
A canção das conchas
Data 08/10/2010 21:02:20 | Tópico: Poemas
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Canção das conchas
(Ninguém esteve aqui antes e esta será sempre a primeira vez para todo mundo)
I –
Um outro dia Vira de lado E Eu durmo.
E outro dia, Cai a teus pés Em outro outono.
Suspiro da alvorada E outra partida Para tarde demais.
E lá estaremos, No jardim feito estranho. Sombras livres de engano.
E outra vez, na praia azul – Encontramos Conchas que guardamos. Casas de casas em casas, Abrigos sem descanço.
No bolso infinito, profundo vislumbre – Memória de lares em faces. Falácias ancestrais, Doméstico submundo.
No olho horizonte O fim se esconde. Tumulto da espuma, Ondas pensantes.
Trilha discreta de pegadas Rumo ao anterior do caminho.
Trilha branca, flores nefandas, Letras que pela maré... elevam.
E outra vez, outro dia – Além Infância. Este sonho que tanto revivo, Dissolvido diurno Ferve em treva.
Na taça melancólica da dúvida, Bebe as lembranças que negas.
Som de chocalho feito de conchas, Sismo de eras, abalos no tempo.
Rasgo irrompe dor. Pelas unhas do rebento epilético. Enquanto da teia desce, ao berço, O espectro divinatório da aranha.
(continua) A aranha é o Verbo.
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