
de pessoa para Pessoa
Data 30/11/2010 15:12:21 | Tópico: Poemas
| TABACARIA
Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a por humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Álvaro de Campos: "Tabacaria" (excerto) ________________________________________
serei o que de mim fizer sem o ser nunca: por cada janela olhada por dentro, tão dentro de mim, em mim tão aberta e à vez tão fechada há uma fachada de branco com a língua pintada cheia de gente e olhos sem fim.
alexandra cruz mendes
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