
MEUS SONETOS VOLUME 063
Data 09/12/2010 18:34:07 | Tópico: Sonetos
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201
Espalhas pelos campos com fartura O aroma inebriante do desejo. Entornas com delírios a ternura Trazendo o paraíso que ora almejo.
Teus olhos encharcando de brandura O rumo que em meus sonhos sempre vejo Deixando bem distante uma amargura, Amor é muito além de um relampejo
É tudo o que busquei, disso estou certo, Oásis que vislumbro no deserto Dos dias que passei em descaminho.
Agora que te encontro, nada temo, Imerso em sentimento tão supremo, Jamais eu seguirei, amor, sozinho... Marcos Loures
202
Espalhas pelos ares o teu canto, Guitarras entre as estrelas, noite plena. Do vento que assobia, raro encanto A lua delicada chega à cena.
E o verso de um poeta, como manto, Beirais, janelas, luzes, sonho acena Dourando de esperanças cada canto Enquanto um passageiro, amor serena.
Pirilampos e grilos, violões... Alvíssaras em brilhos, amplidões Certezas de momento inesquecível.
Imerso em fantasias, noite passa, Roubando do cenário toda a graça Inolvidável sonho em lua incrível...
03
Espalhas gozos tantos sobre mim, Fartura de prazeres sem cansaço, Desenhos sobre ti, desejo e traço No afã deste querer, amor sem fim.
Tenazes que me prendem, sigo assim Colando meu calor em teu abraço Voracidade insana, cada passo Tomando cada gota, vinho e gim.
Os dedos que tu cravas feito garras No balanceio louco, tais amarras Unindo untadas peles e salivas.
Explodem dentro em ti, divinos jorros, Percorro os vales teus, os belos morros, E eclodem com tesão, minhas ogivas...
04
Espalhando tal luz em cada canto, O dia traz perfeito e raro sol, Mostrando tão real e farto encanto Contagiando tudo em arrebol.
Amor chega cobrindo com seu manto, Tramando em noite escura este farol Nos braços deste amor que eu quero tanto, A vida não será mais um atol
Distante desta praia inalcançável, Morrendo logo a areia assim desponta, Amar não é somente um faz de conta,
Permite irmos além do imaginável. No sonho em que se faz amor imenso, Feliz, a cada dia mais eu penso... Marcos Loures
05
am pela casa, as alegrias, Sorrisos de bonança e de fartura. Do quanto tanto queres, sei que crias Um canto magistral rico em ternura. Das rotas deste sonho, tantas vias Encontram nos teus braços, paz e cura.
Nas somas de dois corpos que se buscam, O amor mostra perene decisão, Por mais que as horas outras nos ofuscam, Amor já se promete na fusão. Palavras que prefira não rebuscam O quanto é necessária esta emoção.
Remoça enquanto nela eu me eternizo, Negando a ventania e o vão granizo.
06
Espalha sobre nós bela manhã O sol que se irradia em amizade, A vida se permite ao novo afã Tocada pela vida em claridade.
Deixando para trás a dor malsã Vivendo enfim a vera liberdade, Sabendo do sabor de uma maçã Amor se espalhará na humanidade.
Amigo, tantas vezes vi teu rosto Em faces tão diversas, vai exposto No irmão que perambula pelas ruas.
O pai que se mostrou a todos nós Ao homem deu a força e deu a voz, Porém sem ser ouvido, continuas... Marcos Loures
07
Espalha sobre a cama, em nós, rocio Pulsando bem mais forte o coração, A cada novo dia me vicio E principio assim, revolução.
Que a vida seja sempre em harmonia, Sem desencontros, perdas ou discórdias. Nos sonhos e desejos sintonia Amor se faz em loas monocórdias.
Concórdia dominando nossos cantos Recantos percorridos e sabidos Toando melodias, bons encantos Vontades e prazeres concebidos
Libidos embebidas num só gozo, Amor que se faz denso e prazeroso...
08
Esperança se esfuma a cada dia, Nas névoas que recobrem o meu céu. O amor trazendo dores no farnel, Provoca tão somente esta sangria.
Há tempos que eu pensava que podia, A vida num eterno carrossel, Levando uma alegria trouxe o fel, E a noite renascendo amarga e fria.
Criança que sonhou com seu brinquedo, Um resto de ilusão inda concedo E nada recebendo, sigo em frente...
Fazendo dos teus olhos meu altar, Minha alma se cansado de esperar, Chorando sem consolo, amargamente... Marcos Loures
09
Esperança perdida, triste sina Deste amor que se foi e não mais volta; Vai turvando a minha alma cristalina, Inundando meu peito de revolta...
Quem me dera saber de uma saída, Quem me dera encontrar um novo bem. Esperança que tinha, já perdida, Nosso quarto me diz: não tens ninguém...
Mas verei, com certeza, amanhecer, Depois da terrível tempestade. Meu amor em desejo converter, E viver novamente, mesmo tarde...
Esperança, te encontro no sorriso, Menina primavera, paraíso...
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Esperança perdida? Nunca mais! Agora não consigo mais deixar De crer que poderei deixar pr’a traz Quimeras que vieram par em par.
Eu vejo destroçadas as tristezas E sinto tanto bem por ser assim, A vida se envolvendo nas certezas Da paz que retornou, até que enfim!
Amiga, como é bom saber que vivo Nos braços da esperança mais feliz: Da liberdade inteira de um cativo Que foi por tanto amor, um aprendiz.
Amiga; não mais choro uma saudade; Agora eu encontrei felicidade!
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Esperança não pode ser atriz, Nem pode desfilar qual fosse puta. Nos olhos do meu povo, a meretriz, Não pode se esquecer de tanta luta...
Esperança não pode ser vendida, Nem pode ser deixada sob a mesa. Reflete tantas vezes, nossa vida, Não pode ser envolta por tristeza...
Esperança acordando molemente, É melhor que matar nosso futuro... A vida se aproxima mansamente,
Esse chão que percorre é muito duro... Esperança levanta calmamente, Nosso céu inda está, por certo, escuro...
Mas a luz aparece devagar, Não temos o direito de matar, A esperança que acaba de acordar!
12
Estrelas em tiaras e colares Adentram na janela dos meus sonhos, A luz ao penetrar raros altares Expressa nossos dias mais risonhos.
Medonhos os caminhos que eu vencera Em noites solitárias, tão vazias. O quanto apascentara rudes feras Seguindo estas pegadas mais sombrias
A pérfida esperança me traindo Deixando em seu lugar apenas nada, Ao ver o teu sorriso já se abrindo A vida proporciona uma guinada.
Negando desde então tal virulência Meu barco vai seguindo com fluência...
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Estrelas e quasares, companheiros... Nas galácticas plagas te perdi... Os sonhos dos amores são viveiros, Essencialmente tudo estava aqui.
Olhos, mares, etéreo... Teu perfume... Até nosso desejo, anfitrião Desta festa. Mas trágico ciúme, Me trouxe, no final, a solidão!
As perspectivas loucas, ser feliz, Desfeitas nesta curva do caminho... A vida não merece ser atriz,
No palco da saudade destruída... Amor que se destrói, sem rosmaninho, Carrega em sua morte, a própria vida! Marcos Loure
14
Estrelas do infinito, siderais, Divindades noturnas, constelares... Nos espaços distantes, ancestrais, Amalgamam-se, formam seus altares...
Nas galas tantos ermos divinais, Satélites brilhosos, os luares, Angústias e presságios dos mortais... Nos campos, mares, ruas, trilhas, bares...
As dores passageiras inconstantes, Tramando nas tocaias inauditas. Desfilam velhas mágoas dos amantes...
Distantes, as estrelas fingem ternas, Conhecem todas dores e desditas. Mas sabem que isso passa, são eternas! Marcos Loures
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Estrelas deslumbrantes, leves plumas, Desfilam pelo etéreo em liberdade, Nas nebulosas mágicas espumas Serenas expressões de claridade. Nos versos delicados, tu perfumas Os astros que clareiam a cidade.
Brancuras esvaecem-se em neblinas Em plúmbeas ilusões, em duras fases Distantes de emoções alabastrinas Na angústia do vazio quando fazes Dos sonhos pesadelos, me alucinas. Matando as esperanças mais vivazes.
Que faço se metade em dor destrói Enquanto outra metade, amor constrói? Marcos Loures
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Estrelas brancas brilham no teu céu Durante tantas noites, forte lume... Aos poucos nos espaços, um pincel, Forjando mais beleza que o costume...
Nos olhos de quem amo, transformadas, Estrelas cristalinas, diamantes... Deitadas no meu colo, abandonadas, Formando paisagens deslumbrantes.
Nas lágrimas que escorrem, ledos medos, Que sabem como é frágil todo amor... Embora com cuidados, sem segredos, Estrela vai perdendo brilho e cor.
Mas sonho com futuro tão incerto, Estrela quero estar, de ti, bem perto!
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Estrelas belas em umbrais marcados Por raios fulgurantes de esperança Os olhos de quem amo, destroçados Na noite que não serve de aliança,
Parece que no fim estão fadados A ter somente um sonho de criança Em ânsias e vergonhas, demarcados, Somente me restando uma lembrança
De um dia que se foi pra não voltar De um beijo outrora dado quase em vão, Olhando para estrelas vejo o chão
Aonde se espalhou triste luar, Apenas nos acordes da paixão Ainda uma esperança vai brilhar...
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Estrela solitária que me guia, Encantos que trouxeste para mim, Às vezes em tristeza ou alegria, Tu és o meu princípio, meio e fim.
Sobre as constelações supremacia Tornando a minha vida bem mais clean Enquanto rola a bola, maestria Clarão que sempre espalhas, nele eu vim
Falar de meu amor que nunca cessa, E a cada novo dia recomeça, E mesmo na derrota, vencedor,
Tu és o mais sublime redentor, Na história que se faz a cada jogo, Um glorioso encanto: BOTAFOGO! Marcos Loures
19
Estrela solitária do meu sonho Maravilhosamente toma a cena. Além do que desejo e até proponho A sorte de viver se mostra plena.
Enquanto o meu caminho for risonho A vida com certeza, mais amena, Um verso benfazejo, enfim, componho, Na voz desta emoção que assim se acena
Serena sensação de ser feliz, Nem mesmo a poesia me desdiz Correndo sempre solta, sem embargos.
Estrela reluzente que me guia, Tomando a minha noite em alegria, Adocicando dias tão amargos... Marcos Loures
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Estrela sensual não mais evite O brilho desta deusa em perfeição, Saudade vem batendo no portão, Sem nada que a impeça ou delimite.
Por mais que uma ilusão ainda grite Entendo nosso amor qual provisão. A estrela que mergulha em sedução Não sabe e nem pretende algum limite.
Eu caço cada rastro feito em luz Deixado em minha cama. Reproduz A poesia imensa que trouxeste.
Rolando pelos astros, fantasia A boca que eu beijara e bem queria De todo este lirismo me reveste... Marcos Loures
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Estrela radiosa, doce encanto, Cantar-te em serenata a noite inteira Na sedução completa em que eu me encanto Sentir tua magia, feiticeira.
Seguir os rastros todos desta estrela Em brilhos maviosos, lume raro. Procuro, a todo instante, poder vê-la Pois ela é meu caminho, um anteparo.
Tu és a bela estrela luminosa Que faz de minha vida, um bom jardim. Perfumas delicada, minha rosa, Refletes todo brilho dentro em mim.
E vamos, noite afora sem temores, Entregue aos braços livres dos amores... Marcos Loures
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Estrela radiante e solitária Brilhando no meu céu, sempre me guia Toando com magia a fantasia Que tenho dentro em, tão necessária
Meu corpo no teu corpo, um estuário No qual derramo, farto, o meu prazer. A pele que recobre, vestuário O risco tão gostoso de correr.
Ariscos nossos lábios sabem tudo, Confundem nossas pernas, reboliço. Num sonho enamorado eu me transmudo Deitando sobre ti, com fome e viço
Cavalgas noite afora o teu corcel Levita enquanto levas para o céu. Marcos Loures
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Estrela radiante do recanto Amiga verdadeira, estou feliz! Por isso na verdade, este meu canto Com tanto sentimento já te diz
De toda uma harmonia em teu encanto. Deslindo este cantar meu, aprendiz De sonhador, debaixo do teu manto Que nos irradiando sempre eu quis.
Se faço minhas mal traçadas linhas Eu devo muito ao teu apoio, amiga. Os versos que tu cantas, avezinhas
Que ganham liberdade em belo trilho. Nesta minha homenagem a cantiga Ao milésimo forte e belo filho!
À QUERIDA HELENA PELO MILÉSIMO FILHO
Obrigado Maysa pela lembrança!
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Estrela que surgiu, rara e brilhante, Extrema fantasia em noite clara. O tempo de viver ser teu amante A cada verso amor, já se declara
Aclara meus caminhos, redentora, Louvando estas pegadas que tu deixas Vencendo as tempestades desde agora Não tenho mais rancores sequer queixas.
Mergulho em cada fonte, sem temores, Adentro cada senda, bebo a fonte. Matizes tão diversos, raras flores O sol vem me mostrar belo horizonte
Teu corpo, cais profano e delicado, Sem medo sem juízo e sem pecado... Marcos Loures
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Estrela que se perde já não guia E deixa minha estrada em puro espinho, Na curva mais fechada do caminho, A vida se perdendo tão vazia.
Nos rastros do cometa eu percebia O quanto é delicado não ter ninho, Da dor que sempre chega eu me avizinho E faço dela o mote e a poesia.
Toando no meu peito uma guitarra Cortando a minha carne, a cimitarra Penetra bem mais fundo amor em vão.
Cansado da batalha prometida, Eu sigo o que restou de minha vida Vencido por tão dura sensação. Marcos Loures
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Estrela que me trouxe esta menina Que nina em cada verso me acalanta Poeira que levanta logo assenta E deita em minha cama, me alucina...
Vem logo que esta fome se faz tanta E nada nos segura ou determina Vem ser a minha deusa, minha santa Joguemos nossa sorte em mesma sina.
Farreie que uma noite não é nada Amor que a gente faz traz alvorada E vale sempre a pena, a brincadeira
Rodando qual piorra ou carrossel A vida me embriaga, pinga e mel, Bagunça o meu coreto a noite inteira... Marcos Loures
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Estrela que me leva ao paraíso Fulgura em minha vida eternamente. Perdendo num segundo todo o siso O amor nos transportando na torrente.
Vencendo com ternura o cataclismo, Anui com a total felicidade, Por mais que a vida trague algum abismo Nos passos deste amor, a liberdade.
Conecta nossos fios, tais quereres, Fazendo de dois corpos, um só ser. Sabendo que hoje quero o que tu queres, Encontro mais motivos pra viver.
O perfume suave em tua pele À louca fantasia me compele... Marcos Loures
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Estrela que me guia, o teu olhar Esplêndido farol em noite escura, Minha alma qual falena te procura, Vencendo esta distância, devagar...
Eterno sonhador a te buscar, Sabendo a recompensa da ternura, Das dores e dos medos, minha cura, Na mágica candura do luar...
Cenário inesquecível no horizonte, Enquanto a maravilha assim desponte Eu sigo cada rastro e vou sedento
Qual fora simplesmente um perdigueiro Seguindo de uma deusa, passo e cheiro, Encontro nos teus olhos, tanto alento...
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Estrela que me guia rumo ao sol, Deixando na sarjeta uma esperança Que fez desta aliança um girassol Jogado pelos cantos. Da criança
Que um dia destruiu cada lençol Apenas a vontade inda me alcança, Naufrágios não encontram mais atol Eu sinto-me resíduo de lembrança
À toa. À tona conchas e cascalhos, No vértice da vida eu me perdi. Os atos da velhice, meio falhos
Em cada nova ruga que aparento, Tampouco uma amizade eu conheci, E assim no cais do porto, eu me arrebento...
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Estrela que irradia em vários planos Brilhando no além mar em lume intenso. Entregue aos bons delírios mais profanos, Vivendo um mundo claro, assim imenso.
Nascido em albanês carinho exato, Estrela vai se dando sem limites. A cada novo gole, outro retrato Além do que permitem os palpites.
Vou aqui admirando este cenário Expondo em rara luz viva e magnífica Prazer faz do teu corpo um estuário
Na albância expressão ilimitada. Vibrando em forma vária inesepecífica Bebendo do prazer cada golada. Marcos Loures
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Estrela que ilumina tristes breus; Apátrida emoção que enquanto fere Mergulha neste encanto – os olhos teus, Que o sonho em tanta gula já se adere.
As sendas de beleza mais sobejas, Ao florescer em paz nosso jardim Decifram o que em cores tu desejas, Revendo cada passo, início e fim...
Impertinente trama tão nefasta, A solidão se esgueira entre os penedos. A fonte delirante enfim se abasta Ao traduzir dos sonhos, os segredos.
Às vezes arredio outras nem tanto, Entrego-me ao furor do mago encanto... Marcos Loures
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Estrela que ilumina trazendo ouro E faz dos meus acordes, desafino. Se eu fui e teimo ter velho menino O fim da vida vira ancoradouro.
O quanto nosso amor causando estouro Foi mezzo carinhoso e cristalino, O resto se perdeu em desatino, Cristão tomando coça encara o mouro.
No muro em que se dá lamentações Escuro o meu caminho, e sem trovões A tempestade brinca de ser minha,
Se a moça não remoça a fantasia, O que fazer então da poesia Que morre assim distante e tão sozinha?
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Estrela que guiando embarcações Espalha sobre nós a claridade Que aos poucos, dominante nos invade E vence os temporais e os furacões.
Mitiga o sofrimento, nas paixões Expressa a mais completa liberdade, Abraça com vigor, felicidade, Fertilidade traz para os sertões.
Sou, por acaso, disso meritório? Beligerante, outrora, um pacifista Que sente em tuas mãos o ancoradouro,
Vicejas um caminho belo e flóreo. Por mais que a solidão ronde ou insista Nos raios deste sol- feliz- me douro.
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Estrela que busquei em pleno céu Cantando nos meus versos este sonho. Montado em fantasia, meu corcel, Querendo uma alegria, vou risonho... Mas nada do que quis foi verdadeiro, Apenas esperança. Mas.... Quem sabe? Mergulho no teu mundo e vou inteiro, Talvez este vazio já se acabe... Mas não. Eu não sou triste, canto até. Me sinto bem contente por te amar, Amanhã serás minha, eu tenho fé. Não me canso e nem sofro a te esperar... Pois sei que nosso rumo foi traçado, Por um deus que é também enamorado....
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Estrela prateada toma o céu Derrama fascinantes raios sobre O verde esmeraldino que recobre Na linha do horizonte, imenso véu,
O velho cavaleiro e seu corcel, Vestindo uma esperança frágil, nobre Usando na armadura prata e cobre Caminha, um andarilho vaga ao léu.
E ao ver argêntea estrela se enamora, Porém mal surge o dia e vai embora Deixando o cavaleiro abandonado...
E quando uma saudade vem mais forte, Olhando para os céus, procura ao norte O beijo deste encanto enluarado...
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Estrela matutina que me guia, Tocando o coração deste poeta, A vida não seria tão completa Não fosse esta sublime poesia
Que a mente enamorada, quer e cria, Tornando-se o caminho, sina e meta, Tu és a fantasia predileta Na tua alma sincera, uma alquimia
Permite que eu deseje a panacéia, Que possa me curar dos vários males, Anseio a cada dia que me embales
Sem ter nem testemunha nem platéia, Apenas tão somente a sensação Do manso soletrar de um coração...
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Estrela fugidia, eu te procuro No céu imenso em noite deslumbrante. Porém somente encontro treva, escuro Quem dera se tu fosses minha amante.
O dia com certeza neste instante Teria um sol mais forte. Amor te juro Que sempre te busquei; sou navegante Do mar em que te escondes; belo e puro.
Tantas vezes vasculho o meu jardim Pensando em cada flor que ali brotou. Canteiro de esperanças guardo em mim,
O tempo vai passando e sem resposta, Minha alma em solidão, ferida exposta, Mostrando claramente quem eu sou... Marcos Loures
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Estrela eternamente reluzindo Tomando a minha estrada, muda a sina Tornando o meu caminho claro e lindo, Pacífica expressão que me domina.
Eu tenho tanta coisa por falar E nada que eu disser será capaz De um dia traduzir e demonstrar Quanto é maravilhoso amor em paz.
Eu tenho dentro da alma cicatrizes De tempos doloridos que eu passei Agora se há momentos tão felizes Na certa tantas vezes relutei
Mas pude conceber farta alegria No gozo que em amor se traduzia... Marcos Loures
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Estrela dos meus sonhos mais bonitos, Rainha deste céu que me ilumina. Eu clamo por teu nome aos infinitos, Tua alma generosa, perla fina... Cintilas no meu céu, imenso brilho, Sonatas ao luar, mil madrigais, Meu peito que, antes, era maltrapilho, Agora navegante dos astrais... Aromas delicados, tua boca, Na seda, em tua pele, a me perder... Minha alma na tua alma já se enfoca Reflete esta beleza do teu ser. Tu és amante amada. Amor, querida... Por certo és a mulher da minha vida!
39
Estrela dos desejos paira solta Em meio a tantas cores, brilho, encanto. Falando deste amor que quero tanto Minha alma de tua alma busca escolta.
Por mais que a vida siga tão revolta Contigo não terei tristeza ou pranto. Ao mesmo tempo insano me agiganto E a vida recomeça, vai e volta
Levando como uma onda para ti Os braços deste eterno sonhador. Que vive a cada instante tanto amor
Constante sensação que eu percebi Vibrando em mais perfeita sincronia Dourando imensa noite em raro dia... Marcos Loures
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Estrelas que espalhaste no meu peito, Sementes de um amor que tanto quis. Nas tramas deste encanto eu me deleito E sinto, finalmente, sou feliz.
Olhando para os céus quando me deito Encontro em cada lume a cicatriz Do amor que tão sublime é meu direito, Depois do que passei em céu tão gris.
Refletes os teus brilhos na retina Cansada deste velho sonhador, O corpo delicado da menina
Produz nos meus olhares, maremotos. Vencido pela força deste amor, Os medos vão ficando mais remotos...
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Estrelas que bebemos já perdidas Encruzilhadas tantas; encontramos, Esgotos demonstrando que as saídas Distantes das que – loucos – desejamos.
Nos lodos enfrentados, nossas vidas Envergam com os pesos destes ramos, As perdas na verdade mal carpidas Realçam o vazio que deixamos.
Mas amo cada fonte em sangradouro, Tomando meus estúpidos venenos Talvez inda me reste o teu tesouro,
Ancoradouro insano e insatisfeito, Aguando com desejos mais serenos Salvando de uma seca o velho peito... Marcos Loures
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Estrelas percorridas nos espaços Montado em meu cavalo, abertas asas... O vento carregando versos, passos, Nos olhos da mulher amada, brasas... No brilho das estrelas pratas, aços Fazendo constelares nossas casas...
O vento da mudança vem soprando Por sobre essas queimadas da ilusão. O monte dos meus sonhos escalando Sem medo de vingança ou traição; O sonho não pergunta como e quando Apenas vai singrando na amplidão...
E sou o que queria além da vida, Numa alegria o pórtico, a saída...
43
Estrelas multiplicam farto brilho Espalham sobre a Terra diademas Nos olhos sonhadores, seus emblemas Vencendo qualquer forma de empecilho.
Atalho meus caminhos, sigo o trilho Deixando bem distantes os problemas, Querida, não há nada que tu temas Nas sendas deste amor que eu engatilho.
A solidão que fora duro algoz, Ao ter a percepção dos nossos nós Aos poucos se apascenta e vira brisa.
Varrida para sempre dos caminhos, Vencida pela força dos carinhos, Numa esperança viva, ela agoniza. Marcos Loures
44
Estrelas fugidias, vão em levas, Levadas pela dor seguem sem rumo, Não tendo perspectivas de um aprumo Tristezas dos meus olhos fazem cevas.
Do nada que trouxeste; tudo levas, Roubando gota a gota todo o sumo, Os erros que cometo, sempre assumo, Ficando como brinde só as trevas;
O peito amarrotado pelos cantos, Não ouço nem sequer antigos cantos, Apenas sou um resto e nada mais,
O barco que me trouxe naufragado, Mostrando o quanto inútil meu passado, Jogado pela vida sem um cais... Marcos Loures
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“Estrelas explodindo no teu rosto”, Marcado pelo beijo que te dei. No fundo bem saídas do desgosto Que forma em meu passado regra e lei.
O tempo se renova e noutro agosto A prova de que sempre te esperei Morrendo sem sentido quase imposto O gosto que a mim mesmo eu me entreguei...
Estrelas são vazias, vão libertas Incertas mariposas voam breve. As portas do futuro estão abertas
E quero povoar com esperança. Nas asas das estrelas, vida leve Nas bocas que vierem, nova dança!
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Estrelas espiando belas flores Extremas sensações vão prometendo, Estando par a par aonde fores Estranhas emoções se convertendo Entranho as ilusões destes amores Estradas dos meus sonhos percorrendo;
Encontro em tuas mãos o meu destino, Depois de me perder por tantos anos. Cavalgo em noite clara e me alucino Tramando em liberdade; novos planos, O velho retornando a ser menino Esquece em devaneios, desenganos...
Na boca sensual da namorada A fonte insaciável desvendada... Marcos Loures
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Estivas nestes portos mais ausentes, Resinas formam forros de esperança. Atrelando os meus víveres na lança Que vence estas milhas eferentes.
Postigos e porteiras, solos quentes, Não tendo mais sequer sonho e pujança. A folha em vendaval já não balança E o quarto se moldando entre dormentes.
Sem píncaros nem vales, nada valho, Avais das velharias tão velhacas. Navios em corais, pedras e cracas
Jazigo me servindo de agasalho, Em meio às tempestades vis, velhacas, Do canto sem descanso, nem mais macas...
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Estes restos de sangue expondo em minhas mãos O crime que inda teimo em negar a mim mesmo. Nossos dias talvez tivessem sido vãos O teu olhar dizia um pensamento a esmo.
Era feliz, porém. Pelo menos pensei. Nada impediria a tua fuga. O medo Que muitas vezes cega, eu reconheço, usei Para impedir, querida, o teu fatal degredo,
Pois não resistiria; eu sei, à tua ausência. As marcas no teu corpo após noite em tortura Denunciavam minha imensa e vil demência; Garrafas de aguardente em tragos de ternura...
Eu não te mataria, embora te matasse O Amor faca e navalha, explode em outra face.. Marcos Loures
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Estendo; em nosso quarto, mil estrelas Roubadas de teus olhos- fantasia Na divina emoção de poder tê-las Encanto sem igual, ilusão cria.
Fantástica emoção em raras telas, O amor emoldurando esta alegria, Do quanto eu te desejo e me revelas, Guardada em meu olhar, fotografia.
Entregue a tal cenário eu adormeço E sonho maravilhas multicores. O céu antes grisalho se azuleja
Em versos e sorrisos agradeço Ao deus que se fez guia dos amores, Traçando essa beleza tão sobeja... Marcos Loures
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Estendo os braços, te procuro amada E sinto que fugiste. Para onde? Procuro nas esquinas. Cadê? Nada... Apenas o silêncio me responde... De tudo o que queria, sei que o vento Levou para distante dos meus braços... Quem sabe a solidão com seu tormento Já queira decretar; comigo, os laços... Daquela primavera prometida Não resta nem a flor que eu mais queria... Meus versos se perdendo calam vida, Aos poucos vou matar a poesia... Somente uma saudade me acompanha Desde o princípio ao fim, toda essa sanha...
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Estendo no varal farta alegria Sem alfa nem tampouco ômega ou pi. Somando o que ganhei com o devia Refaço toda a conta e sei perdi.
Decido a minha sorte, jogo os dados, Rolando no tapete dos meus sonhos. Os dias justamente estão fadados A serem ou melhores ou medonhos.
No norte baseado nestas lendas, O corte se entranhando em minha pele Se a sela não serviu quero contendas O quanto deste sonho não se vele.
Revelo ao fim da festa por que vim, Bebendo de teu corpo, meio e fim. Marcos Loures
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Estendo a minha mão a te alcançar E sinto o teu perfume em cada verso, O mundo tão cruel e mais perverso, Às vezes vem depressa me negar
O sonho que se fez bem devagar Distante de um futuro mais disperso Mostrando em ti um rumo enfim diverso, Trazendo uma esperança em seu lugar.
Sentir a tua pele delicada, Beijando a tua boca mansamente, Envolta nos meus braços, minha amada
Eu sinto a maciez de cada seio, E invadindo a tua alma, corpo e mente, Encontro este prazer ao qual anseio... Marcos Loures
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Estendes teu sorriso sobre mim Deitando toda a luz que não mais cessa Florindo em esperança o meu jardim Amor além de tudo, uma promessa.
No teu perfume, um rastro de jasmim, Na estrela que espalhaste amor tropeça Dizendo tão somente por que vim Em plena fantasia se confessa.
Amor que quem conhece logo inveja Trazendo o mais quero e se deseja Mudando a direção de cada vento.
Não posso me calar e assim me exalto, Vencendo nos caminhos um ressalto Assalta-me com paz, o sentimento... Marcos Loures
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Estende a fome em vastas plantações Dizendo ao lavrador que é necessário Cuidar com mais carinho, adubações, Senão o dia morre solitário. Tocando mais profundo, corações O amor deve ser sempre solidário.
E quando nos envolve, mansamente, Permite que se encontre a plena paz. Nos braços deste amor tão envolvente Eu me sinto, decerto mais capaz. O barco vai descendo calmamente Deixando as corredeiras para trás.
Porém se o amor se vai, restando o pó. Acordo e nada vejo, sigo só. Marcos Loures
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Estenda a tua mão, venha comigo Que a lua nos convida a passear, Se a dor se aproximar; amor, nem ligo Encontro lenitivo no luar.
Encantos, alegrias, que eu persigo Vagando tão sozinho bar em bar, Vivendo esta alegria, vou contigo, Sentindo que esta sorte irá mudar.
É muito mais, garanto, que algum sonho, Minha esperança inteira nisso ponho Podendo conceber felicidade.
O amor que nos tomou quase de assalto, Permite que hoje eu grite assim, bem alto, Falando desta luz que nos invade!
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Esteio de meus sonhos, sentimentos, Tu és a cristalina redenção, Outrora condenado à rejeição Em ti fartos fascínios; sei aos centos.
Tocada pela força destes ventos, Desliza em pleno mar a embarcação, Buscando no teu porto, atracação, Impetuosamente e sem alentos
Já não suporto mais o lento passo, Imprimo com vigor, velocidade, Sabendo que há em ti felicidade,
Bem mais que pensei; simples andaço. Enquanto nos teus pés eu me embaraço, Caindo nos teus braços: claridade!
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Este velho timoneiro Mergulhando no teu mar, De um amor mais verdadeiro Quer, decerto, desfrutar.
Coração deste mineiro Já começa a disparar Quando vê o teu brejeiro Rosto envolto no luar.
Se não posso ser poeta, Repentista, ao menos sou, Meu amor só se completa
Nos teu colo encantador, Decifrando o que hoje sou, Um escravo deste amor! Marcos Loures
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Este mar tão distante...Belo... Etéreo... Na espuma trovejante destas vagas, Tormento me destrói mais deletério... Nas mais medonhas, tristes, sujas plagas,
Respiro a solidão, vago e funéreo... Meus olhares marinhos... Tudo alagas, Já tens silenciar dos cemitérios. As mãos que me trucidas, mansas, magas...
Entretanto eu bem sei que tu és pura... Amante que me morde, voraz, arde... Na garras penetrantes, má, loucura...
Nas pedras das saudades, mar esfuma... De tanto que sonhei, hoje é bem tarde... Naufrago minha vida em tua espuma...
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Estrela deslizando neste céu Formando este desenho mais bonito, Quem dera se eu pudesse ser corcel, Voar sobre essa tela, no infinito...
Brilhando qual vaga-lume sem destino Trafega rabiscando, forma e luz, Traçando sobre mágico alcaçuz O vôo de meu sonho em desatino...
Do pisca-pisca sinto mil matizes E faço assim milhares de desejos... Quem dera se meus sonhos mais felizes Viessem de repente nos lampejos
Do pirilampo sonho que me invade, Procuro uma resposta, mas quem há-de
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Estrela derradeira leve os sonhos, Transporte junto deles meu carinho. Tocando tua pele de mansinho Momentos delicados e risonhos.
Por onde fores, junto a ti terás O vento tão suave, leve brisa Dizendo deste encanto feito em paz Do amor que tanto quero, já te avisa.
Qual pássaro liberto, esta esperança Alçando uma amplidão deseja e quer Contigo, cada gozo que se alcança Delírios no teu corpo de mulher.
Vontade de sentir em convulsões As ondas infinitas das paixões.... Marcos Loures
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Estrela avermelhada clareou Mudando este cenário num instante. Fulgindo soberana e fascinante A todos com certeza, iluminou.
Seguindo cada rastro agora eu vou Deste astro encantador e deslumbrante, Avermelhados tons de um diamante Que o sonho mais sublime lapidou.
Da História, tal estrela muda a rota, Nas rubras maravilhas que ela espalha, Vencendo em calmaria uma batalha,
O amor em cada ponta surge, brota E dele multiplicam-se aos milhares Delícias ofuscando mil luares... Marcos Loures
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Estreita dia-a-dia nossos laços A luz em tanta força concebida Refúgios encontrando nos teus braços, Buscando a mocidade já perdida,
Refaço a juventude nos regaços Da deusa que julgara então perdida. Seguir da bela estrela lumes, traços, Permitirá decerto uma saída
Do labirinto feito pelas trevas, Rendido à maravilha destas cevas Eu sinto-me decerto mais capaz
De ter como enfrentar duras tempestas Prevendo no final delícia em festas Vencendo a solidão, vil capataz...
Marcos Loures
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Estranha juventude sem o fio Da meada sonhada e verdadeira, Que mostra bem distante do vazio, A fruta que se faz tão corriqueira,
Mas morre tanto em sede, num estio, Quanto afogada em falsa corredeira, Deixando a sensação de ser sombrio A quem sempre desdenha a companheira.
Palavras que denotam desventura São sempre repetidas, já me cansam. Se toda a solução que se procura
Encontra-se em total facilidade, E logo que se saiba cedo alcançam Aqueles que conhecem a amizade...
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Estranha claridade resplandece Invade de belezas, minha casa... Não há pecado algum que se confesse, A luz que se propaga, mansa, abrasa.
O breu do meu passado já se esquece Em meio a tanto lume, tanta brasa... A negra escuridão, clara, fenece. O pensamento livre criando asa...
Que estranha claridade enfim chegou? Procuro ver sentido em tal delírio. Meus olhos alumbrados, bom colírio...
Mas essa claridade, nunca estampo; Dormindo ao mesmo tempo que acordou: É brilho mais fugaz dum pirilampo! Marcos Loures
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Estradas que percorro no trabalho Qual fossem tempestades, complicadas. Em curvas, pedregulhos, me atrapalho Assusto-me com chuvas e guinadas.
No barro me atolando, sem saída, Procuro a solução destes problemas, Ao voltar para a casa, a despedida, Refletem nos teus olhos, meus emblemas.
Eu sou um pobre ser apaixonado Que vive para amar quem bem me quer, Querendo retornar para o teu lado, Revivo teus desejos de mulher.
E rezo pela volta num instante, Lembrando de teus olhos, minha amante...
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Estradas poeirentas do sertão, Nas margens desse rio em que me lavo A rosa que me deste inda em botão, Aquela que brigou com pobre cravo...
Vermelha representa uma paixão, Amor que sempre soube foi bem bravo. No vento, esparramar boca-leão... Amor com solidão, nunca alinhavo...
Estradas poeirentas, nunca chove... Amor que não confesso, se remove. A dor de não saber onde é que estás.
O brilho de teus olhos, meu farol.. Estradas poeirentas sob o sol, A vida me carrega e vou atrás! Marcos Loures
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Estradas bifurcadas geram medos... Os erros que passamos nos ensinam, Aprendemos saber destes segredos, Futuros joviais se descortinam...
A volta perigosa é um martírio, As gralhas devoraram a nação... Nossos pobres herdaram só o lírio, Multiplicam, enfim, o peixe e pão!
As urzes não impedem caminhada, Devemos ter em mente uma certeza. Prá frente é que se segue nessa estrada.
O retorno traduz dor e tristeza... Um caminho na estrada bifurcada, Promete ser repleto de beleza... Marcos Loures
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Estrada tão florida em que passeio Depois de conhecer teu colo amado, Beijando calmamente sem receio, Encontro-me por fim, extasiado.
Nesta delícia imensa em cada seio, Não quero mais lembrar do meu passado. Qual rio que percorre novo veio, Qual mar que vai, enfim, iluminado...
Dourando meu desejo no teu colo, Queimando neste ardor que nunca cessa Vertendo nosso amor em pleno solo,
Além do que pensara conseguir, Amar e ser feliz, não é promessa, Prazer que é tão gostoso de sentir....
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Estrada mais suave e mesmo bela Depois de cada curva do caminho Vontade de seguir e não retê-la, Mas temo prosseguir em vão, sozinho.
A mão que maltratada já revela A dor de não ter sonhos ou carinho Destino cavalgando, trama a sela E sela o grande amor onde me aninho.
Mergulho o quase fui no nada tenho E somo estes vazios, chego a ti. Apenas os segredos que retenho
Ainda vão mostrando que perdi Meu rumo nos teus braços, lua amarga, Minha alma nada fala, a voz se embarga.. Marcos Loures
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Estrada empoeirada, tão distante, Seguindo sempre a esmo, sem chegada. O rumo que procuro: sempre adiante, Para onde irei? No fundo eu não sei nada
Num futuro sonhei por um instante Mas a vida mostrou como era errada E cega essa visão toda embaçada. Percebi, sei que tarde: ela é mutante...
Não quero mais ninguém à minha espera, Nem pai, nem mãe, amores, sina ou fado... As curvas dessa estrada, torpe fera...
Sem ter ninguém nem nada, des’perado... Coração abrindo uma cratera Sem teu amor? Morrer- rumo traçado.. Marcos Loures
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Estrada cujo norte às vezes nós perdemos Trazendo algum lugar por onde não passei, Um mundo bem diverso, ao qual não alcancei Mostra-nos, minha amiga; o quanto não sabemos.
Nas curvas do caminho, o pouco que inda sei Permite que se tente em busca de outros remos, Mas mesmo assim; perceba o quase nada temos. Fazenda da amizade a nossa norma e lei
Quem sabe, companheira, o dia virá manso. No quanto que desejo o quanto não alcanço. O quanto que pretendo, ouvindo o mesmo não.
Porém conto contigo, amiga verdadeira, No braço que se estende; o rumo e a direção. Deixando para trás a sorte trapaceira...
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Estou te procurando a vida inteira Em tantas desventuras que encontrei Na busca da emoção mais verdadeira Mudando em alegria o que passei.
Encontros, desencontros; nada sei Apenas te dizer da derradeira Esperança que um dia eu cultivei, Entregando-me assim a quem me queira.
Recebo em teu carinho, um vento manso, Promessas de um encanto sem ter fim. O tanto que sonhei agora alcanço
E vejo a vida em olhos benfazejos O amor que se irradia dentro em mim Alcança a plenitude dos desejos...
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Estou sempre contigo em pensamento Morena desejada e tão sublime Por mais que noutros campos eu estime Em ti encontro paz e sentimento.
Eu teimo em cada gesto demonstrar Que tenho mais amor do que tu pensas, Quem dera se pudesse naufragar Meu corpo nos teus braços. Noites densas
De tantas alegrias desfraldadas, Palavras e sentidos que trocados Andando pela vida de mãos dadas.
Quem sabe um dia enfim tu acredites E venha ter comigo, mesmos fados Amor que brilhará sem ter limites.... Marcos Loures
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Estou jogado,um canto e nada tenho... Sequer o brilho falso, teu sorriso... Não me resta sequer último aviso, Amputa-me cortante , fatal lenho...
Não me bastou meu tolo, rude empenho, Me sobram sombras, quedo-me sem piso... Pouco a pouco perdendo todo o siso, Do pouco que restou de luzes, venho...
Solitário, recebo tal bafejo, A fera contumaz, me traz desejo. O desejo final, única sorte...
Abandonado, vesgo de esperanças, Os meus repastos, fétidas lembranças... Quem dera adormecer, teus braços, Morte!
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Estou ficando velho! Uma tolice Qualquer já me maltrata, o que fazer? Não posso suportar disse-me-disse Há tempos já não sinto mais prazer.
Sonhava desde minha meninice Com quem talvez pudesse sempre ter O gozo que esta idade, assim, desdisse Nos braços da morena me perder...
A vida se tornando muito amarga, A voz que de teimosa já se embarga Nem mesmo um novo amor vem e consagra.
Que faço se esse troço nunca sobe No Rio de Janeiro ou em Nairobi, - Tu tens para vender algum Viagra?
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Estou ficando velho e tão ranheta, Já não suporto mais falar do amor, Que com a idade perde o seu vigor, E a vida passa, rápido cometa.
Quem sabe noutro tempo se completa, Mas isso é um mistério a se propor. Importa-me saber se aonde eu for Serei algum arqueiro, ou arco ou seta.
Ao recolher as urzes, percebi Que nada que eu buscara encontro em ti, Espinho disfarçado em bela rosa.
Os cardos que eu colhi, coleciono, Legado deste amor, puro abandono, Uma alma a desfilar velha andrajosa... Marcos Loures
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Estou feliz, não nego e nem mereço... Sorrio calmamente, rio e mar... Amar, armando o sonho onde tropeço Nas nuvens que choveram sem parar...
Também deste mormaço que trazia O dia se iludia e nada vinha... Fuligem na minha alma se escondia, Farta dessa vida tão sozinha.
Certezas dos amores ledos erros, Enganos e verdades confundidos... Montanhas de desgostos, meus aterros, Versifico meus medos escondidos...
Embora ser feliz não seja um ópio, Felicidade: amor; mesmo que próprio...
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Estou em desatino em louco desengano, Se por tão longo tempo, amor em mim durara, A vida desditosa, a morte me prepara. Amor um sentimento enorme e soberano!
Por tantas vezes tive a certeza deste plano Que a sorte preparou, delicadeza rara, De ter essa mulher que nunca me enganara Em toda eternidade; amor total, me ufano!
Destino traiçoeiro inocula o veneno Da serpe solidão! Amor foi tão pequeno; Sem base, sem raízes, que logo se acabou...
Adeus já me permite um vago sentimento, Quem fora minha sina, espalha-se no vento... Não foste qual Raíza, o mundo desabou! Marcos Loures
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Estou em cada verso que te faço, No vento que te toca mansamente, Aos poucos ocupando cada espaço, Até chegar a ti, completamente.
Estou no teu sorriso, teu abraço, Estou na tua boca, sou premente, Vivendo nosso amor, tu és o laço Que está na minha vida, totalmente.
Tu és meu sonho bom e preferido, O canto que pretendo em liberdade, Meu mundo no teu mundo decidido,
Trazendo todo gesto mais preciso, Colhemos nosso amor/felicidade. Portando para a vida, o paraíso...
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Estou com o meu pé beirando a cova, Pois isto me permite ser sincero, Se eu tenho desde sempre o que mais quero, Eu não suportarei do tosco, a sova.
Palavra sem ter freio já desova O corpo do imbecil cadáver fero E quando nos seus ódios me tempero, Eu nunca me porei, de novo à prova.
Sou poeta. Isso basta para mim, Milhares de roseiras no jardim Floriram e depois até murcharam,
Mas me lembro do aroma delicado Que pela cercania e em cada prado, Durante tantos anos espalharam...
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Estou a te esperar faz tanto tempo Que nada impedirá de ser feliz Nem tempestade, medo ou contratempo
Tampouco uma ferida em cicatriz. Amar não é, querida, passatempo É tudo o que sonhei e sempre quis...
Estar contigo agora, a vida inteira, Ouvindo uma canção mais otimista, A sorte e a fantasia companheira, Querida, por favor, jamais desista.
Contigo noite e dia, sempre estou, Por vezes te pareço mais distante... Não foi um outro amor que me enlevou Apenas teu olhar estonteante...
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Estiveste ao meu lado nesta noite Sentindo o teu respiro, adormeci, A proteção divina nos acoite Na luta que expressamos, por aqui.
Meus veros sentimentos, liberdade, A voz não se cansou de repetir. O que esta vida em gestos de amizade A cada novo tempo vai pedir.
Nos olhos marginais, nossa bandeira, Nos campos, nas estradas, nas vielas. Na luta que se faz mais verdadeira, Em todos os cortiços e favelas.
A luz de um novo tempo vai brilhar Somente quando a fome se aplacar...
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Estás presente, amada, em cada verso Que faço num momento de alegria, O mundo sei que outrora foi perverso, Porém um nosso sonho nasceria,
Riscando num momento este universo, Fazendo deste amor em parceria, O canto em alvorada que bendigo, Amor que há tantos anos eu persigo.
Chegando de mansinho junto a ti, Recebo o doce vento da esperança, Não quero mais saber do que perdi
Se um novo alvorecer amor alcança. Depois que em alegria eu conheci Alguém que me convida para a dança... Marcos Loures
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Estás mais atrevida. Até que enfim! Fechada em copas? Penso, nunca mais A rosa mais bonita do jardim, Perfumes, mesmo espinhos, sensuais.
As pernas da morena torneadas, Desejos que caminham semi nus. Nas blusas com malícia decotadas, Os olhos com prazer, querida, eu pus
E ao ver nos teus requebros, a vontade De ser além de um simples namorico, Rompendo dos pudores qualquer grade, Querida desde agora quero e fico.
A noite pode ser uma criança, Porém; na nossa cama: só festança! Marcos Loures
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Estás em minhas mãos como uma oferenda Ao deus que se fez lúbrico e voraz. Segredo deste encanto se desvenda Num toque em sedução, suave, audaz.
Percorro insanamente cada senda, A fonte dos desejos, amor traz Recolho com prazer divina prenda E encontro finalmente, amor em paz.
Decifro os teus enigmas te moldando Com fogo ao mesmo tempo claro e brando Chegando à perfeição de uma escultura
Forjada em poesia e sedução. Lavrando com ternura cada grão O amor tais maravilhas emoldura...
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Estás dentro do peito de quem ama Estrela radiante que me guia Fazendo desta vida, fantasia Avivas com carinho; intensa chama.
A vida sem ter, temível drama, Loucura transtornando, uma agonia. Viver eternidade a cada dia Raiando a poesia, nossa trama.
Estar junto contigo é ser feliz. Roubando do luar, claro matiz Argênteo labirinto da esperança.
Traduzes a alegria em que se diz Beijando tua boca, eu bem que quis Forjar em tuas mãos, nossa aliança... Marcos Loures
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Estás dentro de mim há tantos anos Embora não soubesse aonde estavas As almas que das almas são escravas Imersas nos naufrágios soberanos.
Por mais que talvez sejam só enganos Ao solidificar bravias lavas O solo bem mais fértil demonstravas Tramando desde sempre os mesmos planos.
No inconsciente estás desde o começo És ópio que domina o meu sensório. Além do que pensei ser ilusório
Encontro em ti dos sonhos o endereço Revendo cada fato inconsciente Revivo o que não tive, de repente... Marcos Loures
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Estás aqui no peito bem guardada, Aninho meu amor sempre a teu lado, As mãos que sempre acenam são de fada, Meu coração por ti, apaixonado...
Estrela languescente cravejada De puro diamante, és o meu fado. Te canto na manhã ensolarada, Teu brilho que é por Deus direcionado
Atinge o coração desse mineiro, Entranhado na dor da solidão. Com olhos e perícia, garimpeiro
Que encontra esta pepita bela e rara. Meu verso transbordando em emoção, Catar teu nome, amada nunca pára...
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Estarei sempre aqui querida amiga, Em cada novo tempo que virá, A sorte de teimosa já periga Mas sei que novo sol assim virá
Trazendo uma manhã que nos abriga E o canto que por certo espalhará A força da ternura tão antiga Que nem a morte em vida calará.
Não temos outro mote senão vida Em toda plenitude, companheira, Por mais que seja dura esta saída,
Por mais que não nos deixem quase nada, Se temos nossa luta verdadeira, A vida há de ser nossa camarada...
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Estar sempre em teu sonho... Uma delícia Que mostra quanto é bom estar contigo. Em teu rosto tão calmo, uma carícia Calada num sorriso; mal consigo
Conter minha vontade e com perícia Eu beijo com ternura e assim prossigo... Teus lábios se mexendo com malícia Os braços tu me estendes... Nada digo.
Apenas me deitando do teu lado, E nós recomeçamos nosso jogo. Aos poucos no caminho vislumbrado
Acendo meu desejo ardente em fogo. Depois, enamorado, então te abraço... E sonho colorido, nem disfarço... Marcos Loures
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Estar sempre a teu lado, companheira, Vibrando nos meus versos tal ventura Que possa te lembrar a vida inteira Que tudo se começa com ternura...
Não queiras que estas águas peregrinas Movendo tais moinhos da saudade, Te tragam tantos sonhos de meninas Que dormem no teu peito, em liberdade...
Crianças na verdade são libertas O vento tão medonho não soprou Mantenha as esperanças sempre alertas, Perceba que o futuro já chegou.
E veja como a vida tanto brilha, Se leres da amizade, esta cartilha...
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Estar junto contigo sem temores, Fazendo do prazer nossa morada, Uma alma se encontrando desarmada Entrega-se sem mágoas ou pudores.
Vibrando com divinos estertores, A deusa delicada desbravada, Na loca com firmeza penetrada Os fluidos maviosos, redentores.
Não respeitando mais qualquer fronteira, Comendo esta maçã que quero inteira, Até que o gozo venha e satisfaça
Roçando a tua pele com a minha, Sentir que insano orgasmo se avizinha Gritando feito louco em plena praça...
93
Estar contigo, creias é ter mais perto Dos olhos sonhadores de um poeta O rumo que talvez pareça incerto Porém em cada estrela se completa.
Quem tem o coração audaz, liberto, Concebe da esperança rumo e meta, Seguindo sem destino, não desperto Do sonho transformado a cada seta.
Mergulhos em mim mesmo dizem nada, Varrendo assim o pó, curvas esqueço. E mesmo que inda tenha algum tropeço
Eu bebo, tresloucado, a madrugada. Rasgando em cada verso a vil mortalha, Minha alma pelo espaço já se espalha... Marcos Loures
94
Estar aqui contigo Vivendo esta alegria Amor no qual me abrigo Desejo em que se cria
Um sentimento amigo Trazendo com magia O mundo que persigo Verdade e fantasia
Teus beijos são promessas De dias benfazejos No sonho em que confessas
Além de relampejos Vontade de se dar Entregas ao luar... Marcos Loures
95
Estando do meu lado, a vida inteira, Não há o que temer, eu te garanto. Vencer uma tristeza corriqueira Calar com alegria qualquer pranto
Mostrar quanta esperança sobrevive Depois da mais temida tempestade. Colher experiências de onde estive Cevar a fortaleza da amizade.
Criar e respeitar diverso espaço Saber quanto é possível ser feliz Sem ter a força estúpida do laço, No amor a escravidão se contradiz.
Assim, no amor que faz seu jubileu Felicidade enfim se conheceu...
96
Estando assim contigo Não há constrangimento, Percebo, meu amigo, A maciez do vento,
Afastando o perigo, Tomando o pensamento. Sorrir até consigo, Ao menos, num momento...
Em total confiança Amizade se faz, Mesmo se a dor avança
Garante nossa paz, Decerto uma esperança Amizade nos traz...
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Estampo este sorriso em ironia, Sarcásticos tormentos que eu exponho, Medonhas fantasias, sou tristonho Enquanto forjo alegre, a poesia...
Apenas tua sombra inda me guia, E tento disfarçar em torpe sonho, O verso em calmaria que componho, Somente uma expressão, alegoria...
Pesando em minhas costas velha cruz, Nos corpos que se deram, frágeis, nus Intensa rebeldia da esperança.
Permita-me dizer em mansa voz Calando a tempestade amarga, atroz Vestindo-me de falsa temperança...
Marcos Loures
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Estampam perfeição de raras trilhas, Palavras proferidas, tão serenas. Distante dos teus braços, léguas, milhas, Eu vejo no horizonte raras cenas.
Caminho para a sorte, em noites; abres Tocando em maestria esta canção. Cansado das feridas, velhos sabres, Aberto está decerto o coração.
Ouvindo esta sonata benfazeja Estendo os meus olhares para ti. Permites que eu vislumbre e mesmo veja Um eldorado em glória feito aqui.
Do tanto que eu te quero, já repito Amor quebrando o medo, vil granito...
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Estampa luzes tais, iridescentes Deixando para trás noites escuras, Os dias sem te ter vão penitentes, As horas já não passam; tristes, duras,
Teus braços como raios envolventes Garantem caminhadas mais seguras, Teus olhos que me guiam, reluzentes, Banhando cada passo com ternuras.
Carícias se derramam como lavas, Minha alma ganha espaço e vai sem travas Encanto em alegria se pressente.
Não quero estar distante de teus passos Amor tomando assim tantos espaços Invade o coração de toda gente... Marcos Loures
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Esta ilusão deveras quase morta Trafega nos meus olhos capotando O sonho em que meu canto já se aborta O vento num segundo vai mudando
O quanto em esperança amor aporta Não deixa mais sequer vir deslumbrando Um mundo em que a alegria anunciando Arromba com destreza cada porta.
Uma tristeza imensa trama a sina De um pobre trovador em noite fria. Remendos do que fora poesia
Estendem seus vigores. Alucina A voz de um menestrel enamorado, Trazendo os meus escombros do passado. Marcos Loures
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