
MEUS SONETOS VOLUME 027
Data 27/11/2010 06:05:47 | Tópico: Sonetos
| 1
Amor tanto se faz quanto declara, Agora vai caçado feito fera A boca que eu beijara resta amara Ao abrir entre nós clara cratera.
O ninho que se fez em pleno amor Mortiço não resiste e vai sem viço Entregue à sensação deste bolor, Por mais que tantas vezes, lenha atiço.
Se um dia inda pudesse ver distantes Mortalhas deste amor que se fez luto. Talvez inda pudesse por instantes Fugir da solidão, um vão tumulto.
Escuto a tua voz toando loas, Às águas inundando estas canoas...
2
Amor tão delicado nunca vi... Andávamos felizes, flutuando. O melhor desta vida estava aqui! Consigo ser feliz, somente amando...
Mas, tantas tempestades, me perdi. Com todo esse meu mundo desabando, Os olhos lacrimejo, só por ti! As dores retornaram, cruel bando...
Amor é sentimento tão fugaz! Ao mesmo tempo livre, está cativo. Se temos ou não temos, cadê paz?
Amar é simplesmente um velho tema Que por ele remoço, sonho e vivo... Procuro por teus olhos, Iracema!
3
Amor tão engenhoso em seu ardil, Embora tantas vezes sou esquivo, Numa palavra mansa ou mais gentil, Ao ver-me nos seus braços vou cativo. A flecha que atirou me descobriu E dessa seta nunca mais me esquivo.
Quem sempre se pensara estar fadado À dura solidão do dia a dia, Sentindo o forte amor aqui, do lado, Entrega-se aos rumores da alegria, Mesmo que o tempo esteja mais nublado, Amor descortinando a fantasia.
Nos sonhos que perdera está reposto O doce do amargor do amor, seu gosto...
4
Amor tão gigantesco nega o medo, Que esconde, na verdade, o vero amor. Saber que nem precisa temer dor, Amor já recompensa sem segredo.
Transforma a direção, mudando enredo, Galgando um alto espaço, vencedor, Servindo com carinho ao servidor, Às forças deste encanto sempre cedo.
Abrindo cada porta, mansidão, Aponta com ternura a vocação De sermos mais felizes, nada além.
Alívios entre farpas e navalhas, Bebendo a poesia que ora espalhas, Sabendo quanto o amor já nos convém...
5
Amor tão gostosinho, como é bom A gente namorar a noite inteira Debaixo do lençol ou do edredom Até chegar depois toda a canseira.
Jogarmos com carinho em mesmo tom, Fazendo em puro amor, a brincadeira Que é feita com delícia de bombom E mostra- se divina e sorrateira..
Vem logo, que esta noite não é nada, Fazer amor em plena madrugada Prenúncio de manhã em alto astral,
Com toda a sinfonia de pardais Pedindo: por favor; eu quero mais, Esqueça a roupa e deixe este quintal...
6
Amor tão pleno e sei jamais cativo Permitirá que se conheça a vida. Um sentimento em perfeição, altivo, Concebe em luz a mansidão perdida.
No teu olhar o meu desejo crivo Não deixará uma aflição de brida Do nosso amor, eu nunca mais me privo Sem ele a sorte se dará vencida.
Não tendo medo, seguirei em frente E sendo assim, felicidade urgente Não perderei com baboseiras; tempo.
Contigo sigo a caminhada em paz, Cada vez mais me sentirei capaz, Ao suplantarmos, juntos, contratempo
7
Amor tão vigilante, enamorado Das horas que em insônia já passei Olhar que em teu olhar vai fascinado Buscando o teu olhar que procurei.
Amor tão extremoso que eu sentia Por tantas vezes louco, me tornava, Quebrando deste amor uma harmonia Envolto nos desejos me entornava.
Seus modos, gestos, graças e perfume, Aos pouco me tomando totalmente. Vivendo tal amor pleno em ciúme Sabia que perdia, tolamente...
Desejo nosso amor em fantasia, Amor que tanto ilude, tal magia...
8
Amor tomando tento em minha vida, Depois de tanto tempo em sofrimento; A mão de uma esperança distraída Abriu-se e permitiu este momento. Na luta por achar uma saída, Perdido, solto ao gosto pego o vento E deixo a sorte em tuas mãos. Decida! Quem sabe findará o meu tormento... Passei minha existência sem ninguém, Na espreita deste amor que nunca vinha. Agora que recebo um manso bem Eu creio que jamais serei tão só. Espero que tu sejas, enfim, minha; Quem sabe renascer,amor, do pó?
9
Amor tomando tudo, inundação No vale dos meus sonhos. Tantas águas, Enquanto me dominas já deságuas Trazendo em minha vida esta monção.
Entregue aos teus caprichos, totalmente E deixo-me levar por teus carinhos, Alagação que invade velhos ninhos Adentra o coração, o corpo e a mente.
Depois de certo tempo eu sei que tudo Retorna ao seu normal, disto estou certo. O tempo me trará tranqüilidade,
Nas águas da paixão eu não me iludo, Porém neste caminho agora aberto, O amor entornará fertilidade...
10
Amor traduz percalços e tropeços Embora em atropelos sigo ereto, Enquanto noutros braços me completo Os dias muitas vezes vão avessos.
Há tempos que esqueci os endereços Aonde encontraria amor dileto, Embora não me veja qual dejeto Não quero carregar mais adereços.
Sou franco e verdadeiro. Mais ou menos... O velho menestrel fingindo ou não Acorda em seus acordes coração
Tentando dias trágicos, amenos Empresto uma verdade ao sentimento Qual fosse um diamante que eu invento...
11
Amor transmite paz, felicidade Deixando o coração bater mais forte, Recebo todo o dom da liberdade, Fazendo destes sonhos o meu norte.
Prevendo um novo dia em claridade, Permita em teu cais, amor aporte, Vivendo a mais sublime realidade, A fantasia serve de suporte.
O quanto te desejo e não me canso, Na procura diuturna pelo brilho, Cantando tão somente este estribilho,
Adentro aos teus jardins, calmo remanso. Nos lumes de teus olhos, vejo a lua, Espalha o teu reflexo pela rua...
12
Amor traz guarda-chuva e nos protege, Deixando a tempestade enfraquecida, Bebendo cada gota desta vida O coração jamais será herege.
Montando num cometo, ou mesmo em sege, Seguindo o meu caminho, uma saída, Encontro sem pensar em despedida, No amor que o peito quer e agora elege.
Se é breve, ou se demora a vida inteira, A boca desta moça é feiticeira, Trazendo em seus feitiços, alegria.
Enquanto houver a luz, eu sigo em frente, Não posso nem pensar que atrás vem gente Senão amor bobeia, e logo esfria...
13
Amor traz, em seguida, entusiasmo Depois de ter causado convulsões, Em meio a tais insânias das paixões, O que eu necessito é de um marasmo...
Viver a plenitude de um orgasmo Que cause em minha mente turbilhões, Sob a mira certeira dos arpões Distante da ironia e do sarcasmo.
Se pasmo ou se não tenho reação A culpa não será do coração, Que bate tendo amor ou solidão.
Na sólida presença de um vulcão, Ao menos vou propenso à explosão Que alague em lava e fogo cada chão...
14
Amor tudo renova, dia-a-dia Moldando este cenário fabuloso, Seguindo cada passo da alegria, Expressa a divindade em cada gozo.
Por mais que inda resista, não consigo Vencer a tempestade que me tinge Bebendo deste vinho eu vou contigo Nas mãos abençoadas desta esfinge.
Trazendo em cada enigma a solução Vencendo ao fim de tudo os meus problemas, Da força deste amor, revolução Marcando em paz e glória seus emblemas.
Não vejo e nem pretendo o fim do sonho, Meu barco no teu mar, desejo e ponho...
15
Amor um sentimento solidário Fazendo da cozinha nosso leito Não guardo o meu desejo num armário Prefiro te trazer dentro do peito.
Amada, neste teu aniversário Entenda que eu pretendo ser aceito Quem teve este passado solitário Agora com certeza eu me deleito.
No jogo tão gostoso de jogar, Acendo toda a chama do fogão, Queimando com prazer o coração,
Meu verso vem depressa te mostrar que a vida se permite em sobremesa no gosto de teus lábios, farta mesa...
16
Amor uma atração fenomenal Que atravessando o mar nos aproxima, Envolve o coração em santa estima, No canto que nos beija, sensual.
Amor traz a esperança como aval. Jamais permita assim que alguém reprima Esta emoção sincera que nos prima, No mar de amor que chega a Portugal.
Nas ondas do oceano, em alva areia, Encontro a silhueta da sereia Mais bela que encontrei. Meu cais, meu porto,
Da América, esse barco coração Aponta tão feliz a direção Que leve para a praia, aí no Porto...
17
Amor uma caixinha de surpresas, Despreza qualquer senso, faz das suas, Um palco tão arguto quando atuas As feras mal distinguem-se das presas.
As cartas escondidas sob as mesas, Não sabes discernir; mas continuas, Agulhas num palheiro, almas nuas Crisântemos daninhos da tristeza.
Sem eco nada vale, mas persisto, Besunto o meu olhar com este xisto E quase libertário, sou cativo,
Num cântico em louvor eu mimetizo Às vezes sendo lava vou granizo, E mesmo em tal balbúrdia; sobrevivo...
18
Amor utópico maltrata tanto Talvez seja melhor nem conhecê-lo. Envolto pelos fios do novelo Restando tão somente o desencanto.
Se às vezes, imbecil, ainda canto, Tentando segurar pelos cabelos Corcel que galopando, fartos pêlos, Só resta-me ao final, a dor e o pranto.
Platônica emoção, torpe caminho, O tempo se perdendo em desalinho, Vielas esquecidas, simples becos.
Nestas encruzilhadas sem meu Norte, Cultivo pedregulho, cardo e corte, Não ouço por resposta senão ecos...
19
Amor vagando estrelas, que visagem! Fulgura cavaleiro em seu corcel; Reflete nosso sonho qual miragem Girando eternamente em carrossel.
Fazendo das estrelas a tiara Mais bela e colorida pra te dar. Na noite deste amor, perfeita e rara Desfilam tantas luas sobre o mar.
Amor sabendo o rumo desejado Dos sonhos desta bela adormecida Que espera pelo príncipe encantado No beijo salvador que traz a vida
A quem tanto esperou e nada vinha... Princesa nessa noite serás minha!
20
Amor vai dominando esta emoção Que aflora no meu peito e não tem hora, Quem sabe ser feliz por certo adora E vive plenamente uma paixão.
Batendo em descompasso o coração, Que sabe quando a vida assim decora, Quem vive mais sozinho, sempre implora A mão de uma doçura em tentação.
Querendo receber o teu carinho, Mergulho nos teus olhos, sinto o gozo, Num beijo delicado e mais fogoso,
Acerto assim de vez, o meu caminho. Menina; conseguiste me salvar Mostrando um cais seguro onde aportar...
21 Amor vai dominando esta paisagem Tornando este cenário magistral, O vento vem trazendo uma mensagem Dizendo deste encanto sem igual,
Roçando os teus cabelos, mansamente, Prenúncios de delícias e delírios Poder saber da fonte fascinante Deixando para trás dores, martírios.
Transborda sobre antiga placidez, Causando inundação maravilhosa, Distante do juízo, insensatez, Floresce a delicada e bela rosa,
Imensos turbilhões, num desatino, Tomando em suas mãos, nosso destino...
22
Amor vai me espreitando atrás da porta, Parece que deseja me encontrar E quando, no meu mar, amor aporta; Causando tempestade... Navegar?
Mas sei que muito espero o tal do amor, Pois dessas esperanças sobrevivo. Mesmo que traga medos ou temor, Me encontrará de pé, decerto altivo.
Eu sei que isso é tolice, amor não poupa; Invade numa enchente, arrasa tudo... Não deixa no meu corpo nem a roupa; Não quer saber de mas, porém, contudo...
Amor alucinante tempestade, Reveste em tanta dor; felicidade!
23
Amor vai prosseguindo, assim, agônico Mecânica ilusão não deixa rastros, Em meio a tal cenário, arquitetônico Caminho que aproxima vários astros.
Emplastros colocados nas feridas Estranhas cicatrizes são formadas, Do medo de sonhar já não duvidas, Facetas tão diversas tatuadas.
Aladas mocidades, tempo passa. A cruz que hoje carrego não mais pesa. Saudades se perdendo na fumaça Quem ama na verdade não despreza
Apenas ao sentir o fim da farsa Na morte encontra o seu melhor comparsa...
24
Amor vai se elevando sobre a Terra, Além do que eu pensara; imaginário Sonho aonde esta glória assim encerra Um canto mais audaz e necessário.
No amor a solução pra triste guerra, Vencendo em calmaria um adversário Tristeza para longe amor desterra Trazendo um braço amigo e solidário.
O pobre solitário assim padece Ao prosseguir distante de um afeto. O mundo em solidão segue incompleto
O nada se recebe e se oferece Aquele que não teve um grande amor Um barco que perdeu seu condutor...
25
Amor vai se espalhando tela Terra Em versos e palavras mais serenas, Andando pelos vales sobe a serra Nas praias tropicais, em luas plenas.
Amor que tanto amor em si encerra Já sabe das vontades mais amenas Amor vai invadindo nas antenas Entrando em casamatas, mata a guerra.
Amor que nos domina e nos faz par. Amor de uma amizade mais perfeita, Amor que por amor se faz amar,
Na mãe que gera a vida, amando inteira, Amor pela mulher com quem se deita, Na cama ,numa rede ou numa esteira...
26
Amor vai se esvaindo na fumaça A barca dos meus sonhos naufragada Não resta do que fomos quase nada, Neblina matinal maltrata, embaça.
Vontade de gritar em plena praça Falar desta alegria anunciada, Perdida nesta noite demarcada Por medos. A saudade nunca passa.
Desfraldo o lenço branco, peço paz Porém o teu sorriso sempre traz O gosto da ironia e do sarcasmo.
Tocado pelo anseio, sei marasmo. O telefone chama. Um desengano, Caminho em noite vaga, tolo, insano...
27
Amor vai sem motivo e nega abrigo A noite é mais estreita pra quem ama. Debaixo do luar tento e prossigo Buscando quando deito além da chama.
Em todo feriado se repete Festejos em funéreas catedrais. A língua se fazendo em canivete Cortante sensação de quero mais.
Atrás de cada sonho, eu não desisto Insisto e se puder inda repito. Não quero mais ser Judas nem ser Cristo Meu verso às vezes bom; noutras maldito.
A dor é sempre igual, ou forte ou fraca, Amor sem serventia sempre empaca...
28
Amor vai tomando todo espaço Não penso noutra coisa, vivo rito, Sabendo do calor de teu abraço, Não tenho mais na vida sequer conflito, Querendo novamente teu regaço que salva um coração que fora aflito.
Dos sonhos que tivera, noutro esboço, Meus dias não seriam tão felizes... Porém o teu carinho, meu colosso, Mudou deste meu céu os seus matizes, Agora, meu amor sem ter esforço Não trago nem sequer mais cicatrizes.
Da solidão passada tão agreste, A força deste amor, forte cipreste...
29
Amor vai transformando a minha vida O rio que permite a um moinho Além d’água que escorre em despedida Uma energia feita de carinho.
Porém quando se encontra a rara pedra, Ourives feito amor quer lapidar. Na ausência o peito sofre, alma se medra E quer mais uma vez recomeçar.
Viver os dias mansos novamente, Felicidade em forma de emoção, Contagiante sonho que acorrente Os passos numa mesma direção.
Tu és; tenha a certeza, este motivo Mantendo o sentimento sempre vivo...
30
Amor vai tropeçando, estabanado, Sarcástica ilusão, vil covardia. Andando o tempo inteiro, baseado Na antiga sensação de galhardia
Eu vejo em ironia o quanto ris, Fantasmas de mim mesmo pela sala. Do todo que pensara ser feliz Apenas a minha alma, vã vassala.
Na vala da esperança, uma sarjeta Esgoto toda a sorte num momento. Quem dera se eu pudesse, qual cometa, Liberto receber o doce vento
Que morre bem distante desta cena, A mortandade segue amarga, amena...
31
Amor vai vasculhando cada canto, Não deixando escapar nem um segundo. Seduz com suas asas, tanto encanto; Vai entrando, entranhando, tão profundo...
Embora sobre tábuas inseguras; Caminho temerário, não descanso... Rompendo com vacilos, amarguras, Perfeita comunhão eu penso, alcanço...
Amor que amenizando, tanto ajuda. A ver os mais caminhos mais serenos. Nas horas mais difíceis, dor miúda, Amores com carinhos tão amenos...
Amor é sentimento forte e leve, Às vezes tão eterno sendo breve...
32
Amor vem derramando poesia Nas ruas e calçadas, becos bares, Tocado pelo bem que me queria Percorro num minuto; os sete mares.
Revigorado pela fonte imensa Do amor que não descansa e me faz bem. Nos lábios de quem amo; a recompensa, Mostrando todo o bom que a vida tem.
Um passageiro alado neste sonho, Alcança mais depressa o puro céu, Nas asas deste amor, agora eu ponho, Pensamento veloz feito um corcel.
Já tendo todo o amor que outrora eu quis Eu vivo a cada dia mais feliz.
33
Amor vem devagar e me incendeia Não deixa mais sobrar sequer defesa, Comendo com vontade a sobremesa, Aranha decidida faz a teia.
A lua que nos cobre sempre é cheia, Maré que inunda e cala esta tristeza, O bem do amor em forte correnteza Adentra em reboliço minha veia.
Na cheia destes rios piracema, Deixando para trás qualquer problema Nas mãos da timoneira poesia,
O barco de meus sonhos se repete Sabendo navegar já se acomete De tudo o que mais sinto; o que eu queria
34
Amor vem renovando a mocidade, Na juventude eterna de minha alma. Portando tão somente a santa calma, Estende os braços mansos, liberdade.
O gosto da alegria agora invade, Reconhecendo o solo como a palma Da mão que se mostrando em igualdade Permite todo o sonho que me acalma.
Sem traumas vou seguindo cada passo Da doce fantasia que busquei, Dançando mesmo ritmo, no compasso
Das luzes espalhadas no ambiente, Amor transforma tudo, de repente... Mudando toda a sorte que encontrei.
35
Amor vence com glória uma batalha Aonde se persegue a liberdade, Rompendo da tristeza a firme grade, Felicidade intensa, logo espalha.
Andando sobre o fio da navalha, A força de um amor quando me invade É tanta que jamais eu vi quem há de Negar o seu poder, que nunca falha.
Atalhos para os Céus, tão luminosos, Ajudam a saber maravilhosos Caminhos que permitem que se veja
O brilho do moleque sedutor, Nas setas tão certeiras deste amor, Sublime perfeição que se deseja.
36
Amor vencendo a tudo, triunfal Desvenda tantas lendas no caminho. O quanto eu te desejo sensual, Acende em explosão e aquece o ninho.
No canto que se mostra fascinante, Encantos que eu coleto vida afora, A lua sorridente neste instante Com raios prateados nos decora.
Na doce melodia, os madrigais Convidam para o belo amanhecer. Desejo e cada vez te quero mais, Entranhas em perfume, todo o ser.
Servindo ao grande amor, não me interessa Se a vida corre mansa ou vai depressa...
37
Amor venha correndo aqui, depressa Que tudo o que fizermos vale a pena. Quebranto não destrói a bela cena Acentuando a festa que começa;
O bom é que ao tomar nossa cabeça Quem sabe esta delícia que envenena Além do que a vontade concatena Permite a fantasia que se teça
Com fartas transparências de organdi Visando o que melhor encontro em ti A cor de nossos olhos se mistura
E penso na espelhar transmudação Do amor que quando vem- inundação, Numa poção fantástica – ternura.
38
Amor venha correndo Que o tempo não espera A vida sendo fera O sonho mais horrendo Aos poucos me provendo Do quanto mais pudera Vencendo esta quimera O tempo não desvendo. Ausento do meu sonho E assim eu me proponho Apenas ter a paz E nisto me convenço Do sonho audaz e imenso Que a sorte agora traz.
39
Amor verdadeiro Vontade que chega Olhar feiticeiro Beleza se entrega
Mudando caminho Vivendo contigo Não sigo sozinho Encontro um abrigo
Amor sem pudores De noite um sucesso Nos nossos suores Desejos confesso
Te quero pra mim Meu amor sem fim...
40
Amor voava livre, passarinho... Em busca de quem fosse mais ligeiro, O canto que esperava ser sozinho, Depois de tanto tempo em cativeiro...
Chegaste num momento mais azado, O vôo desse pássaro, tão lento, Depois de se sentir de novo asado Liberto das anilhas do tormento...
Não foi um passatempo que tiveste? Procura suas asas onde estão? Da plena fantasia se reveste, As penas espalhadas pelo chão...
Sem penas não consegue mais voar, Apenas tantas penas para amar!
41
Amor, por que partiste, diga enfim, Não quero carregar esta mortalha. O corte aprofundando da navalha Adentra o coração, traduz meu fim...
Quem dera se inda houvesse algum jardim, Porém a noite imensa já se espalha E enredado nas tramas desta malha Acendo sem querer um estopim.
Na lava incandescente em que mergulho Distante do teu mar, ouço o marulho Que emites, procelária divindade...
E a morte anunciada dos meus sonhos, Deitando sobre mim braços medonhos Cegando mesmo em plena claridade...
42
Amor, velho jazigo da esperança, Ferrenhos inimigos que legaste, Causando ao coração dor e desgaste, Negando sem remédio a confiança.
Quisera algum momento em temperança, Mas logo destruíste e provocaste A queda dos castelos que criaste, Enquanto este deserto; vil, avança.
Melíferas colméias são amaras, Bromélias e crisântemos secaram, Os braços em falseio desamparam,
E enquanto a sordidez; rude, declaras, Agrestes as estradas que percorro, Nas sombras do que fomos; meu socorro...
43
Amor, no coração faz a morada, Cevando em meu jardim, divinas rosas, Tomando deste céu a luz dourada Envolta em luas claras radiosas.
A vida, nos teus braços, renovada, Reflete fantasias maviosas. Sabendo transformar em liberdade O sonho de viver, eternidade.
O tempo que transcorre, calmo e lento, Em tramas que se querem, se desejam. Trazendo para amantes, tanto alento,
Que os dias tão pacíficos, pois, sejam. Rondando nossos sonhos, num momento, Permite que as saídas se prevejam.
44
Amores, sofrimentos ,risos, gozos... Em dias tão difíceis, solidão... Noutros momentos somos andrajosos, Mendigos que procuram por perdão...
Os dias sempre assim, tempestuosos Maltratam um faminto coração Que busca em mil amores belicosos Caminhos bem distintos, solução.
Na dor da perda eterna sem ter sido, Na dor de se saber somente resto. Assim talvez, amor já não empresto
E sinto-me, por isso enfim vencido Da dor deste desejo que é fatal; A vida se passando... eu... filial...
45
Amores? Foram tantos que nem sei Forrando todo o chão de folhas mortas. Outonos que vivi, tantos passei Abrindo e mal fechando velhas portas.
Das balas encontradas escapei. As bocas que beijara; semi-tortas; Nos mares tão distantes naufraguei, Nos cais aonde, livre, não aportas.
Mas cortas os meus sonhos mais audazes Mostrando em cada noite, luas, fases E fazes deste sonho que eu quisera
Amor que se perdeu há tanto tempo. Na boca desdentada da pantera, Amar fora somente passatempo...
46
Amores do passado no presente Refazem esperanças benfazejas. Por mais que tanto tempo esteja ausente A boca ainda a mesma que desejas.
Amar-te, com certeza, novamente, No céu que em brilho farto inda azulejas. O bem querer se faz eternamente Nos gozos onde em festa relampejas.
Assim pensei querida, ao te encontrar, Porém tu desmentiste as previsões, Envolta por carinhos, tentações,
Não queres mais me beijo. O que falar? Pois amor do passado sem prazer, Não pode; no presente reviver...
47
Amores em cristais rememorados, Nas ânsias dos desejos mais altivos. Abraços de casais enamorados, Mantendo os sentimentos sempre vivos...
Sem nuvens estes céus comemorando, A noite que se criva em diamantes. Assim como os casais, vou namorando, Aquela que sonhei, sonho abrasante.
Deitada no meu colo, tão serena, Desnuda e tão dolente, minha amada. A noite de vazia fica plena, A vida fica lúbrica, encantada;
Amada, como é bom estar contigo, Amor que é sem juízo e sem castigo...
48
Amores eu guardei num mausoléu Distante de quem fora antiga fonte Dos sonhos que buscara, alçando ao céu, Perdendo de repente um horizonte.
Os dias vão passando, vou ao léu, Procuro com a vida alguma ponte, Meu barco naufragado, de papel... Espero uma manhã que logo aponte
E traga uma esperança que me leve. Cansado de viver só da saudade, Algum sorriso esboço, a luz se atreve
E deixa perceber que uma amizade Trará ao fim de tudo, a claridade Ao derreter enfim a fria neve...
49
Amores percorrendo belos astros Num clímax absoluto- fantasia... À noite procurando por teus rastros Encontro luminoso e intenso dia.
Vagando pelo espaço em alabastros Em alva tempestade, esta magia, Erguendo da ilusão divinos mastros, Além do que sonhara ou merecia
Invado os teus portais, adentro a sala, Encontro-te deitada nos lençóis Percebo então, razão de tantos sóis
E nesta magnitude que avassala Entrego-me ao desejo sacrossanto, Cubro-te com meu corpo feito em manto...
50
Amores percorrendo Em sonhos rituais E quero sempre mais Do todo onde me emendo Invisto neste adendo Invado os temporais E bebo em dias tais Angústias que desvendo. Esbarro no vazio E sei do quanto fio Meu passo em tal momento. Diverso do que fora A sorte sonhadora Expõe quanto inda tento.
51
Amores que engalano? Uns arremedos Jogados sem destino contra o vento. O fogo da tristeza queima lento E trama com certeza outros enredos...
Meus olhos vão vagando em mares ledos Tentando disfarçar o sofrimento. Em falsas emoções por vezes tento Negar os meus temores, tantos medos...
Esvaído em fumaças de cigarros Tomado tão somente por escarros Meu dia não trará felicidade.
O drama interminável que me invade, Roubando toda a cena não se esgota. Alegria? Distante e tão remota...
52
Amores que me trazem seus segredos São rios que caminham sem mistério. A vida se tornou um refrigério Á volta destes belos arvoredos...
Não guarde em teu peito tantos medos, Apenas não se entregue sem critério, Amor quando pretende ser mais sério, Não teme nem a morte nem degredos...
Aceita as tempestades e mudanças Depois de tudo certo das bonanças Refaz os velhos ritos sem temor.
Depois de tantas lutas e disfarces O mundo te permite ter mil faces. O mundo te permite, não o amor!
53
Amores que não pesem feito cruzes Durante a nossa andança pela Terra, Enquanto a fantasia se descerra Eu tento mergulhar em tuas luzes. O olhar que em esperanças, amor cerra Ao sonho mais sublime, tu conduzes.
Viver a plenitude de um momento Sentir a ronda mansa da alegria. Além do que pressinto ou mesmo invento, O tempo de sonhar, vem e irradia, Tomando em tanto brilho o pensamento, Tornando a nossa vida menos fria.
E assim dois caminheiros da ventura, Percorrem a amplidão feita em brandura...
54
Amores que se vão são folhas mortas, Esquecidas no pátio, triste outono... As luas que procuro morrem tortas, A noite que me invade me traz sono...
Os sonhos que me destes, logo abortas, Não resta-me senão esse abandono... Venenos que produzes, cedo exportas, As urzes do caminho, já detono...
As horas que se passam vou aquém Dos muros dos lamentos que eu herdei. Nos montes da esperança sem ninguém.
Tristezas retornando, ficarei... Lá longe não escuto apito e trem. És luz que esparramaste nesta grei.
55
Amores que semeias já granaram No peito de quem sonha ser feliz. As horas, nossos dias, já ganharam O brilho que sonhara e sempre quis...
Amada não se cale, estou aqui. Espero teu amor, fico na espreita. De tantos sentimentos que vivi, Apenas nosso amor, vida endireita.
Eu quero a primavera do sorriso Que sabes quanto encanta o peito meu. A volta dos teus pés ao paraíso, Que em tua ausência, aos poucos, se perdeu...
Mas sei que não demoram meus desejos, Eu sinto a primavera dos teus beijos...
56
Amores que solares nos dominam, Mergulhos em nós mesmos, paz e glória Palavras tão sensíveis alucinam E mudam num momento nossa história
Nas horas mais gostosas desatinam E bebem desta fonte que em vanglória Decerto em maravilha descortinam Trazendo em sonhos livres a vitória
Não deixe que se acabe a fantasia Na orquestra dos problemas desta vida. Vagando noite afora em alegria,
Ouvindo a sinfonia sensual Achando de uma vez, nossa saída No amor que revigora, sem igual...
57
Amores régios, sonhos desfiguro, Mergulho no teu cárcere, marujo... Marulhos me profanam, transfiguro. Procuro minha cura, sou sabujo...
Rígidas cútis, mármore, Carrara. Tertúlias e assembléias que freqüento; Decidem olvidar a vida cara. Feridas conferindo meu ungüento...
Repúdios lançarei lanças, adagas... Distantes dos amores outras plagas... Castiços olhos, ledos meus enganos...
Cobiço os óleos, medos e mortalhas, As naves que navego são navalhas. As travas que retiro, negam planos...
58
Amores são procuras tão intensas, Na busca de repousos encontrar, Precisam de coragens mais imensas, São sedas que não podem se amassar.
Amores como véus que são rasgados Vivendo nesta pura fantasia Olhares com destinos bem tramados Em todas as delícias dia a dia.
Amores explosivos em batalhas Nas guerras divinais em tais embates Acordam nunca param negam falhas No fim mansas tréguas nos combates.
Já fazem tanto cio se encontrar, Dos bichos, em plena arca a esperar!
59
Amores são tão raros quais bromélias São poucas as floragens, mas viçosas... Na durabilidade das camélias, No fresco aroma, lembro-me de rosas...
Nos brilhos e belezas que te espelhas, Encontro essas canções voluptuosas. Nas dores que me trazes, tristes, velhas, As noites-pesadelos, horrorosas...
Amor que traz beleza duma orquídea Ao mesmo tempo dói, e me envenena... No bote que prepara a dor ofídia,
Tantas vezes solidão, minha quimera... Mesmo com suas tramas vale a pena, Enfim, domesticar a doce fera!
60 Amores se mostrando sempre sábios Não deixam que os sorrisos já se percam, No rumo necessário em astrolábios De toda a garantia sempre acercam,
Secando quaisquer mágoas que vierem, Encanto sem igual se prometendo. Do jeito e da maneira que quiserem Em sonhos, solidões se convertendo.
Minha alma que em amor se desfalece Encontra nos teus braços, seu abrigo, Divina catedral entregue à prece Estampa todo o amor que inda persigo.
Não vejo nossos rumos mais perdidos, No amor que roça assim nossos sentidos...
61
Amores sem amores são terríveis, São bárbaros destinos, mal secreto. Os olhos sem amor são impassíveis. O tempo vai passando tão discreto.
As horas solitárias são bizarras, O sol vai escondido, tão nublado. Quimeras demonstrando fortes garras, O tempo de viver, acorrentado...
Eu sinto dilaceram-se meus sonhos, Depredam meu futuro, velhas chagas. Quem dera se tivessem mais risonhos, Os mares que se encrespam, fortes vagas...
Amiga, pois eu sinto a mão mais forte, Apoio com o qual encaro a morte!
62
Amores sem pecado e sem juízo Depressa consumindo feito fogo Transporta de repente ao paraíso E nos mostra a delícia deste jogo....
Cada vez mais paixão já nos consome E boca contra boca nos delira... De tudo que tu tens eu tenho fome, És fogo e com certeza sou a pira....
Eu quero me queimar em tua brasa Sou chama e tu és o meu pavio... Teu corpo desfrutando, estou em casa. Não perco um só segundo de teu cio...
Portanto minha amada, por favor, Vivamos os delírios deste amor!
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Amores tão distantes do passado, Em sonhos esquecidos, melodias... Vivendo esta emoção de estar ao lado Desta mulher, delícias, fantasias.
Percebo o quanto estou apaixonado E quanto me envolvi, tuas magias... Nas dores e tristezas, velhos Fados, Ressurjo nos seus passos, alegrias...
Sentir suave toque, tua boca, As mãos que se percorrem, maciez. A voz enamorada fica rouca
E sinto-me feliz por ser só teu. Amar-te é renascer toda vez Que o teu amor reflete-se no meu...
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Amores tão silvestres quão vorazes Vivazes me transformam totalmente Se mente não remete ao que me trazes Nas fases mais difíceis sem serpente...
Não quero pantomima quero mimo, Não quero a solidão, sim solidez. Desejo tanto amor que em ti estimo E rimo meu amor por sua vez...
Nos astros constelares calafrios Vadios os sentidos perdem ar Amar demais desvia nossos rios Que esquecem de correr para outro mar...
Não quero teus amores mais serenos, Recheie nosso caso com venenos...
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Amores trazem mansos, loucos cios, Cascatas cristalinas, lenços brancos, Nas ancas os desejos mais vadios, Sacanas, os sorrisos quase francos.
Remansos; vou alçando em pensamento Momentos em delícia, seios fartos. Tramamos delicado sentimento Promessa renascendo em novos partos.
À parte dos meus erros, sigo em frente, Caçando estas pegadas que encontrei, O mundo vai mudando e, de repente, Nos sonhos- teu castelo – eu viro rei.
Rastelos, constelares, lumes, cores, Aramos os canteiros, colho flores...
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Amores vagabundos, periféricos, Unindo os frios braços já se aquecem Os carros buzinando são histéricos Instintos comandantes se obedecem. Distantes dos amores mais homéricos, Mas ricos em desejos vão e tecem
Diamantina opereta feita em gozo, Bebendo das sarjetas, aguardentes, Emanam no querer fantasioso As pedras das calçadas, quais dementes As pedras de crack, mundo caprichoso Cravando nos cadáveres seus dentes.
Vagando sem destino, tantas ruas, Premeditam viagens, vão às luas...
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Amores vagabundos São párias sentimentos Tomando os pensamentos Em dias nauseabundos Os olhos mais profundos Vagando alheamentos Seguindo contra os ventos Invisto em novos mundos. Acasos entre quedas E quando assim me enredas A noite se aproxima Regendo a tempestade Aonde o nada brade Moldando atroz o clima.
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Amores vagos, cegos cavernosos... Desértica miragem, num oásis... Serpenteiam venais, vis, venenosos... Destroem minhas tolas, frágeis bases.
Segredos que abortei, miraculosos, A lua se transmuda em tantas fases... Amores violentos, belicosos... Sem nada do que pedes, nada fazes,
Que pretendes com tantas falsidades? Emblemaste vertigens e polêmicas. Não demonstraste tuas qualidades...
Virtudes escondeste, eram anêmicas. Amores que me deste, restam trapos... Das camas que dormimos, nem fiapos...
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Amores vêm e vão; em piracemas, Subindo as cachoeiras da esperança. Felicidade e dor a vida alcança Resolve enquanto cria mais problemas.
Enquanto tudo vives, nada temas, Apenas se entregar à contradança; Por mais que a noite chegue calma e mansa, Amor em luz diversa muda os temas.
Enquanto o quanto tenho for mais forte, Participemos logo desta festa. Depois, a vida chega e traz o corte
Do todo que vivemos, pouco resta. Mergulhe então sabendo disso tudo. Ao mesmo tempo sonho e desiludo..
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Amores? Quando os levo Ainda dentro em mim, As flores do jardim Nesta ilusão eu cevo E sei do quanto é sevo E nisto desde o fim Marcando o medo enfim, Ao longe não me atrevo. E sinto as desventuras Aonde me asseguras Do medo que virá. Num virtual engano Aos poucos se me dano Percebo-o desde já.
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Amortalhado amor, pregando peça Num mambo o meu molambo coração Às vezes devagar, noutra se apressa E traz por resultado a negação.
Do mar que outrora fora serenado, Apenas tempestade, o que restou. Vibrando o sonho um dia desfraldado, Marcado por insânia ainda estou,
Da lua se esmerando em raios claros, A maresia faz-se mais presente. Momentos mais felizes são tão raros, Tristeza normalmente é o que se sente.
Assim, entre retalhos e cetins, Eu tento ainda crer nos teus jardins.
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Amortalhado sonho que carrego, Vestindo a falsa luz de um vaga-lume, Em meio à escuridão, qual fora um cego, A solidão retorna, por costume.
Aos sonhos e delírios, eu me entrego, Canteiro se perdendo sem perfume, Por mares tão distantes, se navego, A morte num naufrágio, num queixume...
Areia sob os pés é movediça, Apenas um abrolho, a vida viça, Palhaço em picadeiros infinitos...
Serpentes vão lambendo as minhas pernas, As dores se tornando, assim, eternas, Ninguém ouve os lamentos, ledos gritos...
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Anárquicas carícias, fogo e lava, Presença delicada e tão fugaz Molejo sedutor quando se faz Minha alma se tornando tua escrava.
Há tempos que teu corpo me excitava Formando um maremoto enquanto traz A chama inebriante que; voraz, Aos poucos toda a cena assim tomava.
E o verbo se fez luz em nossa cama, E quando este desejo se proclama O tanto que me dás; sagra infinitos.
Apaixonadamente; sou tão teu Que a vida sem te ter já se perdeu Em meio a tempestades, ecos, gritos...
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Ancoro o coração no atracadouro Que é feito nos teus braços tão serenos, Teus olhos, dois faróis, claros morenos, Promessa de um carinho duradouro.
Enquanto nos teus sóis eu já me douro Percebo da alegria seus acenos, Encontro estes momentos belos, plenos, Certeza de saber raro tesouro.
Teu canto, uma sirena que extasia, Tramando a perfeição na poesia Divina, sensual e soberana.
As ondas deste mar, sertão em flor, Doces ritos magníficos de um amor Que, intenso nos domina e me engalana...
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Andamos passo a passo, vida afora, Compasso de emoções harmonioso. A sorte tão benquista não demora E traz em nossa noite imenso gozo.
Dançando em minha cama, revigora O gosto de viver, corpo fogoso, Se chove ou se não chove mais lá fora, Importa que este clima é mais gostoso..
Acende o coração que, sensual, Batendo em descompasso faz loucura, Calores num desejo tropical
De ter a tua boca junto a minha, Quem sabe a solidão então se cura, E a chuva venha sempre bem mansinha...
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Andamos pelas ruas, espantalhos, Tão rotos quanto imundos nossos trajes. Nos passos dois cadáveres mais falhos Qual fossemos a todos mil ultrajes.
Esgotos ambulantes, imbecis, Amigos tão leais e vagabundos. Horrendos, bestiais, canalhas, vis. Partícipes de sonhos mais imundos.
Rasgamos nossas peles, nos expomos. Mulheres que encontramos, meretrizes, Da vida em podridão que agora somos, Deixando para trás as cicatrizes
Jogados pelas ruas, simples párias, Nas pontas das navalhas temerárias..
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Andamos solitários pela vida... Nos nossos pensamentos, sem ninguém Que possa acompanhar nossa partida Ao mundo que talvez ou mal ou bem
Traga-nos toda sorte decidida. Depois da velha curva, o quê que tem? Será porta de entrada ou despedida? Só sei que a solidão, decerto, vem...
Quando esse sentimento é solidário, Encontra noutro ser um companheiro O que sempre se fora temerário
Passa a ser bem mais fácil. Na verdade Juntando dois espelhos num inteiro, Amigo; já veremos claridade...
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Andamos solitários Vencendo os temporais E nestes outros tais Ditames de corsários E tanto necessários Momentos descontrais Vagando e sei que trais Os sonhos solidários Marcando em tom venal A sorte noutro astral Pudesse caminhar E sei que nada disso Traduz onde eu cobiço Além de algum luar.
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Andamos sem saber Aonde poderia Haver um novo dia Ou claro amanhecer A sorte a se perder Gerando esta agonia Invés desta alegria, Eu bebo o desprazer E o canto se presume Além do vago ardume Da sorte enclausurada Depois de certo impasse O todo que se trace Somente dita o nada.
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Andando em branca areia, beijo o mar Persigo uma sereia encantadora Um canto extasiante a me encontrar Palavra que se faz reveladora. Nadando imensa praia devagar Preciso te encontrar, sereia, agora,
Vestida de euforia em raro tom Cantando a mais sonora melodia Sereia de encantar conhece o dom E doma o coração com tal magia Que a vida, reconhece que isto é bom E mais do que pensei que merecia...
Mergulho sem pensar atrás de ti, Eternidade, então, eu descobri...
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Andando lado a lado se pressente Sabores preciosos dia-a-dia Olhando para a lua, de repente, Percebo imensa força em alegria O quanto que se tem frequentemente Traduz em nossa vida a fantasia.
Porém a solidão devora tudo, Não deixa restar nada do que somos, Calando o coração, eu fico mudo, A fruta que não nega os doces gomos Mostrando este caminho em que me iludo Esconde na verdade o que já fomos.
Mas quando uma amizade se faz plena, A vida vai em paz, segue serena...
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Andando o tempo inteiro aqui, comigo, Aquele que é cordeiro e salvador, Não tenho mais temor, venço o perigo, Pois sinto o derradeiro e santo amor.
É bom poder dizer: divino amigo, Estou contigo, inteiro ao teu dispor Felicidade plena que eu persigo Eu canto tão somente em teu louvor.
Quem veio pra ser Rei, se deu aos pobres, Vendido por alguns, míseros cobres, Sofreu e padeceu terror cruel,
Depois de ser entregue e torturado, Em um momento místico e sagrado Ergueu-se, se elevando, alçou o Céu...
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Andando par a par com a emoção Almejo um canto livre que permita À vida a glória plena na canção Ao lapidar amor, rara pepita.
Acordes de insensato coração Em som que uma alegria já repita Causando a tão sublime sensação Do brilho que um olhar manso reflita.
Caminho libertário feito em glória Nos louros benfazejos da vitória Um rastro de beleza e claridade.
Pois Deus, em Sua imagem soberana Ao vir aqui, conosco em forma humana Ensinou-nos amar em amizade...
84
Andando passo a passo, estou contigo E venço um medo arcaico, envelhecido. Toando a fantasia num sentido Diverso do que fora o que persigo,
Dizendo o que deveras nunca digo Eu vejo o meu futuro descabido. Sorriso por ventura desabrido Não mostra o quanto eu quero, tão antigo.
Partimos para o nada, o tempo inteiro, Apenas não vou ser mais corriqueiro, Querendo a tão sublime variedade
Não sentes o que eu sinto e nem percebes, No jeito como miras estas sebes, Recebo deste olhar, felicidade.
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Andando pelas ruas da cidade Encontro um descaminho a cada esquina, Nos bêbados alguma sanidade Bem mais do que este amor que me domina,
A par do que buscara na verdade O medo de viver cedo alucina, Sarjetas espelhando a falsidade Formada nos olhares da menina.
Nas danças, contradanças, contra-sensos, Em conta-gotas bebo este prazer. Morrendo em dias frios, tristes, tensos,
Retalhos; aprendi a recolher. Quem sabe alguma amiga dê a mão Mudando, de repente, este refrão...
86
Andando pelas ruas e bordéis Bordando mil estrelas neste chão, Ao mesmo tempo bebo os carrosséis De nuvens passeando na amplidão.
Querendo com certeza doces méis Eu vejo tão somente a solidão, Meus olhos ao passado são fiéis Fiando com tristeza a negação.
Apenas o regalo de poder Sentir algum perfume que persiste, Do quanto te adorei, agora triste
Não vejo mais motivos pra viver. Do jeito que se quer a fantasia, Sonego, temerário, a poesia...
87
Andando pelas ruas sem ninguém, Os pés já bem cansados do caminho. Vivendo sem ter rumo e tão sozinho, Espero ao fim da vida um novo bem...
Bem sei que talvez nunca mais alguém Chegará numa noite, de mansinho, Trazendo com seus braços, um carinho. Mostrando quanto bem que a vida tem...
As lágrimas que choro, nunca secam, As mãos amaldiçoam tanto e pecam Ofendendo o Senhor e meu destino...
Decerto nada tenho em minha vida, A não ser tão somente despedida E os versos, onde sempre me alucino...
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Andando pelas ruas, vilarejos, Encontro com teus olhos dispersivos... Asfáltica saudade, dos teus beijos, Delícias que se foram... Corrosivos,
Mortais e virulentos... Nos lampejos Mais brilhantes, cortavam... Decisivos Momentos onde tinhas meus desejos Embutidos nos passos teus... Passivos,
Meus olhos que te viram prosseguir Jamais conseguirão te esquecer, Lara... A fera que explodia não se cala...
Andando pelas ruas, tua sala, Pergunto-me: Por que me foste cara? Se nunca foste minha, te perdi?
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Andando pelas sendas arenosas A cada novo passo me acenando, Embora em cada curva perigosa, Em loucas sensações, já me incitando,
Amor numa alma pura e generosa, Aos poucos vai mais forte rebrilhando, A natureza segue caprichosa Na chama de um amor vai nos guiando.
No passo deste amor, ando ligeiro, De todos os meus sonhos, o primeiro. Mudando logo o rumo desta história.
Nas lutas mais cruéis o amor não falha, E vence as intempéries, na batalha Apenas num amor se encontra a glória
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Andando pelas sendas Diversas da ilusão Os dias sei que vão Aquém do que desvendas E quando a luz acendas Marcando imprecisão Nos olhos desde então As sortes ditam lendas Matando a fantasia Em pura hipocrisia Já não percebo a paz, E o quanto poderia Viver esta alegria Agora tanto faz.
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Andando pelas sendas em ais convulsos Discursos são vazios nada dizem, Vibrando em sentimentos mais avulsos Não temos mais amores que divisem.
Meus olhos tão vazios entristecem E tecem esperanças desse nada Aos poucos, tanta dor os desmerecem E a vida vai passando abalroada.
Deitado em minha cama sem ninguém Vadio coração vive em tocaia. Mas sabe que morrendo sem ter bem, Afoga sem sereia em plena praia.
Depois de tantos anos aprendi. Amiga como é bom te ter aqui!
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Andando pelos bares outra vez Dormindo em plena praça, embriagado. Sorrindo da total insensatez Apenas o vazio andando ao lado.
Às vezes me acordando em bofetões Quem sabe solavancos impropérios, Que danem-se, liberto e sem patrões Não faço sequer parte dos impérios
Daqueles que me olhando de viés Ou nojo, viram logo os limpos rostos. As marcas dos grilhões presos aos pés, Os medos se mostrando mais expostos.
Mal sabem estes donos da cidade Que assim eu conheci felicidade...
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Andando pelos cais em portos, praias. Nas praças e nos bares, pobres putas. Levantam e demonstram sob as saias Em sensações vazias, tensas lutas.
Viver desta desdita dita amor Rolar em noites, álcool, cocaína. Vendida a carne em pútrido vigor Nos olhos estampado: uma menina.
Resgates necessários, caos, michês, Travecos, quengas, models, companhia Envoltas em mistérios e clichês
A faca, o riso, o gozo disfarçado. Depois, ao gargalhar falsa alegria, O gosto deste beijo ensangüentado...
94
Andando sem destino mar e lua. Bebendo em cada fonte de ilusão Salgando uma esperança bem mais crua Envolto em loucas asas da paixão,
Minha alma te procura e assim flutua, Batendo sem juízo, o coração, Querendo tua pele, exposta e nua Amando em nossa cama, rede ou chão.
Portos que encontrei; felicidade. Nos meus sonhos vermelhos de prazer A busca manifesta em claridade
Vestido de luar, amor e mar. Do corpo emoldurado quero ter O sorriso e a alegria: te encontrar...
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Andando por estrada pedregosa E dura, onde encontrara as tuas marcas Deixadas num caminho, olor de rosa Mostrando que, na vida, há flores parcas. Bem sabes quanto é muito dolorosa A sorte de quem perde vez nas arcas Diluvianas sempre tenebrosas. Quero ser timoneiro destas barcas. Seguindo o teu caminho com cuidado De quem, na vida, encontra tal tesouro E sabe como deve ser guardado. Tu és a raridade esmeraldina Esculpida em cinzel banhado em ouro, Por Deus, em carne humana, bela e fina...
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Andando por caminhos mais desertos, Meus olhos tão cansados nem olhavam, Dos passos que seguiam; bem incertos, Romeiros da esperança nem paravam. Dos medos que são sonhos descobertos, Nem mesmo um só segundo; perguntavam
Por onde caminhavam mais fagueiras Além de todo a serra, monte e prado, As brisas que bem sei são forasteiras, Passando pelo amor, monte elevado Nas selvas de carvalhos e palmeiras, O céu que não querias estrelado...
Falavas deste canto em amizade, Resíduo que matou felicidade...
97
Andando pelos campos mais marcados Por passos que me dão ansiedade, Vivendo nossos sonhos malfadados, Aguardo essas agruras da saudade...
O canto da quimera em meu receio, Às vezes se mostrando bem mais belo. Amor que esconde amores em seu seio Os Amores que amor por ti, revelo.
Não sinto mais o medo nem a mágoa Sabendo que te tenho mais por perto, Os olhos não derramam pingo d’água Parecem que se secam, num deserto...
Nos campos dos amores, velhas dores, Morrendo nos jardins, em nossas flores...
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Andando pelos reinos já faz tempo, Ao lado de mulher maravilhosa. Achando no caminho um contratempo, Ofereceu irmã, bela e formosa, Ao rei que com perícia, em passatempo, Desfruta da mulher enquanto goza.
Depois de ter passado mais uns dias, Em outro reino mostra a mesma sanha Sabendo que teria em regalias Outra viagem feita onde só ganha. Porém um anjo vendo estas folias, Ao rei anunciou esta artimanha...
Mentira? Não senhor! Meia verdade. Somente têm igual paternidade...
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Andando sem teus braços, me perdendo... As noites se transformam em suplícios... O tempo vai passando e, nada tendo, Os dias, verdadeiros precipícios...
Não vejo nada além duma ilusão Marcada dentro d’alma a ferro e fogo. Arrebenta sem demora o coração! E tudo se perdendo... Volta logo!
Quem dera se soubesses como estou, Vasculho teu sorriso em cada canto. Se fomos, quase nada me restou... Procuro ter na vida, um novo encanto!
À noite, tanto tempo, sem revê-la Vou como quem perdeu a sua estrela..
2700
Andando sem destino por aí Aberto o coração, sem documento. O sonho como guia, num momento Percebo que cheguei, enfim a ti.
Loucuras e prazeres; conheci Também colecionei tanto tormento, Poeira finalmente toma assento E encontro, nos sonhos, concebi.
Vivendo tão somente um grande amor, Não quero, num repente, novo rumo, Os erros cometidos, eu assumo,
Mas sei que sou, enfim, um vencedor, Sem tréguas nem descanso hoje eu sei Que tenho em ti aquilo que sonhei...
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