
MEUS SONETOS VOLUME 030
Data 28/11/2010 06:25:52 | Tópico: Sonetos
| 1
Ao seguir calmamente pelas sendas Auríferas do amor, singelo lírio... Em teu alvor encontro velhas lendas, Teu perfume inebria num delírio...
Procuro me esconder, profanas fendas, Dos siderais fantasmas, meu martírio. Quem dera, destra vida desse prendas, No brilho das estrelas, meu colírio...
Ó lírio companheiro das desditas, Afaste dos caminhos, vãos quebrantos. As minhas mãos em prece, tão aflitas,
Esperam teus pendores alvos, santos... As linhas do destino, foram ditas Vivendo teus simbólicos encantos...
2
Ao segurar a mão que me destrata Atando duas partes desconexas Por mais que se pareçam tão complexas As horas vêm a força que maltrata.
Se côncavas ou mesmo se convexas O quanto não somamos se retrata, Não sei se ainda agüenta esta bravata Ou deixo o que inda resta em mãos anexas
Avesso ao que comprei: gato por lebre Não tendo nem mansão, busco o casebre Que embebe de ilusão um torpe sonho.
Servindo com lascívia ao servidor, Seguro em mansidão meu destrator, Gargalho sobre o resto, sou medonho...
3
Ao sentir a presença de quem amo O coração palpita e quase pára. Com voz quase engasgada quando chamo Pessoa tão querida e mesmo rara.
Por vezes no silêncio já reclamo Se tua mão me deixa e não me ampara. Teu nome logo ao vento; vou, exclamo Tu és a maravilha que eu sonhara...
Por isso ao sentir o manso vento Tocando minha face com carinho Percebo, com feliz pressentimento,
Que não ficarei jamais sozinho Pois tenho essa alegria e me contento De ter o teu amor, abrigo e ninho...
4
Ao sentir a presença deste olhar Tão meigo e carinhoso sobre mim Sinto toda a delícia de te amar. É bom demais viver e estar assim
Refém desta alegria a me tocar. Depois de tanto tempo sei, enfim Que a sorte benfazeja a se mostrar Depois de tão distante disse sim.
Amar é se encontrar em plena festa Embora muitas vezes, a saudade Um gosto de amargura, leve; empresta.
O teu sorriso acalma e me motiva À luta que é difícil, na verdade. Mantendo uma esperança sempre viva!
5
Ao sentir os teus passos, minha amiga, Percebo quanto a vida foi ingrata... Nas noites em que a lágrima me abriga Mergulho nosso amor numa cascata...
Percebo que não queres mais voltar... Mas nada me impediu de te querer, A noite sem te ter, perde luar, Não posso mais, assim, sobreviver...
Quem dera, tu voltasses para casa. As rosas estão morrendo sem cuidado. A dor da solidão tanto me abrasa, Eu preciso te ter, aqui do lado!
Mas volta minha amada, nossas flores, Morrendo no jardim, dos meus amores...
6
Ao sentir tua boca sobre a minha Na sede que matamos, todo dia. Meu corpo no teu corpo já se aninha, Dueto tão completo em sintonia...
Dançamos tantas noites sem descanso, Rolando nossos corpos tão suados... Depois das nossas danças, mudo; manso, Namoro estes teus olhos já fechados...
Eu quero ter eterna sensação De terna e de total felicidade. Saber que te encontrei; tanta emoção, Vivendo nosso amor, sinceridade...
Eu quero poder sempre me iludir, Amor, em tantas vidas, repetir...
7
Ao sentir tua presença junto a mim, Num vento que me traz tanto arrepio, Desnudo-te e mergulho até o fim, Num mar maravilhoso, festa e cio.
Rolamos em lençóis, renda e cetim, Teu corpo, conhecê-lo é um desafio, Em linhas delicadas eu desfio Os traços que te fazem linda assim.
Assento meus desejos em teus gozos, Recebo com audácia teus caminhos. E entrego-me sem tréguas aos carinhos
Que fazes, sem limites prazerosos, E o brilho que roubamos de uma lua Emana em tua pele, sacra e nua...
8
Ao sentires um sonho Ainda te tocando No quanto fora brando O tempo onde componho Singrando este medonho Caminho o desenhando Na sorte desde quando O passo além proponho. Resulto do passado Inútil quando brado Vestindo a hipocrisia Assim a sorte dita O quanto da infinita Ausência se faria.
9
Ao sentires um mundo Diverso do que trazes Ainda em novas fazes A paz onde aprofundo O sonho e sei me inundo Da sorte em tais audazes Momentos onde em frases Mordazes; sigo imundo. Aclamo esta ventura E nada se procura Senão tal mesmo engodo, Depois da tempestade O quanto se degrade Transforma a dita em lodo.
10
Ao sentires um vento bem macio Chegando devagar, roçando o rosto, Lambendo tuas pernas, bem vadio, De desejo e carinho assim composto,
Um vento que incendeie o quente estio. Deixando o teu querer bem mais exposto, Molhando devagar, doce rocio, Provando em tua boca, todo o gosto.
Ao sentires o vento te tocar, Audaz já levantando a tua saia. Sorvendo de teu corpo, devagar,
Verás que enfim cheguei, minha morena. Sorriso no teu rosto não te traia, Que a vida em mil prazeres nos acena...
11
Ao sol incandescente recomeça O dia feito em glória e tempestade. Sabendo recolher peça por peça Eu vejo em nosso caso, a liberdade.
Não temo mais sorrisos nem sarcasmos, A manta que nos cobre é feita em luz, Tocado pelos sonhos dos orgasmos O sol em nosso quarto reproduz
Serenos vendavais do gozo pleno, Bonanças que são feitas dos suores, Delicadeza em cada bom veneno Demonstram fortes brilhos bem maiores.
Saber reconhecer que a mansa paz, No riso mais feliz, decerto traz...
12
Ao soltares a voz em canto belo, Encantando quem sempre desejou Meu amor tão imenso te revelo, O teu canto macio me encantou...
Eu só quero perder-me nos teus braços Encontrando afinal, o que sonhara, Esquecendo meus passos, meus cansaços Na procura por jóia viva e rara.
Eu te quero espelhando meu jardim, Eu te quero vencendo meus temores. Eu te quero escondida dentro em mim, Renovando o perfume destas flores...
E te quero por certo, uma rainha, Uma deusa sublime, inteira, minha...
13
Ao som da melodia delicada, Delírios entre flores e canteiros. Na voz encantadora de uma Fada, Prazeres são comuns, são corriqueiros.
Ouvir, do coração, a melodia Que espalha pelos Céus a claridade. Vivendo a verdadeira poesia, Alados pensamentos: liberdade.
Amor, quanto maior, mais frágil é, Na tenra sensação de ser feliz, Alçando o Paraíso. Força e fé, Deixando a minha tarde menos gris
E enquanto a deusa bela, ao longe canta, Minha alma, hipnotizada, se agiganta...
14
Ao som da melodia um coração dispara Vivendo uma loucura, amar-te todo dia. A gente não tem cura, e o tempo que não pára Promete uma ternura imersa em alegria;
A sensação dileta – amor é jóia rara- É mais do que sonhara, e tudo o que eu queria, Mostrando enfim querida, o que eu mais procurara Um sonho de viver a vida em harmonia...
Na festa, no banquete, a fome não sacia Eu sempre desejei teu néctar e ambrosia, Por isso venha logo, o tempo não descansa
Eu quero mergulhar em tal felicidade Que o tempo já me deu; e a vida agora alcança Pois sei que agora eu tenho um amor de verdade...
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Ao suplantarmos, juntos, contratempo, Nessa amizade poderemos crer Suplantaremos com certeza o tempo Demonstrará o quanto é bom viver.
O coração que se demonstra assim Aberto a tantas emoções nos traz Força sublime que permite a mim Reconhecer a plenitude audaz
Que vencerá sem demonstrar temor Os temporais aos quais eu enfrentei Jogado contra as pedras hoje eu sei
Luz soberana em que viceja a flor Após enfim vencer a tempestade, Amigo, eu sei que é dura uma saudade
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Ao suplantar diverso contratempo Chegando à fortaleza que me alente, Por mais que no caminho, tanto vente, A vida se transforma a cada tempo.
Nos cânticos, nos pórticos, promessas Do dia em que se possa trafegar Além do turbulento e imenso mar, Seguindo este querer que assim confessas.
Não tendo mais medida, não me importo, Se acaso eu ancorar em outro porto, Terei de teu olhar, fonte e farol,
Quem tem o manso amor por faroleiro, Permite mesmo ao cego timoneiro A guia que ilumina este arrebol.
17
Ao tanger belas cordas de uma lira, Em sons maravilhosos, pois amenos, Ao lapidar um sonho, já delira, Com dias delicados e serenos. Os olhos desta lua; nunca tira, Dulcíssimos, sonoros, raros trenos...
Encontra em manso amor, a liberdade De estar além do céu, saber do mar, Rompendo uma alvorada na ansiedade De ter e ser o sonho que buscar Na ebúrnea madrugada, a claridade, Às trevas dentro da alma, iluminar
No céu, mulher qual deusa, raios plenos, Brilhando no infinito, a bela Vênus...
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Ao te despir, querida, uma loucura Invade meu desejo e faz audaz Este roçar que veio com ternura Ferocidade intensa já se faz.
Insano mas decerto com brandura Esta vontade fica mais voraz A tua silhueta, me tortura Somente o teu prazer me satisfaz...
Tocando tua pele com tesão. Adoço minha boca no teu mel, Amor que se desnuda em tentação
Galopa toda noite rumo ao céu. Vencido pelo fogo de um vulcão, Repito toda noite em carrossel...
19
Ao te encontrar bebendo por aí, Rolando pelos bares , botequins, Desculpe, meu amor, se assim sorri. Meios não justificam-se nos fins.
Mas não pude conter minha alegria Ao saber que quem sempre maltratou Perambulando em dor, em agonia, A vida, justiceira, se vingou...
O remorso te leva ao desespero... Bem sei que este veneno que provei Quando em traição eu te encontrei
Nos braços de um querido companheiro, Feriste meu amor em dura lança. Por isso essa alegria, uma vingança...
20
Ao te encontrar serena, quis ser lúcido... Doidivanas pensei que te enganava... Mas por ser transparente, sou translúcido, Sorrias, cada vez que me encontrava!
Dos porões, emergindo meus defeitos, Percebeste num átimo: sou louco! Não queres mais dormir meus mansos leitos... Te grito embalde, foges, estou rouco...
A voz não me permite te chamar, Não posso teus desejos transformar Em simples valentia nem conquista.
Amor, te imploro, nunca mais insista, Prazeres não nasceram para ti. Transtornos são, pois, tudo que vivi! Marcos Loures
21
Ao te encontrar, amor; O tanto quanto eu quis Gerando outro infeliz Caminho a se compor Na ausência de pudor Na vida por um triz O todo não mais diz Do vago redentor. Esbarro nos enganos E sei dos soberanos Cenários do passado, Inutilmente eu tento Vencer o imenso vento E assim o nada invado.
22
Ao te encontrar, amor; eu descobri Que a vida pode ter felicidade. Não sabes mas bem antes, tudo aqui Trazia um triste gosto de saudade
De um tempo que passou, mal percebi, Deixando em seu lugar, ansiedade. Agora que encontrei amor em ti Eu volto a ser feliz, isso é verdade...
Estrela que vagava sem ter rumo, Cometa sem paragem nem remanso; Mas desde que em teus lábios me perfumo
Abri meu coração e esqueço o medo, Os píncaros da sorte, amor alcanço Do cofre do esplendor deste o segredo...
23
Ao te sentir sonhando junto a mim, Sorrisos escapando de soslaio Tu tens todo o perfume do jasmim, Delicadeza de uma flor de maio... Teu nome tão sublime digo enfim Em toda prece e quase que me traio
Na santidade imensa deste amor, No templo e nesse altar que é divinal, Beijando mansamente este esplendor, Teu corpo aqui sereno, sem igual. Depois de tanto tempo de torpor Acordo no teu sonho magistral.
E vejo a noite inteira se passando, Tua beleza rara, eu adorando...
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Ao te ver caminhando tão fogosa Percebo por que foste sempre minha Ao sentir teu perfume, bela rosa, Pergunto por que vais assim sozinha?
A boca te ofereço carinhosa, Do teu corpo, o desejo se avizinha. Tanto tempo esperei, moça formosa, Não sei por que esse amor nunca me vinha.
Não posso conceber: eu não resisto! Amar sem ter teus olhos? Um absurdo! Por isso e tão somente, assim insisto.
Viver sem ter amor? Não mais prevejo. Amor assim demais, me deixou surdo, Somente ouvindo a voz de quem desejo...
25
Ao te ver fatigada, no caminho, Entendi por que sempre foste minha... Quem num dia partiu, triste e sozinho, Agora te encontrou triste e sozinha...
Teu caminho buscando meu carinho, Meu caminho no teu sempre se aninha Quem pensava poder ser passarinho, Ao viveiro retorna e já se alinha...
Somos fiéis metades desse todo, Complementos complexos mas perfeitos. Convivemos completos, mesmo lodo;
A comida que como te sacia, Minhas mãos adormecem nos teus peitos A vida sem metade é tão vazia...
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Ao te ver solitária pelas ruas Das ruínas desta alma que foi minha, Uma imagem distante se avizinha E embora tão tristonha, já flutuas.
Saber destes anseios que cultuas, É como se encontrasse rara vinha, E mesmo que persistes; vã, sozinha Tu trazes em teu rosto sóis e luas.
É tanta claridade que entontece, E faço num louvor a ti a prece Que possa redimir teu descaminho
Quem sabe, no futuro esta ave possa Perceber a emoção que pensei nossa E venha descobrir, em mim, seu ninho...
27
Ao te ver na distante e tão risonha serra, O meu olhar te procura, em sonhos derradeiros. Amargor da saudade em volta dos ribeiros. Na trilha desta serra a marca d’uma guerra. A noite sem ter sonho é triste, e me desterra... Esperas, qual princesa, os bravos cavaleiros. Eu só posso te dar, amores verdadeiros. O teu belo castelo, está em outra terra.
A natureza rara, em alegrias, canta. O pássaro que voa a quem escuta, encanta. Só Deus nunca me escuta, embalde minha prece... A nuvem, escondida, aguarda; trará chuva. A mão que me tortura esmera-se na luva. A tarde vem caindo, a noite me envelhece...
28
Ao te ver na distante Seara aonde um dia O todo se adiante E trague a fantasia E nisto um galopante Caminho em ironia Vagando a cada instante Além do que podia Resumo o verso em sonho E tento enquanto o ponho Seguir em calma luz, Mas quanto mais audaz A noite se desfaz E o nada se produz.
29
Ao te ver na brumosa Manhã mais solitária A vida temerária Ainda se antegoza Do risco em majestosa E dura sorte vária, E mesmo solidária Paisagem pavorosa. Resumo do passado Enquanto além eu brado Vencido pelo ocaso O rumo se traduz Além da farta luz E nisto em vão me atraso.
30
Ao te ver, me enredaste em cordoalha... Nem tento distinguir os teus enredos. Os cortes que me deste, de navalha, Aos poucos, se reduzem aos meus medos...
As linhas que compõe velha toalha, Se perdem cansaço dos meus dedos. Nas ondas onde morro, vento espalha As águas que enfrentaram meus segredos...
Perdido, não pretendo nem temor. Rotulo minha máscara um tumor, As párias madrugadas foram frias...
Me roubas, disfarçada em poesias, O que me resta então de valentia. Perdi, nas cordoalhas, fantasias...
31
Ao te ver, anjo, voas liberdade; Sonho com asas, céus poder chegar, Buscando assim, em toda claridade, Os teus braços, teus mansos olhos, ar...
Quisera poder anjo, na verdade Voar te ter bem perto, meu luar... A vida cruel, pura dor, maldade, Asas não me deu, como vou negar!?
Mas num sonho dourado, asas de cera... Flutuar, conhecer estratosfera, Partir para o jamais nunca alcançado...
Alcançando assim, glória, pobre pícaro. E, depois, num mergulho des’perado, Nos teus braços morrer, como fosse Ícaro!
32
Ao tempo em que tristeza se excedia Vibrando enquanto tanto que eu sonhava, Certeza de que nada se passava No peito que exalava rebeldia.
Vencidas as inglórias naturezas De medos e vazias engrenagens Tocando nas feridas, incertezas, Me levam por insanas, más, aragens...
Amor que se tocaia nas vinganças Espreita meus enganos e torturas Matando o que me resta de esperanças Causando tanta dor, noites escuras...
Mas sinto que não posso resistir, Somente o que me resta então, sorrir...
33
Ao ter a primazia da presença Daquela que se fez enamorada, Vencer em alegria, a madrugada Prevendo amanhecer em luz intensa.
Nos sonhos de um amor, a minha crença Expressa a fantasia em paz bordada, Minha alma libertária segue, alada Buscando em teus carinhos, recompensa.
Perambulei durante a vida inteira Em bares e sarjetas, vãos carinhos. Quais pássaros que buscam os seus ninhos,
Ilusões procurando a companheira Que nunca vinha. Ronda outrora agreste, Atocaiando a estrela em que vieste...
34
Ao ter a solidão por companheira Não pude vislumbrar outro futuro Senão este caminho amargo, escuro A senda dolorosa e derradeira.
A fantasia; agônica bandeira Tornando o meu destino mais impuro, Por vezes outras sendas eu procuro E nada,além da dor tão costumeira.
Vassalo desta estúpida ilusão, Vergastas sobre as contas, lanhos tantos. Vencido pelos tantos desencantos
A vida sonegando a floração Não tenho mais as flores do jardim, A seca vai matando tudo em mim...
35
Ao ter esta visão maravilhosa Da deusa que chegou em redenção Batendo bem mais forte o coração A vida se demonstra fabulosa.
E canto nosso amor em verso e prosa Depois de tanto tempo em solidão Aos poucos pressentindo inundação, Os erros do passado, amor já glosa.
Escancarando o peito, sinto vir O gosto generoso de um porvir Aonde possa ter algum descanso.
De toda esta batalha que eu vivi, O amor que sei que existe dentro em ti Já trouxe a placidez deste remanso...
36
Ao ter este vulcão perto de mim, Deliciosamente me perdi. Chegando num momento junto a ti, Promessa de um prazer quase sem fim.
Num sensual delírio quero assim Tocando devagar aqui e ali, Na imensa ebulição em que verti O fogo mais audaz; por isso eu vim
Falar desta volúpia insaciável Do Amor insuperável, quase incrível, Tua nudez; perfeito combustível
Teu corpo delicado, irretocável. Vagar entre os teus vales e montanhas Num jogo em que te ganho e que me ganhas...
37
Ao ter já percebido que amizade Supera qualquer trauma em nossa vida, Vivendo enfim total felicidade, Eu vejo uma tristeza em despedida,
Meus versos já supondo a claridade Esbarram-se nas curvas de saída, Saúdam desse amor prosperidade, Cultivam esperança decidida.
Eu quero por sentindo no meu canto Que ufana uma vitória sem temores. Amiga não permita o desencanto
Que cala nossa voz, trama seqüelas. Misturam-se nos céus milhões de cores, Nas telas em que o canto bom revelas...
38
Ao ter no doce início da manhã O vento delicado do teu riso Vivendo esta ternura em louco afã Encontro nos teus braços, paraíso.
Tingindo esses meus sonhos com as cores Que roubo da manhã ensolarada Tramando em teu colo mil amores E Saiba deste quanto que és amada.
Eu sinto tua fala tão macia Entrando no meu peito sonhador, Acordando e com isso, ganho o dia, Envolto nas entranhas deste amor.
Amor que me entregaste é solução Que teima e fortalece o coração!
39
Ao ter o teu calor junto de mim Refaço a minha vida sem temores, O céu vai renovando suas cores A lua no teu lábio carmesim
Prateia a nossa cama e traz no fim O brilho deslumbrante em seus fulgores, Contigo, meu amor, por onde fores Mil flores no canteiro, em meu jardim...
Amar, como mereces, o bastante Jamais conseguirei, isto eu pressinto, Bebendo de teu corpo tal absinto
E sendo a cada dia teu amante. De tudo o que vivemos, não duvido, Por isso este meu verso agradecido...
40
Ao ter o teu perfume junto a mim Estendo o coração nesta varanda, Na boca o mais suave carmesim, Meu peito enamorado anda de banda.
O vento se espalhando traz em fim Amor que em tanto amor já não desanda Na dança mais sublime sinto enfim, O gosto de dançar nossa ciranda.
Além do que quisera há tanto tempo, Não tendo mais, na vida, um contratempo, Não trago nem sequer algum queixume,
Na noite tão escura que enfrentara Ao ver maravilhosa jóia, rara, Um louco viajante encontra o lume.
41
Ao ter o teu sorriso Querida, com prazer Encontro em paraíso Vontade de viver
Num beijo mais preciso Num fogo a nos arder Perdendo o meu juízo Encontro o bem querer...
Um amor tão magnético Muita vez enigmático Não permitindo ao cético
Ficar sozinho, estático. Desejo tão eclético Se torna bem mais prático.
42
Ao teu lado conhece uma alegria Quem fora prisioneiro da tristeza, Fartando-se e brindando se faz presa Do amor que em noite escura já nos guia.
Um verdadeiro sonho que inebria, Em taças cristalinas põe a mesa. Rompendo em mansidão cada defesa Inverno rigoroso, amor estia.
Fiando na divina transparência Um gozo feito em seda, em organdi. O quanto em maravilha eu antevi
Tocado pela maga florescência Que emanas, em sorrisos e convites. Amor que não tem tréguas nem limites...
43
Ao tocar o teu corpo devagar, Beijando cada canto e cada curva. A vida começando a nublinar Desaba nas delícias de uma chuva...
Eu quero passear pelos teus rios, Andar e conhecer todas as margens. Mergulhando loucamente nos estios, Descendo até na foz, toda a viagem...
Entrar nos alagados, afluentes... Descer tuas cascatas, corredeiras. Saber destes braços envolventes Nas ilhas delicadas, nas pedreiras...
Eu quero teu amor completamente, Morrendo em teus desejos, uma enchente...
44
Ao tomar os teus braços minha amada Convites de alegria e de bailado Repleto de emoção, a noite inteira Que faz da fantasia a companheira
Tantas vezes querida e desejada! Nos risos e canções, no peito aberto Nas manhas e manhãs, eu quero sempre, Matando em mil oásis o deserto
Que fora a minha vida antes de ter O gosto mavioso do prazer Sorvido em tua boca, gota a gota. A fonte do desejo não se esgota...
Amor que é belo e raro, delicado Em mil canções te clamo, apaixonado!
45
Ao tomar os teus braços minha amada Sentindo a vibração deste desejo, Amor sendo sublime, em luz sobejo Desvenda esta promessa anunciada
Alçando o Paraíso em bela estrada, Deixando para trás orgulho e pejo, O coração outrora tão andejo Mergulha em claros raios, todos. Cada...
Ouvindo esta canção, solos, guitarras, Rompendo do passado vis amarras, Nos dedos de Lucia, esta ventura
De imagens em mosaicos, noite/estrela, O amor que intensamente se revela, Traduz em belos sons, tanta ternura... 46
Ao vê-la se revela o mais velado Sonho em que me transponho, nave insana. Farturas de ternuras, cada cardo Deixado nos caminhos, não me engana.
Vislumbro precipício onde me enfado E fujo em alva lua, uma cigana Que vaga pelo espaço iluminado E morre nos meus braços, soberana.
Prevejo o que não quis ver os meus olhos, Agudos pedregulhos, meu antolhos, Impedem a clareza necessária.
Qual fossem mil corcéis, estrelas vagam Imersas entre nuvens que as apagam. Noite em látego açoite, temerária...
47
Ao vê-la, percebera que sonhara Em vão por muito tempo. Percebia Que o quê julguei tratar-se jóia rara, A bem de uma verdade nem sabia.
Olhar ermo, distante, concebera Uma mulher mais bela que teria Se não pudesse ser somente fera Aquela que morrera, raie o dia.
Erguendo-se, dos sonhos, tal fantasma, Reclamam as quimeras ressurrectas, Eflúvio desvairado, um ectoplasma
Invade meus presságios otimistas. As mãos que não mais lavo, estão infectas Subterfúgios do amor, minimalistas...
48
Ao vento se entregando uma saudade, É parte do que fui sem recompensa. Vagando em noite fria, a dor compensa O tempo em que vivi felicidade.
Quem se pudesse em liberdade Alçar um pensamento que convença O coração insano da força imensa Que uma esperança traz na realidade...
Amiga, me perdoe o verso triste, Eu necessito sempre do teu colo, A planta vai secando em duro solo.
Apenas a amizade inda resiste E nela eu me apegando posso crer Que um dia inda haverá o amanhecer...
49
Ao velho, pleno encanto, o retorno final De quem bebeu o sonho em goles generosos. Por mais que talvez tenha um gesto triunfal Os ritos de um amor não são maravilhosos.
Na escada do passado, um trôpego degrau, A queda anunciada em passos caprichosos Prepara o coração, e sendo bom ou mal Quem sabe não teria olhares prazerosos
Daquela que motiva o sonho mais feliz. Num canto qualquer, guardo em minha mente A imagem mais sublime expressando o que eu quis
Embora disso tudo, apenas o que sente O velho trovador em busca da alegria É o tempo de sonhar vivido em poesia...
50
Ao vento estas palavras se perdendo, Acerco-me dos sonhos mais audazes, Esqueço os meus curingas, penso em ases, Prazer jamais passou de um vago adendo.
A história novamente revivendo, Os quadros destroçados, simples fases, Acumulando os riscos que me trazes, Distante do que cri, envelhecendo.
Discórdias se tornando um estribilho, Lembranças contumazes; vejo e trilho. Resquícios do vazio que criamos.
Errático poema em voz sombria, O quanto de emoção nos desafia E as árvores quebrando antigos ramos...
51
Ao ver-te transportada em luz intensa, Vigor de uma paixão iluminando A noite que se fora, outrora densa, Aos poucos no meu peito se amainando.
Como a dizer que a vida, enfim compensa, Em todos os momentos, desde quando Eu recebi da sorte a recompensa Dos braços da mulher que estou amando...
No lusco fusco, imerso em nosso quarto, Percebo em contraluz, em transparência, Beleza tão sutil, amorenada,
Depois de ter amor, deitando farto, Eu agradeço a Deus condescendência De ter esta mulher tão desejada...
52
Ao ver-te caminhando em solidão Na ausência dolorida, ruas vagas, Noctâmbula visagem – tentação. O que faria, amor, por estas plagas?
Sentindo palpitar meu coração Por tanto que eu te quis; sensações magas Tomado de desejo; em comoção; Lembrando o teu carinho quando afagas
Meu rosto, meus cabelos, minha pele. Uma vontade insana me compele E sigo, teu caminho passo a passo.
Ao te tocar, querida, firmemente, Percebo num sorriso, de repente O quanto nos queremos, e te abraço...
53
Ao ver-te em plena relva desnudada, Ao sol iluminando a natureza. Sorrindo me convida extasiada, A mergulhar contigo em tal beleza.
Beijando tua boca tão molhada, A pele tão gostosa, com certeza, Aos poucos vai ficando arrepiada, E invado sem pensar e sem defesa.
Meus lábios vão descendo devagar E logo ao encontrar os teus caminhos, Em sedução me perco em teus carinhos.
O sol por testemunha, vem brilhar E assim na tarde insana, sem juízo Adentro com loucura, o paraíso...
54
Ao ver-me derrotado e sempre triste, Ardendo na terrível solidão, Olhando tão somente para o chão Pensando que alegria não existe.
Tua palavra amiga tanto insiste E mostra de repente, a solução, Deixando para trás caminho vão Mostrando o renascer que inda resiste
No peito de quem sabe, um sonhador, Com toda a mansidão e liberdade De poder ter enfim, felicidade,
Nos braços mais airosos de um amor Que é feito e modelado em amizade, Que aos poucos demonstrando o seu valor...
55
Ao ver-te caminhando pela casa Envolta na toalha; te desejo. No banho que tomaste, queimo em brasa Tua nudez divina eu já prevejo..
Meus olhos estão presos, cordoalha; Ligando esta vontade com o fato Da maciez felpuda da toalha Tocar essa delícia. Que maltrato
Tu fazes para um pobre coração Que vive desejoso desta pele Envolta com carinho. Uma ilusão Ao mesmo tempo chama e me repele...
Depois, a noite inteira vou sonhando Debaixo da toalha... Diga... Quando?
56
Ao ver-te caminhando em plena graça, Rainha de meus sonhos, sedutora. No véu de uma beleza que esvoaça, Te quero, minha amada; vem agora.
Tesouro que buscara, não disfarça Em brilhos redentores, sem demora, O tempo do teu lado nunca passa, Minha alma, te deseja e tanto adora...
Murmuro em cada verso esta esperança De ter essa mulher sempre comigo. Vivendo nossa vida, eterna dança,
Vibrando sem temores, esta emoção, Do amor no qual navego e tenho abrigo, Carinhos em feitio de oração....
57
Ao ver-te se afastando dos famintos, Toando um verso frouxo de mentiras. Amores propagados vão extintos, A roupa da esperança rota em tiras.
Ao ver-te tão distante das origens, Rasgando o Evangelho, destroçando. Numa preservação de velhos bens, E o novo que surgia já abortando.
Ao ver-te Igreja assim, tão insensível, Matando pouco a pouco uma esperança. No Cristo que expuseste o combustível Que impede amor em paz em aliança.
Tu matas o sentido da amizade, Negando para nós, a claridade...
58
Ao ver-te qual miragem no meu quarto, Desnuda passeando em minha cama; Sorriso sensual, sereno e farto Reacendendo em mim, toda esta chama... Esplêndida visão do paraíso, Tua nudez convida para a dança, No toque mais sutil e mais preciso, A festa em nossa noite já se avança... E passo a passo sigo a maravilha De teu corpo, decorando cada ponto. Aos poucos aprender esta cartilha Que traz todo desejo a que remonto... A boca peregrina te decora, A noite me alucina e nos devora...
59
Ao ver-te tão bonita, moça feita, Reparo como o tempo é tão cruel. Às vezes a minha alma não aceita Pensando ser criança, risca o céu Em busca de um alento que não cabe Em quem já ultrapassou o fim da tarde. Um coração teimoso nunca sabe E envolto em fantasias, lúdico, arde... Meus dias se passando sem remédio, Correndo, não consigo acompanhar. Sobrando do que fui; apenas tédio, Vontade de me ter sem me encontrar... Ao ver-te tão bonita, me retrato Preparo a despedida, e me maltrato...
60
Ao ver a claridade em lua cheia Serpenteando brilhos na calçada, Quem veio de um vazio e traz o nada, Ao ver tanta beleza se incendeia.
Eu quero ter o verso em que se creia Deixando a solidão ali, jogada, Porém uma saudade disfarçada Invade em ondas tantas, minha areia.
Matando o que não fora proveitoso, O céu se mostra menos tenebroso, O tempo passará em vinho e gim.
E tendo o que pretendo e sempre penso Amor que se mostrando forte e denso É meu princípio, trama, rumo e fim. Marcos Loures
61
Ao ver a fantasia em minissaia Estúpidos ignaros sonham alto, No frio do granito e do basalto Espera a quente areia de uma praia.
Torpe ilusão, aos poucos já desmaia Enquanto uma tristeza vem de assalto, Rasgando o vil tapete feito asfalto A dor vem se enfurnando, amor que saia.
Os dedos profanados em temores, Demonstram sempre em forma de tremores, A vida que se fez sem conteúdo.
Nas vísceras expostas pelas ruas, A fome malfazeja em carnes nuas Formata a solidão depois de tudo.
62
Ao ver a lua em pratas derramada Por sobre as folhas secas do passado, Percebo que afinal não sobrou nada Do tempo em que vivera amargurado.
A noite surge cálida, estrelada, Dizendo deste sonho emoldurado Na tela que em belezas é mostrada, Momento tão sublime, iluminado.
Argêntea maravilha, noite plena, A lágrima, querida agora acena Com o que mais sonhei: transformações.
Entregue a tais encantos adormeço, Amor ao acertar meu endereço Explode com supremas emoções!
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Ao ver a luz que trazes e não vês Lamento os teus rancores, minha amiga. O amor jamais traduz insensatez, Herética loucura desabriga.
O verdadeiro amor, por sua vez Permite que o caminho em paz prossiga. Distante do que pensas, mesmo crês É sonho que pacífico nos liga.
Porém na tempestade da paixão Encontrarás a luz da solidão, Que nos prepara, insana para a glória
De ter o amor supremo e verdadeiro, Que faz do ser amado, companheiro E trama, sem rancores, a vitória... 64
Ao ver a minha amada adormecida, Deitada sobre pétalas de flor, Eu sonho uma ilusão tão esplendida Formada nas gotículas do amor...
Beleza assim igual, jamais sonhara, Talvez p’ra ser sincero se permite Com alma em delirante jóia rara, Em tudo me reporta a Afrodite...
Luar ao ver a deusa aveludada Penetra na janela, sem escusa... A boca que te queima, minha amada, Abrindo esses botões da tua blusa,
Deixando os belos seios, ambos meus, Propícios aos amores mais ateus...
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Ao ver a paz reinando em nossa casa, Eu passo a crer, deveras, num milagre, Pesando feito cruz, amor descasa Segue solenemente pro vinagre.
Capítulos depois, fim da novela, E a mesma sensação de jiló, fel. Calor dos braços teus já me congela, Vazios suprimentos, meu farnel.
A cerração tomando este horizonte, Na boca um gosto assim feito isopor. Sem ter a fantasia que me aponte Mirantes na beleza do sol-pôr.
Catástrofes, tempestas, vendavais? Pior: tédio e marasmo, nada mais...
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Ao ver a putaria se instalando Nas cidades por Ele benfazejas. Aos poucos em loucura transformando As hordas mais fiéis antes sobejas.
Pensando em poder ter a solução Mandou soldados belos do infinito, Porém o povo em louca comoção, Ao ver o batalhão raro e bonito,
Em louco desvario, eles vieram Fazendo uma algazarra sem igual, E dizem, na verdade que quiseram, Mostrar aos pobres anjos sexo anal.
Por isso, depois desta putaria, É que se institui a sodomia...
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Ao ver a silhueta tão esguia De quem sempre sonhei, imagem bela. Percebo que em verdade eu já vivia Na busca de quem deusa enfim, revela. Relances maviosos da alegria Onde um futuro em fausto, amor já sela.
Amor, um velho bruxo, feiticeiro; Se faz pura magia e forte encanto. Um sentimento nobre e verdadeiro Emoldura beleza em breve canto. Enfronha-se em palavras, sorrateiro, Pegando de surpresa, um mago espanto.
Ao ver a silhueta tão esguia, A noite mergulhando em fantasia...
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Ao ver a sua face prateada, Percebo imensidão de um pleno amor. A lua se permite ser tocada Pelo astro-rei, eterno sonhador.
A noite intensamente iluminada Encanto que se mostra num louvor, Embora tão distantes é amada Irradiada; entrega-se em ardor.
A Terra testemunha cada passo Do amor que se emoldura lá nos céus, Deitando sobre todos belos véus
E um ato mais sublime ganha o espaço, Cenário fabuloso e sensual Na entrega de um eclipse, amor total...
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Ao ver a terra ardendo no sertão Na seca que destrói tanta esperança, Na luz de um candeeiro ou lampião Amor batendo forte na lembrança
Depois de tanto tempo andando em vão O olhar da minha amada enfim me alcança Aquece qual fogueira de São João Trazendo ao coração uma festança.
Os olhos da morena se espalhando Mudando a cor de toda plantação Asa branca voltando como em bando
Deixando para trás a arribação. O amor veio de novo verdejando Promessa de divina floração...
70
Ao ver a tua luz, sinto atração De um jeito que não posso me conter. Trazendo esta divina sensação Que logo me retém em teu poder.
Eu sinto que me invade esta emoção Que aos poucos vai tomando todo o ser, E me enlouquece em forma de paixão, Sem ela como irei sobreviver?
Tu és amor maior que desejei, E vivo o sentimento com doçura, Depois de desencontros te encontrei,
Com toda uma certeza, sem temores. Quero me perder nesta ternura Que forra nossos mágicos amores.
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Ao ver amor tão puro, claramente Esboço um movimento de defesa Por mais que não consiga e sempre tente Eu quero esta nudez de sobremesa.
Carcaças que me invadem, corpo e mente, Contrastam plenamente com pureza, O parto em que se fez farta torpeza Merece um novo rumo, mais contente.
Dementes caminheiros, noite afora, Sem hora de saber ou ir embora, Não ouvem mais delitos nem tais queixas
Preâmbulo da festa continua, Enquanto aguardo a pele inteira e nua, Afago com carinho estas madeixas.
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Ao ver antigas marcas, cicatrizes, Deixadas pelos velhos sentimentos Percebo salutares nossas crises, Vagando sem destino por momentos.
Ouvir cada palavra que me dizes Entregue às variantes destes ventos Talvez possamos ser bem mais felizes, Mantendo estes olhares mais atentos.
Ao abraçar os mundos que roçamos, Usando como arado estas palavras, Garantiremos sempre belas lavras
Podando da tristeza, fartos ramos. Livrai-nos do vazio, Ó Pai eterno, Mesmo que amor traduza dor e inferno!
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Ao ver em sol nascente se mostrando Um brilho em rara luz mais dadivosa, Percebo em tal beleza deleitosa A sombra de uma dama se formando.
E todo este caminho iluminando Mulher que em mocidade, tão fogosa, Deitando num dossel, decerto goza Em mágica e malícia se entregando.
Porém ao perceber minha chegada, Janela escancarada já se fecha. E a noite transcorrendo em pensamentos
Recebe da ilusão, doce lufada Sentindo o seu cabelo em cada mecha, Meus sonhos mais felizes, em tormentos...
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Ao ver em transparências divinais Os seios e mamilos da morena. Desejo de saber e ver bem mais Até chegar nudez, completa e plena.
Distâncias de centímetros parecem Quilômetros da mão que te procura. Tais formas delicadas não se esquecem, Porém esta visão já me tortura.
Das coxas uma imagem me alucina, E rendada, salmon, a salvaguarda Não deixa que eu perceba a concha, a mina, Que um dia em fantasia, enfim me aguarda.
A moça distraída, num sorriso, Esconde e quase mostra o paraíso...
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Ao ver essa pobre alma desnudada Tão desmedida em forma e conteúdo Percebo quem na vida não foi nada, Um resto de promessa. Não me iludo
Quem sempre se sonhou forma abortada Nos versos que pensava, tão miúdo. Não passa na primeira peneirada Não falta-lhe porém nenhum estudo.
Zangão que nunca teve uma colméia Incoerente pensa ser um rei. Palhaço necessita de platéia
Não sabe discernir pois arrogante, Na vida desconhece simples lei. Formiga derrubando um elefante...
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Ao ver este leitão que está gordinho Eu penso já no lucro que vai dar, Criado com amor e com carinho, Não pára todo dia de engordar.
Depois que o bicho está assim fofinho, Cascalho no meu bolso vai entrar. Fazer duzentos quilos de toucinho, Lingüiça pra mandar já defumar.
Porém o porco grande com malogro, Custando pra morrer dá prejuízo. Investimento duro de fazer.
Agüentar a mulher e ter juízo, É duro e vem trazendo desprazer. Não morre o porco gordo do meu sogro!
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Ao ver estéril Sara, quis Abrão Deitar-se com Agar, deles escrava, Que momentos após perde a noção, E a Sara, depois disso maltratava.
A resposta não tarda mais chegar, Um anjo traz à tona a lucidez Pedindo que retorne então Agar, Comunicando assim a gravidez
Javé ouvira as preces e os lamentos Daquela fugitiva arrependida, Cumprindo os mais divinos sacramentos Da serva ressurgindo a santa vida
Chamando de Ismael o filho amado, Do Pai escuta Agar, o Seu recado...
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Ao ver minha pobre alma desnudada Tão desmedida em forma e conteúdo Percebo que na vida não fui nada, Um resto de promessa. Não me iludo
A voz de quem cantara anda cansada; perdendo no caminho quase tudo Não passo na primeira peneirada O canto que sonhei prossegue mudo.
Zangão que nunca teve uma colméia Palhaço necessita de platéia Não sabe discernir a cada instante
A dura realidade, amarga e triste, Porém este imbecil feito farsante Na busca pelo amor inda persiste...
79
Ao ver nascer assim, em minhas mãos, Uma mulher fantástica, brilhante. Dos dias de que vim, por certo vãos, Teu nascimento em mim foi deslumbrante.
Sentindo-te crisálida tão rara Numa metamorfose divinal, A força deste amor que se buscara De um jeito inexplicável, sensual.
Crescendo como a lua dentro em nós, Fazendo do sorriso todo o lume, Amor que veio tímido e veloz Deitando sobre a terra tal perfume
Que fez deste jardim a primavera, Com flores multicores em si, gera...
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Ao ver nesta mulher a rosa plena Que emana imensidão em cada passo, Compassos esquecidos lua acena E sinto-me no poço de seu braço. Aberta a rosa inteira feminina, Me nina em cada mina meu tesouro. No gosto desta boca, me alucina Menina minha sina é ter teu ouro Marrom em tanto tom, novo matiz, Os olhos são marrons, teus dons e brilhos, Marrom o meu desejo e cicatriz, Ronrona enlanguescente nos meus trilhos, A rosa se acastanha e se bronzeia, Na brônzea emoção de lua cheia...
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Ao ver o desembarque da esperança Nesta rodoviária-coração, Recordo velhos tempos de criança Brincando bem em frente ao meu portão.
Vencendo esses temores, percebia, Que o tempo nunca pára ou retroage A vida vai passando dia a dia... E tudo vai mudando, amor e traje.
Agora que te encontro, não mais penso, Parece que este tempo já passou. De tudo que mais quero, mais intenso, Amor que tão divino, dominou...
Não mais quero a tristeza que devora Nem solidão pantera me apavora...
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Ao ver o mar quebrando em alva areia, As ondas vão lambendo as tuas pernas... Morena com perfume de sereia, As mãos tão delicadas, sempre ternas...
Calor do sol queimando me incendeia, Não deixa que jamais; no amor invernas. Teus seios, tuas coxas...Quanto anseia Minha alma em sensações demais eternas...
Amar é descobrir que uma alegria Nos eterniza em cantos e vontades. Poder te namorar a cada dia,
Roçando teus cabelos, manso vento, Não deixa de saber felicidades Guardando nosso amor no pensamento
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Ao ver o paraíso No amor de quem se dera Vestindo a primavera No tom claro e preciso O todo onde matizo A vida e nela a esfera Pousando noutra esfera O sonho então eu biso. E vago sem sentido E quando eu me lapido Nos ermos da esperança O passo sem porvir O amor a se eximir Do corte que se avança.
84
Ao ver o paraíso numa flor
Nascida em verdes campos, primavera,
Percebo quanto Deus fez com amor,
A vida que se vai e regenera.
O mundo no infinito deste grão
Da areia; uma estrela tão gigante,
Pequena frente ao mar, sua amplidão
Percebo eternidade de um momento
Num tempo que transcorre sem parar.
Cabendo em minha mão, aberta em palma
Todo um infinito a se encontrar
Na eterna sensação de paz e calma...
Além desta ternura, grão e flor,
Carrego em minha mão, o Deus AMOR...
85
Ao ver o seu caminho contrafeito, A dor em solidão nos abandona, De todos os desejos és a dona, Domando a rebeldia que em meu peito
Tornara em rumo incerto e insatisfeito O vago que voltando sempre à tona Enquanto a fantasia inda ressona Incorpora a tristeza enquanto deito.
As farpas que trocamos vez em quando Deixaram cicatrizes. Mas voltando Os olhos para estrelas bem mais puras
Pudemos vislumbrar, com alegria Um novo amanhecer que enfim seria Repleto de prazeres e ternuras.
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Ao ver o teu olhar eu percebi O quão foi tão daninho tais abrolhos Lavrados com descuido dentro em ti E as névoas que recobrem os teus olhos.
Fazer da fantasia um adereço Apenas nada mais que uma ilusão. Virando o coração assim do avesso Perdendo o rumo em tosca direção.
Jogar o que vivemos num esgoto, Lixeiras espalhadas pela vida. A dor vai latejando em cada coto Revendo esta esperança já perdida.
São frágeis os caminhos de quem ama, Num paradoxo feito em fogo e chama...
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Ao ver o teu olhar Estrela matutina A vida devagar Aos poucos me alucina;
Na luz que me fascina O brilho a me tomar, Depressa descortina A força de um luar
Que entorna no meu peito Vontade de seguir O rumo mais perfeito
Que pude descobrir, Do quanto amor é feito, Estrela a reluzir
88
Ao ver o teu olhar, eu percebi Que nada adiantou tantas defesas, A vida preparando estas surpresas, No mesmo instante estava preso a ti.
Retrato nestes versos o que sinto, Amor tomando conta do pedaço, Destino, agora eu sei, jamais eu traço O amor sempre nos mostra um labirinto
Aonde uma saída não se vê, Não tendo quem a ele já resista, Minha alma, neste encanto sabe e crê Força do amor mesmo à primeira vista
Mudando o meu destino totalmente, Nesta intensa emoção que a gente sente....
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Ao ver cada momento mais feliz E crer ser tão possivel novo sonho Aonde um verso em paz tento e componho Vivendo o quanto mais sonhei e quis, Presumo o meu caminho em raro bis E vejo este cenário enquanto enfronho Meu tempo mais audaz, mesmo risonho Deixando para trás a cicatriz, E espero finalmente ver em ti O quanto desejara e percebi Possível e plausível, pelo menos, Dos dias doloridos do passado Agora percendo do teu lado Anseios mais sutis, claros e amenos.
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Ao ver o teu sorrir, tão enigmático, Com jeito de malícia em face ingênua, Virando pra te ver, quase automático, Percebo uma vontade, forte e tênua
De gosto e de carinho, sem limites... Num brilho sedutor, os olhos pedem, Não querem nem procuram mais palpites. Os meus, ao teu sorriso sempre cedem
E assim já se concedem mil desejos. Da santa insensatez que dá prazer, Sorrisos que parecem mais com beijos, Pois nos adivinhamos, sem querer...
Eu sei que os outros olham, desconfiam... Loucuras que os sorrisos já desfiam...
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Ao ver os olhos claros da inocência, Feridos pela imensa covardia. Daqueles que esmagando um novo dia, Demonstram a terrível inclemência,
Em frágeis mãos a dor da penitência Clamando por alguma fantasia, Enquanto a corja imunda se associa Levando aos inocentes a demência.
Abutre que devora um embrião, Vendendo pouco a pouco esta nação, Roubando do infeliz quase faminto.
Quem dera se um Bom Deus em amizade Salvasse da fatal iniqüidade, Tornando este animal/ladrão extinto.
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Ao ver os teus cabelos soltos, leves... Percebo quanto é belo ter amor. Momentos tão suaves, mansos, breves; Deitados no teu colo, acolhedor.
Traçados dos meus passos nesta areia, Caminhos de desejos e ternuras, Como um anjo, percebo em ti, sereia, Dádiva divinal, doces venturas...
Não contente; procuro-te nos sonhos... A noite solitária não termina... Cabelos tão macios; meus risonhos Desejos... Minha sorte, minha sina...
De tudo que passei; nossa verdade, Mostrando nosso amor: felicidade...
93
Ao ver os teus decotes generosos Percebo a maciez destas romãs Divinas. Meus olhares mais gulosos Recebem tantos raios das manhãs
Em sol e fantasia belas rosas, Desabrochando em brilho divinal. Maçãs tão delicadas, perfumosas Qual sonho que se fez tão magistral...
Ao ver teus seios belos de soslaio Por sob a blusa aberta, estou feliz... Na luz maravilhosa deste maio Quem dera a vida inteira... flor de lis...
E tu ris um sorriso mais maroto, Olhando para os olhos de um garoto...
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Ao ver que tu seguiste Um tempo audacioso Aonde em dor e gozo O sonho em vão consiste Ainda quando é triste Cenário pedregoso Enquanto auspicioso Caminho não persiste, Vagando sem cansaço O quanto ainda traço Permite que se creia Na sorte mais feliz Dizendo o quanto eu quis Em voz suave e alheia.
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Ao ver que tu seguiste outro caminho Distante do que tanto desejei, Prefiro prosseguir assim sozinho, Mas saiba que em verdade eu tanto amei
Alguém que me marcando com carinho Fazendo-me sentir tal qual um rei, Depressa abandonou o nosso ninho, E nessa solidão eu mergulhei.
Espero que tu sejas mais feliz Ao lado de quem vives; minha amada, Seguindo novo rumo, nova estrada,
Carrego inda comigo a cicatriz De um tempo em que contente imaginara Que um grande amor, enfim, eu encontrara!
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Ao ver que tu vieste, Depois dos temporais Razão de ser celeste Em dias tão iguais O solo mais agreste Ainda quando esvais Mergulha no que empreste Apenas vendavais Ausento da esperança E sei quanto se cansa Pousar em céu liberto, E sinto no final A vida em ritual Aonde a luz desperto.
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Ao ver que tu vieste, o duro frio Transforma-se em calor, minha querida. Inundas com amor este vazio Deixado quando foste em despedida...
Uma alegria imensa assim recrio Das dores que invadiram minha vida. Do triste inverno surge um novo estio E encontro plenamente, uma saída.
Pois saibas que te quero tanto bem, Além do que pensavas, muito mais... Espero que não vás, amor, jamais.
Cansei de nesta vida ser ninguém, Comigo neste instante, amada, vem Matar a solidão. Te amo demais!
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Ao ver se despedindo, o nosso amor, Rasgando feito espinho, o velho peito, Deitando suas mágoas sobre o leito, Meu barco segue sem navegador.
Queria tão somente te propor, O verso que pudesse ser perfeito, Porém, se solitário, eu já me deito, Esqueço o meu jardim, matando a flor...
Um dia, quem me dera, fosse meu O encanto que desfilas pelas ruas, E quando mais distante tu flutuas
Percebo que meu mundo esmoreceu, E salto no vazio que criaste. Herança que aos meus sonhos, tu legaste...
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Ao ver sobre esta mesa o corpo inerme Daquela que se fez a predileta, O ciclo inevitável se completa Na fúria desdentada deste verme
Que aos poucos começando na epiderme Devora desta forma, vil e abjeta Até que a vã carcaça cumpra a meta Fazendo com que uma alma já se enferme.
E trague a podridão como um troféu, Amortalhando em trevas todo o céu, Na súbita traição inevitável.
A boca que eu beijara em tom solene, Sorvendo o gozo amargo que envenene Atômico compósito mutável...
3000
Ao ver tanta beleza me empolguei, Teu rosto irradiando, enfeitiçava, Mal pude perceber e me entreguei Sem nem saber que ali eu encontrava
A porta entreaberta da loucura. Tu és assim divina e diabólica O teu amor me fere e traz a cura Na tua incoerência, fé católica
Que dissemina a morte via sexo, E pensa que defende assim a vida. Amar será um ato tão complexo? Na mão que acaricia, a despedida...
Embora te deseje tanto, tanto... Teu beijo tem sabor de sangue e espanto!
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