
MEUS SONETOS VOLUME 038
Data 30/11/2010 15:14:20 | Tópico: Sonetos
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Bem sei que morreremos abraçados Os fados predestinam tal suplício De tanto amor que tenho, velho vício, Os braços estarão por certo atados.
Quem sabe qual Quasímodo, meus fados Farão dessa Esmeralda precipício, E tanto que te quero desde início Talvez os nossos fim compartilhados.
Porém nossas sementes proliferam E mordem quem deseja ser feliz. Os olhos dos demônios que se deram
Invadem tantas glebas e plantios. Mortalha que nos cobre, negro-anis De noite se reparte em nossos cios...
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Bem sei que não existe fingimento No que tu sentes; minha doce amada... Eu nunca duvidei nenhum momento E sei que estás comigo. Busco em cada
Estrela o teu olhar; meu sentimento Jamais esperaria de uma fada Nem dúvida nem medo e nem tormento, Por isso nunca sofra. Enamorada
Dos sonhos deste sol que quer a lua, Da lua que buscando um claro dia, Nos versos encantados já flutua
O canto que te fez vir para mim. Por isso não mais tema esta alegria
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Bem sei que não me queres, mas eu tento Vencer tuas defesas, ser só teu. O sonho que entre trevas se perdeu Bebendo o temporal mais violento.
O amor que poderia ser ungüento Em plena tempestade se verteu, O amor que tanto eu quis, pensara meu, No fundo vai vazio; exposto ao vento.
Os erros, reconheço, foram tantos, As ilusões morreram desencantos, Os olhos sem destino, vão ao leu...
Não jogarei confetes, nem confeitos, Tentara ter momentos mais perfeitos, Meu barco naufragou. Era papel...
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Bem sei que não te importa como estou! As dores que senti quase mataram... As noites que sofri, me congelaram. Do que eu fora, bem pouco me restou!
Mas, felizmente, tudo já passou. Feridas que cortei, cicatrizaram.... Outras mulheres tive, e já passaram... O tempo que maltrata, me deixou...
Os templos que conheço, da alegria! De novo tatuados no meu peito! A dança, o riso, toda fantasia...
A vida camarada deu seu jeito! Agora se me veres posso rir! Desculpas? Nem precisas mais pedir!
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Bem sei que nunca mais terei teus braços, A dor que te causei não tem remédio... Meus erros foram tantos e tão crassos Desculpe se eu insisto em meu assédio. Errante, pela vida, perco os passos, E sei que estás cansada. Sou um tédio... Mas quero que tu saibas destes laços. Amor, o que será que mais impede-o? As falhas cometidas? Meus enganos? Ausência de teus lábios me matando... Meus gritos solitários, desumanos... Bem sei que não me queres, mas; porém, Eu peço, com minha alma suplicando, Me queira, pelo menos, algum bem...
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Bem sei que o fim do mundo é todo dia Depende de quem vai e de quem fica, Por isso tantas vezes alegria Parece sensação boçal. Implica
Em ter todas as gotas de harmonia Nesta mistura nobre que é tão rica Um pouco de esperança e fantasia Encolhe por um lado noutro estica.
Mas vivo na alegria um corte de aço Fazendo meu sorriso mais profano. Não digo ser feliz é ser palhaço
Quem pensa desse jeito não resiste Ao gosto do desejo soberano E morre mais boçal por ser tão triste.
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Bem sei que quando eu amo de verdade Misturo a fantasia com desejos. Talvez amor em sua intensidade Aumente essa vontade de seus beijos...
Eu vejo a vida sempre mais bonita Com olhos distorcidos pelo amor. A lua que me cobre, tão bendita; Incrível, vai me enchendo de calor.
Eu te amo com sincera insensatez E canto com meus versos mais doridos, Quem sabe; a fantasia tome a vez Pintando em teu retrato meus sentidos...
Amor tão infinito quão fugaz A mão da poesia sempre traz?
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Bem sei que são tão nobres sentimentos Que trazem alegrias em renúncias. Sagrados nos permitem bons momentos Intensos, neste mundo de denúncias.
São vastos os prazeres ofertados, Em ambos, tanta luz ofusca a treva. São simples mas, deveras, rebuscados, Por eles a minha alma já se enleva;
Possível conviverem entre si? Talvez mas é difícil acontecer. Depois que tanta coisa eu dividi, Tal possibilidade; pude ver.
Amada; é minha amiga de verdade. Contigo, em pleno amor, uma amizade!
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Bem sei que tanta dor já me acompanha Dos tempos de menino, o que me resta, Por mais que a dia venha a noite ganha E fecha novamente qualquer fresta. Mas tenho uma esperança na fragrância Que o vento trouxe em paz, de bem distante... Quem sabe se reverta o mal da infância E a vida seja enfim, de novo amante... Eu quero que este vento me responda Não use subterfúgios, seja franco, O mar que me inundou trazendo a onda Foi sonho que perdeu-se ou dia branco? Espero que esta noite o vento trague Um beijo que me toque e que me afague...
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Bem sei que tantas vezes duvidaste Do que sinto em minha alma, só por ti, Se em falsos descaminhos me perdi, A luz de um sol imenso faz contraste.
Não sei se percebeste e reparaste Que agora, finalmente estando aqui, Depois da morte em vida, renasci, E disto, meu amor; participaste.
Vieste em derradeira redenção, Cuidando com carinhos e atenção Daquele que durante a vida inteira
Perdendo as esperanças, se perdeu, E agora que demonstro ser tão teu Eu faço deste amor minha bandeira...
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Bem sei que te fizeram redentora, Mulher de mil batalhas e de guerra. A noite que te trouxe, criadora. Das dores; teu carinho me desterra.
Não posso conceber que quem te adora, Não vive sem pensar: É bela a Terra. Dos vales e dos campos és pintora, Dos pássaros das cores desta serra!
Se tens a mansidão que tanto acalma, Por certo também tens brilho e ternura. As linhas do futuro em tua palma,
São flores maviosas qual bromélia. A vida, em tuas mãos, tanta brandura, Destino que me trouxe a ti, Amélia!
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Bem sei que todo amor é passageiro, Não deixo me iludir, eis a questão. Porém o meu amor tão verdadeiro, É mais que sentimento: é coração!
Bem sei que sentimento logo passa, Não deixo me enganar, eis a verdade. Assim, em pouco tempo se esfumaça, Não deixa nada além d’uma saudade...
Bem sei que essa saudade nos maltrata, Não deixo de saber, eis um dilema; Mergulhar totalmente em densa mata, Não há sequer no mundo quem não tema...
Mas nisso eu encontrei explicação, O meu amor é mais: É MEU CORAÇÃO!
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Bem sei querida, a dor que sentes; pois Passei pelas estradas que passaste, Conheço as cicatrizes do depois Assim como o cansaço e o desgaste... Vida que, em alegria, se compôs Às vezes sente o peso que dobra haste O corte tão profundo que te expôs, Tal qual um fino caule, já dobraste... Mas saiba que isto passa; minha amiga, A cura? O próprio tempo se encarrega, Por mais que tantas vezes se periga Uma esperança; não desistas mais, Ferida que se traz; nunca se nega, Depois da cicatriz, retorna a paz!
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Bem sinto meu amigo, este torpor Que toma tua vida por inteiro, Nestes versos que acabas de compor Não foste quem conheço, companheiro... Tu tens a mansidão dentro de ti, Pacato como o vento mais suave, A bem de uma verdade eu nunca vi Criares para alguém qualquer entrave. Porém se eu te encontrasse desse jeito, Jogado como as pedras neste rio, Iria te dizer do amor perfeito, Que faz o coração ser mais macio. Nos braços com total sinceridade, Eu te relembraria da amizade...
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Bem sinto que não queres mais que eu chame Teu nome pelas noites, madrugadas... Amor que tão distante não se inflame Nas horas mais gostosas e sonhadas...
A brisa que te trouxe levará Teus passos por estradas mais diversas. Eu jamais estarei, decerto, lá, Meu nome não virá nessas conversas...
Esquecido, num canto que deixaste, Sem ter um só segundo do teu canto... Meus pés atados quebras a minha haste, E negas teu carinho e teu encanto...
Mas saibas que o vigor de uma emoção Jamais derrubará meu coração!
Que luta a cada instante, sem saudade, Aberto sempre ao vento, liberdade!
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Bem vindo ao nunca mais retornarás, Um prisioneiro apenas, nada mais. O coração sem tréguas aqui jaz Morrendo pouco a pouco, esquece o cais.
O vento libertário sempre traz Em gestos delicados, sensuais O quanto desejei tempos atrás Nos gozos dos eternos carnavais.
Mas sei que tão somente o quanto tive Não serve de desculpa, sigo preso Às algemas da sorte que não vem.
Não tendo mais querer algum que prive Levito no teu corpo, perco o peso Até que não me sobre mais ninguém
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Bendigo a putaria e a sacanagem, Gostoso requebrado da morena... No gesto sensual que me envenena Mudando num momento a paisagem...
Abrindo devagar cada passagem, Vislumbro, extasiado, a bela cena Que toda umedecida já me acena. O resto? Meu amor... Pura bobagem...
Eu não suporto tanta hipocrisia Ou falsos moralismos de beata Das velhas mal comidas, decadentes...
Louvando no meu verso, a putaria, Fazendo no motel, no morro ou mata, Pantera me cravando, unhas e dentes...
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Bendigo este prazer que não negaste, Em trâmites deveras formidáveis. Na noite que profanas ,tal engaste Mostrado em teus carinhos, mais amáveis. Meu coração, querida, mal locaste, Vieste com teus atos intratáveis.
Depois o tempo passa e tudo esgarça Arrebentando a corda do querer. Não falo deste caso como farsa, Apenas vou querer sobreviver. A sorte se perdeu por ser escassa, Sobrando assim, quem sabe, meu prazer.
Mas guardo, mesmo amargo e bem antigo, O gosto do teu beijo, que bendigo!
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Bendigo o nosso amor em cada verso E faço deste canto o meu louvor. Andando em solidão pelo universo Colhendo do jardim perfume e flor.
O mundo tantas vezes tão perverso Ao ter esta alegria a recompor, Unindo o que se fora mais disperso Asperge em bom aroma, tentador.
Quem sempre tateara sem destino, Galgando mil estrelas- pensamento, Ao ver tal diamante, raro e fino
Permite conceber alumbramento. Amor quando se mostra cristalino Não deixa-nos sofrer um só momento...
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Bendita a tua luz, amada amiga Que é guia de meus olhos, meu farol. Permite que eu caminhe e que prossiga Eterno passageiro rumo ao sol.
Brotando em cada verbo, tal espiga Que traz toda a semente em arrebol. Do sonho que construo é firme viga Por isso te persigo, girassol...
Bendita esta presença soberana Que traz toda a certeza da vitória, Bendita a natureza em paz humana
Que mostra teu carinho que não cessa. Bendita a santidade feita em glória Sem penitência, clemência e sem promessa!
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Bendita a vida, mesmo que dorida, Mesmo que solidão aporte dura Mesmo que traga sempre despedida, Mesmo quando entranhada, noite escura...
Bendita a vida, mater dolorosa! Mesmo que nunca mais seja sincera, Mesmo que nunca mais venha olorosa Mesmo que se demonstre uma quimera...
Bendita a vida, tétrica saudade! Tarântula, serpentes e dragões Jamais impedirão a claridade...
Bendita a vida, vera companheira Dos frenéticos, loucos, corações... Minha primeira amante e derradeira!
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Bendita e benfazeja floração Alvíssaras espalha sobre a Terra, Alquímica esperança traz poção Na qual a fantasia se descerra...
Do quão cerrada a minha vida Em cofres esquecidos no meu peito, Ao ter a minha sorte amanhecida Encanto se redime, satisfeito.
Do jeito que vier, apenas venha, Janelas de minha alma, agora abertas, Da chama da ilusão, amor é lenha As sendas mais sublimes descobertas,
A vida em esperança já se aflora, E sinto a chuva mansa e promissora
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Bendita seja a força em que se emana O fogo da paixão; tão violento, Bailando nos consome o pensamento, Que voando, horas, dias, não engana...
Eu quero te saber cada semana, E ter o teu carinho, sentimento. Roçando os teus cabelos, manso vento, Chamando para a luta soberana
Não quero mais na vida, um abandono Nem mais seguir sozinho, irei contigo, No gozo da ventura que persigo,
Percebo-te rainha neste trono, Amar é caminhar em passos largos, Na busca interminável sem embargos...
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"Bendita seja a Mãe que te gerou” E trouxe à Terra um pouco de esperança. O amor que nos permite a temperança, Os braços da mulher acalentou...
A ti devo, em verdade o que hoje sou, Uma alma transparente, audaz, mas mansa. E quando o meu olhar, os Céus alcança São marcas que este encanto me legou.
Delicadezas trazes num sorriso Que embora assim suave, é tão conciso Acalma este vulcão que existe em mim...
Outrora em violento frenesi Bebendo a mansidão que existe em ti Cultivo em alegrias meu jardim...
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Bendito nosso amor, que é nosso guia. Bendita essa alegria que nos toma. Amar não é somente fantasia É multiplicação, mais do que soma.
Olharmos para a mesma direção, Sem nada que distraia a caminhada. Unidos pelo mesmo coração, Em busca deste sol, mesma alvorada!
Amar é conhecer o novo dia, Sem medo do que foi, do que virá. É desfrutar os gozos da alegria, Sabendo que, feliz, se bastará.
Amar não é perder e nem ganhar, Apenas, se preciso, transformar!
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Bendito quem desfruta da amizade De quem demonstra uma alma tão sublime, Alçando com frescor a liberdade, Teu verso me acarinha e assim redime.
Tu tens em tuas mãos, farto rosal, Aonde a floração jamais termina E mesmo na tristeza a triunfal Beleza sabe em ti, suprema mina.
Amiga; se eu te louvo num poema, Concebo humildemente o diadema Que espalhas entre todos, constelar.
Qual lago que enfrentando a turbulência Conhece desde sempre esta excelência Da estrela mais brilhante que o luar...
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Bendito seja amor que a paz semeia E torna o meu caminho luminoso, A vida que em amor já se permeia Permite que se veja a chama e o gozo.
O rio da esperança adentrando a alma Abrindo em novas sendas, paraísos, Decerto multiplica enquanto acalma Trazendo para todos bons sorrisos.
No amor a mais sublime redenção, Arauto de um momento mais perfeito, Retendo forte lume na amplidão Entranha em alegria cada peito.
Na sede de viver felicidade, O gozo em sedução depressa invade..
29 Bendito seja aquele que se dá Sem ter e nem querer a recompensa, Ao perdoar em paz qualquer ofensa, Concebe Tua glória desde já.
A luz que eternamente brilhará, Decerto maviosa e mais intensa. Além de qualquer rito ou mesmo crença A Deus, tenha a certeza, ela verá.
Manter acesa a chama feita Amor Glorificando assim, o Salvador Vertendo o mel que bebe a cada dia.
E mesmo quando o fel for o presente, Entregar-se ao Amor completamente Expondo o coração com alegria!
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Bendito seja o sonho que sonhou Alguém enamorado em poesia, Vibrando neste embalo, a fantasia, O canto da esperança desfrutou.
Vencendo a triste noite que passou, Refém de uma tristeza, da agonia, Percebe a claridade em novo dia, E em pura sedução já se entregou.
Benditos os amantes mais audazes, Que mostram-se em verdade mais capazes De terem esperanças inerentes,
E acima da ilusão, louca mulher, Terá toda alegria que quiser, Em doces emoções, dias contentes...
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Bendito seja o sonho que tivemos Em meio a tantas luas e promessas De tanto amor que, loucos, já fizemos, Desejos vêm aos montes, em remessas...
Benditos os teus olhos radiosos, Solares e repletos de desejos. Teus lábios carmesins, deliciosos, Carnudos tão propícios aos meus beijos...
Roçando tua pele em minha pele Rolando teu prazer com meu prazer, Aos versos mais sublimes já compele Vontade tão teimosa de te ter.
E quero-te entranhada sem ter nexo De cheiros emanados, amor, sexo...
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Bendito seja o vento que te trouxe Em meio a tempestades que passei. Tua presença calma e sempre doce; O mundo em que vieste me fez rei.
Tu trazes teu sorriso como fosse A glória de quem ama, como amei. Com força de quem quer já que remoce A sorte que se fora em dura lei.
Te quero, benfazeja e mais serena, Amiga amada, luz que enfim rebrilha. Menina que sonhei; a vida acena
E traz uma esperança, maravilha, De ter em cada dia em rara cena, Uma alegria imensa em bela trilha...
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Benesses que buscara no passado Agora são mentiras, disso eu sei, Enquanto a fantasia fora a lei, O dia noutro tom, anunciado.
Do povo tanta vez injustiçado Lamento em solidão eu escutei, Enquanto cada hipócrita for rei O corpo do menino, destroçado.
Não posso me calar, por isto insisto E mesmo que meu verso seja vão Ainda posso crer na solução
Plantada por Jesus, amado Cristo. E mesmo distorcida, esta palavra Um resto de esperança, eu sei que lavra...
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Bengala justifica uma cegueira Ao menos uma esmola. Por favor. Abrindo tuas pernas, a porteira Demonstra esta delícia feita amor.
O quanto na verdade não se queira Secando cada lágrima diz dor A morte carregada na algibeira Estampa o meu caminho cor a cor.
No púlpito palpita uma pitada Das hóstias consagradas pelo Demo. Nas coxas da morena eu já blasfemo.
Pecado é não fazer amor com ela, Na castidade insana se revela Imagem que devia ser capada...
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Beócia poesia morre insossa E posso até dizer que não procria Além do vão momento de alegria Na aorta não atinge nem a crossa;
Adoce a fantasia. A voz se engrossa Espalhando fecunda hemorragia Que mata ao mesmo tempo em que sacia A fome que as libidos; alvoroça.
Telha colonial sobre a palhoça Botox com certeza já remoça E o moço se transforma em iguaria
Fazendo sem pudor de uma carroça A bela carruagem; fina bossa, Boçalizando a tal da poesia...
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Besouro vem zunindo da janela, Abocanhando a luz em presas fortes. Bocarra da ilusão teimando cortes Saudade vai entrando sem tramela.
As asas multicores, som revela Grasnido da emoção rasgando aportes. No quanto te desejo e não suportes O peito se amuando perde a vela.
Quem dera algum ourives lapidasse A mão que esbofeteia a minha face Deixando carinhosa o que espinhenta.
Um velho coleóptero fugindo Sabia discernir fatal de lindo, Sedução não seria violenta...
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Biparti meus desejos, hoje choro... Amores não permitem tais propostas. De lágrimas ferozes me decoro, Os lanhos deste açoite fazem postas.
Perdão, filha do sonho, eu já te imploro! Aguardo ansiosamente essas respostas. Truão, vero canalha, mas te adoro! Punhais que aprofundei nas tuas costas!
Falar de traição é tão difícil! É como disparar um torpe míssil Matando todo amor que sempre deste.
Quem dera não houvesse essa rapsódia! A dor nunca seria minha veste. Imploro teu perdão; volta Custódia!
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Blasonava-se, falsa e mentirosa... As tardes que se foram não deixaram Nem, ao menos, o olor da pura rosa. Os pés cansados nunca caminharam
Essas terras bravias. Perigosa Mata de frondosa arvore. Deixaram Perfumes, tuas mãos. Misteriosa A noite tão selvagem. Entranharam
Os engodos cruéis que nem disfarças. Poderias negar os teus comparsas? Viste-me por acaso, em mendicância?
Na vida coleciono discrepância, As travas dos meus olhos te ressecam, Urgentemente mentem, negam, pecam...
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Boca macia, meiga e desejável. Fazendo mil viagens sobre mim. Num gesto carinhoso, inexplicável Mordendo levemente, bem assim.
Amor a se tornar tão inflamável Numa explosão divina traz enfim A solução da vida, antes ruim, Agora mais gostosa e adorável.
Aumentam meus desejos e vontades De todo o tempo estar junto contigo. Refletes todo o sonho que persigo
Tramando com amor saciedades, Passando a conquistar felicidades Protegendo-me, enfim do desabrigo...
40
Boca rubra, desejo carmesim... De ter o teu desejo em meu desejo Vivendo este desejo, sinto enfim, Desejo de te dar um louco beijo.
No beijo que pretendo, minha amada, Desejo de ser teu por toda a vida. Não vejo noutro rumo, noutra estrada, Sem portal do desejo outra saída...
Anseio teu desejo, companheira, Teus seios preparados para amor. Vasculho cada ponto. A verdadeira Certeza de viver sem ter temor.
Desejo um coração louco e vadio, Amada, nosso amor em pleno cio...
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Bocas que se procuram Famintas, cegas, cruas, Prazeres que se apuram Em carnes, doces, nuas,
As noites que se curam, Pedintes, querem luas, Os lábios se perduram Nas pernas, lindas, tuas...
Versejo com vontades, Procuro belas flores, Deixando tais verdades,
Que formam tantas dores, Distantes, nas saudades. Ah! Sonhos sedutores...
42
Bocas rubras traduzem meu desejo Em ter o tom mais perto do prazer. Na boca carmesim eu já prevejo O mundo que pretendo percorrer...
O mar cheio de esperanças que navego Sem ondas, sem procela e tempestade. Selando um sentimento que carrego De conhecer, enfim, felicidade...
Eu falo dos festins que nos esperam Nas noites que trouxeram nossos barcos, Meus sonhos nos teus portos se temperam Descrevem nos espaços tantos arcos..
Eu falo destas noites delicadas, As nossas bocas rubras saciadas...
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Boiando o boiadeiro não sabia Que a bóia quando abóia não diz nada, Tramóia diz de Tróia a cada dia, E a paranóia quer alma lavada.
A jóia que me deste não valia, Nem sói acontecer outra cilada. Se dói o que em verdade não doía Destrói minha alma agora rebelada.,
É factóide diria o mau político Apenas indefeso e paralítico O amor que a gente quer vai sifilítico
E morre nas esquinas, cego e cético, O quanto não se quer amor poético, Nem mesmo um vão carinho cataléptico...
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Bom dia, companheiro, o sol nascendo Trazendo nos seus raios a esperança. Felicidade, outrora um ledo adendo Agora, mansamente nos alcança.
E o peito tantas luzes recebendo, Aguarda a caminhada bem mais mansa, O brilho matutino convencendo Quem faz com fantasia esta aliança.
As pedras e os espinhos, os retiro, A terra ao refazer um novo giro Decerto mostrará noites escuras.
Porém quem sabe a paz já discernir, Não teme as variantes do porvir Derrama no arrebol; claras ternuras...
45
Bom dia; meu amigo. Há quanto tempo! Não posso me esquecer de antigos dias, A vida nos prepara em contratempo Motivos para várias poesias.
Tomando o meu café de manhã cedo, Saudades de uma infância que se foi, Se o mundo se tornou assim, azedo, Rumino esta lembrança feito um boi.
Te lembras da casinha pequenina? A roupa no varal bebendo o sol, Cadeiras na calçada e numa esquina O mesmo amarelado do farol
Dizendo das surpresas desta vida, Mas todo labirinto tem saída...
46
Bonança após tempesta, eu vou contente Sentindo o teu perfume, moça bela, Amor que em farta chamas se revela É fogaréu na imensidão que atente.
Descubro a tua pele e de repente O barco adentra o mar soltando a vela Desenha nosso amor delícia em tela Num toque de luxúrias envolvente.
Tua nudez promete maravilhas, Amor ao desarmar as armadilhas Expressa mil desejos e vontades.
Rapina dos prazeres; sigo intenso Bebendo deste mel suave e denso Encontrando afinal felicidades...
47
Bonança em tempestade revigora O fato consumado; assim te quero Sem tempo sem destino e sem ter hora E nele me renovo e regenero.
Espero sempre o tempo de voltar, Traçando o meu caminho junto ao teu, Deitando sob os raios do luar Esqueço que carrego eterno breu.
Porteira arrebentada sigo em frente Acendo uma fogueira pela estrada Por mais que a gente pense e sempre tente Não deixo que se perca quase nada.
Seguindo nosso amor, raro colosso, A vida segue em paz, sem alvoroço...
48
Bonança que se dá; pós a tempesta... Trazendo um louco incêndio em nossa cama, O quanto eu te desejo amor atesta E para a festa insana já nos chama.
Carícias e carinhos que trocamos, Cumplicidade eterna que estremece As estruturas todas; balançamos Envolvimento em luz, amor já tece.
Amortecendo assim, os desenganos, Mudando a direção dos velhos ventos. Nos olhos que rebrilham, novos planos, Tomando com vigor os sentimentos.
As nossas mãos unidas sempre em prol Do amor, um deslumbrante e raro sol...
49
Bonina delicada, tua alvura Graciosa e tão sutil, enfeita a vida! Melífero desejo traz doçura Da boca que julguei estar perdida.
Abelha seduzida pela pura Inocência emanada, decidida, Procura-te em total e sã loucura. Menina, aonde vai assim florida?
Nos campos, nos pomares, no jardim, Suave borboleta sobrevoa. Pura felicidade vive em mim.
Aos raios deste sol, uma açucena, Bonina, doce amada vai à toa, Meus olhos já não têm cor de verbena...
50
Bordando uma ilusão em céu tão claro, Olhos distantes buscam uma estrela Que é feita de cristal deveras raro. Meu Deus, como é difícil poder vê-la...
O gosto da existência, triste, amaro, Percebe que não posso mais contê-la Faltando para os passos, anteparo, Tal sorte, se perdendo em bela tela.
O cheiro de esperança, outono leva. Não deixa mais um sonho conduzir. Minha alma solitária tanto neva
Que nada mais farei, senão sonhar, Quem sabe poderei, enfim pedir, Um beijo desta estrela... longe... ao mar...
51
Bordar a minha vida em tua vida, Atando cada laço em forte linha. Tua palavra amiga que decida O rumo em que destino nos alinha. No dia a dia, sempre foste minha, Agora a nossa sorte decidida
Nos braços deste amor sem fantasia, Nos olhos de quem sabe o que se quer, Formando o novo canto em alegria, Para sempre serás minha mulher, Guerreira, companheira em sintonia... Estou contigo venha o que vier...
Na cama, seda, renda e bom veludo, Aos poucos, tanto amor pr’a mim é tudo...
52
“Braços abertos sobre a Guanabara” Abençoando a todos... Ah! Quem dera Se a sensação divina, posto rara Trouxesse para o povo a primavera!
A dor de uma esperança que é tão cara Morre na realidade triste fera Que devora, revolta e nunca pára De matar nossos sonhos, nossa espera...
Na injustiça que rouba uma esperança, Na fome de ilusões, velhas favelas, Na chaga que se estampa na criança
Nos dissabores todos, calo a voz. Acendo o coração imerso em velas E peço por favor: Orai por nós...
53
Braços brancos abraçam sem brandura. Das brumas, borboletas e bromélias. Nas sebes emboscadas de corbelhas, Beija, abelha, boninas com bravura.
Belezas se embasando na brancura, De beatas bacantes, de camélias, Não sabem que soçobram as Amélias Em burlas belicosas, sobra jura.
Entretanto tentando sentir, tato, Em fátuo sentimento de prazer Fazendo tanto amor só por fazer
Retrato meu dilema em cada fato. Se amar demais foi sempre meu retrato, Rechaço, em novo fato, o bem querer.
54
Bradando com certeza o bem querer, Por toda a minha vida eu te esperei, Sabendo quanto tempo, procurei Percebo a maravilha de poder
Beber em tua boca, o meu prazer, Singrando esta esperança em que tentei Fazer de uma alegria a nossa lei, E tudo se perdia, sem saber
Se a vida não podendo ser somente Aquela que se busca de repente Não adianta mais sequer sonhar...
Porém quando tu chegas traz luar Clareia a minha vida num momento, Transborda em cada verso, o sentimento...
55
Brandura de querer meu bem que quero Da forma que quiser meu bem querer. Eu quero teu amor; pois nele espero Esta querência boa de viver...
Às vezes vou sozinho e, sem querer, Encontro a solidão que não mais quero Matando essa tristeza não espero Que volte e que incomode meu viver.
Entenda como é bom se, por querer, Eu for um passageiro deste sonho Que transformará todo esse viver Num futuro feliz e mais risonho...
Eu quero teu amor, minha mulher, Nas pétalas do amor do bem-me-quer...
56
Branquicento luar bebe coqueiros E risca o céu, divino manobrista, Nas mãos deste cenário, velho artista Espreita com olhares os ribeiros.
Mergulhos nestes mares que, mineiros Amineirando a sorte, traz de vista Os ventos que se foram sem ter pista, Os passos do poeta são ligeiros.
Vermelho entre azulados dizem sol Que vem e revoltando este arrebol, Fecundará palmeiras e sereias.
A moça coxa-a-coxa quer bem mais, Sovando as esperanças sonha sais Do boto que num bote invade areias...
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Brasil este país forte e gigante É quase um continente, com certeza, A fome sertaneja, uma constante Retrato mais fiel desta pobreza
Que é feita de injustiça e roubalheira, Nas almas nos Congressos e cidades Cevando sem limites, bandalheira Impedem que se creia em liberdades.
Na fuga sem paragem, nada tendo, A morte se aproxima e toma tento. Enquanto este vazio se tecendo; Meu olhar de jagunço sempre atento.
Em plena escuridão, como miragem, Uma esperança toma esta paisagem...
58
Brasil, na mistureba dos sentidos Orgasmos tropicais são inerentes, No fogo moteleiro dos nubentes Viagens por caminhos conhecidos.
Olhando para a moça que se abriu, Nos convites safadas fantasias, Carnavelesco sonho, alegorias, A pátria sempre foi puta e gentil.
Aproximando bem olhos e lupas -Morena; maravilha quando chupas Eu estarei aí de manhã cedo.
Hedônicos jograis determinando O gozo nunca austero e jamais brando De tanto que adoçou, ficou azedo...
59
Brasil, no seu currículo as medalhas Que fazem sempre a honra deste povo. Embora não perceba nada novo, Nós somos campeões destas batalhas.
Ao vermos injustiças, velhas falhas Douramos nosso peito, isso eu comprovo Da prata com orgulho, ainda provo, De tanto assassinato, fogos, palhas
Na prostituição de qualquer jeito O bronze que se estampa em nosso peito, Além de outras conquistas varonis.
A gente ainda ri e vai contente A cruz que justifica o penitente Demonstra o desdentado mais feliz...
60
Brincando com destino, num desdém, Sozinho não vacilo um só segundo. Bem sei que na verdade sem ninguém, Meu peito se tornou um mar sem fundo.
Distante da esperança, vou aquém Daquilo em que não sonho nem me inundo, Quem dera se pudesse ter o mundo, Mas sei que depois disso, nada vem.
Porém no decorrer de tantas horas, Debruço o coração nestas ameias. Sem nada o que sonhar como incendeias
Um semimorto velho em que te ancoras. Às vezes me pergunto, isso é demais, Se são somente sonhos ou reais?
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Brincando com teu grelo em minha boca, Chupando devagar até deixar Bem molhadinha a xana, doce toca, Que quero bem gostoso penetrar;
Tu gemes de tesão, ficando louca, Na foda que contigo irei tirar, Arregaçando, amada, a tua loca Até que bem tarada, irá gozar.
O teu cuzinho deixa-me com fome, Pedindo com vontade que eu o come, Piscando de desejos, louca gruta,
E depois num boquete ejaculando, Meu leite em tua boca te fartando, Uma deusa safada, a minha puta...
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Brincando de emoção, simples criança Que faz deste barquinho de papel Aonde uma alegria sempre alcança Motivos de sorrir, chegar ao céu.
No seu aniversário uma lembrança De um dia sem igual, no carrossel Do tempo que decerto vai, avança Mas sonha docemente com o mel
Da infância que se foi, não voltará, Festejos que marcaram seu passado, Estrela que decerto brilhará
A cada novo sonho desfraldado, O menino renasce e vem mais forte, Trazendo para o velho algum suporte...
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Brincando de esconder entre as estrelas, Correndo por satélites, anéis, Galáxias distintas, posso vê-las, Na busca, minha amada por teus méis.
Neste universo imenso que, ao corrê-las , Estrelas-maravilhas, canso os pés; Mas nada me impedindo concebê-las, Sou barco que, sem ti, perco o convés...
Quero poder te ter aqui, agora; Deitar o meu desejo esfuziante.... Tu somes e sem ti já se descora
O céu que tanto quis. Que vale a vida Sem ter essa mulher amada amante... Estavas dentro em mim... quieta... escondida...
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Brincando nas estrelas; pular corda No arco íris depois de tantas chuvas A vida da menina assim transborda Correndo atrás da nuvem de saúvas Meu coração ao vê-la se recorda, Quintal garapa, cana, vinhos, uvas...
Um tempo que refaz-se. Vida boa.. Morena teus mistérios e segredos Relembram chuva fina, uma garoa Do tempo em que viver trazia medos, Curados por café, carinho e broa. A vida me levou, outros enredos...
Mas ver tua emoção, tuas magias, Me diz: tu és feliz e bem sabias...
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Brincando no quintal de nossa infância, Sabendo dos canteiros e jardins. A vida foi moldada em discrepância, Vingando em tantos sóis, astros afins...
Mas temos nossos lumes, fantasias. Mas tenho teus perfumes, mansa rosa. Mas temo tantas vezes, alegrias, Ao termos melodia glamourosa...
Na tarde eclipsaremos nosso amor De raios misturados e potentes, Vivendo sem temer espinho e flor, Sabemos que nos temos envolventes...
Aos céus nós subiremos no prazer, Dos braços enlaçados do querer!
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Brincando sem descanso com o fogo Juntei meus cacarecos vida afora Os sonhos em teus braços eu refogo Sabendo do arvoredo cada tora.
Desejo o teu desejo e desde logo Não tendo outra palavra, amor decora O verso que te faço desde agora Chamando para a festa sem ter rogo.
Se eu interrogo o pobre coração, Respondo com final exclamação Que tudo o mais quero é sempre igual.
Um beijo desfrutado em tua boca, Paixão que mesmo muito não sufoca Fazendo uma corbelha divinal
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Brincar de esconde-esconde entre as estrelas, Vagando entre mil astros, te encontrei. Ao ver no céu imerso em belas telas, A mais perfeita delas, eu achei.
Meu barco velejando, abertas velas, No mar de amor imenso eu naufraguei, Querida tu também, cedo revelas, Amor com quem por vezes eu sonhei.
Agora em teu sorriso de criança A força redentora deste amor. A perfeição divina já se alcança
Nos braços da mulher onde adivinho, Inebriante gosto encantador, Pureza do perfeito e raro vinho...
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Brincarmos na piscina sob o sol, Teu corpo delicado e sensual, Não tem ninguém por perto em arrebol, Do suor escorrendo, doce sal.
As mãos vão procurando seus caminhos E afastam teu maiô, achando a mina, Mergulho sem juízo, em mil carinhos E toda esta loucura me alucina...
Depois, debaixo dágua uma loucura Dançamos em acordes tão delicados, Com força e com vontade e com ternura Os rumos do prazer são penetrados
E assim, a tarde passa... a noite vem, Gostosa, na piscina, com meu bem...
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Brincávamos de sonhos e ilusões Meninos que cresceram todos juntos. Assim, ao descobrirmos as paixões Não tínhamos na vida, outros assuntos.
O tempo te levou, e a mim também Distância foi cruel em nossas vidas. Mas ao rever teus olhos, vejo bem Que aos corações não houve despedidas...
Dispersos neste mundo de Meu Deus Casamos, separamos... A vida passa. Se nunca proferimos um adeus Ainda posso ver sob a fumaça
Meninos que brincavam mal sabiam Que o amor, mais verdadeiro conheciam...
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Brindando à nossa glória fartamente Inebriado sonho ao qual me entrego, Prazer que em fonte rara não renego, Expressa o que desejo plenamente.
O quanto é necessário que contente Um coração outrora vago e cego, Permite-se dizer que em raro apego A vida transbordada em tal torrente.
Sagrando cada verso que eu te faço Ao novo amanhecer sem embaraço, Nas águas da monção do amor me inundo.
Na bela alegoria em claro véu, Eu toco num momento imenso céu, Vivendo o nosso amor, raro e profundo.
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Brindando nesta data inesquecível A quem sempre se mostra companheira, A força da alegria, tão incrível, Nos olhos desta amiga, verdadeira.
Aniversariando neste dia, Eu peço que louvemos cada passo, De quem sabe viver a fantasia E traz bem mais sincero cada abraço.
Assim, ao derramar amor imenso, Transforma o nosso mundo, faz bendito O canto que se fora triste e tenso, Fazendo da esperança um novo rito.
Feliz aniversário, eu te desejo, Em cada verso meu, receba um beijo...
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Brindo outra vez, teimando no martírio, Bem sei que me fugiste, sem perdão... Busquei-te nas campinas como a um lírio. O que causava inveja a Salomão...
Não mais esquecerei, nem em delírio, As mãos que me afagavam, com paixão... Não resta em meu altar sequer um círio Qual fosse o coração, ateu, pagão...
Não mais quero tratar amor tão tétrico, Nem quero percorrer teu céu sem lua. Nas minhas serenatas, assimétrico,
O canto repetido te faz nua. Meu verso vai quebrado, não é métrico. Por isso tão distante alma flutua.
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Brinquedos feitos de papel marché, Guardados nas estantes da lembrança, Saudade conjurada, fina lança Falando a cada dia de você.
O sonho de uma casa de sapê, Recordação de súbito me amansa E traz no seu sorriso de criança O quanto desejei sem ter por que.
Posseira das vontades, deusa nua, Desfila pela casa e continua Reinando mesmo ausente só por ser
A sílfide que outrora fez-se em verso Dourando este fantástico universo Que um dia emoldurou todo o meu ser...
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Bronzeado cavaleiro sob a lua Olhando para argêntea maravilha, Ao vê-la desfilando bela e nua, Mirando com prazer sublime trilha.
Uma alma bandoleira, alma andarilha, Vislumbrando bel astro enfim flutua E bebendo da luz, também já brilha E a sanha deste encanto continua.
Nos rastros que ela espalha noite afora, O amor à flor da pele assim se aflora Tomando este Quixote enamorado.
Porém Lua cigana vai embora E outra paisagem além ela decora, Deixando o sonhador abandonado...
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Bronzeio o coração em girassol, Cataventando a luz em riso manso. Amor vai invadindo este arrebol, Nos pés que titubeiam, logo tranço. Às vezes discutindo futebol, Notícias que me mandas; não alcanço.
Remanso estipulado há tantos anos, Meandros deste mar em sanidade. Não quero mais mudanças em meus planos. O medo não terá facilidade, Vencendo os meus antigos desenganos Amor que agora eu tenho, é de verdade.
Menina vê se nina o velho peito, Fazendo do teu modo, do teu jeito...
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Brotando mesmo em terra mal arada, As emoções nos tomam totalmente, A chuva que se fez abençoada Expressa o brotamento da semente.
Não deixe que a tristeza, assim, te alague; Irrigue nossa vida em esperança. Por mais que a fantasia não te afague Estenda ao coração, a temperança.
Assim, nesta aliança nós iremos Vencer os mais temíveis temporais. Unindo nossas mãos, os mesmos remos Expressam a esperança feita em cais.
Mesmo que anuviado em noite escura Amor que remedia também cura.
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Bruxuleantes luzes adentrando O quarto que se fez em fortaleza, Não tendo nem porque, talvez ou quando, Encontro tão somente uma incerteza
Sumária expectativa me tomando Além do que mais queira quem me preza Da vida vou perdendo algum comando E morro a cada dia, frágil presa.
Eviscerado o sonho em que me deste Contrastes entre cores tão diversas, Não tendo mais sentido estas conversas
Apenas prenunciam dor e peste. Partícipes de um jogo sem final, Morremos pouco a pouco, bem ou mal...
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Bueno, como te que quero prenda bela Distâncias eu percorro num segundo Somente pra dizer o que revela Amor, um minuano ganha o mundo.
O sonho qual cavalo que se atrela Meu canto que já fora vagabundo Ao ver no céu dos pampas esta estrela Percebe este querer demais profundo.
No amargo de meus dias, na algibeira Carrego uma esperança sem igual, Do medo eu distancio, vil bagual
Que um dia maltratara o sentimento. Paixão que sinto em fogo, verdadeira Queimando o coração, ardente e lento...
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Buenos Aires, Gardel, noites de ronda A lua em plenos raios, argentina Imensa; a deusa nua, que redonda O céu dos meus desejos alucina...
Bandaleons convidam para a dança O vinho em tua boca carmesim, Tinturas delicadas. Com pujança, Encontro as rubras rosas, meu jardim.
No vestido vermelho, sensual, A deusa já flutua entre meus braços. Um beijo disfarçado e casual, As pernas se tocando, tangos, passos...
E tudo à meia luz, como convém Na noite inesquecível de meu bem...
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Bulino cum meu peito essa morena De noite no meu quarto, uma beleza! A gente vai sabeno cum certeza Da vida mais gostosa e mais serena
O chêro do seu corpo me envenena Dexano lá pra trás quarqué tristeza, Carim que a gente faiz, que boniteza O amô vem machucano e num tem pena.
Martrata um coração que sempre qué O gosto tão gostoso da muié Trazeno uma alegria sem iguár.
É como se eu tivesse, de repente Podê de maginá que a gente sente Qui nem um passarim, é tar e quár.
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Buril que se perdeu em noite fria, Numa álgida presença, solidão. A morte me fazendo companhia, As nuvens deslizando em procissão.
A fétida presença da agonia, O vento se transforma em furacão, E enquanto a vida passa, tudo esfria, Percebo que também passei em vão.
Mereceria ao menos uma chance, Distante vejo amor fora do alcance E as minhas mãos inúteis vão às cegas...
Teares da ilusão perdendo o fio, Verdugo tão irônico e sombrio Gargalha dos meus sonhos tão piegas...
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Buscando a antiga barca do passado, Outrora solitário sonhador, Janela que se abriu mostra em bom grado O quanto o sol se mostra encantador.
Voando sem parar, chego a teu lado, É vasto o Paraíso feito flor, Um canto que desejo enamorado, Porteira escancarada diz amor.
Tomando as firmes rédeas, minha mão, Deixei de ser polígamo por ti, Nas plagas mais distantes, solidão;
Fazendo no horizonte sombra e treva, Agora que esta sorte eu conheci, A luz de um novo tempo em paz me leva...
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Buscando a claridade deste sol, Qual fosse um helianto, eu me inebrio Da luz que derramada no arrebol Transforma em diamante este rocio.
São mágicos momentos com certeza, Suprema maravilha. Inesquecível Tradução mais perfeita da beleza Prismático delírio, fonte incrível
Aonde iridescente poesia Uma aquarela nobre que recria Deidades concebidas pelos sonhos.
Jardins e borboletas, água pura, Na cristalina imagem da ternura Cenários fabulosos e risonhos...
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Buscando algum refúgio nos teus braços Depois de ter sofrido a decepção Saudade não estica mais os laços Sou teu e vivo imerso em tal paixão.
Os erros que eu cometo, sei que crassos, E neles encontrei desilusão. Seguindo com firmeza assim, teus passos Verei ao fim da tarde este clarão
Que diz do plenilúnio que me trazes, A lua deste amor jamais tem fases E brilha mesmo em tempo mais nublado.
Permita que eu prossiga num ponteio, Seguindo este caminho que eu anseio, Cantando o tempo inteiro do teu lado...
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buscando ancoradouro neste porto desejos entre lábios e carinhos, bebendo em tua boca doces vinhos, no corpo de quem amo, eu me conforto.
descubro a bela senda aonde aporto delírios que encontrando calmos ninhos já sabem, reconhecem os caminhos que trazem calmaria em bom conforto.
confronto meu passado doloroso, com farto bem estar tão desejoso e faço deste sonho, puro encanto.
e saibas que eu te quero, bela prenda segredo que o amor cedo desvenda permite que enfim diga: eu te amo tanto!
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Buscando aonde estrela mergulhou Navego os sete mares num segundo, Das águas perfumadas eu me inundo, Num doce paraíso naufragou
Saveiro que esperança me legou. Do velho coração tão vagabundo, Estrela que me leve pelo mundo Colhendo cada flor que amor plantou.
E embora um sonhador sem eira ou beira, Fazendo da alegria uma bandeira, Eu posso enfim dizer do amor que trago,
Enfáticas palavras, belo sonho, Delicadeza extrema em que componho A doce placidez de um calmo lago...
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Buscando conhecer quem sou, quem fui, Procuro em ti querida esta resposta. De tanto que amizade nos influi A face que ocultei; em ti exposta.
O tempo tantas vezes tudo pui E corta um sentimento, aberto em posta Tudo o que vivemos já conflui Para quem sabe e mesmo assim nos gosta.
Amiga me conheces muito bem Valores que carrego, sabes todos... Uma amizade intensa sempre tem
Poder de nos mostrar quase que inteiros Não admite nem erros nem engodos. Espelhos que nos mostram verdadeiros...
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Buscando neste amor, simplicidade, Na casa pequenina de sapê Vontade de saber mais de você Distante da loucura da cidade.
No quanto se deseja, minha alma crê Que tudo seja sempre de verdade, Olhando o firmamento a luz invade E nela o meu futuro, amor já lê
Você chegou tão manso em minha vida, A solidão deveras distraída Não percebeu seu passo em calmaria
Ao ver a minha casa iluminada Tristeza foi mudando de calçada Abrindo este caminho pra alegria...
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Buscando nos cristais a claridade Que possa traduzir meu claro amor. Não soube deste dom nem qualidade Capaz de superar tanto esplendor.
Cristais se derreteram num segundo, Sem luminosidades definidas. Amor, em tanto brilho, mais profundo, Supera as tristes pedras, derretidas...
Em outras pedras, tantas; procurei, Mas nada de encontrar uma rival Ao fogo deste amor, que é lema e lei, Nem mesmo na dureza do cristal...
Apenas uma pedra é tão brilhante, Quanto amor que te tenho, o diamante
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Buscando nos teus olhos o reflexo Dos meus que se perderam e não voltaram, Misturo nossos lábios num complexo Desejo. Nossos corpos se tocaram
Fazendo deste amor a nossa meta Que corta tantos céus; invade o mar, Tocados pelas mãos e pela seta Daquele que domina, deus do amar.
Mergulho nos teus olhos, mal disfarço; Na luz que me alucina e logo cega, Cedendo ao teu desejo todo o espaço, Jardins desta esperança, minha alma rega.
E ao ver meus olhos dentro deste olhar, Percebo o quanto quero e vou te amar...
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Buscando num jardim flores, camélias, Jasmins e violeta, dálias rosas, Achando-te querida, em mil bromélias, Mais bela que entre todas, orgulhosas,
Recebo o teu perfume, raridade Que vale toda flor desta jardim, Amando mais que posso, na verdade, Guardando teu aroma dentro em mim...
Suaves os desejos mais profanos De ser o jardineiro preferido Não vejo nem concebo mais enganos, Depois de tanto tempo preterido..
Eu quero o teu perfume e t’a beleza Com doce paladar em minha mesa...
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Buscando o céu mais claro em pleno azul Espaços percorrendo num segundo, Olhar entristecido, o peito blues Rondando vai ao léu, qual giramundo.
Tua presença está sempre comigo, Embora não te veja junto a mim. Imagem deslumbrante que persigo, Carrego o tempo inteiro, sempre assim.
Olhando para os lados vejo um vulto Andando passo a passo o tempo inteiro, Amor sempre presente, embora oculto Exala em fantasia, aroma e cheiro.
O quanto que eu te quero! Amor imenso; Não sabes, mas somente nele eu penso...
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Buscando o paraíso em teu olhar Recebo a claridade de um farol. Banhando em pura prata o negro mar Da lua transformada em vivo sol.
Espalhas esperanças a brilhar Tocando com belezas o arrebol. Persigo assim teus olhos sem parar, Qual fora um helianto, um girassol.
Semeias fantasias onde passas, Em ti me vanglorio, sou feliz. Deténs as alegrias e as graças
Meu álibi sagrado, soberano. Envolto em claras cores, teu matiz, Amor se faz inteiro, sem engano...
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Buscando o que encontrara; amor, em ti; Desabam num segundo, temporais. A barca de esperança busca um cais, Que um dia em fantasias, conheci.
Em sonhos, pelo menos, eu venci As dores e tristezas ancestrais, Em risos, pesadelos; transformais Utópica manhã. Eu renasci.
Porém ao acordar, em solidão, Voltando à mais cruel desilusão Não tenho outra saída senão esta,
Deixando a porta aberta em esperança Entrego o coração sem contradança. A morte, o bem supremo que inda resta.
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Buscando o que tivera em claras cores A sorte eu sempre soube caprichosa Vieste dirimindo minhas dores, Mostrando a nova vida, maviosa.
De todas as sonhadas, belas flores, Rainha do jardim, divina rosa Agora irei contigo aonde fores, Estrela que me guia, radiosa.
Amor, imenso sonho em plenitude, Refaz no entardece, a juventude Não sabe e nem pergunta mais por que.
Tristeza se perdendo em emoção, A boca que me beija em sedução Amor em fantasia que se dê.
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Buscando o teu castelo no sertão Princesa dos meus sonhos... O luar Aponta meu caminho e direção Teu reino enluarado onde encontrar?
Pegadas tão esparsas pelo chão Distante... Tanto tempo a procurar Levado pelas mãos do coração... Princesa mais bonita do lugar!
O vento do querer é o meu guia Estrelas comandando o meu caminho... Ao gosto da vontade... A fantasia...
Clareio nos teus braços, na chegada. Deitando em tua cama meu carinho... Depois dessa poeira... Tanta estrada...
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Buscando os braços mansos, magistrais Da moça que não quer saber de mim, A flor que descorou o meu jardim Sem dar uma alegria. Eu quero mais
Que os lábios com certeza sensuais Dizendo finalmente um simples sim. A vida detonando este estopim Demonstra que serei dela jamais.
Não falo de desejos e loucuras Apenas de carinhos em ternuras. Amor tão simplesinho, arroz/feijão
Varanda em casa branca, na palhoça Não falo em Casablanca nem paixão. Saudade dessa moça, o peito roça...
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Buscando os teus sinais vasculho a casa Em meio a vendavais e tempestades Enquanto a fantasia ainda abrasa Decifro madrugadas, claridades...
Rompendo as velhas grades do passado, Liberto passarinho quer asilo Nos olhos deste ser belo, encantado, Querendo amanhecer bem mais tranqüilo.
Sem medo, coração batendo forte Não teme mais algemas nem gaiola, O tempo cicatriza qualquer corte,
Trazendo esta alegria que não cessa. Felicidade assim entra de sola, Realizando em paz, velha promessa...
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Buscando pela lua espero o teu carinho... Vagando pelo céu, aguardo o meu repouso Nos braços de quem amo, um manso e doce ninho Onde eu encontrarei o meu campo de pouso...
Seguindo a minha rota embora indefinida Não passo um só minuto estradas bem cuidadas As pedras, minha cruz, carrego em plena vida, Nas forças do destino as dores encontradas...
Estou já tão cansado, a noite se aproxima... Espero te encontrar nas curvas, nas paragens... Cantando essa ilusão em tosca e triste rima Minha alma aventureira inteira-se em viagens...
Eu quero tanto amar, embora não mereça... Eu temo que sozinha, a minha alma envelheça.
3800
Buscando pelos passos de quem amo Cansei de mergulhar em mar sombrio. Um velho coração tolo e vadio, Já não suportará senzala ou amo.
Podando da esperança cada ramo, O vento que virá decerto frio, No quanto sempre nego, propicio A voz na qual, exausto inda reclamo.
Serpentes entre rochas, trevas, locas. A fantasia foge enquanto tocas Com tal suavidade que entontece
Desníveis provocados por meus erros, Olhando no horizontes, negros cerros Enquanto a poesia se enfurece...
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