
A eloquência justa dos ímpios
Data 12/11/2010 01:23:54 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| È o meu tempo que magoa as palavras, Simétricas e incandescentes Quando eu, imóvel e ácido Sou labareda inquieta na chuva viva. Rumorosos turbilhões de veneno, Que requebram nas noites bravias Socos de silêncio sem sono. Quisessem jazer a sorrir Aquelas almas violadas, Nem contrição ou penitência pesariam Na boca dos ímpios. Tantas florestas queimadas á passagem do verbo, A noite de repente expande-se em espelho Para conjugar todos os instintos da palavra. Então a felicidade são lilases sonolentos, Dispostos num charco de amoras, Aguados num corgo sereno Que beija silvestres e sublimes expressões delicadas. Consagro a tua quietude num olhar recente A sangrar um sintagma expresso em carícia, Gesto verbal que acontece em amor Onde fundimos os espíritos quânticos, Ao redor de uma semibreve sinfonia de sentidos. A carne em nós é uma força inexacta Onde desconstruimos o cinismo da posse Na anatomia em dádiva dos nossos corpos magnéticos. É um anátema vociferado por deus, Referir ao verbo, o armistício das almas, Quando o sustenido do falso e do sacro, Nos esbofeteia com um acanhado decoro Para num soluço matar o vocábulo. Adormeci o tempo em desastre, Não pronuncio o altar onde ferem as palavras, Erigimos a consumação do afecto Na comunhão etérea do verbo e do corpo, Quando assim sem ódio, sem medo, Somos complemento directo do tempo e da vida.
|
|