
MEUS SONETOS VOLUME 045
Data 03/12/2010 06:57:01 | Tópico: Sonetos
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a culpa com certeza é de quem tenta na marra ao impedir quem nao concorde ainda que decerto quando aborde de forma tão tenaz quão violenta. imagem do sujeito em tez san-grenta enquanto no careca, se recorde, não há qualquer sinal.Verdade morde e faz deste vazio o que sustenta a tese mais sutil e verdadeira até quando esta mídia porca inventa tentando enfim gerar outro factóide. perdoe se deveras sou pensante e nada desta história num instante respeita quem não é um debilóide.
4402
promessas são promessas, nada mais problema é realizar o que se fala população cansou de ser vassala usada pela elite em dias tais, ousando com falácia sempre igual, o tempo mostra a história onde atento percebo o que se perde em ledo vento gerado pela vã cara de pau. assim também a pobre paulistada palavra, no passado, nunca honrada embora a assinatura garantia, a farsa desenhada e corriqueira usada como fosse verdadeira, cheirando a repeteco: hipo-crisia.
4403
Na briga de cacique com cacique eu vejo que o país caminha mal, o barco dos tucanos vai à pique, quem é o campeão cara de pau? se o Lula bebe pinga do alambique uísque desta turma é magistral, num campeonato feito de trambique, a tucana-lha nunca tem rival. e assim caminha a velha e vã direita, enquanto com riqueza se deleita eu tento imaginar e não consigo, a culpa é do partido governista, teimoso como quê jamais desista, mesmo que o fogo seja de um "amigo"
4404
Das hastes desta flor, foi arrancado Botão que prometia ser perfeito. Espinho numa rosa, revoltado, Não deixa quase nada, insatisfeito...
Crescendo novamente em vingança Por ver botão tão belo e perfumoso, Destrói este beleza em esperança; Causando tal estrago, doloroso...
Mas sinto que te posso conquistar, Não quero nosso amor se fenecendo. As dores não se cansam de chegar, Amor merece ser, sobrevivendo...
Na luta pelo amor eu não desisto. Lutemos, sem temor, sempre por isto...
4405
Das glórias que esparramas, o clarão, Tomando os meus altares, força e luz. Enquanto a tua imagem reproduz Eu perco o meu caminho, a direção.
Regando com tormentas, plantação Coleto ao fim da vida, espinha e cruz, Mas vendo em teu olhar, carícia, obus, Estendo ao infinito, cada mão.
Abraço os meus fantasmas e temores, Estrídulos de uma alma que em rancores Tentara a liberdade, inutilmente...
Malabarismos tantos que eu tentei Até chegar em manso cais à grei Na qual eu vejo a luz que em paz, alente... Marcos Loures
4406
Das garras rapineiras, fortes, vis, O corte que ensandece e se aprofunda. A sorte desejada se desdiz Do nada o simples nada já redunda.
A primavera morta em cores gris Inverno, imagem torpe, vã rotunda Em ciclo vicioso agora diz Da mão da solidão que enfim me inunda
Cilada que esta vida preparou Suprime desde sempre uma esperança Resume na verdade o que restou
De um ser que andara em sonhos delirantes. Resíduos de inocência da criança Mágicas fantasias inconstantes...
4407
Das frutas do desejo nem os gomos Tocaram esta vontade mais voraz. A boca que se quer ser tão audaz Demonstra o que em verdade ainda somos.
Os versos que na cama nós compomos Moldando uma alegria que nos traz O vento que se fez em pura paz, Jamais sonegará o que nós fomos.
Malabarismos tantos! Noite plena... Menina a tua boca me envenena Trazendo na saliva, maravilhas...
Agora que outro dia renasceu, Amor que foi demais; apodreceu Prefiro trafegar em outras trilhas...
8
Das mágoas e das sombras do que fui A imagem delicada da mulher, Aonde esta ilusão tola estiver, O rio da esperança, calmo flui...
Porém minha alma amarga já conclui Voaste para estrela, outra qualquer, Por mais que a fantasia inda vier Castelo de meus sonhos, cede e rui...
Teus lábios em meus lábios... frágil sonho, Soturna melodia que componho Colhendo estes retalhos que deixaste...
Ao vento este arvoredo se redobra, Campanário que ao longe, os sinos, dobra Quebrando da ilusão derradeira haste... Marcos Loures
9
Das leis em sã razão sei os preceitos, Afasto meus temores, sigo em paz. Não tendo nesta vida, preconceitos, Eu creio neste sonho que me traz
Amiga, tanto quero os meus direitos, De tudo o que pensares, sou capaz, Mas tendo meus motivos satisfeitos, Não tenho por que ser sequer audaz.
Agora que percebo na amizade A força que buscara a vida inteira, A vida se mostrando em qualidade,
Decerto brilhará mais verdadeira. Até chegar, enfim, felicidade, E o mundo renascer de outra maneira...
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Das lágrimas já fiz o meu farnel, Tristezas que carrego no bornal Impedem que eu consiga ver o céu, Deixando o meu caminho desigual.
Às vezes eu percebo quão cruel É o tempo que me resta, sol e sal Queimando minha pele, amargo fel Bebido em noite insana, vou ao léu.
Mas tendo uma amizade que socorra, Talvez a minha vida tenha jeito, Impede em alegria que se morra,
Alimentando o sonho mais airoso, Tocando com carinho o nosso peito, Tornando o meu destino caprichoso...
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Das flores do jardim tu tens perfume raro Viver amor sem fim, uma delícia imensa. Ciúmes? Não precisa, amor eu te declaro E espero teu amor por simples recompensa.
Um sentimento nobre atinge em sonho claro Mostrando quanto é boa a vida em que se pensa Somente em bom carinho, um sonho que é tão caro A quem sofreu demais e sabe que compensa
Amar além do cais, trazendo na chegada Sorriso calmo e franco, uma alegria em cada Momento de ternura e paz que sempre quis
Um coração que sonha e não se cansará Pois sabe que este amor prá sempre viverá Deixando o meu jardim, decerto tão feliz... Marcos Loures
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Das flores que plantei, amor e tréguas Nas plagas carinhosas do meu peito, Andando por amor distantes léguas Em busca do viver mais satisfeito.
Tenazes e sutis, tantas lembranças, Passado que encontrara assoberbado, Vibrando nestas hostes de esperanças Fazendo deste amor meu doce brado.
Amo tudo que em minha alma semeio, Na pertinácia imensa da paixão, Poder acarinhar sem ter receio, Os seios tão sublimes, coração...
Amor que revelando meu jardim, Nas flores que cultivo, dentro em mim
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Das flores que plantei no meu canteiro O cheiro sensual da rosa rubra Desejo tão real e derradeiro, Fazendo com que a sorte, enfim, descubra. Perfumas minha mão de jardineiro, Trazendo toda sorte que a recubra No olor mais delicado e verdadeiro. Não deixe que esta nuvem má encubra A rosa sensual e perfumada Que nasce no jardim mais bem cuidado. Só pede meu carinho e quase nada Além duma emoção pura e sincera. Por isso, pela rosa apaixonado, Renasce, no meu peito, a primavera!
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Das flores que não vi amanhecidas Apenas um resquício feito em corte, Seguindo o teu caminho, rumo e norte As dores talvez sejam esquecidas.
As marcas da amizade percebidas Trazendo um bom carinho que conforte, Resiste na verdade à própria morte, Eternidade intensa em várias vidas.
A mão que maltratara, em desencanto, Semeia tempestades perde o cais. Porém numa amizade, a calmaria,
Mostrando em alegria um novo canto, Vibrando em harmonia sem jamais Negar uma possível fantasia..
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Das flores que cultivo em meu jardim, As cores e perfumes mais diversos. Sabendo serem simples os meus versos, Eu tendo demonstrar o que há em mim
Usando este canteiro como exemplo, Desfilo meus sentidos entre tantas Belezas demonstrando o quanto encantas, Pois és de um sonhador altar e templo.
Da rosa, esta altivez de soberana Tens da dama-da-noite, o bom perfume, Da orquídea a maravilha que engalana,
Delicadeza sutil de uma verbena Porém, no frio espinho dos ciúmes, Azaléia: beleza que envenena...
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Das flores que conheço seus perfumes, Ou a beleza angélica dum lírio... Algozes cariciam meus queixumes, Nas horas mais difíceis, num martírio...
Rebrilhando processam belos lumes, Majestosas; me levam ao delírio, Amores gigantescos alçam cumes, Nos olhos da natura um bom colírio...
Tantas maravilhosas esperanças... A beleza inaudita destas flores... Dama da noite, dálias, as lembranças...
Dos antigos carinhos, dos amores... Nossos tempos felizes, das crianças Que fomos, enlouquecem-me os olores...
Das flores que brindávamos, jardim... Das cores que sonhávamos, jasmim... A saudade maltratando tudo em mim...
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Das coisas que carrego pela vida O teu sorriso pesa no meu peito, Por mais que a realidade torpe agrida; Abarco a fantasia quando deito
E tendo em minhas mãos; calos da lida, Felicidade faz benigno pleito, Missão com tal penhor sendo cumprida Permite que eu me sinta satisfeito.
E possa mergulhar neste universo Telúrico caminho desvendado; Saber que estás aqui bem ao meu lado
Transcende ao infinito enquanto verso Meu mundo em teus supremos Paraísos; Cirúrgica expressão em tons precisos...
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Das cobras cada bote traz venenos Que encontram seus antídotos nos sonhos. Quem sabe de momentos mais amenos Recebe ventos mansos e risonhos.
Atenda por favor, os meus acenos, Decerto não serão pra ti medonhos. Atento aos teus desejos, mas serenos, Os dias não serão sequer bisonhos.
Menina não se esqueça que o contraste Sempre valorizou qualquer matiz. Ouvindo o que teu peito, quer e diz
Tremores de alegria provocaste, Maior do que se deu em São Francisco, Matando esta serpente, cadê risco?
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Das férreas emoções, este legado Herança que deixaste, vil, venal Quarara uma esperança no varal, Depois de certo tempo; destroçado.
Guardando os guardanapos do passado, A seca que invadiu o meu quintal Permite que se tente bem ou mal Algum sorriso, mesmo disfarçado.
Das farpas que me deste, dos espinhos Cevei as flores mansas nos meus ninhos Adubo para o Norte em que prossigo,
Fraturas dentro da alma, corrigidas De tantos labirintos as saídas Trouxeram proteção ao desabrigo... Marcos Loures
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Das dores um eleito, simplesmente Fadado aos desencontros, descaminhos. Meus olhos prosseguindo assim sozinhos, O sol no meu jardim, duro e inclemente.
Imagem que embotando a minha mente Na ausência de carícias e carinhos. Cevar? Se já não tenho mais ancinhos Apodrecendo enfim, cada semente.
Vestido de ilusão, chegando ao nada. A queda preconiza o vão da escada, Escaras dentro da alma ora carrego.
Porém se tudo fosse de outra forma, O amor sendo o juiz, a lei e a norma Em plena luz jamais seria cego... Marcos Loures
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Das distantes quimeras de minha alma A luz sempre escondida, nunca brilha... Meu pensamento, louco sempre trilha Embora tanta dor não traga calma.
Futuro que se esconde em minha palma Talvez inda prometa a maravilha Atada no meu pé a triste anilha Mostra-me que o futuro não acalma...
A minha sorte, embalde tanto insista Não posso permitir que a morte assista Sem ter nenhum clarão de tal beleza.
O canto que me trazem as sereias Morrendo tresloucados nas areias Dos deserto, se foram com Teresa,,, Marcos Loures
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Das cruzes que carrego, em sentimento; As trevas do que fui inda me pesam. Não bastam tempestades, chuva e vento, Olhares incisivos me desprezam...
Não quero que este canto seja isento Dos erros que perfazem meu caminho. Mas, juro, minha amiga, sempre tento, Fazer com mansidão, recanto e ninho...
Instintos que se tornam mais domados, Indômitos geraram tantas dores. Agora nestes dias esgotados, Aprendo a semear algumas flores...
Assim como a amizade real é pura, Meu canto busca encantos na natura...
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Das coxas tão bonitas da morena Vontade de fazer tanta besteira, Enquanto este desejo já me acena A moça se mostrando feiticeira
Parece desejar o que mais quero, Beber do mesmo gozo em noite imensa. O amor se verdadeiro e mais sincero Merece com certeza recompensa.
A filha do patrão, moça prendada Olhando para mim, jagunço pobre Vontade sem juízo alvoroçada Cuidado que se tem que se redobre...
Mas moço que já fora ajuizado Agora se perdendo, apaixonado...
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Das coxas a promessa de novelos Em becos e caminhos, à vontade. Roçando as nossas carnes, bocas, pêlos O dia nascerá tranqüilidade.
Liberta borboleta foi crisálida Que há tempos cultivei no meu jardim, Da moça que sem viço, feia e pálida Refeita em maravilha chega assim
Causando um reboliço no meu peito Domina toda a cena, costa a costa No delicado porte, este trejeito Do jeito que se quer e que se gosta.
Arromba em um segundo os meus umbrais, Bebendo desta fonte eu quero mais... Marcos Loures
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Das cóleras temíveis e supremas, Não quero mais sequer algum momento. Romper do meu passado, vis algemas, Sentir das alegrias, movimento.
Ao lado de quem amas; nada temas, O amor promete a paz; sincero alento, Estrelas em perfeitos diademas, Na luz de olhar; já me apascento.
Vencer este amargor que inda resiste, Jamais o meu cantar se porá triste Alheio a tais areias movediças.
O quanto desejara ser feliz, Apenas ao teu lado, ausente gris, As tardes não serão, frias, mortiças...
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Daria com certeza um belo mote, O risco que corremos depois disso. O solo deste amor é movediço, Perdendo todo o doce, quebro o pote.
E faço da serpente gozo e bote, O vidro se mostrando quebradiço, Caminho sem saber do novo enguiço, Esguicha o coração, velho fracote.
Querendo não querer, teimo demais. Do visgo de teus olhos faço o cais Quebrantos encontrando na saída...
Será que não seria mais sublime, Morrer sem compaixão, ou mesmo um crime Que deixe esta parada resolvida... Marcos Loures
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Daquilo que pensava ser amor Apenas fantasia e nada mais. Cansado destes velhos temporais, Coração sem um cais, navegador.
Depois de tantos sonhos, recompor A vida em momentos tão banais, Os dias se passando sempre iguais, As noites mormacentas sem calor.
Olhando para os lados, não mais vejo Aquela em quem depus o meu desejo, Ausência de alegria e de esperança.
O medo de viver assim tão só, Desato da ilusão tal frágil nó E a noite em desencanto já me alcança.... Marcos Loures
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Daquela a quem amor eu ofereço Não quero nada mais do que seu beijo, Envolto totalmente no desejo Meu coração, feliz, eu obedeço. Assim em cada novo dia eu teço Mil versos com carinho e com traquejo. Quem fora tão sozinho sente pejo E a triste solidão, enfim, esqueço. Não posso me calar, por isso eu grito Soltando minha voz, estava escrito Nos búzios, nas estrelas e nas cartas Que um dia poderia te encontrar, Agora que eu te tenho, tanto amar, Eu peço, nunca mais de mim apartas...
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Dancemos homenagens para o deus Que paga nossas contas e pecados, Se tens no bolso mais que alguns trocados À miséria darás o teu adeus.
Bastando para tanto que tu creias Nos milagres vendidos nesta Igreja, Fortuna sem igual, grana sobeja Melhor que o canto torto das sereias.
Um dia num deserto, não sei onde O deus maravilhoso já se esconde E vendo o peregrino que andrajoso
Seguia por penedos tão faminto, Ofereceu riquezas. Não, eu minto; Parece que foi obra do... tinhoso! Marcos Loures
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Das cinzas do cigarro fiz teu nome, Escrito com detalhes sobre a mesa. Saudade, certamente me consome, Espero teu carinho, sobremesa...
Não disse adeus, querida, já te espero. A noite se promete formidável. Amor que tanto quis e que venero, (Carinhos e desejos), tão amável...
Me dê a tua mão, vamos sair, A noite nos espera, extasiada... Sabendo que o melhor estar por vir, Vivendo sem cessar, ó minha amada...
Não deixe tanta vida, por aí, Te quero, vem comigo, estou aqui...
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Das chamas exauridas do passado, Deixaste-me qual fênix ressurgida. A pedra lapidada, até ungida Reflete o coração ressuscitado.
Do quanto me encontraste amargurado, Minha alma aventureira, vã, perdida, Sem ter nem perceber sequer saída Inútil poesia, duro fardo.
Avesso às soluções mirabolantes, Teimando em destruir os diamantes Um velho prepotente e sem paragem,
Os dedos engelhados, rugas tantas, Porém ao ter noção de quanto encantas Renova-se ao final, esta paisagem...
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Das asas que me deste em sonho audaz Quem dera se eu pudesse voar leve, O amor em um momento já se atreve E faz de cada verso, capataz.
Enquanto a luz conheço, amor me traz O tempo de sonhar, mesmo que breve, Buscando um novo tempo que reserve Perfume desta flor, ternura e paz.
Não vejo e nem pretendo ter o gume Da faca no pescoço, fundo corte. Apenas sou tocado pelo lume
Falena que procura uma manhã Aonde se perceba que melhor sorte, Fazendo do prazer rara maçã.
SONETO SEM A LETRA I
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Dançavas com volúpias indizíveis Mostrando teus anseios de profana Os quadris esguiavas , tão incríveis. Nas formas e montanhas da serrana
Terra. Sonhei desejos impossíveis Do sabor mavioso desta cana Escorrendo meus lábios. Os possíveis Prazeres, a luxúria não me engana.
Nas danças convulsões quase que orgásticas, Desejos entranhados manifestas. As pernas seminuas, mais fantásticas...
No rosto, despudores e anseios, A boca prometendo loucas festas. Transparência divina: belos seios...
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Dançávamos juntinhos e era bom, A música invadia os meus ouvidos O teu corpo atiçando os meus sentidos, Os pés acompanhando, o mesmo tom.
Durante muito tempo aquele som Deixava os pensamentos tão perdidos E estávamos, deveras, convencidos Que o amor nos escolhera. Raro dom...
Passava um mês, um ano, uma semana, E tudo se esquecia noutra festa. Os malditos hormônios garantiam,
Porém realidade desengana De pouco que era muito, nada resta, Porém beijos gostosos nos viciam...
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Dançavas em nudez quase completa Fazendo sensuais, loucos volteios. No breve movimento de teus seios, Promessa de uma noite mais repleta.
Ardente e tentadora, uma ninfeta Que tesa em movimentos, bamboleios, Ao experimentar rudes anseios, Banquete nesta insânia, predileta...
Entreabertas pernas permitiam Visão profana e santa deste cálice. Pedindo que depressa, logo; escale-se
Delícias que meus olhos percebiam. E assim, total deslumbre, intensa fúria, Ardentes convulsões, gozo e luxúria....
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Dançavas cumbia noites mais portenhas... Te víamos estrela Buenos Aires, Perdidas todas manhas minhas senhas... Amar foi perseguir-te por luares....
Nas danças ludibrias, nossas lenhas, No rádio do meu carro, nossos bares, Voávamos libertos, nossas penhas... Estavas tão desnuda nos altares...
Bandaleons , acordos loucos tangos, Morfeu acaricia nossos sonhos... Nos amores estrias, fandangos
O carpido desejo renascer. Dançávamos os sonhos mais medonhos Nos ares que voamos, vou te ter... Marcos Loures
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Danças, saltos, mergulhos sem parar, Nossos sonhos envoltos em prazer. Prazer que nos invade sem parar, Dançando sem vontade de descer...
Mergulhos, tantos saltos sobre a chama, Vida que se incendeia e nos fustiga, Aplaca nossos sonhos, não reclama, Na cama que rolamos, trama amiga...
Nossa alma é uma nave sem destino, Vagando pelo espaço sem paragem. Se temos ou não somos, nem atino, Apenas te convido pr’a viagem...
Que tramo nestes saltos e nas danças, Rumando para amor, Roma, esperança
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Dançarmos nossa dança sem descanso, Vencer as intempéries e as invejas. Terás todo este amor que tu desejas Fazendo do recanto, um bom remanso.
A voz que em alto brado, agora eu lanço, Detendo as correntezas que sobejas Trará em calmaria o que ora almejas Nas ondas deste mar, doce balanço.
Estar contigo é ter uma certeza De ser além de tudo, mais feliz. Fascínio de um amor, e eu aprendiz
Recebo o teu carinho e com firmeza Espero novo dia pra poder Mais forte, proclamar nosso prazer... Marcos Loures
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Dançaremos o ritmo que quiseres Prazeres desfraldados nossa cama. Na mesa dos amores, mil talheres, Na ronda da alegria, enfoque e chama.
Rodando nesta valsa vienense Num samba tropical ou num bolero, Que o amor que tanto espero recompense Do jeito e da maneira que mais quero...
Amada, não me canso de dizer Do quanto te desejo, quanto admiro, Em cada novo passo, novo giro,
Ardências e vontades de poder Alçar os infinitos de teus passos, Roçando com meus lábios, dedos, braços... Marcos Loures
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Dançaremos o ritmo que quiseres Prazeres desfraldados nossa cama. Na mesa dos amores, mil talheres, Na ronda da alegria, enfoque e chama.
Rodando nesta valsa vienense Num samba tropical ou num bolero, Que o amor que tanto espero recompense Do jeito e da maneira que mais quero...
Amada, não me canso de dizer Do quanto te desejo, quanto admiro, Em cada novo passo, novo giro,
Ardências e vontades de poder Alçar os infinitos de teus passos, Roçando com meus lábios, dedos, braços... Marcos Loures
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Dançando sobre os sonhos, indolente; Nessa semi nudez que me domina. Segredos de donzela e de serpente; Aos poucos, docemente, me alucina...
As ondas que tu mostras, nesta dança; Forjando nos meus olhos, um delírio. A noite nos teus braços, sempre avança; Mistura de desejos e martírio...
Dançando nosso amor, sem perceber; Hipnotizado fico e não reclamo... A cada novo dia, perceber, Que sempre e tanto mais. Ah! Como eu te amo!
Nas mesclas de ternura e tentação, Aprisionado e louco de paixão!
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Dançando sob o brilho das estrelas Tocando uma viola caipira, Cadenciando os passos do catira As luzes que eu desejo aqui contê-las
São fartas alegrias, noites belas, E enquanto a gente bebe e a mente gira Beleza da cabocla que se admira E que com poesia tu revelas
Convites para a dança num sorriso, O portal principal do Paraíso, Que ateia o fogaréu dos meus anseios.
E assim a noite imersa em fantasia Enquanto este luar se refletia Derrama prata sobre os brônzeos seios...
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Dançando no teu corpo sem cessar, Eu tenho toda a vida pra viver Ao lado de quem sempre quis amar, Amando simplesmente; pertencer...
Minha alma descoberta te quer nua. Tão nua nos meus braços, nosso encanto Cada canto; vestida desta lua, De prata, transparente, belo manto...
Nascendo e ressurgindo dos meus braços, Que sempre foram teus, desde a chegada. Reparto nossas bocas, tramam laços. E deitam no infinito, minha amada...
Lençóis, edredons, tramas e coberta, Camas e maciez... Que descoberta!
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Dançando num compasso em desvario, Fantasiando gozos e viagens, Descendo minhas mãos, encontro o rio Aonde arrebentei tantas barragens.
No quanto ao me embeber, já me vicio Eu quero sempre além destas visagens, Matar o meu desejo, não adio E quero ter agora tais paisagens.
Remeto-me ao teu colo, seios fartos, Dos sonhos a verdade faz os partos E deita sobre nós a intensa luz
Na qual eternamente quero estar, Tocando com leveza, devagar, Vagando ternamente, corpos nus... Marcos Loures
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Dançando nossa dança predileta Nossos rostos colados, passo a passo, Minha vida na tua se completa Na plena sintonia deste abraço. A noite vai passando... A fina seta Do deus apaixonado, no compasso, Atinge bem em cheio a sua meta, E sinto mais firmeza no teu braço... Amar é se entregar, eternamente, Te juro, meu amor, te quero tanto... Não deixe que esta dança, de repente, Termine na saudade, em um adeus, E vendo, tanto encanto neste canto, Eu louvo a pontaria deste deus...
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Dançando no salão iluminado Dos sonhos e vontades, meus desejos. Encontro cada sombra do passado, Rendendo-me mergulho nos teus beijos.
Depois no baile fanque da esperança Encontro atoladinha esta menina. Dançando em chapa quente se ela dança O tempo de sonhar nunca termina.
Quem dera se pudesse a patricinha Saber do vira lata que a procura. Cachorras, preparadas, perco a linha, No popozão da moça a minha cura.
E assim buscando amor não sei aonde Eu vou seguindo a gata e pego o bonde... Marcos Loures
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Dançando no salão das esperanças Promessas do que fomos repartidas. Atando bem mais forte em alianças Unimos com carinho nossas vidas.
As horas que se passam, calmas, mansas Remansos em estradas distraídas Atando nossos passos, mesmas danças, As dores são deveras redimidas.
Eu quero estar e ser teu companheiro, Vivendo um sonho intenso a cada dia. Sentindo o teu perfume, rastro e cheiro
Singrando o doce mar da poesia. Catando estas estrelas que derramas Fazendo das estrelas, novas chamas... Marcos Loures
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Dançando nas esferas e nas ruas As nuas melodias e os sonhos, Que fazem de meus olhos mais risonhos E em plenas alegrias continuas
As Ruas e destinos são festejos Realejos dos meus tempos de criança Quem me dera se todos os desejos Realizassem por certo uma esperança
Mas, nada , estou assim muito feliz, Sabendo que virás ao fim do dia. O brilho dessa vida, sempre quis.
depois de tanto tempo,por um triz Revivendo invadindo a poesia Trazendo, ao fim da vida, uma alegria!
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Dançando na quadrilha dos meus sonhos Morena sedutora me sorrindo. Enquanto em maravilhas eu deslindo Momentos com certeza mais risonhos Depois de dias frios e tristonhos Eu vejo o amanhecer de um dia lindo.
Convites de quentão, fogueiras, danças, Nos olhos tanto brilho, fogaréus... Nos passos que traçamos, esperanças Olhares se encontrando pelos céus... Voltamos num instante a ser crianças Usando as fantasias como véus...
Folguedos e festanças, esplendor Do mágico poema feito amor... Marcos Loures
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Dançando na noite, bate e me guia Nesta fantasia a gente se perde Tem gente que pede outra ventania O vento sacode e traz alegria.
Eu quero o meu canto o quanto que quero Eu não quero espanto o pranto não gero Amor que venero é sempre um encanto Ficando no canto aguardo o que quero...
O tempo que trago a noite me deu Amor que morreu espera um afago Sozinho vou eu nas margens do lago Bebendo esse trago amor meu morreu.
Mas danço de novo o canto que tinha A noite é tão minha, assim me renovo...
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Dançando entre as estrelas, sóis e luas Ouvindo em disparada, corações As peles e vontades todas nuas Aos olhos dos fantasmas, emoções.
Enquanto mais distante continuas Os rios vão tombando embarcações Se eu tento e na verdade não flutuas Atuas com delírios e paixões.
Meu álibi promete a liberdade Em transe procurei tuas pegadas, Depois de certo tempo, a liberdade
Não vale quase nada, disso eu sei, As hóstias da ilusão são consagradas À sorte que decerto em não achei.... Marcos Loures
52
Dançando em poesia voamos sem parar, no rumo da alegria, vagamos num luar
que é tudo o que eu queria poder comemorar a bela fantasia de poder te encontrar,
dançando nos espaços, estrela deslumbrantes juntemos nossos braços
amando mais do que antes e em valsas, danças belas, chegarmos às estrelas...
53
Dançando em poesia voamos sem parar, no rumo da alegria, vagamos num luar
que é tudo o que eu queria poder comemorar a bela fantasia de poder te encontrar,
dançando nos espaços, estrela deslumbrantes juntemos nossos braços
amando mais do que antes e em valsas, danças belas, chegarmos às estrelas...
54
Dançando com teu canto sou feliz, Amando assim, deveras, ganho a vida, De tudo o que de bom penso que fiz, Eu devo tanta coisa a ti, querida...
Vivendo uma alegria por um triz, Acho do labirinto, uma saída, Não resta mais nenhuma cicatriz, Tristeza já se foi em despedida.
Encontro em tuas mãos, o meu amparo, Meus passos nos teus passos, elisão, O nosso amor, tu sabes é tão raro,
As tuas mãos macias e serenas, Tocando minha pele e coração, Prá sorte no futuro já me acenas...
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Dançando com palavras, eu sonhei; Na valsa debutante deste amor. Os trâmites legais eu respeitei, Embora sempre fosse um sonhador. Amar não é seguir nem ditar lei; Do amor serei decerto, um servidor. É certo que em deserto eu esperei, E veio a tempestade sem temor. As lavras e canteiros que cultivo São parte deste sonho. O que fazer Se sem amor nem sei se sobrevivo, Ou vivo simplesmente por viver. Amar não é se dar e ser passivo, É mais do que ficar, é sempre ser!
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Dançando com as nuvens, par em par, Vagando as noites claras, sem sossego. Amor que nos guiando traz apego, Vontade de em teu colo me entregar.
Nós somos testemunhas de que amar É como reviver, isso eu não nego. É refazer os olhos de quem cego Não via mais as cores deste mar.
Navego com a brisa, com os ventos, Chegando ao porto manso de teu colo. Jamais em sacrifícios eu me imolo,
Pois tenho aqui comigo, pensamentos Nos quais, quando em tristeza, me consolo, E aplaco quaisquer dores, sofrimentos... Marcos Loures
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Dançamos noite inteira sem parar Na festa deste sonho em maravilha Que leva pelas mãos até luar, Em purpúreas delícias, nossa trilha.
Olhar que qual farol sempre rebrilha, Mostrando em que planetas navegar, Levar-te junto a mim, uma bela ilha, No carrossel divino, céu e mar...
No jardim das canções, no horizonte, Que é feito do matiz encantador. No mundo mais bonito que desponte
Amor que sempre gira, mente e sonho, Florescendo e raiando em cada flor, Nos versos da cantiga, eu te proponho...
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Dançamos nossas noites de alegria Ébrios desta insensata lucidez, Que traz como verdade, a fantasia, E mata a realidade em sua tez.
Nas Torres, nas senzalas, nas masmorras, Amarro nossas almas transtornadas. Impedem que dos medos nos socorras, De tantas as tristezas entornadas...
Dançamos nossas noites, sem parar, Vivendo nossos sonhos nossa luz. No parto que prepara nosso mar, Reflete todo amor que se produz.
E vamos para o dia, peito aberto. Sem medo da aridez deste deserto!
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Dama que em minha cama vira a puta Que sempre desejei, fúria e paixão. Abrindo a sua xana não reluta, Devora, engole tudo com tesão.
A fêmea delicada, assim astuta, Arranca mil gemidos, tentação, Encharca de vontade cada gruta Molhando com delírio. Convulsão.
Felina que ronrona enquanto arranha, Como um anjo sacana abrindo as pernas, Enlanguescente finge em doce manha
Maliciosamente pede mais. As nossas madrugadas loucas, ternas, Delitos e pecados sensuais... Marcos Loures
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Dados que já rolaram destruídos Rugindo tempestades sem sentido... Na quilha dos desejos percebidos O medo transportando, vou perdido...
Criaturas deixando seus olvidos Nos roseirais delírio desvalido. Nas hispânicas lutas meus sentidos... Dado que sempre rola, destruído...
Mensagens sem remota qualquer chance De resposta por quem não deseja volta... Na montanha risonha do romance,
O medo desafia pede escolta. Se foste meu amor, não és fiancè, Meus dados que rolaram na revolta... Marcos Loures
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Da vida refazendo uma ilusão Bebendo até fartar as decepções. Sentimentos, eternos alçapões, Ladrando de saudade feito um cão.
Não quero mais saber de outro senão, Sem vértices mergulho nas paixões Naufrago sem pudor, embarcações, E trago com doçura cada arpão.
Se fétido ou se lúdico, não sei. Veremos no final, se existe lei Ou regra que me impeça um recomeço.
Nas farpas que trocamos; bem ou mal, Amor ao desfilar em festival Espera pela queda num tropeço...
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Da vida que se sente, assim, amada Recolho meus momentos mais felizes, A lua se espalhando na calçada Promete em profusão raros matizes.
Canções vão percorrendo nossos ares, Mergulhos em fantástica alegria. Aonde e da maneira que sonhares De ti farei a minha estrela guia.
Carrego dentro em mim a tua luz E dela faço o rumo de meus passos. A solidão que fora algoz e cruz Sucumbe, cedo, à força dos teus braços.
É bom gritar ao mundo que hoje és minha. Minha alma na tua alma já se aninha... Marcos Loures
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Da vida me aportaram nos teus braços, Os barcos de meus sonhos, fantasias. Estreitam-se, com força nossos laços Sabendo deste amor, as garantias.
Não quero mais viver desiludido, Nem mesmo que me sangrem as promessas O quanto amor é bom, se repartido, Tu sabes e decerto me confessas.
Não temos mais motivos pra sofrer Tocados pelo gozo da ventura Que mostra toda a força do prazer Calando com sorrisos a amargura.
Depois de meu passado triste e roto, A fonte do prazer jamais esgoto. Marcos Loures
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Da vida em harmonia e bem querer Eu traço o mote e expresso em poesia O bom que tantas vezes se estendia Mudando todo o curso do viver.
Não posso mais deixar de te dizer O quanto que recebo em alegria Palavra que decerto bendizia A trama que escolhi, a percorrer.
Nas cinzas que carrego no meu peito, Amor em mansidão já deu seu jeito Agora nada temo, com certeza.
Seguindo a minha vida em calma e paz Decerto a plenitude agora traz A força que não teme a correnteza. Marcos Loures
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Da tua imagem mágicos adornos Criados na retina dos meus sonhos, A sílfide em fantásticos contornos Promessa de momentos mais risonhos...
O acaso que juntou minha alma à tua Num ato tão perfeito quanto harmônico, E quando o afeto mútuo assim atua, É para o sentimento como um tônico
Fortalecendo os laços, permitindo
Então um caminhar mais vigoroso, E quando em ti belezas tais; deslindo, Eu sinto o propagar de intenso gozo,
Nas ondas de teus mares, naufragado, Marulhos do desejo, imenso brado!
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Da tua camisola transparente Imagens destes seios deslumbrantes, Mamilos excitados e excitantes Uma explosão em gozos se pressente.
O coração dispara de repente Deliciosos ritos, fascinantes, Sorrisos em convites provocantes Imenso turbilhão tomando a gente.
As línguas se misturam; vagam dedos Descobrem dos prazeres, seus segredos Enredos entre redes feitas braços.
Penetram-se desejos e vontades, Fronteiras destruídas, sem as grades Intenso fogaréu estreita laços...
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Da tua boca sinto essa peçonha Crotálica presença, escorpiônica. Mordaz; uma beleza assim medonha, Minha respiração se torna agônica.
Enquanto uma esperança ainda sonha Minha alma se perdendo vai atônica. Por mais que uma alegria se proponha, A vida não será; jamais, harmônica.
Da fêmea demoníaca que enlaça A cérvice de quem amou demais. Aporta em tempestades tal desgraça
Negando ancoradouro, perco o cais. O tempo do teu lado nunca passa, Porém insano amor, eu quero mais...
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Da textura da seda em tua pele Deste perfume doce que inebria, Aroma que domina e que impele A te buscar sem medo em alegria...
Dá-me esta esperança de emergir Neste sacrário louco e mais profano, Sofregamente quero te sentir, No enrodilhar de pernas mais insano.
Sorver de tua pérola este sal, Que me deixa, tu sabes, sempre tenso, E verter meu carinho sensual Neste infinito céu de sol intenso.
Ah! Faz surgir a flor voluptuosa Que tão tropegamente, vem e goza...
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Da tristeza dos olhos de quem ama Acesa esta fogueira no teu peito. A dor que me tocando logo inflama Transborda em teu sorriso, satisfeito.
Meu sofrimento é toda a tua chama Lençol que te acarinha no teu leito, Se preso em tuas garras, tua trama, Cada vez mais cativo, assim eu deito.
Amor antropofágico e voraz, Que é feito destas mágoas mais profundas, Não sabe, em turbilhão, viver a paz,
Tua alegria é feita destas chagas, Do sangue derramado é que te inundas, Mordendo, calmamente enquanto afagas...
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Da sorte e da alegria sente o cheiro, Deixando esta mordaça já de lado, Amor que a gente fez; anunciado, Mudando a nossa vida por inteiro.
Entendo cada encanto verdadeiro Não sendo mais decerto um estouvado No corpo que desejo faço arado Nas coxas e nas ancas meu canteiro.
Cavalo que se atrela em esperança Bobeia, segue livre e o céu alcança O tempo lança os dados, faz o jogo.
E a gente com vontade não se cansa, Brindando com prazer esta aliança Brincando sem descanso com o fogo..
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Da silhueta altiva e tão esguia Tocada pelas névoas ao luar, Invade mansamente o meu sonhar E a velha direção já se cambia.
Flamejante, este olhar que me irradia Com eloqüência sinto-me tomar Por tal beleza rara. Vislumbrar Imagem que em teus olhos trama o dia.
Enlouquecido vago, tristemente Depois que tu partiste, o que restou? Resposta aos meus anseios diz: ninguém...
O fim da longa estrada se pressente Mostrando na verdade quem eu sou Mortalha enegrecida, ancora e vem... Marcos Loures
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Da senda que eu julgara já perdida Entregue em descaminho à própria sorte O vento dolorido amargo e forte Estrada entre os espinhos percorrida
A vida preparando a despedida Projeta tão somente frio corte Secando uma ilusão que sem aporte Enlutada, perece, esvaecida...
Seguindo solitário, ninguém vê, Quem dera se eu pudesse ainda crer No encanto que o passado desenhou.
Procuro o teu retrato, mas cadê? Apenas em meu mundo o desprazer A morte, no vazio, diz quem sou... Marcos Lou
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Da rosa que o amor despetalou Apenas vaga imagem de um canteiro, Que segue em cada passo o que restou Do sonho que julguei ser verdadeiro.
Desdigo num momento o que hoje sou O vento jamais fora alvissareiro. O fardo que esperança carregou Incendiando em vão, foge ligeiro.
Acaso se chegasses e tivesses Esta visão do amor que não se preza. Terias com certeza uma surpresa
Antítese perfeita mata as preces O amor que outrora fora mais amigo, Prepara diariamente o meu jazigo...
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Da rosa que plantei sob a janela Apenas os espinhos recolhi, Enquanto a solidão já se revela Eu volto o pensamento e chego a ti.
O amor na sua vasta clientela Espalha uma esperança lá e aqui. Depois vaga sozinho, mata a estrela Dizendo do que eu quis e não vivi.
Amarga sensação que não me larga, Nos dardos que lançaste num olhar Eu sei que este horizonte não se alarga
Na adaga que penetra impunemente Vontade de partir e de ficar, Transtorno que nos toma corpo e mente... Marcos Loures
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Da rosa que me deste, o meu canteiro Na rubra maravilha se deslinda, Por mais que o sofrimento venha, ainda Beleza deste encanto, mensageiro.
O sonho de um poeta verdadeiro Permite que se entregue à flor mais linda Perfume fascinante não se finda E vive eternamente, por inteiro...
Mal sabes quanto o belo representa, Apascentando a dor tão violenta Da dura solidão de um sonhador...
Rosais que tu plantaste no meu peito, Cativo dos florais, já me deleito Com toda a perfeição da bela flor... Marcos Loures
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Da noite que se fez agalopada Lençóis e fronhas soltas pelo chão. Da pele tão macia, assim suada, O brilho de estrelas, constelação.
Sentindo tua boca navegando Meu corpo entre carinhos mais completos, De novo minha pele arrepiando Tu sabes dos meus atos prediletos.
Os beijos mais gostosos tão intensos, As mãos que não se cansam de explorar. Viajo por planeta e mar extensos; A boca vai descendo devagar...
E assim, nesta delícia matinal, De novo percorremos todo astral...
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Da primavera em flores, o meu peito Vivendo vicejante, transtornado. Lutando pelo amor, que é seu direito, Querendo ser de amor também amado...
Estendo os braços meus e te procuro, Em meio a tais jardins do bem querer. De luas estrelares, brilho puro, Que faz o nosso céu resplandecer.
Eu sigo te pedindo essa ventura De ter o teu carinho, minha amada. Amor tão forte, intenso, se perdura, Após o doce beijo da alvorada...
Da primavera, quero a primazia, De te inundar de flores, de alegria...
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Da pedraria falsa que lapido As pérolas desbotam-se em fracassos. O rumo há tantos anos decidido Encontra na agonia os vãos abraços.
Ouvindo da esperança, dor, gemido, Arranco com franqueza os velhos laços, O que julgara há tempos, vai partido, Olhares se tornando frios, baços...
O féretro dos sonhos, seus velórios, Amor que tanto carpe e me entontece, Da antiga ladainha, inútil prece
Forrando em pesadelos merencórios, Aguarda numa espreita, a amarga sorte, Cerzindo com sarcasmo, a minha morte... Marcos Loures
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Da noite que chegando devagar, Pretendo tão somente uma ternura Que venha mansamente demonstrar A divindade imensa, bela e pura
Que enlaça cada passo a se mostrar Bem longe dos verdugos que em tortura Invadem com terrível amargura O sonho em que cismei de te adorar...
Teus seios, tua pele, a tua boca. Martírios e desejos misturados, A noite vai rolando, audaz e louca
Atando nossos corpos num segundo, E assim, em mil prazeres decorados, Vagamos o universo em mar profundo...
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Da neve que me toma o sentimento, Agrisalhando aos poucos meus cabelos, Teus olhos tão distantes. Posso vê-los Entretanto, sonhando num momento...
A chuva se mistura com o vento Dos céus nuvens confundem-se em novelos, Agônicos espectros, seus apelos Expiam esperanças, me atormento...
Pesadelos afloram. Histriônicos Esgares em total estupidez. No solo da alegria, esta aridez,
Os passos se confundem, desarmônicos. Satânicos fantasmas. Neste abismo, O amor se transbordando, fanatismo... Marcos Loures
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Da noite feita em trevas, sinto o brilho De um sol tomando em glórias, o horizonte. Ao ver tanta beleza, sonhos trilho, Procuro de onde vem; divina fonte.
O velho coração tolo e andarilho, Sem ter a direção que ainda aponte Por onde prosseguir sem empecilho, Já sabe e reconhece a frágil ponte
Que o leve ao mais sublime amanhecer, Depois de tantos medos e tristezas. Envolto por fascínios e belezas
Eu sinto a dor de outrora fenecer, Entregue à tão sublime claridade, Conheço os seus sinais: felicidade!
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Da musa música delícia orgasmo Nas cordas e nas danças e cirandas. Nos ermos no vagar entusiasmo. Desertos, praias bares e quitandas...
Convulsas rezas lúbrica és espasmo. Orquestras e dobrados, festa, bandas... Amores, risos, lágrimas sarcasmo... Nas guerrilhas luares e Luandas...
Nas valas e sarjetas vícios, bordéis... Parques meninos rodas carrosséis Igrejas botequins, Deus, Satanás...
Nas estrelas e luas nas favelas... Nos erros nos acertos treva e velas... São todos os lugares onde estás...
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Da musa dos amores, poesia Eu bebo cada gota de prazer. Meu verso enamorado já dizia Do quanto é necessário um bem querer.
Trazendo em alvoroço um novo dia Raiando a maravilha, amanhecer, De tudo quanto sinto que podia Agora me convenço. Posso ter.
Arfantes caminheiros, longa estrada Vencida tão somente em esperança. Destino deslumbrante já se alcança
Depois de tanto medo e derrocada. Não deixo de sonhar contigo amada, Farturas de desejo em lua mansa. Marcos Loures
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Da morte que perpetra um vão orgasmo Levando uma crisálida em vencida Depois de tanto tempo, no marasmo, A boca se esfacela e nega a vida.
Procelas que embebi na minha estada Deixando suas marcas mais profundas. No peito que se entrega, uma estocada Causada pelas mãos, cruéis, imundas
Daquela que se fez negra penumbra, Depois de me entregar em corpo, em alma, Somente este vazio se vislumbra, Uma agonia amarga, agora acalma.
E neste paradoxo, pouco sobra Do peito que em tempestas já soçobra... Marcos Loures
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Da morte em redenção, pressentimento A chuva na soleira quer entrar. O tempo destroçando devagar Queimando em fogo manso, sempre lento.
Às vezes um sorriso, finjo ou tento, Mas nada poderá modificar O rio caminhando para o mar, A vida já tomou, decerto, assento.
Crianças vão correndo pela sala Notícias repetidas nos jornais. Os versos terminando sempre iguais
Apenas a saudade ainda fala, Mas mostra a mesma boca no mormaço, Do amor que sucumbiu, o mesmo traço... Marcos Loures
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Da morte da menina arremessada Do prédio pelas mãos da insensatez, A sombra que transtorna, estupidez, Na foto das manchetes, estampada.
Retrato da miséria demonstrada Sem nexo, renegando a lucidez, A fome mais cruel estampa a tez Mostrando esta tragédia anunciada.
Apenas um cadáver de criança Sorrindo, sonegando uma esperança Numa expressão terrível da verdade.
Mais uma, com certeza, entre milhares De corpos que povoam mil lugares Espelho em que se vê a humanidade... Marcos Loures
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Da moça tão bonita, uma sereia Se esconde sob a saia da donzela. Eu tento e não consigo, que esparrela! Apenas é fogueira que incendeia,
Mas logo a realidade põe areia, Toda dificuldade se revela, Cueca com vontade já se mela, Não dá nem um pedaço, sequer meia.
Nos seios, meus carinhos... que delícia, Descendo devagar total perícia, Porém fechando as pernas, um horror.
A moça taca lenha na fogueira, Enquanto a rapariga dá bandeira Acendo os meus desejos com vigor Marcos Loures
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Da menina carioca Quero um beijo mais gostoso, O meu mar já desemboca No teu corpo tão dengoso
Coração, velho sestroso Pouco a pouco se desloca, Neste encanto prazeroso Feijoada e tapioca
A vontade pondo a mesa, Vai chegando em Fortaleza Devagar, bem de mansinho.
Um mineiro que se preza Nos teus braços quer ser presa Do teu corpo faz seu ninho... Marcos Loures
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“Da manga rosa quero o gosto e sumo” Dos braços da morena meu regaço Evaporando amor, etéreo fumo, Deitando no teu colo meu cansaço...
Eu te desejo esteja certa disso, Como quem beijaria mansa flor. De todo amor que nasce em belo viço, No vício um precipício em denso amor.
Perfumes inebrias, meu incenso, Intenso como quem quer ser feliz. Amor se bobear ficando imenso, Deseja toda a rosa em seu matiz...
Não deixe que esse canto se desfaça Brincando qual criança em plena praça...
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Da loba que se esconde em tua pele, Decifro os seus desejos mais audazes. Causando reboliço em minas bases À louca fantasia me compele.
A doce insensatez que nos domina Transforma a calmaria em temporal. Descubro, dos desejos, fonte e mina, No corpo desta diva sensual.
Na cama, com certeza um fogaréu Hedônica paisagem que ora crio. Transporta o pensamento, alcança o céu, Espalha nos lençóis, doce rocio.
Unindo nossos cios, destemidos, À noite entre sussurros e gemidos... Marcos Loures
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Da lírica canção que inda ressoa Durante as minhas noites tão vazias, Estrelas derramadas, harmonias, Lençóis; já não revolvo. Sonho à toa.
As décadas passando, a vida voa, Encontro o meu fantasma de outros dias, Regando este canteiro, as águas frias, O barco naufragado ignora a proa.
Menino que sonhou Arpoador, Sem Califórnia aguarda uma Jamaica, Insana melodia tão arcaica,
A balalaica diz do encantador Desejo de mudança que abortei, E as rugas vão ditando a nova lei...
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Da lama de onde vim, restos e ramos Os rostos macilentos, cadavéricos; Epidemias, pestes enfrentamos. No orgástico prazer, amores féricos,
Os olhos debulhados negam amos, Nos nossos entrelaces, quase homéricos, Os déspotas algozes; descartamos, E nos amamos, fartos, como histéricos...
As lamas se misturam, neste esterco, Do caos e do abandono se alimentam, No mangue, em nossos corpos, eu me perco;
Ao lixo já retorno e não reclamo, As podridões diversas me sustentam; Somos iguais, amor... Por isso, eu te amo!
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Da joça que na roça vira carro, Eu roubo as tentativas de motor. A moça desejando qualquer sarro, Deixando devagar agüenta a dor.
A proteína eu roubo do cigarro, E nela o câncer tem todo o louvor. A boca me beijando diz escarro Fugindo com meu santo protetor...
No resto, tudo bem e nada presta, O beco sem saída na floresta Prepara esta ferina solução.
Enquanto a poesia não me gesta, Eu faço em descalabro cada festa E roço essa menina no portão...
94
Da janela do quarto, solitário, Ao ver a tua sombra desfilando, Meus olhos vão seguindo itinerário E, aos poucos, dos teus olhos, desviando...
Não quero que tu saibas deste amor Que traz a poesia em minha vida. Vencendo tanto tempo sem sabor A noite se adormece distraída.
Há musica nas ruas quando passas, Há brilhos diferentes, há romance. As folhas que no chão, tu sempre amassas, Impedem que a batida já te alcance,
Do pobre coração que se dispara, Sentindo esses teus passos, minha cara...
95
Da glória que virá, pressentimento Espalha-se em fantástica alquimia. Beleza em que se dá tal sentimento Há tanto que delícia já previa.
Abertos os caminhos, sigo o vento E sei que nele encontro a poesia Os elos das algemas; arrebento Projeto: ser feliz, jamais se adia...
Desejos que trazemos; não etéreos, Palpáveis com certeza. Em filigranas As horas junto a ti são soberanas.
Momentos solitários e funéreos Eu passo quando estás longe de mim. Porém sinto que vens, até que enfim...
96
Da glória de poder sentir o vento Macio da esperança me tocando, Na brisa benfazeja, o pensamento Aos poucos, mais sutil, se libertando.
A vida traz a glória por intento Porém a gente segue sonegando A luz que surge em pleno firmamento, Mostrando um novo dia suave e brando.
Amar completamente e sem medidas, Vencendo estas defesas que são fúteis Os braços quando estendes são sempre úteis
Ao permitir a outrem ver as saídas Que às vezes são tão óbvias que se ocultam Daqueles que ouvem tudo e nunca escutam... Marcos Loures
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Da forma que vieres, és benvinda, Coberta de um amor ou por favor, Tua presença amiga já deslinda Um novo mundo pleno e sedutor.
Embora cedo seja muito, ainda, Jamais é muito cedo para o amor. Meu coração aguarda tua vinda De quero da maneira como for.
Ao ver-te decidida e quase rindo, Percebo que inda tenho alguma chance, O tempo de esperança é sempre lindo.
Ainda que isso seja embrionário, Quem sabe viveremos num romance, Amor tão delicado e visionário...
98
Da força da amizade eu me convenço Delícia em liberdade já sentinto, Aos olhos de quem ama, um brilho intenso A cada novo dia, ressurgindo,
O medo de perder, tornando tenso O canto que se fez em dia lindo, Porém se na amizade eu sempre penso, O vento em calmaria já vem vindo
Batendo na janela enfim me traz, A perfeição dileta, plena paz Deixando para trás uma agonia.
Eu tenho nos meus olhos a certeza De um tempo em que o carinho já se preza Quem sabe esta amizade me diria... Marcos Loures
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Da fonte da alegria, eu vou beber Descendo a correnteza da utopia, O dia em claridade irá nascer, Vencendo com certeza a noite fria.
O quanto que desfruto do prazer De ter o teu amor, reter sangria, Sabendo o quão sublime um bem querer Tramando em nossa vida esta magia.
Felicidade viva em cada riso, Amor que vem chegando sem aviso, Mudando novamente cada plano.
Não temo me entregar, mergulho fundo, Nos faustos deste sonho eu me aprofundo. Por mais que venha cedo o desengano. Marcos Loures
4500
Da eterna juventude, inesgotável; Humanidade busca a mina, a fonte Um sonho que se mostra interminável, Vazios; entretanto, no horizonte.
Quem dera se eu tivesse a mocidade E nela refizesse os meus caminhos. Talvez inda restasse a claridade No libertário encanto, passarinhos.
Ao ter o teu sorriso amada amiga, Eu vejo ser possível, pelo menos, O traje que em delícias nos abriga Trazendo dias calmos, mais amenos.
Assim ao recobrar uma esperança A fonte dos desejos já se alcança...
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