
AQUARELA
Data 04/10/2010 22:15:49 | Tópico: Poemas -> Desilusão
| Cinza o tempo... Negra a noite... E os meus olhos. Minh’alma chora como as nuvens lá fora... Sinto frio... Frio está meu coração de dores antigas. Meu tempo interior confunde-se com o tempo lá fora... Que dia é hoje? Onde estou que não me respondes mais? Não escutas mais os clamores do meu coração? Acaso não nos entendemos mais? Sinto frio... Faz-se noite em mim. Sinto o vento frio que sopra de ti... E que invade-me nos dias em que mais me sinto só. Em que tempo posso encontrar-te? Em que lugar reside tudo o que nasce de nós? Acaso trancas e levas consigo a chave? Sinto frio... Minhas mãos cálidas procuram as tuas. Onde estás? Por que não posso mais perceber o teu calor? Por que não conseguimos mais nos transpor? Por que a verdade faz mensão de ausentar-se? Por que nossa aquarela está querendo desbotar? Onde colocamos as tintas... Os pincéis? Onde paramos? Sinto frio... Os sentimentos pequenos do mundo fazem-me chorar. Ausência de arrogância – não sou melhor... E chego a sentir a dor do existir-se pequeno. Insensatez... Embriaguez... Do próprio veneno se morre... E se mata. Melhor seria nunca existir... Se tivesse que exercer a vida com pequenez. Leva-me... Pega-me pelas mãos e me conduz... Conduz-me aos nossos mais lindos lugares - momentos. Aquece-me... Acompanha-me e não me deixes só. Não deixes que eu suma de mim mesma. Voltar é sempre tão difícil... Doído... Enxuga meus prantos... Põe-me em teu colo... Refaz essa tela de cores tristes... Pega os pincéis... As tinta de diversas cores... E faz para mim um outro tempo... Um outro lugar... E leva-me para dentro de ti.
Karla Mello abril/2010
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