
E eu escrevo...
Data 17/10/2010 12:40:35 | Tópico: Poemas
| Eu escrevo, quando a minha alma remói Sobre uma dor, ou um acontecimento Sobre uma reação tida, sem fundamento Quantas vezes, eu escrevo, sobre alguém Que, em mim, suscita um qualquer sentimento Alguém, que eu acolho, com ternura Ou, alguém, que eu escorraço, com bravura
Eu escrevo, quando o meu coração sorri Perante um, qualquer, facto da vida Perante, uma alegria surgida Na vida de uma pessoa querida E, ou, na minha, também Mas eu escrevo, também, quando ele chora, Se, em mim, porventura, a dor mora
E eu escrevo, quando recordo as alegrias Que, um dia, eu vivi e, por elas, sorri Se elas se transformam, em agonias Ou, que, num repente, se vão embora Tal como, a traiçoeira paixão, ardente Que vem forte e vai-se, num repente Relançando-nos na rotina de outrora
Eu escrevo, para entender os meus sentimentos Quando a minha alma, assim, o reclama Eu escrevo, quando, em mim, arde aquela chama Que se alastra, pelos meus lamentos Quando, em meu coração, a dor aclama E eu, também, escrevo, naqueles momentos Em que me tomam, os meus tormentos
Eu escrevo, naqueles momentos Em que me confrontando, com a vida E vendo-me, em situação reprimida Que não me trará emolumentos Este meu coração, então, deserta De uma batalha franca e aberta Deixando-me, assim, sem argumentos
Eu escrevo, quando tomado, pela solidão Eu sinto apretar-se o meu coração Sinto-o, como se a atulhar-se, numa alverca Vagueando, por incertos pressentimentos Pois, que a fome de amor me acerca Para que, na saudade, eu não me perca E consiga libertar-me, desses sentimentos
Eu escrevo, naqueles momentos Quando a luz do dia se atenua E olho, quem passa na rua E o que eu vejo, é passar tormentos E quando minh`alma se corrói Por ver um mundo, que se destrói Por, claramente, insólitos argumentos
Eu escrevo, naqueles momentos Em que vejo esqueletos vivos Definhando, porque cativos Das políticas, para os alimentos E, quando o pão, a alguém, se nega Pois, que a mesquinharia é cega E baseia-se, em singulares argumentos
Eu escrevo, naqueles momentos Em que os meus sonhos se destroem E, em minha alma e coração, remoem Os mais absurdos desapontamentos Pois, quando os meus sonhos desmoronam Logo, as esperanças me abandonam E escurecem-se os meus pensamentos
Eu escrevo, naqueles momentos Em que o mundo, no seu girar Faz, a criança inocente, chorar Sobre egoistas fundamentos E em que a minha alma, dilacerada Por não poder fazer nada Percorre a rota dos descernimentos
Eu escrevo, naqueles momentos Em que alguém parte, deste mundo Gerando um pesar, profundo Gerando tristeza e saudade Situações angustiantes, de verdade Que parecem obra do Espírito Imundo Deixando fome e demais sofrimentos
Eu escrevo, naqueles momentos Em, qua a solidão não me dá tréguas E vendo a felicidade a por-se a léguas Procuro alguém, que me conforte Alguém, que me estenda a mão Alguém, que me acolha, em seu coração Escrevo, se procuro e não tenho a sorte...
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