
A morte lenta.
Data 23/08/2007 15:17:05 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| Esta vida é um fracasso, Dos sonhos que eu já tive. Sinto já um certo cansaço, Porque aqui nada se vive.
Eu sinto que fracassei, Porque a vida não tem gosto. Os meus sonhos não alcancei, E vivo com esse desgosto.
Neste buraco apodreço. E sinto-me endoidecer. Tudo o que eu não mereço, Me está a acontecer.
Isto é um sítio medonho, Que me faz perder cabelos. Já faz tempo que não sonho, E só tenho é pesadelos.
Custa-me a adormecer, E a barba já não faço. E logo ao amanhecer, Sinto a falta de espaço.
A vida não tem sentido, Ser assim tão mal vivida. Caminhar estando perdido, E não vendo a saída.
Eu só sinto que estou vivo, Porque sinto o coração. E ele continua activo, Porque sinto a pulsação.
Até quando este castigo, Que tão cedo não o largo. Eu sinto o sabor do perigo, E é um sabor amargo.
Estando morto não se vive. E quem vive tem de morrer. Mas a morte que eu não tive, É a que estou a viver.
É a chamada morte lenta, A que eu estou a viver. E quem ela experimenta, Tão cedo não quer morrer.
Ao viver a morte lenta, Aprende-se o que é a vida. Ao passar tanta tormenta, Que não era merecida.
Porque a vida é coisa bela, Que merece ser vivida. Tem que se saber andar nela, Para não ficar perdida.
zeninumi 23/8/2007
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