
MEUS SONETOS VOLUME 059
Data 07/12/2010 08:44:34 | Tópico: Sonetos
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Em tais primores, sigo em novo Fado, Alçando em fantasia uma esperança, No corpo da mulher, extasiado, A noite em calmaria, logo avança, Quem teve seu destino alvoroçado Pelo corte profundo desta lança
Pressente que terá um novo aspecto A vida que no amor, fronte levanta, No sonho mais divino me completo, A dor se amaldiçoa, enfim se espanta, E sinto-me, deveras mais repleto, Nesta emoção que eu quero, rara e santa
De poder conceber mesmo ilusão, Frondosos arvoredos da paixão...
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Em sonhos alvos, belos me perdi, Pensei que um dia fosse mais feliz. Distante deste sonho, estou aqui, Obedecendo amor que um dia eu quis
E vejo se escondendo atrás da porta, Fugindo de meus braços, dos meus olhos. Uma esperança frágil, velha e torta, Recolhe em meus caminhos, tais abrolhos.
Porém ao persistir dentro de mim, Balbuciando o sonho que eu tivera, Restolho do que tive, mesmo assim, Apascentar o amor, terrível fera,
É ter uma ventura em fio d’água, Nascendo de um olhar, pleno de mágoa...
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Enquanto o ferormônio faz efeito, Deixando-me faminto e inebriado, Eu quero o teu amor de qualquer jeito, Gostoso, sem juízo, assim, safado.
Batendo bem mais forte no meu peito, Num ritmo sem igual, acelerado, Sentindo-me deveras satisfeito, No gosto em que se dá maçã, pecado.
Fazendo um corpo-a-corpo, esta eleição Já causa em meu amor, revolução Esquenta toda noite, nega o frio.
Sentindo este perfume vou à caça, Aranha mais gulosa vem e traça Justificando assim, aroma e cio... Marcos Loures
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Enquanto o coração, amor orquestra, Eu ouço a sinfonia dos desejos, A mão que em poesia se faz mestra Permite muito além destes lampejos.
E o velho sentimento não se adestra, Tampouco do passado, medos, pejos, Na harmônica beleza de uma orquestra Prazeres são comuns, até sobejos.
E a musicalidade dita o tom, Saber que isto é possível, mais que dom, A saga de um sincero sonhador,
Que vive tão somente por saber Beber da fantasia e do prazer Erguendo um brinde farto ao Deus-Amor...
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Enquanto nosso amor, farto, deleita, Viajo pelas ternas sensações Temática insensata das paixões Estática minha alma nesta espreita
Minha alma de tua alma segue aceita Mostrando destes ventos, direções Enfrento com firmeza os furacões E a lua enamorada em raios deita.
Aguando esta alegria sempre alcanço O bem que mais queria num remanso Guardando as fantasias no meu peito.
Amor que se completa e se irradia Tornando abençoado cada dia, Decerto em harmonia, amor perfeito... Marcos Loures
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Enquanto nos acalma, me incendeia Roubando toda a paz, tranqüilidade... À beira deste mar, em plena areia, Encontro esta mulher qual divindade,
Encantos me reportam à sereia Que em sonhos me mostrou felicidade. A lua que te beija, enorme e cheia Reflete no luar a claridade
Que emanas – minha deusa- a cada dia, Transbordas a beleza em poesia Espelhas cada raio sobre mim.
Floresce em poesias a manhã Fazendo da alegria o meu divã Emerge entre lençóis, seda e cetim. Marcos Loures
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Enquanto não vierem tempestades Enquanto o nosso canto persistir Enquanto se viver felicidades Enquanto a triste noite não surgir.
Enquanto nossos braços forem fortes Enquanto nosso amor for mais valente. Enquanto não perdermos nossos nortes Enquanto eu te fizer feliz; contente.
Enquanto nossas luzes rebrilharem Enquanto a solidão dorme, calada... Enquanto nossas bocas se sonharem Enquanto te sentires tão amada.
Enquanto em nossa vida, tanto encanto. Enquanto eternamente, sempre e tanto...
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Enquanto me trouxeres esperança Prossigo com meus versos mais singelos. Meu peito inda guardando uma criança Espelha tantos sonhos, os mais belos...
Das conchas que brincava em nossa praia, Embora não soubesses quem eu era, Saudade deste tempo nunca traia Pois fomos dois amantes em outra era...
Te encontro sorrateira e calmamente, Depois de tantos anos de procura... Outono na minha alma não desmente O sonho que vivi, tanta ternura...
Entendo se não queres meu amor... Mas lembres, noutras vidas, onde for...
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Enquanto me enlouqueces Com tanto amor, querida Tu me rejuvenesces Mudando a minha vida,
Destino que tu teces Na senda colorida Amor quando obedeces Estampas a saída
Que tanto procurei Em meio à tempestade Vivendo nesta grei
Eu sei felicidade, Amor que eu encontrei Traduz a claridade. Marcos Loures
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Enquanto mais além eu vou sonhando Com dias benfazejos que virão, Percebo o teu olhar, querida, quando Acende no meu canto uma emoção.
Viver o tempo inteiro na procura De um dia que, decerto, me trará A paz que toda dor, amiga, cura No dia mais feliz que chegará.
Recebo com carinho e liberdade O vento da alegria que me trazes, Na força e no poder de uma amizade A vida nos transforma em áureos ases
Alçando em nosso canto, um infinito No canto que se escuta, mais bonito.
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Enquanto luz me banha corpo e mente Algo entre nós merece que se diga Embora tantas vezes não comente Demente; vou bem fundo e quero briga.
Abriga neste escuro cada grão Semente que me encanta enquanto rega Apega-se à pegada em precisão; Entrega -se, afinal andando cega.
No fundo o que não tenho; o que desejo. Gritando para todos; falsas tendas Armadas nos desertos, neste ensejo Ganhando bibelôs, bijus e prendas.
Falsária que se omite no perigo, Amor vai sem motivo e nega abrigo... Marcos Loures
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Enquanto jamais seque, o poço, a mina, Amor nos erotiza e nos protege, No sonho que em loucura já se rege Deslumbra, provocante e nos fascina.
A solidão de alguns, cruel herege, Censura tão venal, nos determina, Enquanto amor indócil nos elege Um solitário estúpido alucina.
Adentro a doce furna inigualável Encontro ancoradouro desejável E sigo minha sanha prazerosa.
Sentindo o teu aroma sobre mim, Perfume delicado que sem fim, Expressa a delicada e rubra rosa... Marcos Loures
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Enquanto houver escravos e senhores E o joio que tão próximo do trigo Espalha escuridão entre os alvores, Causando a tantos seres, desabrigo.
Cativo das vergastas, sem pudores, Espécie condenada, que em perigo Aumentando do inverno, seus rigores, Eu tento ver a luz, mas não consigo.
Embustes, ilusões, falsos profetas, Do fim anunciado, estas cornetas, Os ricos rapineiros proxenetas
Em poses tão sutis quanto diletas Vendendo a carne humana em cada esquina, Humanidade fútil se alucina... Marcos Loures
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Enquanto eu envelheço as ilusões, Nem mesmo uma esperança mitigando, O quanto desejei ser claro e brando, Os medos? Guardaria nos porões.
Colecionando apenas decepções Os reinos que sonhara desabando, O medo de morrer se aproximando, A chuva derrubou meus barracões...
Frustrante é ter nas mãos, o seu destino, Perdê-lo numa curva e não saber Que ainda existe um sonho para crer,
Brandindo um verso tolo de menino Que um dia imaginou ter livres asas E morre sem conter chamas ou brasas...
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Enquanto esta alegria nos desperta, A porta do desejo escancarada Permite que tenha alvoroçada Tanta vontade que em verdade alerta.
Fazendo no teu corpo a descoberta Da sorte que busquei, engalanada Ultrapassando antiga paliçada O sofrimento aos poucos nos deserta.
Partindo do princípio que te quero, O verso que me fazes se sincero Promete um novo tempo de partilha.
Palavra acalma a sensação de frio, Deixando ao léu um coração vazio Demonstrará em farto amor a trilha... Marcos Loures
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Enquanto em solilóquio busco a paz, Sombrias madrugadas adentrando, A lira de um cantor, longe ecoando, Alcança o coração triste e voraz.
E o som encantador que a noite traz, Às vezes em allegro, às vezes brando, Ternura pelos quartos espalhando, Numa expressão suave, mas audaz,
Desejos espelhados no meu rosto, O amor em plenitude assim exposto Pressente um novo tempo em minha vida...
O vento benfazejo adentra a sala, Minha alma extasiada, céus escala, Deixando no passado a antiga ermida...
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Enquanto os meus segredos tu desvendas, Eu sigo peito aberto e destemido, Tristezas são decerto simples lendas, Destino em teu amor; sinto cumprido. Não quero suportar antigas vendas, Agora o céu se mostra colorido.
Mosaico multicor, caleidoscópio, De todos os desejos, eu garanto, O amor tem seu caminho todo próprio, Mostrando ser possível raro encanto, No doce de teus lábios o meu ópio, Girando o tempo todo em cada canto.
Prazer inesquecível quando alcanço O sonho em que perceba este remanso.
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Enquanto os corações felizes cantam Do céu se espalham raios em cristal, O quanto os sentimentos já se encantam Permite a claridade magistral.
Amor que em pura essência traz a graça Delicadeza extrema em liberdade. A vida nos teus braços calma passa Deixando um rastro pleno em liberdade.
Vestido de desejos, em lascívia Amor se torna audaz e convulsivo, Manhã que se aproxima, clara e nívea Trazendo em perfeição um lenitivo
Calando esta geleira, solidão, Mudando destes ventos, direção. Marcos Loures
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Enquanto o teu desejo ele cobiça Minhas vontades trazem calmaria. A barca que se mostra em alegria Nos ventos deste sonho, amor se viça.
Embora em alegria vã, postiça. O beijo em despedida me dizia Do gozo que jamais se concebia Depois de inglória luta e falsa liça.
Não quero o sofrimento do vazio, E mesmo que não seja o que pensei, Amor vai dominando a minha grei
E mesmo que insincero, nele eu crio Um Eldorado tolo e sem proveito. Na fantasia inútil eu me deleito... Marcos Loures
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Enquanto o pensamento não desertas Não posso prosseguir, eu te asseguro. As horas vão passando sempre incertas Proliferando em mim o céu escuro.
Eu juro, até com juros cada dívida E pago se puder, ao fim do mês. A noite solitária segue lívida Vivida a fantasia morre rês.
Restando na parede o vão sorriso Que um dia retratou felicidade. Num vai e vem terrível, sem aviso Eu sinto o cheiro amargo da saudade.
Quem há de condenar quem já sentiu Amor que se fez muda e não pariu... Marcos Loures
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Enquanto em minhas mãos deusa profana, Escrava que domina o seu senhor, Deixando para trás qualquer pudor A puta que se entrega tão sacana.
Dos gozos e vontades, soberana, Marcada a ferro e fogo, num louvor. Diversa maravilha a se compor Quem te vê sedenta já se engana.
Depois de uma explosão louca ferina Transforma-se em meus braços na menina Cansada, assim exausta, mansa presa...
Atada com correntes, serva preza Vergastas que maltratam e contundem. O mel encontra o sangue e se confundem...
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Enquanto em mansidão o irmão afagas, Operas um milagre com certeza, Por mais que assim se distem várias plagas Na força da amizade, a correnteza
Que leva enquanto busca doces vagas Capazes de trazer tanta beleza. Desejo tão somente que me tragas A cada novo tempo mais leveza
Sabendo o quanto quero estar contigo, Meu verso se tornando mais amigo, Sem servos e nem amos, pois iguais
Meu tempo de viver nossa aliança Permite que se veja uma esperança Forrando em alegria os meus bornais... Marcos Loures
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Enquanto desamparas e não caio Eu vejo que inda posso ser feliz. Se, de fininho e quieto agora eu saio, Não quero dentro da alma, cicatriz.
Disfarças com sorriso ou com desmaio No fundo eu sei o quanto é boa atriz Juntando amor e dor neste balaio Ao mesmo tempo afirma e já desdiz.
Se eu tenho alguma chance, pulo fora, O peito em solidão não se demora E bate pelo olhar de outra morena.
Dispara sem juízo antes que estrepe Amor eu não fui feito para estepe Na curva da esperança outra me acena... Marcos Loures
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Enquanto claudicante, me antepara A mão deste desejo inesgotável No qual o peito amante já dispara Encanto que eu queria interminável.
Sentindo o teu perfume junto a mim, Eu tenho esta certeza que me move, Chegando mansamente vou ao fim, Que a vida; da alegria farta, prove.
A luta que tivemos; sei, foi tanta, Amor de qualquer jeito vale a pena. No quanto a fantasia nos encanta Floresce em perfeição jasmim, verbena...
Eu posso te falar e embaixo assino, O bem querer mudou nosso destino... Marcos Loures
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Enquanto bem mais forte o sentimento Vibrando de emoções não mais sossega, A gente na verdade já se apega Vivendo em plenitude este momento.
Do todo quero a soma e não fragmento Desenhos que se espalham numa entrega Vagando pela noite amor navega Ultrapassando em paz qualquer tormento.
Decifro os teus sinais e deles traço A sensação que expressa cada laço Dizendo deste interminável sonho.
Querências são sinônimos de vida, Por isso é que te tenho tão querida Num quadro sem igual que ora componho... Marcos Loures
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Enquanto as alegrias disfarçavam E os dias mais felizes nunca vinham Palavras benfazejas se buscavam Aonde as emoções já não convinham,
Caminhos em tempestas se tornavam. Mas nada no final ainda tinham, Palavras que em saudades demonstravam O quanto em fantasias não sabiam.
O verso se tornando mais audaz No quanto meu desejo satisfaz A boca que beijara em noite fria.
Agora tão distante da verdade Apenas desfilando esta saudade Que ao mesmo tempo é forte, mas vazia... Marcos Loures
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Enquanto Amor vencer sempre a Razão, Encontrarei teus rastros, lua e estrela, Paisagem sem igual, eu posso vê-la, Espelho do que sente o coração.
Não vejo o meu caminho sendo em vão, A força em sentimento se revela, O barco da esperança abrindo a vela Encontra no teu porto, atracação.
Engajo os meus quereres em teus braços, Num acalento manso e tão suave, Não tendo qualquer pedra que o entrave
O Amor estreita sempre os velhos laços, Os astros que desfilam num cortejo Expressam deste sonho, o seu desejo... Marcos Loures
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Enquanto amor deveras me desperta Relembro desta rua abandonada Deixada no passado, vã deserta Aos braços da saudade malfadada.
Janela há tanto tempo descerrada Impede que eu consiga penetrar Nos braços da princesa imaginada Jogada num terrível lupanar
A rua aonde amor, frágil, nasceu Agora se transforma em simples beco A voz que tantas vezes se perdeu Distante não produz sequer mais eco.
Quem dera se eu tivesse um canto amável, Tornando o nosso solo mais arável.
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Enquanto a vida traz tristes momentos, Eu tenho nos teus braços, meu abrigo; Trazendo lenitivo aos sofrimentos. Feliz de quem tiver um bom amigo.
Num verso tão sincero, agora eu digo Nas horas mais difíceis, nos tormentos, Eu posso então contar sempre contigo, Dos passos mais audazes, os sustentos.
Uma amizade é ponto de partida Ao mesmo tempo um cais, se necessário, Por isto neste teu aniversário,
Eu louvo com certeza, o bem da vida, Sabendo que estarás comigo. Enfim, Tu és o de melhor que existe em mim... Marcos Loures
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Enquanto a poesia me desbanca Jogando as cartas todas sobre a mesa, Usando da palavra com destreza Quebrando no final, a velha banca.
Embaralhando a sorte se desanca E tudo nunca passa de surpresa, Quem sabe deste jogo logo reza E a mula da esperança vive manca.
Jargões desperdiçados, estribilhos Amores preconizam camas, filhos Mudando a direção de nossa vida.
Porém não quero mais saber da faca Meu corpo vai colhendo o que se atraca Da bola muitas vezes dividida. Marcos Loures
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Enquanto a paciência morre ou míngua O tempo nos ensina a resistir, Luz quer obscuridade? Não extingo-a E deixo como um rastro ao bom porvir.
Defino poesia, língua e voz Alcanço cada passo que permita Sentir-me mais audaz e mesmo atroz Tentando lapidar qualquer pepita
Que possa, transformada, dizer jóia Na perolada estrada que deixaste. Por mais que isso pareça paranóia Não tem a velha Tróia por contraste
Moendas e moinhos; resta o pó Deixado sem perdão, temor ou dó...
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Enquanto a noite passa, tempo se finda E tudo que eu tentara foi em vão, Buscara no infinito a solução A morte que eu temera, hoje é bem vinda.
E mesmo que conceba a luz ainda, No tudo que eu tentara, simples não. O beijo deste sol diz solidão Minha alma com tristezas; teima e brinda.
Servir aos meus propósitos? Não mais. O parto anunciado é vago aborto, E aos sonhos sem proveito; tolo, exorto
Sabendo que jamais verei o cais, O rumo se perdendo noutro porto, Alento num cenário frio e morto...
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Enquanto à noite o sol se refugia A lua sertaneja adentra a porta, Espero pelo albor de um novo dia, Saudade não me deixa, mas conforta.
Na madrugada entregue à ventania O frio se aproxima e já nos corta. Teu nome, o pensamento balbucia, Imagem que pensara estar já morta.
Apenas, tão somente uma carcaça Vagando em noite amarga, solidão. O tempo vai correndo, a vida passa
O dia nunca chega, quem me dera Vivendo além da simples ilusão Rever em meus jardins, a primavera... Marcos Loures
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Enquanto a melodia se repete Fazendo estardalhaço em meus ouvidos, O amor que outrora foi uma manchete Agora se confunde em mil gemidos.
Os templos da esperança revolvidos, O jeito é disfarçar com os confetes Se os livros na verdade não são lidos Eu lido com fantasmas de vedetes;
Nos jargões e estribilhos; bulimia; Vomito sem talento a poesia Alquebrada entre noites mal dormidas
Urubu; vou chamando de meu louro, Vergasta do carrasco rasga o couro Quem dera cicatriz, mas são feridas...
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Enquanto a mão terrível executa Promessas que já foram fabulosas Tornando-se temíveis, nebulosas Expressam em derrotas, fria luta.
Incógnita, mergulhas nesta gruta Que leva às solidões tão caprichosas, Espinhos sobrepostos sobre rosas Raquítica emoção, audaz e astuta.
Nevrálgicos caminhos de um amor Que há tanto se fez forte e sedutor E agora morre lento e sem saída.
Molambos de nós mesmos, somos frágeis Enquanto olhos mortiços, duros, ágeis Dominam o que resta em nossa vida... Marcos Loures
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Enquanto em regozijo vejo a lua Argêntea companheira de boemia Tomado por paixão mais que eu queria Vagando bar em bar em cada rua.
O sonho em realidade, continua Vertendo um mar imenso em poesia Legando ao que passou, dor e agonia, Minha alma se elevando chega à tua.
Atuas como um anjo, um querubim, No zéfiro dos sonhos, chego enfim Ao paraíso feito em ricas sedas.
Vislumbro este portal entre veredas Num ato delirante, vou ao fim Florindo em fantasias, meu jardim... Marcos Loures
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Enquanto em noite clara tu sorrias, Deitada sob a lua fascinante, O amor ao penetrar as fantasias Derrama o seu prazer no mesmo instante.
Apenas da nudez tu te vestias, Paisagem tão sublime e provocante. Vertente de loucuras e alegrias, Desejo me treslouca, fascinante.
Volúpia que transtorna em tal calor, Fartando-me deveras de ternura, Ao ter junto comigo o que procura
Minha alma neste erótico louvor Expressa esta vontade incomparável De um templo feito em gozo, insaciável...
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Enquanto em noite calma tu dormias, O tempo preparava viração, Ao longe, variadas melodias Tocatas inundando o coração.
Arcanjos em sublimes harmonias Esplêndida e suave, uma canção, Perdendo-se em palavras tão sombrias, As nuvens agrisalham a amplidão.
Tempestas destruindo uma falua Enquanto uma ilusão, vã, continua A lua se escondendo, nada vê.
O tempo de sonhar já não existe, A madrugada chega fria e triste Sem nada que apascente, sem porquê....
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Enfrentamos, na vida, as corredeiras Que tantas vezes ferem, mas ensinam. As dores, em verdade, companheiras, Durante tanto tempo desatinam...
Mas saiba que amanhã renascerá O sol que muitas vezes, vai distante. O amor resiste ao tempo e mostrará Um tempo que virá; mais fascinante.
Vencer as intempéries, peito aberto, Sem medo do que a vida nos prepara, Não é uma miragem. Do deserto Colhemos, sem saber, a jóia rara.
Tesouros que amizade representa, Mitigam tempestade violenta...
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Enfrenta a tempestade derradeira Aquela que destrói; e tudo esmaga A vida se promete alvissareira E o vento da alegria sempre afaga
Ao proteger do corte abaixa a adaga E tendo uma razão por timoneira Com amizade pura faz a paga, Numa ternura imensa e costumeira.
Ao ter esta aliança e ser amigo De quem amigo sempre esteve aqui. Elevo o pensamento e chego a ti.
Nos versos que te faço, assim eu digo Do quanto é bom falar desta amizade, Uma expressão mais pura da verdade. Marcos Loures
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Enfio no teu rabo, o meu caralho, E meto com tesão, sem ter juízo. A carta preferida do baralho Levando o seu valete ao paraíso.
Tem gente que não gosta disso não, Prefere uma punheta, mas garanto Que quando vejo aberto o teu rabão Eu quero penetrar por todo canto.
Fuder tua buceta e tua boca, Num meia nove, ou mesmo na espanhola, Quem sabe desfrutar de cada loca Não vive sem ninguém, pedindo esmola.
Barulho? Nós fazemos, sim senhora, Quem não gosta, se foda e vai embora.. Marcos Loures
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Enfio devagar cada dedinho Na xana molhadinha e tão gostosa, Depois manuseando o teu cuzinho A noite se promete gloriosa.
E meto o meu caralho de mansinho, Deixando esta putinha então dengosa, A foda no capricho, fabulosa Na fudelança cheia de carinho...
Encharcas o meu pau com tanto mel, Umedecida estrada que me leva Sempre ao delírio, ganho assim o céu
Enquanto tu rebolas com vontade, No fogaréu intenso desta ceva O gozo chega enfim. Saciedade! Marcos Loures
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Enfeito meu desejo, tatuagem, Em tua pele brônzea, perfumada. Fazendo no teu corpo esta viagem De dia, tarde ou noite ou madrugada...
Traçando em tua cútis a colagem Tão delicadamente desenhada. Guardando na retina cada imagem Da perfeição divina, abençoada...
Chegaste tão ligeira em minha vida, Mal tive tempo, amor, de perguntar, Apenas me entreguei sem nem pensar.
A marca da pantera, dentes, garras, Aos poucos se entranhando... Sem saída, Nesta delícia, amor; tuas amarras...
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Enfeita-me o sorriso o teu amor, Trazendo tantos traços da alegria, Quem sempre se achou merecedor, Encontra nos teus lábios, fantasia...
Viceja na beleza de uma flor, Que emoldurando cada novo dia, Esbanja um sentimento sedutor, Forrando a minha vida em melodia...
No canto prometido, vivo o sonho, De ter eternamente teu desejo... Amada, novamente te proponho
Vivermos a esperança de chegar, A noite em que sorvendo cada beijo, Que seja a minha vez de te enfeitar...
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Encruzilhadas várias de um amor Sem rumo, nem destino, sem paragem. Fazendo da esperança uma visagem Outono quer verão transformador.
Das mágoas, águas mansas regam flor E mudam, num segunda esta paisagem Nos braços de quem amo, doce aragem, E encanto traz em si, luz e louvor.
Acendo a fantasia, abrindo o peito, E bebo novamente o que é direito De quem sonhou demais e foi feliz.
Deitando a calmaria num poema Eu rompo do passado a vil algema, Sabendo que encontrei o que mais quis... Marcos Loures
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Enquanto a fantasia; assim componho, Joguete das estúpidas quimeras, Fartando-me dos risos destas feras, No verso mostro o rosto vão, medonho.
Queria ser além do ser tristonho Que vive nas esquinas, nas taperas, Enquanto em esperanças me temperas O barco em outros mares; ledo, ponho.
Matando meus anseios pouco a pouco, O quanto necessito e sei tampouco Não posso mais seguir nesta viagem.
O sol que nunca veio; sem ter abraço, O dia se anuncia num mormaço, Mudando totalmente esta paisagem. Marcos Loures
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Enquanto a fantasia se aprofunda Nos requebros febris de uma mulata, A noite sem limites, desacata Moral falsa e canalha, nauseabunda.
E viva a maravilha de uma bunda Que não seja somente uma sucata, Se jamais fui Raimundo, a rima ingrata Numa heresia tola se redunda.
Adunco, o meu nariz mete o bedelho, O sexo se bem feito dá fedelho, Porém se desatina vira troça.
Eu quero o rebolado da menina E enquanto este molejo me alucina, Eu toco, com firmeza, esta carroça...
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Enquanto a fantasia nos rondava Dizendo das loucuras em que eu traço O corpo que se inunda, ardente lava Causando em desvario, um descompasso.
Desejo mais vadio imaginava Seguindo o teu calor, e passo a passo, Aos poucos todo amor se derramava, Deitando tão suave em teu abraço.
Teus seios prometiam num instante Um fogo em ardentia a noite inteira. Suores e gemidos; delirante
Buscava esta divina companheira Que se fazendo minha doce amante Invade a minha cama, sorrateira...
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Enquanto a chama arder, estou contigo, No fogo delicado da paixão. Ao mesmo tempo traz um novo abrigo E deixa no relento, o coração. Seguindo estas pegadas, eu prossigo, E morro todo dia sem perdão...
Teus olhos/esperança me fuzilam Meus olhos se renderam já faz tempo. No mel que doces lábios me destilam Encontro fantasia e contratempo. Teus braços toda noite quando asilam Meus sonhos; não se mostram passatempo.
Mas vivo insensatez do amor que acampo, No brilho tão sutil de um pirilampo... Marcos Loures
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Enlouquecer de amor, delícia imensa Imerso nos teus braços posso ver Que a vida com certeza já compensa, A cada novo sonho, renascer.
Vivendo esta ternura quando intensa, Ardência tão gostosa de se ter. Enquanto a poesia forte e densa Explode num momento de prazer.
Seria o que talvez jamais eu fosse, Não tivesse esta maneira de pensar Um sentimento, às vezes agridoce
Amor é na verdade essencial, O gozo da ventura a se mostrar De um jeito delicado e sensual...
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Enlaces sem disfarces, vamos juntos Até chegar a foz, doce desejo. Não vejo e não procuro outros assuntos Apenas o que eu quero e em ti prevejo
Seguir a nossa rota, dia-a-dia Mergulhos em nós mesmos, salvação. Enquanto a luz dos sonhos já nos guia Encontro nos teus braços, solução.
Depois de ver meus olhos sem destino, Tentando perceber um cais distante. O amor com seu poder num desatino Permite que se renda ao fascinante
Tormento que apascenta, fere e cura, Tempestas que maltratam, com ternura... Marcos Loures
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Enlace que me traz doçura na alma Fomento de ternura em lucidez. Dos calos da esperança, fina palma Esmeraldino sonho em mesma tez.
As águas que se movem – plena calma, Buscando na quietude, a placidez, Locais ermos, distantes sem vivalma Permitem me dizer do amor que fez
O sonho convertido em mansidão, Uma alegria tal onde apazigua Sem medo de palavra quando ambígua
Que possa nos trazer desilusão. Assim uma atitude feita amor, É como um novo dia, encantador... Marcos Loures
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Enlaçados, vagamos Paraísos Rolando a noite imersos em delícias. Envoltos pelas teias de carícias, Nos toques mais audazes e precisos.
Orgásticos caminhos perdem sisos Requebros e meneios, com malícias, Não quero nem saber de ouvir notícias Desligue o telefone. Sem avisos.
Roçando a tua pele, vorazmente A gente não tem tempo pra perder, Sob égide profana do prazer
Sagaz, voluptuosa, deusa nua Enquanto te decifro, já flutuas Hedônica, se entrega totalmente... Marcos Loures
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Engolem um humano e me trituram Os dentes tão ferozes da saudade, Os erros cometidos já perduram E ganharão decerto eternidade.
Pecados e delitos não se aturam, Destroem neste amor, felicidade, E os restos noutras sendas se emolduram Trazendo nos detalhes a inverdade.
Houvesse, pelo menos uma chance E a vida mostraria em seu alcance Alguma maravilha, mesmo falsa.
Talvez inda restasse uma semente. Porém ao ver os olhos da serpente Minha alma assim prossegue então descalça...
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Englobas o meu falo com a xana Molhada e suadinha de tesão. A fome que nos toca, uma sacana Abrindo com vontade cada vão.
Devassa; assim desejo esta vadia Que agora me galopa e não sossega, E quando o teu cuzinho me vicia Arranco sem perdão não deixo prega.
O teu grelinho duro mostra o quanto Gostoso é nossa foda, sim senhora, E boto com desejo em cada canto Até que a porra escorra. Te deflora
A mão que entrando inteira na buceta Sonhando e me acabando na punheta! Marcos Loures
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Engavetando em paz, o sofrimento Prazeres sem limites já porejam O tempo que transcorre; calmo e lento, Em tramas que se querem se desejam.
Trazendo para amantes, tanto alento, Que os dias tão pacíficos, pois, sejam. Rondando nossos sonhos, num momento, Permite que as saídas se prevejam.
No riso deste canto transformado Em teu abraço, amada; apaixonado Altares erigidos ao prazer
Beleza que sem par quase em miragem, Deslumbre que se vê nesta paisagem Não cabe nos meus versos descrever. Marcos Loures
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Engatei a primeira o quê que faço? O carro não quer mais sair daqui. Olhando para os lados mal disfarço, O tempo de chegar eu já perdi.
Às vezes preferia ser ricaço, Talvez chegasse a tempo. Descobri Que tudo o preciso é teu abraço, Distante na verdade estou de ti.
Não tendo mais dinheiro nem saúde Sem ter quem possa ter uma atitude Vendi a minha casa e sem mobília
Dormindo numa esteira ou numa rede, Do amor que tanto quero eu tenho sede. Só faltava empacar esta Brasília...
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Enfrento os meus enigmas quando creio Nos olhos tão distantes da esperança. Dos restos que carrego, o meu receio Permite que inda tenha uma lembrança
Da vida que perdendo rumo e veio, Apenas o vazio quer e alcança. O amor que desampara, velho esteio, Tramando a cada dia esta cobrança
Que pago quando afago uma ilusão, Amarga sensação que não me deixa. A minha alma submissa como gueixa
Alimenta com mágoas o tufão E traz por recompensa a noite fria, Além desta fogueira em que me ardia... Marcos Loures
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Enfrento os mares sem as velhas garras Que foram amputadas, morta a fera, Livrei-me do passado e sem amarras Tentando reviver a primavera Profanos sentimentos quando agarras Meus olhos em desejos sem espera...
Enlaço o teu pescoço, gargantilha De braços e de lábios, somos um. Paisagem pressentida em maravilha Nosso desejo é senso mais comum. Encontro-te despida em mágica ilha Do quem já foi disperso, sou nenhum...
Sobreviventes; somos, do que fora, Coral, areia e sonho nos decora...
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Enfrento com destreza, o furacão Sabendo deste cais que me ofertaste, A dores vão tomando arribação Fazendo com o sol raro contraste. Deveras encontrei a solução, Podendo me apoiar na incrível haste
Formada pelos braços bem mais fortes, Do amor que já me toma plenamente. Ao ter em minha vida tais suportes, Enfim, posso dizer que vou contente. Cicatrizando sempre os frios cortes Vislumbro a eternidade, num repente.
Enxergo finalmente um bom futuro, Já tendo totalmente o que procuro... Marcos Loures
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Encontro-me decerto, dentro em ti, Sou teu e tu és minha, mesmo passo. No canto em que em encanto converti Depois de tanto amor, descanso, lasso.
Vencendo esta quimera eu percebi Que amor vai nos atando em cada laço. No gozo de viver o que vivi Jogado em correntezas, no teu braço.
Inebriadamente, amor-absinto, É tudo o que desejo e o mais que sinto Está dentro de nós, mel e prazer.
Sargaços; não encontro em nosso mar, Verdugos; esquecemos de encontrar, Somente em alegria, reviver... Marcos Loures
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Encontro um ideal Distante das sombrias Noites onde o mal, Transita em agonias,
A dor em funeral Morrendo em mãos tão frias Lágrima sepulcral Já não terá magias.
Nem cravos sequer lírios, Somente uma grinalda, Quem teve tais martírios,
Por certo já se escalda, No encanto, mil delírios Teu mel, um doce em calda...
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Encontro um arrogante no caminho E vejo quanto é duro o não saber Fingindo sapiência, este daninho Perturba todo mundo e me faz crer:
Lavrador que não sabe o que é um ancinho Cismando em fruta boa recolher Avinagrando quer fazer seu vinho E logo a paciência vem encher.
Há coisas que aprendi, e não me esqueço, Entre elas esta tal civilidade Ofensas proferidas? Já começo
A perceber o nível de arrogância Sintoma de total boçalidade. Sendo arma preferida da ignorância. Marcos Loures
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Encontro tão somente a despedida Aonde cultivara uma esperança, O tempo preparando uma vingança Aborta qualquer sonho em minha vida.
A sorte há tantos anos sei perdida, Apenas solidão inda me alcança, Saudade cultivada na lembrança Às vezes mitigando, distraída...
O que fora fogueira já não há A trama do viver me mostrará O fim de quem sozinho inda reclama
Trazendo ao fim da tarde, o temporal, A chuva em tempestade sem igual, Dilúvios apagando qualquer chama. Marcos Loures
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Encontro tal fortuna que me encanta Nos versos delicados e sinceros. Vencendo os meus temores, que sei feros, Enfrento os temporais, com força tanta.
Minha alma em harmonia, agora canta, Fazendo da alegria, ritos, cleros, Usando da emoção com seus esmeros, A voz se libertando me agiganta...
Luar que se mostrando claro, ebúrneo, Prateando a fantasia em plenilúnio Acende a intensa flama dos desejos.
Embora tão voláteis emoções O amor rendendo glórias às paixões, Amanhecendo em raros azulejos... Marcos Loures
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Encontro o teu perfume tão sublime Em todos os canteiros que plantei. Além do que desejo que se estime Querida, em teu castelo serei rei?
Tocando tua pele, boca e dedos, Afago em cada beijo, teus cabelos. Misturo nossos corpos e segredos Em pernas que parecem mais novelos.
Se em toda noite busco assim, vagueio, Espero o teu desejo junto a mim. Deitando meu amor em cada seio, Sorvendo este prazer até o fim.
Menina, esta saudade foi demais, Agora por favor, não vá jamais...
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Encontro o porto, agora. Está em ti. Deitando noites belas, gloriosas, De tanto que pensara que perdi, Manhãs vão renascendo caprichosas.
As rosas que plantei, brotando aqui, Embora tantas vezes viciosas Expressam todo amor que recebi Em noites sem igual, tão valorosas.
Aos poucos da tristeza eu me liberto, Encontro o teu carinho em toda parte, Não tendo mais miragens, estou certo
Que o amor me conquistando em raro engenho Mudando de bandeira e de estandarte Expressa toda a luz que hoje eu contenho.. Marcos Loures
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Encontro o paraíso que eu queria Depois de padecer por toda a vida. Erguendo o pensamento à poesia Percebo finalmente uma saída. Repleta de emoção e de alegria, Decerto pelos Céus já protegida.
Caminhos que perfaço sem cansaço, Adentro ao mar imenso feito amor. Deitando meu prazer em cada abraço, Eu sinto o mundo inteiro a me propor Um dia de bonança que ora traço Os rumos deste bem libertador.
Passado que entranhara em minha pele, O amor com seu poder; chega e repele. Marcos Loures
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Encrespa-se este mar em ondas tantas Procelas que anuncias – ironia... A própria sorte às vezes maldizia Das flâmulas diversas que quebrantas
Tentando harmonizar profanas santas, Abismas com sorrisos, a alegria. Provocas em dilúvios a sangria, Enquanto os meus fantasmas acalantas
Mastros, saveiros, ondas, cais e areia A fonte embriagada dos desejos. Sombrios oceanos, inconstantes
Dos sonhos, o luar adentra ameia Em raios multicores e sobejos, Apascentando ao menos por instantes... Marcos Loures
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Encosto-me de noite nos teus braços E faço do carinho, rede e manto. Enleios divinais em puro encanto, Moldando em nossa cama, nossos laços,
Desculpe se eu me perco em erros crassos, Porém eu te desejo tanto, tanto... Escute esta agonia feita em canto, Não quero mais vagar com ermos passos
Por mundos tão vazios, sem ninguém, És minha glória e nela sobrevivo. Pressinto a solidão que, mansa vem,
E chega destruindo a nossa vida. Às vezes sou cruel, intempestivo, Mas eu te amo demais, minha querida... Marcos Loures
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Encosto meu desejo em tua pele, Rolamos noite inteira sem parar, O meu corpo ao teu corpo se compele Invado as tempestades do teu mar. O gosto de contigo naufragar, Tu pedes e repetes que revele O brilho que escondeste do luar, As marcas do prazer tu queres, sele Em tuas belas pernas, devagar...
As velas deste barco que navego, Me levam aos lugares mais bonitos, No sal apimentado já me apego E sinto a embriaguez dos teus desejos Cumprimos toda noite os mesmos ritos, Em meio a tempestades, mil festejos..
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Encontro-te querida em sonho leve, Suavemente vejo o teu sorriso Que estampa num momento mais conciso O mundo em que delícia já se atreve
Escorregando os olhos vejo breve Seminudez que invade um paraíso, Na transparência, olhar em regozijo Desejo de que a vida sempre enleve
Os momentos mais belos, sensuais, Trazendo para a vida esta viagem Que é feita sem limite em doce aragem,
Vontade de querer e sempre mais, Recebo o teu sorriso, como um beijo Sinônimo que encontro pra desejo...
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Encontros, despedidas, vida passa... Apenas vai restando a sensação Do cheiro que ficou, triste fumaça. Tornando nossa vida decepção.
Em sortilégios tantos, a desgraça Por vezes nos causando comoção Retrato de mulher restou na taça Da vida que bebi, louca paixão...
Porém, a sorte negra, dura, ingrata, Em um momento toma novo rumo. Da fruta da esperança todo o sumo
Uma alegria desce qual cascata Tal flor em meu caminho, eu sempre quis, E agora em teu perfume, sou feliz!
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Encontros são marcados pela vida Que mostra na surpresa o seu poder. Eu sei quanto desejo-te querida, Pois reconheço assim, todo o prazer
Que molda nosso sonho e dá partida Ao mundo que pressinto conhecer Ao lado de quem sabe que a saída Da vida se faz sempre em bem querer.
Estranhas estas forças que nos atam, Porém eu as bendigo todo dia. No fundo eu bem sei que elas retratam
A doce compulsão pelo que é bom. Viver contigo amada, traz alegria Além do que percebo, em mesmo tom... Marcos Loures
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Encontro nos teus braços meu alento E a força necessária e mais precisa Vencer as tempestades e o tormento, O vento transformar em simples brisa.
Num mundo onde os valores se deformam, O puro amor perdendo seu espaço. Dos bens materiais eles se formam, Na riqueza se mostra cada laço.
O nosso amor, querida uma exceção Pois feito em sentimento verdadeiro Nascendo, eu te garanto, da emoção Apenas tem amor por companheiro.
Querida prosseguimos sempre assim, Seguindo o nosso amor, que não tem fim... Marcos Loures
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Encontro nos teus braços majestade Maior beleza, como um raro templo. Vivendo tão sublime liberdade, Servindo para todos como exemplo, No corpo que mergulho, na verdade, Sublime maravilha que eu contemplo.
Encontro no teu corpo a minha guia Que trama em liberdade uma esperança Ungindo o coração em alegria Convite sem recusas à festança Que há tempos, tantas vezes bem queria, A cada novo passo, a cada andança
Pelos caminhos ermos, incontáveis, Nas trevas mais constantes, formidáveis...
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Encontro no teu sol, praia divina, O fogo que incendeia minha vida. Se o canto da sereia me alucina, Minha alma neste sol, vai aquecida.
Viver este dilema, minha sina, Que torna bem mais bela e decidida A sorte maviosa que domina E nela encontro amor, minha saída.
Eu quero sob o sol na branca areia Deitar-me calmamente e delirar. Serei o que em ti sou, solar sereia;
Reflexo de meus olhos buscam céu, Ensina-me, pra sempre o que é amar, Na boca deste sol, degusto o mel...
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Encontro no teu porto Ancoradouro raro Enquanto em ti me aporto Decerto eu já me amparo
Bebendo este licor Divino e delicado Vivendo o nosso amor Esqueço o meu passado
Não temo a tempestade Nem vejo temporais Viver felicidade Desejo muito mais.
Na festa prometida Toda a razão de vida.
Marcos Loures
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Encontro o paraíso imaginário Na cama da mulher bela e morena. A lua se derrama no cenário Prazer inesquecível já se acena,
Plena satisfação em gozo imenso, Reféns do mesmo ardor, nós vamos fundo. Somente em teu deleite, sempre penso Não deixo de querer nem um segundo.
Afundo o meu caminho em tuas tramas, Bebendo cada gota do rocio Por vezes carinhosa me reclamas, E todo o jogo logo eu principio
Num ópio delicado e fabuloso, Amor que a gente faz, sempre gostoso...
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Encontro o paraíso em tuas mãos Nos sonhos que vivemos sem ter fim. Os dias que passamos, todos vãos, Encontram solução, encanto assim.
Tu és a minha doce fantasia Do dia que virá sem temer medo. Dançamos nosso sonho de alegria Vivemos sem ter pena do degredo,
Apenas por viver nossa esperança Sabemos que podemos confiar Os pés tão docemente nesta dança Que chega, num repente ao céu, ao mar.
Eu te amo simplesmente e nada mais, Amor sendo infinito, amor me traz.
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Encontro nos teus lábios doce mina Na qual se emanam sonhos e prazeres. O quanto claramente a alma domina Te quero da maneira que vieres.
Sem medos ou pudores, pejos, traumas, Apenas tão somente por chegares, Enquanto mansamente já me acalmas Clareias, nos meus sonhos, águas, mares.
Pomares da alegria que cevaste Frutificando enfim, ternura e amor. Por mais que do teu corpo o meu se afaste, Eu volto a te buscar luz e torpor
Falena embriagada, m’a alma é tua, E quando chega a ti, voa e flutua...
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Encontro nos teus braços O mundo que eu queria, Trazendo em belos passos, Um sonho em que alegria
Mostrada em raros traços Renasce da utopia Aonde firmes laços Tal qual tanto eu queria
Permitem velejar Um mar de amor profundo, Recebo do luar
O brilho benfazejo Traçando num segundo Destino que eu almejo... Marcos Loures
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Encontro no teu corpo latifúndios E invado qual posseiro, cada canto. Suores e desejos, sexos, funde-os Em sedes que se aplacam com encanto
De quem sabe das sebes e das sedes, Das sedes dos prazeres mais audazes, Esteiras, camas, matos, morros, redes, Em rituais fantásticos que fazes.
Nas frases, fases, ases, lábios, fogos, As mãos, os dedos, línguas e carinhos. Sabemos não ter regras nossos jogos Nos achamos/perdemos nos caminhos
Que levam com calor, sensualidade, Ao auge, na total felicidade... Marcos Loures
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Encontro no teu corpo as maravilhas Que tanto procurei, a vida inteira, Sedentas sensações em loucas trilhas, Divina e sensual, qual feiticeira,
Num sonho em que vivemos, nossas ilhas Distantes entre luas e palmeiras, Navegamos loucuras, tantas milhas, Em tramas delicadas, sorrateiras...
Quando insinuas nua e sedutora, Percebo o teu perfume em mago cio, Mulher que desejei; encantadora,
Desfilando delírios no meu quarto, Fantasia que em sonhos me sacio Até que vá dormir exausto e farto... Marcos Loures
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Encontro no meu velho apocalipse As cores que negaste para o sol, A lua descrevendo um vago elipse Morrendo em outro ponto do arrebol.
Da boca sanguinária uma hemoptise Traz tísica esperança, cataléptica Aquilo que pudera ser deslize Imagem se perdendo, não poética...
Na lívida figura em que me espelho, Reflexos desta insânia construída À qual em podridão já me assemelho,
E nela a minha sanha em despedida. Profética masmorra que me deste, Herméticas ermidas temem peste!
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Encontro no caminho bifurcado Estradas que me levam a diversos Destinos que se fazem mais dispersos, Deixando a fantasia mais de lado
A dor encontra assim tão desarmado Um coração que busca em universos, Distância de outros dias que, perversos Traçaram cicatrizes no passado.
Agora que eu encontro qual miragem Amor, a salvação deste dilema, Levando para senda mais florida.
Quero-te companheira de viagem Na busca de uma eterna piracema Que traga profusão em nossa vida... Marcos Loures
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Encontro neste mar as florescências Das algas quais estrelas refletidas. O vento me arrastando sem clemências Em ondas tão rebeldes, decididas.
Belezas que se dão em opulências, O mar, a lua, estrelas, raras vidas Deixando as dores vagas, esquecidas. -Deitando sob um céu em lactescências -
Olhos de Deus decerto enamorados. E vendo a natureza num delírio Esqueço a solidão, cruel martírio
Sonhando com teus olhos jogo os dados E volto a te buscar Amor sem fim E o dia renascendo dentro em mim...
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Encontro nas coxilhas o meu cais Mineiro coração de um sonhador. Um cantador de eternos madrigais Percebe as mãos serenas de um amor.
Tomado pelo sonho imperioso Urgência em ser feliz sela o cortejo. Qual pavilhão do céu, maravilhoso, A lua refletindo o meu desejo.
Encontro em passarela desfilando As cores deste amor, raro troféu, O vento da alegria me mostrando Este azulejo imenso, claro céu.
Avenida em aquarela verdejante Uma esperança em glória, radiante... Marcos Loures
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Encontro na sarjeta o meu abrigo, Crepúsculo de um sonho que se fez Distante do que fora lucidez Cevando a cada dia o meu jazigo.
Verdugo de mim mesmo, não consigo Fugir desta total insensatez, Por isso este fantasma que tu vês Encontra na tristeza o seu postigo
No vértice da vida eu me perdi Cavando em sortilégios meu destino O resto do que fui exibo aqui
Nos versos mais sinceros que escrevi. Aberto o coração mato o menino Que um dia acreditei viver em ti... Marcos Loures
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Encontro na poesia o meu amparo Meus versos, os sublimes companheiros, Amigos que se mostram verdadeiros, Tornando o dia-a-dia bem mais claro,
No alto dos meus sonhos eu declaro Que todos os caminhos derradeiros Formados por meus risos corriqueiros, Adoçam este mundo outrora amaro.
Seguindo cada passo desta estrada Que às vezes, eu pensei não dar em nada, Invado; com sorrisos, altos planos.
Embora um trovador tão sem talento, Percebo num poema o manso alento, Estrofes entre amores soberanos... Marcos Loures
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Encontro lenitivo no teu sonho Enquanto em pesadelos passo a vida Do quanto te desejo e te proponho Encanto de saber uma saída.
Um canto em paz suprema que componho A dor em alegria, convertida Futuro, do teu lado, mais risonho, A sina de ser teu a ser cumprida.
De todos os meus dias, os melhores Prazeres, que teremos, bem maiores Traçando nossos passos, o infinito.
Eu tenho esta certeza que não cala Do amor que nos tocando sempre embala Enquanto um horizonte, belo, fito... Marcos Loures
91
Encontro no teu mel, Inebriante gosto, Que eleva para o céu, Em sentimento exposto,
Retirando o teu véu, Percebo o belo rosto Que se mostra cruel, Quando não vem disposto
A me trazer delícias, Quem sabe enlouquecer, Em beijos e carícias,
Fazendo entorpecer Nos risos e malícias, Promessas de prazer...
92
Encontro no teu corpo O doce feito em mel, Fazendo dele um porto Perfeito, rasgo o céu,
Vibrando quase morto Montado em meu corcel Num mundo mais absorto Voando em carrossel
Delícias desta boca Desejos estampados, Paixão que já se aloca
Tocando rumos, lados Aprumo meus desejos Inundo-te em mil beijos...
93
Encontro no teu corpo mil bemóis Dedilho meus prazeres nos arpejos, Bebendo a plenitude destes sóis Acendo em noite insana meus desejos,
Altares emolduras, teus atóis, Nas tramas ensandeces relampejos E sob a maciez, nossos lençóis, De tua carne bela, meus solfejos.
Na lira que se expõe, desnuda e rara, A pérola que entranha insensatez. Do cálice, um absinto, embriaguez,
No ópio de teu corpo, amor se ampara Numa alucinação etéreas sendas, Enquanto aos borbotões, tu me desvendas...
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Encontro em ti antídoto e veneno Imenso paradoxo, cura e dor. Às voltas com teu mar encantador Mergulho num naufrágio atroz e pleno.
Enquanto em tuas mãos eu me sereno Nos lábios um vulcânico torpor, A cada novo dia concateno Poder que vejo assim, transformador
Seguindo os rastros teus, encontro enfim O que melhor carrego dentro em mim, Encanto sem limites, infinito.
Nasci para ser teu e nada mais, Aonde tu encontras é meu cais, Amar-te é muito além de um simples rito... Marcos Loures
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Encontro em teus cabelos diademas Em luzes constelares, astros vários Os sonhos, companheiros necessários Rompendo num segundo estas algemas.
Os passos não serão mais temerários O gozo não permite mais dilemas, Amor já suplantando os adversários Por isso, aqui repito. Nada temas.
Os parvos ignorantes, vis heréticos, Em versos tão salobros e patéticos Errantes desdenhosos, infelizes.
Não sabem decifrar, pois desencanto Tomando em dor espúria cada canto Na verdade são fundas cicatrizes...
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Encontro em teu olhar tão deslumbrante A fonte que me traz inspiração O verbo se mostrando fascinante Expressa a mais sublime adoração.
Quem dera se eu pudesse, num instante Beber de tua boca esta paixão Que traz no dia-a-dia a transbordante Insânia que conduz minha ambição
De ser após a chuva, esta bonança Que molda com brandura uma esperança De ter em minhas mãos o que mais quis.
Seria muito bom se fosse assim, A lua se enamora do jardim E deixa o jardineiro mais feliz..
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Encontro em teu olhar tanta ternura Que deixo-me levar sem ter por que, Numa amizade eterna que é tão pura, Amiga, tu és mais do que se vê, Escoras minha quedas e tremores, Apóias cada passo mais ousado, Acolhes os meus medos, meus rancores, Alerta-me se estive, assim, errado. O teu olhar me acalma enquanto guia, É pleno em sensatez, e me conforta, Me traz o contraponto em harmonia, Não fecha o coração tampouco a porta... Amiga, te agradeço em cada verso, Um anjo que Deus pôs neste universo...
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Encontro em teu desejo uma esperança De um dia ser só teu, amada prenda. Carinho sutilmente já desvenda A trama em que se entorna quando lança
Um gesto mais gentil, uma aliança, Cobrindo nossas noites, mesma tenda, Trazendo do passado, velha lenda O riso contagia e nos alcança.
A boca, a pele, o gosto, o gesto manso, Resido nas estrelas que sonhaste. Aonde num segundo me entregaste
Amor que nos mostrou cada remanso Montando em meu cavalo, na algibeira, Carrego esta paixão tão altaneira...
99
Encontro em teu amor tanta meiguice Além do que pensara ver um dia. A sorte em realejo já predisse Que em mim um grande amor transbordaria.
Vencendo todo o medo, amor me disse Que ao fim de minha vida, uma alegria Viesse transformar sem pieguice Do jeito que sonhara e que pedia.
Eu agradeço sempre ter a sorte De ter amor maior que imaginei. Durante tantos anos esperei
Por isso o coração bate mais forte. Vibrando de emoção, o céu alcança Depois de tanto tempo em esperança... Marcos Loures
5900
Encontro finalmente as novas Eras Após rondar vazio na cidade Vencendo as tempestades e quimeras, Ganhando com valor, tranqüilidade,
Recendes a milhões de primaveras, Teu canto se espalhando em liberdade, As horas solitárias foram feras, Agora reconheço que a amizade
Mantendo o coração feliz e vivo, É mais do que somente um lenitivo Além do que meus olhos procuravam.
Percebo a claridade novamente Tomando a minha vida totalmente Bem mais do que palavras demonstravam... Marcos Loures
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