Fatídicas manhãs testemunhando, A convulsão que toma o vento brando, Fomento insuperável deste Amor... Marcos Loures
32
Fujo de mim, me encontro nos teus braços, Que sabes, são meus portos, são meus cais. Atados por potentes, fortes laços, Distante dos teus braços, sou jamais... Vagueio o pensamento por espaços Vazios, sem saber se virás mais, Mas quando te pressinto, e sigo os passos, Percebo que viver é bom demais... Amada não me deixe sem notícias, Não posso mais seguir sem ti, sozinho, Derrame uma avalanche de carícias, Me afogue me cercando de carinho, E vamos sempre avante sem perguntas, Levando as nossas vidas, sempre juntas!
33
Fui zoilo deste amor que triste morre. As portas se fecharam por detrás. As horas que passei tudo socorre. Quem quis amar, perdeu ternura e paz...
Perdoe este imbecil; que a noite forre De pétalas teu mundo, fui falaz.. As flores que me deste, eu, num porre, Despetalei ,cruel, vazio, audaz...
Não me desculpe pelas vãs traições, Nem me escuse sofríveis brincadeiras. As horas que zombei das ilusões,
Não voltam, nem refazem as bandeiras Rotas que deixei, fétidas e impuras. Só me deseje, então, noites escuras...
34 Fui feliz e não sabia Se eu soubesse então, meu bem Eu cantava todo dia Este encanto que só tem Quem descobre a poesia Nos desejos de outro alguém
Mas agora uma saudade Vai doendo devagar, Tanto amor, felicidade Que perdi, quero encontrar Quando o frio, a noite invade, Sigo os rastros do luar
Procurando a minha estrela, Onde posso Deus, revê-la?
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Fugiste... Nem deixaste tuas marcas... Quando me ensolaravas, foste lépida... Minha alma bronzeada quis as barcas. A tarde que negavas, forte, tépida.
As horas de prazeres alçam vôo, Fugiste... Me roubaste, Messalina! Messianicamente te perdôo Não quero me lembrar dessa menina!
Mas, quando a noite chega, velha chaga. Reflexos desta sobre o mar... Depressa o pensamento vem e estraga...
Os olhos recomeçam procurar... Fugiste... Teus caminhos já não sei! Meu Deus, onde se encontra quem amei? Marcos Loures
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Fugiste num cometa em noite escura, Deixando a solidão por triste herança Minha alma te procura e não te alcança, Bebendo tão somente esta amargura.
Saudade maltratando me tortura, Teu rosto emoldurado na lembrança Quem dera se eu tivesse uma esperança, Da doce temperança uma ternura.
Regresse! Tantas vezes te pedi, Mas nunca me escutaste preferiste Seguir outro cometa. Estou aqui,
Quem sabe refazendo antigo trilho Ao ver meu coração deveras triste Cometa espalhe enfim, o seu polvilho... Marcos Loures
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Fugindo duma noite tão sombria, Deitado no teu corpo, salvador. Lá fora, uma cortante ventania, Aqui dentro sentindo o teu calor...
Quando os anjos aos quais tanto pedi Remansos e descansos mais que acalentem, Respostas encontrei estando aqui, Nos seios e nos braços que me esquentem...
Amada, no teu colo, meu caminho. Num turbilhão de sonhos e desejos. Não quero sensação de torvelinho, Eu quero mergulhar em tantos beijos...
Delírios que, implacáveis, não descansam. Prazeres que meus olhos sempre alcançam...
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Fugindo do que fora sem ter sido Embora se quisesse tanto ter. Amor que não vivi vai dividido Espera qualquer dia vir a ser;
Não temo tais melindres e frescuras De quem não quer amar se amor já tem. Saltando meus amores das alturas No fundo deste poço, sou ninguém.
Embora tanto te ame não te temo, E tremo só de ver quando tu passas. Me irrito e tantas vezes eu blasfemo Se vejo teu amor e não me caças.
Embora saiba nunca me quiseras, O meu amor por ti, entregue às feras...
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Fugindo deste caso, a desventura De não poder plantar novas sementes. Florestas se misturam, meus repentes, A mata que embrenhamos mais escura...
Procuro em cada porto, a dor futura, Meus gritos dilaceram, são dementes... Em cada dia, sombras diferentes, Distanciam meus olhos desta cura...
Futuro preconiza podres ramos, Nas árvores queimadas, sofrimento... Por quanto tempo, lúbricos, amamos,
Amores são desejos reunidos... Esperanças se perdem, soltas, vento... Os quartos que dormimos, divididos...
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Forrando a minha noite em ironia Estendo pelas ruas qual mendigo Em súplica imbecil, caço um amigo Que possa amenizar a tão sombria
Caminhada que faço em noite fria Na busca quase inútil por abrigo. Se eu tento e na verdade, eu não consigo, Entendo o que ilusão já me dizia.
No cálice partida dos meus sonhos, Os líquidos amargos e bisonhos Perfazem com total satisfação
Retrato de quem segue insanamente Vagante vagabundo, vil demente Vencido pela força do tufão. Marcos Loures
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Fornalhas entreabertas, coxas pernas, Tocando com meus lábios as virilhas, Paixões que nos devoram, são eternas, Promessas de loucuras, maravilhas.
Carícias fulgurantes e tão ternas, Entrando em cada loca, tuas ilhas. Distante dos teus olhos quando hibernas A vida sem destino, noutras trilhas
Sentindo o meu prazer já latejando Enquanto o teu em mim, se derramando. No escambo que me deixa satisfeito.
A soma em que se dá já multiplica E o gozo desfrutado agora explica: Amar e ser feliz: sonho perfeito. Marcos Loures
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Formosos olhos buscam outros olhos Que em sonhos se permitem espelhar, Impedem que tragamos nos antolhos Limites que me impeçam de te olhar...
Te vendo, nunca esqueço de dizer Que o brilho destes olhos me domina. Olhando o teu caminho posso ver A luz que me irradia e me ilumina...
Nas cores que este céu já me irradia, O véu das cachoeiras se rebrilha, Descendo em cristalina sintonia, Aos olhos representam maravilha...
Assim como teus olhos, meu amor, Beleza irradiante, refletor...
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Formiga no meu peito esta vontade De dar um beijo audaz na moça bela. Que enquanto seu desejo não revela Esconde em lusco fusco a claridade.
Romper de seus pudores qualquer grade Permite que navegue em solta vela, Porém alguma algema inda se atrela Negando o que se sonha em liberdade.
Sussurros e gemidos, arrepios. Dos pássaros dos sonhos simples pios, Momentos do passado, puros, pios
Não podem disfarçar carinhos, cios. Os lábios da morena tão macios Lascivos os requebros e assovios... Marcos Loures
44
Formidável cenário atroz e lindo, Numa expressão talvez contraditória Moldando com certeza a minha história Enquanto em pesadelos vou caindo.
No quanto em fantasia, amor eu brindo, Já não suporto assim tanta vanglória A lua avermelhada e merencória Aos poucos no horizonte vem surgindo.
Medonhas formações anunciando A chuva que virá e não mais tarda, Meu passo vendo o zênite retarda
No quanto em amor cego, desabando Da vida outrora um pálido histrião, Ressurge como um tolo falastrão... Marcos Loures
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Formato em nosso sonho, um novo enredo Na luta inesgotável, dia a dia, A sorte não adia o seu segredo O vento vem beijando em alegria.
Ferido passarinho sem ter asas, Não sabe mais voar, restando aqui. Amor reacendendo tantas brasas Permite que eu me cure assim, em ti.
Concebo a cantoria em liberdade, Espelho o teu sorriso em minha face, Amor que sendo forte é de verdade, No colo que se quer e que se abrace.
Cheirinho de café pela manhã, A vida recomeça a cada afã... Marcos Loures
46
Formata a solidão depois de tudo Uma alma que se fez melancolia, O peito que se hiberna e nunca estia Rasgando este cetim, nega o veludo.
O grito lancinante e mais agudo Percorre a madrugada, ausente e fria. Uma ilusão ao sonho já se alia Resulta no amanhã, vazio e mudo.
Assim tal qual a noite em pesadelo, Embrenho o sentimento num novelo Criado pela luz que desampara.
Expresso com vigor em cada verso O gosto tão sutil, mesmo disperso, Da boca que beijei em noite clara. Marcos Loures
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Formas originais, diversas fantasias. Antigas expressões, refém do antigo. Enquanto vastidões ainda crias, O verso sem destino, desabrigo.
Ouvir do coração, as melodias, Saber a cada curva, do perigo, Espelhas quando espalhas alegrias, Coletas cada lume que persigo.
Estranhas tempestades. Róseos céus. Nos olhos de quem amo; fogaréus, Afrontas e carícias, medo e riso.
Diluis tuas palavras, sentimento, No fundo tenho um bom pressentimento, Quem sabe da discórdia, o paraíso?
48
Formas do amor, longínquas esperanças! Nas longilíneas mãos, tanto carinho. Dolências delicadas, longas tranças Descendo sobre um colo de alvo linho.
Visões de uma alegria sem igual, Incensos que inebriam vaporosos, As formas do prazer tão sensual Promessas de delírios e de gozos...
Infinitos caminhos que percorro Em cada nova noite radiante Conheço cada vale, cada morro, E vejo em ti destino deslumbrante...
Réquiem maravilhoso na alma pura Embarco nestas formas, com ternura...
49
formando muito mais que dois inteiros; amor nos multiplica em mais de cem. Da força que decerto ele contém, A proliferação toma os canteiros.
Desaguando oceanos nos ribeiros Amor nos conduzindo sempre tem Certeza de tramar no querer bem Desejos entre furnas, bons mineiros.
Realces entre tons maravilhosos, Verões nestes olhares invernosos Transforma todo o gozo que se sente
Em bela catedral, divino altar A cada novo sonho quero estar, Entregue ao teu amor, completamente. Marcos Loures
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Formada pelas chagas da saudade Mortalha que me cobre em noite escura, A mão de quem se deu em falsidade Durante a vida inteira me procura
E rasga, num momento, uma esperança Vendendo seus pedaços numa esquina. O medo de sonhar, quando me alcança Um pouco do que resta inda extermina.
Minando uma existência outrora em paz, Fadando a minha senda ao desengano, Farrapos do que fui; saudade traz, Num ato em desvario, desumano.
A morte da alegria assim tecida, Tomando todo o céu de minha vida. Marcos Loures
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Forjamos nossos sonhos benfazejos A cada claridade que bebemos. Forramos nossos corpos dos desejos Que em segredos, guardamos e sabemos.
Incandescentes luzes, relampejos, Mais que tudo na sede em que bebemos Toda a maravilha em fartos beijos O prêmio: ser feliz; receberemos...
Embora em aquarela, mil matizes, A tela da existência foi borrada. Agora que esquecemos cicatrizes,
Beleza se mostrando renovada, Com tal suavidade em raro encanto. Os sonhos nos trazendo um belo manto...
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Forjada em tal riqueza, finas pratas, Quem sabe de seus passos demonstrava Prazeres de quem sabe serenatas, E em plenitude intensa decorava,
Embora a placidez gere cascatas, A força que ela sempre emoldurava Sanava as sensações duras ingratas Ao abortar vulcões, secando a lava.
Sabendo de seus laços, vida em ondas Perfaz com segurança tantas rondas, Atada com firmeza, uma amizade
Permite que se faça com afeto O mundo mais sensato e assim dileto Prenunciando então felicidade...
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Foram tantos caminhos, coração, Que perdi o meu rumo nessas trilhas... Onde foram invernos, quis verão, Quebraste tantas salas e mobílias...
Das noites que se passam sem perdão, Perfumes olorosos, dama e tílias... Acordes dissonantes, violão... Amores me impediram armadilhas...
Valete que queria nova lei, Nas cartas dos amores penso ás... Nas damas que me entregas não sou rei.
Nas copas dos amores sou curinga... Dos ouros, das espadas, peço paz... Com paus armado meu amor se vinga... Marcos Loures
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Fomentos de emoção, as poesias Expressam toda a dor/felicidade. Diversos universos que tu crias Inestimável sonho: liberdade.
O tempo é nosso algoz. As fantasias Irrompem e arrebentam qualquer grade, Verso em beleza imensa; propicias A quem te lê; suprema claridade.
Ao longe, um trovador extasiado, Espectro que, oriundo do passado Recebe as maravilhas que geraste,
E tenta, inutilmente, te alcançar, Seguindo cada raio do luar Percebe, humildemente, este contraste...
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Fomento da esperança, amor que empresta À sorte de viver, valor fecundo. Ao ter a sensação por um segundo Bem sei que amar, querida, é o que nos resta.
Alçando esta vontade em nossa festa Querendo conhecer um novo mundo, Mergulho o sentimento mais profundo E tudo leva a crer que a vida gesta
Em nossas emoções um novo trilho De fartas alegrias e de encanto. Tu sabes que eu te adoro e tanto, tanto,
Prevendo o teu carinho maravilho Um gosto que jamais tive na vida, Da sorte enfim, moldada e decidida. Marcos Loures
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Fugindo desta sombra eu te encontrei, Andando pelas ruas sem aprumo... Depressa para a luz, quando levei, Achei que te daria novo rumo... Contigo muitas vezes caminhei Te dando da esperança todo o sumo, Um canto mais feliz imaginei, Até te dei minha alma... Não perfumo As mãos mais em teu corpo, minha amada. Pois foste como estrela decadente No final da tarde, sobrou nada Senão uma saudade negra, escura... Pensei fazer-te assim, bem mais contente. A tua ausência agora me tortura...
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Fugidios, os teus passos Não consigo acompanhar, Se o amor estreita os laços, Onde posso te encontrar?
Vou colhendo os meus pedaços Que deixaste ao caminhar, Se os sorrisos são escassos, Que fazer, senão sonhar?
Há nos olhos de quem ama A loucura feita em chama Que incendeia toda a sebe.
Se esta sanha me maltrata, A paixão cruel, ingrata Da ilusão, teimosa bebe... Marcos Loures
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Fugias deste canto que te fiz Com todos os encantos que me davas, Falar que vou fazer-te mais feliz Trazendo uma erupção ardendo em lavas...
Lentamente seguias sem saber Que tudo que mais quero é te encontrar Nos laços destes braços poder ter, Certeza de sentir que é bom amar...
Mas presa te carrego e não te deixo, Guardando meu amor em teu amor, De tanto que te quero já me queixo Do jogo que jogamos, tentador...
Brincamos escondidos, o segredo, Também esconde-esconde é um brinquedo!!!!!!
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Fuder tua buceta todo dia Cheirosa, rapadinha, arregaçada, Adoro nosso amor em putaria, Mulher deliciosa e tão safada.
Teu cu, maravilhoso, apertadinho, Aberto e tão sedento quer bem mais, Coloco devagar e de mansinho, Adoro te comer, meu bem, por trás.
Depois paga um boquete, assim tão puta, Vadia, uma sacana, uma cachorra. Depois de te comer gruta pós gruta Encharco tua boca, minha porra.
E nessa fudelança que vicia, Delícias de nós dois, divina orgia...
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Fuder a noite inteira. Maravilhas Colhidas em momentos divinais. As tramas mais ousadas, sensuais Bebendo da umidade destas trilhas.
Comer o teu cuzinho, tua xana, Metendo com vigor sem ter descanso, Orgasmos sem igual, quando os alcanço Eu vejo o teu sorriso tão sacana,
Da doce cortesã que sabe dar Carinhos e delírios sem limites. No amor que tanto quero que acredites
Eu vejo farta luz a derramar, Vibrando de tesão, porras e méis Estrelas vão rondando em carrosséis... Marcos Loures
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Fudendo tua boca devagar Lambendo o teu grelinho bem tesudo Entrando em tua xana e te provar, Abrindo o teu cuzinho vou com tudo.
Na foda que tiramos, minha puta, Eu quero que tu venhas bem safada, Coloco dedo e língua em tua gruta Sentindo tua pele arrepiada.
O rabo tão faminto, quer bem mais Meu caralho não se cansa de fuder Sabendo que tu gostas, dar atrás, Desejo a noite inteira te comer.
Depois gozar querida em tua boca, Lambuzar-te de porra, em cada toca.
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Fuçando o meu nariz nos sonhos teus, Eu vejo o meu retrato; o que fazer? Se há tempos me disseste num adeus Que o amor morreu sem lutos nem prazer.
Cupido este moleque feito deus Espalha suas setas. Posso ver, Dos versos mais audazes, quase ateus No fim do túnel luz se esmorecer.
Parece que esta história se repete, Por mais que no futuro se projete O encanto que busquei e me negaste.
Audácia deste tolo, simplesmente? Nababo coração teimoso mente Tentando o teu amor, derradeira haste... Marcos Loures
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Fruteira repartida é vida mansa Na dança não dançou mais minha gente Meu verso vai surgindo num repente E a morte se vier, já nem balança.
Convido-te querida, à contradança Não trago no meu peito uma serpente, Não tranço nem sequer cabelo e pente, Maior que a cabeça, é sempre a pança.
Não pensa que me engana quem não ama Amores são sensatas tempestades. De tudo que já tive amor que vale
Subindo para o céu encara o vale Nas taperas, sertões ou nas cidades? De lenha ou gás; fogões? A mesma chama...
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Fria noite, invernoso amanhecer. As brumas dentro da alma me perseguem, Se as névoas do que fomos, ermas, seguem, Na pálida manhã eu custo a crer.
Obrigatoriedade de vencer Por mais que as soluções já se soneguem, Nem lágrimas que flores torpes reguem Permitem meu canteiro florescer.
Errantes pensamentos alçam trevas, E enquanto as urzes tantas cevas; nevas. Angústias formatando este cenário
E ao longe o canto doce de um canário, Latina cotovia traz a luz, Que um sol mesmo que pálido, produz...
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Freqüento as tempestades; disto gosto, Não nego quanto é bom ser improvável; Desnudo meus desejos, vou exposto A cada novo verso mais palpável.
Embora tantas vezes com desgosto Não seja, com certeza palatável, O quanto que se mostra no meu rosto Nem sempre é o que se canta, demonstrável.
Vagando entre as estrelas mais amigas, Ronronas pela casa em liberdade, Da vida derrubamos várias vigas.
Apenas por querer e nada mais, Em alvoroço almoço a santidade E traço em podridão um velho cais... Marcos Loures
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Frenéticos desejos nos tomando Em tanta sedução, impetuoso, Loucura assim querendo e desejando Amor que a gente fez tão prazeroso.
Eu quero e nem pergunto onde e nem quando, Apenas debruçar em cada gozo, Depois sentir meu corpo se inundando Do mel que tu me trazes, mais gostoso...
Unidos em total felicidade, Marcados pelo fogo da paixão. Descubro em cada porto, uma umidade
Nas ondas deste mar em tentação. Na chama que nos queima e tudo invade, Acendo noite e dia, o teu vulcão... Marcos Loures
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Foste minha sedenta companheira, Cruzamos as estrelas e desertos... Amar seria nossa audaz bandeira. Caminhos que seguimos mais incertos...
Estás tão longe, amiga verdadeira, Os nossos corações estão despertos, Te busco nos altares, altaneira, No fundo não seremos céus abertos...
Marcadas nossas cartas dão derrota, Canoros canarinhos já não cantam, A roupa que vestimos se amarrota.
Não podes ser rainha, nem princesa. As ondas, nossos mares, se levantam, Levitas nos meus sonhos, incerteza...
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Foste esculpida em Carrara. Estátua de maior brilho. Teu mármore, pedra rara, Decora todo esse trilho...
Quem me foi bela, foi cara, Em teus olhos maravilho... A vida não antepara Prepara meu estribilho!
Quero-te flamenca dança Na guitarra que solei Nas mãos a breve criança...
Nos caminhos que criei. Não te tiro da lembrança Rainha aonde fui rei! Marcos Loures
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Fosse um fóssil seria imorredouro, E, cáspite! Quem sabe mais feliz. O peito se devora em sangradouro Capaz de outro nascer pedindo bis.
Nos gizes espalhados, mau tesouro, Ascetas entre as setas, cicatriz, Ouvindo esta canção, chapéu e couro, Retorno à juventude, diz Bee Gees.
O velho coração de um comunista Que agora se percebe sem saída, Demônio que matou; capitalista,
Quebrando o antigo muro de Berlim, Também ao ver a rota assim perdida, Plantou rosa vermelha em meu jardim..
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Fosforescente lume nega as trevas Fulgura constelar sobre os lençóis, Com brilho similar a vários sóis Desejos sem igual, decerto cevas.
Nas ânsias da procura por atóis, Nas glebas infindáveis já não nevas Deixando bem distantes outras levas, Brilhando intensamente quais faróis.
Redimes os meus medos ancestrais Em fontes, sendas, rotas sensuais Até que se permita um gozo pleno.
No orgástico furor, delito e fúria Tomado pelo anseio, em tal luxúria Destilas mel em forma de veneno... Marcos Loures
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Fortuitos sentimentos são ferozes São facas que machucam com dois gumes. As mãos que acariciam são velozes, Amor que não se cuida, sem costumes...
Os cantos que não trazes perdem vozes Meus dedos não procuram por estrumes As ruas dos silêncios são atrozes Nas noites dos meus sonhos cadê lumes?
Singelos meus defeitos são completos Completam-se nos erros que não fiz. Amores são meus pratos prediletos,
Embalde nesta vida sou feliz Violas quando plangem serenata De amores Elisângela é a nata!
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Fortalecendo assim, os nossos remos, Vencemos correntezas agressivas. O quanto que decerto nós sabemos Mantém as nossas luzes sempre vivas.
A sorte já lançada em novos dados, Abarca estes destinos confluentes, Os gozos destes sonhos desfraldados Ensinam o que queres e pressentes.
Além da metafísica e dos anjos, Arcanjos, querubins se transformando, Cuidando dos antigos desarranjos, Antídotos decerto inoculando.
Eu quero o sentimento mais perene, Que a sorte de viver não me envenene... Marcos Loures
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Forrando minha estrada em paraíso Florescem multicores esperanças. Nos passos da amizade eu me matizo E solto meus temores nestas danças
A vida não precisa mais de aviso Portando nos olhares alianças, Nos lábios mais sinceros os sorrisos, Pureza que se encontra nas crianças.
Quem tem uma alma pura em transparência Consegue perdoar e ter clemência E encontra no perdão felicidade.
Assim ao se livrar do fardo triste Concebe amor intenso que resiste Nos seios divinais de uma amizade.
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Forrando em alegria os meus bornais Em plena sintonia nada temo. Do quanto na amizade eu vejo mais Distante manteremos medo e demo.
Na plenitude imensa deste sonho, Meu canto não descansa e tanto busca A luz que me ilumina em céu risonho Nem mesmo uma ilusão ainda ofusca.
Jamais irei carpir desesperança Tampouco irei sofrer inutilmente. Quem sabe, quer, deseja sempre alcança E o gozo da vitória assim pressente.
Ao ter; junto comigo, os passos teus Não temo mais trevas, bebo os breus... Marcos Loures
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Flutuo em cada verso Que fazes para mim. Vagando no universo
Num canto que é sem fim Outrora tão disperso Agora segue assim,
Em asas, mais liberto Sem medo, asas abertas, Estando sempre perto Mesmo em horas desertas,
Seguindo cada passo Em flóreas caminhadas, Teu corpo eu já devasso Nas noites bem amadas... Marcos Loures
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Flutuas feito um anjo; um querubim, A deusa desta rua, nua e bela, Esqueço qualquer dor, qualquer mazela E posso ser feliz, creio que sim...
Distante da tristeza de onde vim, A fonte dos desejos se revela, E quando em teu caminho, alma se atrela Consigo imaginar o amor em mim...
Erguendo o meu olhar vejo que o sol Tomando num instante este arrebol Derrama suas luzes sobre nós.
Estás junto comigo e isto me traz Um mundo renovado, em plena paz, Matando o meu passado, duro e atroz...
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Flutuas como um anjo quando sonhas Deitada nos meus braços, noite clara. Tornando as nossas tramas mais risonhas Ao mesmo tempo apóia-se e me ampara.
Estrelas quais pequenos vaga-lumes Cercando nossos corpos, teu sorriso, Distante das tristezas e queixumes, Um anjo que me leva ao Paraíso.
A vida do teu lado, um sonho imenso, Deixando para trás quaisquer problemas, Por sobre as tempestades e dilemas
Temores e rancores; logo venço; Elevo-me aos espaços, vou liberto, E deste sonho, amada, não desperto...
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Flutua um sentimento em plena bruma, Vagando pelas noites astro raro. Nos mares se explodindo em branca espuma Viver estando aberto ao céu mais claro.
Nesta evaporação dos fumos leves Nas místicas lembranças doutras vidas. Amores revividos morrem breves Encontro minhas dores esquecidas.
Não posso mais pensar nas inclemências Que portam as quimeras mais cruéis Amar não é somar coincidências Nem menos ver a vida de viés...
Eu sinto tanta urgência em te querer Poder revigorar amor, prazer...
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Florindo, no teu corpo, tal jardim De flores ideais, tão aromáticas. Sementes deste amor, as guardo em mim, São todas por si mesmas, emblemáticas;
As mãos tão imortais das fantasias, Nos sonhos resplandecem de verdade. E dão um tal sentido às alegrias Nos inundando enfim, felicidade...
Espaços que circundam o infinito Dos braços da mulher que tanto almejo. Vivendo a perfeição deste meu rito, Sabendo quanto enfim eu te desejo.
Amada, como é bom poder sonhar, Em tua plenitude, naufragar... Marcos Loures
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Florindo o meu caminho em raros molhos Dourando em fantasias cada pleito O bem do amor procuro nos teus olhos E sinto abrir a porta do meu peito,
Janela sem tramela nem ferrolhos O mundo que eu queria satisfeito Matando no canteiro maus abrolhos, Percebo uma esperança que em meu leito
Virá qual fosse estrela bela e guia, Com toda a mansidão da poesia Que a ti, minha querida, eu dediquei.
Sentindo a mais sublime sensação Vivendo com delírio essa paixão Decerto todo medo eu vencerei... Marcos Loures
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Florindo no teu corpo tal desejo Que flamba meu amor em força e luz. Errantes, os meus lábios, tanto beijo, Em meio a tantos rumos me conduz.
Sem travas eu liberto as fantasias E caço em alvas asas liberdade. Velando pelas velhas noites frias Alvejo em teu sonhar, serenidade...
Espaços antes turvos, cristalinos. Teu corpo nos meus braços vai envolto. Permite tais loucuras, desatinos, O grito do prazer quase que solto.
Estrelas e desejos procurando Nos cios, luas sóis se fecundando...
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Florindo a primavera dentro em nós, Jasmins, rosas vermelhas, buganvílias, Entranham meus olhares, ouço a voz Das áureas emoções em que tu trilhas
Por entre este canteiro feito em tílias. Perfume que tu deixas logo após, Envolvem meu jardim em maravilhas. Quem dera se estivéssemos a sós.
Vertendo iridescências nos lençóis Milhares de matizes destes sóis Que tramam este amor primaveril;
Nas íris, nas retinas, nas pupilas, Entranham tantas cores que destilas No véu em que o desejo se vestiu... Marcos Loures
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Floriam os jardins sob o luar. Reflexos prateados em nossa cama. Em todos os carinhos navegar, Em todas as vontades, viva chama...
Nas asas da paixão, eternidade, Nos olhos da ilusão, amores claros. Nas pernas, nossas danças, claridade, Desejos tão complexos e tão raros...
Envolto por teus braços, vejo a lua; Estrelas salpicando nosso chão, Desenham tua pele bela e nua, Transportam para o quarto uma amplidão.
Viajo com os lábios, as estrelas, Abrindo o coração, irei contê-las!
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Florestas e fanfarras, gozos extremados Olhos mais servis, querências e mortalhas, Os dedos em tortura destroçados, As mãos numa oração são quais navalhas.
A sorte vai lançada em outros dados, Apenas sobrarão estas batalhas Aonde os cortes foram malfadados E os dias determinam velhas falhas.
Parturiente algoz, amor insano, Fartura de tramóias, desengano, Ruptura do que fomos, novo cisma.
Amanhã nada serei e quero assim, Amor cortando fundo dentro em mim, Certeza absoluta: cataclisma! Marcos Loures
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Florescendo este jardim, Que adubei com a esperança Este amor chegando enfim, Prometendo esta festança
A minha alma segue assim, De alegrias ela dança, Meu amor, meu querubim, Dos espaços já me alcança
E promete viração Corrigindo os meus pecados, Pouco a pouca uma explosão
Nos teus braços deflagrada Coração guarda os recados, Mas não ouve quase nada... Marcos Loures
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Florescem sob a lua, teus encantos, No teu corpo as marcas do prazer, Cobrindo tua pele como mantos Entranham cada parte do teu ser.
As loucas, transtornantes fantasias, São tuas cicatrizes favoritas, Espelham nossas doces sinfonias Tocada pelas bocas tão benditas...
Os astros te observando tecem lumes Nos céus qual pirilampos fluorescentes, As flores se encharcando de perfume, Se abrindo e se mostrando enlanguescentes...
Florescem novamente meus desejos, E rendo-me aos teus sábios lábios, beijos...
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Floresce no perfume que senti, A lua que acendi enamorado, Teu corpo de meus sonhos bem amado Demonstra todo o gozo que previ
Vivendo toda a glória vejo em ti O tempo em ouro pleno emoldurado, O gozo de ser teu; nega o passado, Desejos que pensara encontro aqui.
E tendo em meu caminho a rara estrela A vida se tornando assim tão bela, Jamais eu poderia me esquecer
De cada beijo dado em plenitude Trazendo eternidade e juventude Bradando com certeza o bem querer...
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Flores no meu jardim esquecidas... Jasmins e brancos lírios derradeiros, Crisântemos e rosas ressequidas Amores se perdendo, corriqueiros...
As rosas, violetas, dálias, lírios; Não sabem quanto tempo eu procurei, Passando meus amores nos martírios Achando que podia, mergulhei...
Agora que o jardim, tão sem cuidado, Em urzes, nos espinhos sequer flor, Eu lembro desse amor novo, encantado, Quem sabe possa ser o salvador?
Porém, ao ver distante o teu abraço, Deitado em meu jardim, vem o cansaço...
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Flores desabrochadas, primavera... Nos jardins que cultivo belas rosas; Esqueço meus tormentos. Quem me dera! O canto desses pássaros... Formosas
Manhãs... Meu coração sossega a fera Que sempre me mostrou as horrorosas Garras. No meu recanto, essa quimera Arranca pobres flores mais vistosas...
Persigo meus desejos, nada encontro... Não deixo de tentar um novo dia... Fina arte de viver, o desencontro...
As gotas deste orvalho, são cristais. Quem sabe viverei esta utopia? As flores no jardim, amor e paz... Marcos Loures
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Flores desabrochadas com ternura São flores mais macias, perfumadas, Não temem enfrentar a noite escura Pois sabem que as manhãs vêm orvalhadas...
Flores desabrochadas com carinho São flores perfumadas sem temor. Pois sabem que esse amor não vem sozinho Trazendo o seu desejo sedutor...
Flores desabrochadas sem segredos São flores tão bonitas bem cuidadas, Não guardam na memória tantos medos, Pois sabem que são flores bem amadas...
Por isso meu amor sou verdadeiro; Quem dera se eu te fosse o jardineiro!
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Florada num outono, temporã, Trazendo à tarde cinza, a claridade. Iridescente brilho da manhã Que, sorrateiramente a noite invade.
Depois desta jornada tão malsã Percebo, no final, felicidade. Pensara a minha vida tola e vã, E agora ao fim do túnel, liberdade...
Ouvir teu acalanto em voz macia, Qual fora algum encanto. Em tal magia Adormecer, pensando noutras eras
Aonde enfim pudesse desfrutar, A rara fantasia, a me entornar Estas inesperadas primaveras...
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Flor do meu sonho, bela mensageira, Aberta nas noturnas fantasias... Acorda tanto amor, és verdadeira Fada! No teu perfume me extasias!
Mergulho em teu prazer qual cachoeira, Mudando num segundo duros dias, Segredos que me contas, companheira, São mágicas ternuras, alegrias...
Meu sonho quis conter esse jardim, Das rosas, monsenhores e camélias... Quem dera nunca mais tivesse fim...
As flores que mergulhas no meu sonho, Estrelitzas, begônias e bromélias, O jardim dos amores que componho... Marcos Loures
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Flor bela que espancada não sabia Que toda flor tem sempre o seu espinho, Às vezes maltratada, outra sombria, Fugia toda noite de mansinho.
Deixando um coração em água fria Amortalhado o sonho, bebo o vinho. O quanto que não quero e nem queria, Agora vou somente passarinho.
Teu corpo, minha amada, é meu alpiste Com ele com certeza, cadê triste? Pulando este alambrado faço o gol
Mergulho na metade que inda sou, Fazendo do teu porto ancoradouro Encontro a flor mais bela, meu tesouro...
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Flechado por Cupido e sua seta, Não tenho mais escolha, sou teu par. Colheita que se faz sempre completa Desfruto toda a glória do pomar Cevado pelo amor que se completa Nos olhos que se emprenham de luar.
Persigo a cada noite a estrela guia, Deixando o sofrimento em outra esfera. O mundo se fartando de alegria Permite reviver a primavera Matando com suave fantasia A dor da solidão, temível fera.
Somando nossos sonhos, infinitos Invadem em momentos mais bonitos... Marcos Loures
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Flechado pelas setas de Cupido, Envolto na esperança mais sutil. De tanto que sofrera, já me olvido, Te sinto novamente, tão gentil...
Eu sei que degeneras numa fera Se tantas regas nunca forem dadas, Padeces das complexas quimeras, As asas, muitas vezes, amputadas...
Mas quero me embrenhar nos teus cabelos, Vivendo novamente tuas matas. Talvez inda me venham pesadelos, Com mãos suaves, sempre me arrebatas...
E morro, novamente em teu destino, Amor que me domina, sou menino...
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Flameja esta vontade de poder Estar contigo, amada, a vida inteira. Rainha sertaneja a companheira Aonde encontro o sol que quero ter.
Refém deste desejo, passo a crer Que a lua dos poetas, conselheira, Deitou sobre teus braços, a fogueira Que eterna e ternamente vem arder
Por sobre nossos corpos, noite e dia, Forjando da esperança esta alquimia Telúrica expressão de crença e gozo.
Esteio, doce arrimo de ilusões, Abrindo com ternura os tais portões Que levam ao futuro mavioso... Marcos Loures
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Flameja dentro em mim o teu encanto, Espero a cada verso conduzir A vida ao que desejo no porvir, Roubando a fantasia em doce canto.
Se eu te amo, e na verdade eu sei que é tanto O jeito é do teu lado prosseguir, Deixando a poesia nos sentir Vencendo em mansidão qualquer quebranto.
E trago finalmente o meu sorriso Patético de quem se enamorando Aguarda um tempo calmo, suave e brando,
Que trazes num poema, como aviso Dizendo do futuro benfazejo Que é tudo, meu amor, o que desejo!
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Flagelas essa mão que não consolas... As vivas mãos suaves, aves plenas... Nas pássaras alvíssaras esmolas... As vivas mãos nas naves sorvem penas...
Retornas de teus tornos, traz estolas... As mãos consagradoras, não acenas. As pistas, teus alpistes são pistolas, Nos solos tuas solas tudo assolas...
Flagelas essa mão que acaricia, Cospes no prato sujo que comeste... Não temo tuas noites... És vazia...
Morreste desde o dia em que nasceste! Meu mundo, num segundo tudo muda... Não quero teu conselho nem ajuda! Marcos Loures
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Fizeste do meu peito uma peneira Mentiras disparadas, setas tantas Quem fez de uma esperança uma bandeira Perdeu-se por debaixo destas mantas
Que usaste por disfarce, guerrilheira Que ao mesmo tempo adula até me encantas; Mas mal percebo foges tão ligeira E o nobre sentimento, cedo espantas.
Queria ser teu par, ter alegrias, A vida me negou tais regalias Deixando este silêncio, este vazio.
E assim, ao perceber que foste embora, Estúpido, meu peito ainda chora, E um belo amanhecer, eu fantasio...
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Fiz uma casa branca lá na serra Prá móde nóis podê ansim morar, Distante da cidade, tanta terra É percizo com força caminhar.
Porém o bom cabrito nunca berra Pensei, aqui comigo, vai voltar Mas quando uma vontade já se emperra Ninguém vai conseguir modificar.
Esta casinha branca, abandonada Depressa começou, em tanta teia Ficar como uma marca nesta estrada
Da terra e da poeira, tão vermeia De branco não tem nada mais, senhor, Matando de anemia, o meu amor...
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