
O PASSEIO DO POETA
Data 01/10/2010 15:38:39 | Tópico: Prosas Poéticas
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Com a brisa no rosto acariciando-me os sentidos, percorro a cidade velha. Suas ruas são estreitas e nas janelas, vasos com flores, lembram tempos passados. Cordas dependuradas secam ao vento a roupa branca, de linho e de algodão. E detrás das vidraças senhoras idosas, costuram velhas mantas de agasalhos, para o Outono, acabado de chegar. Os telhados têm musgo e as paredes, assimétricas, são de pedra sobre pedra, caiadas de brancos e de azuis. Numa gaiola, um canário solitário canta efusivamente, deliciando-me com as suas melodias. Alguns pombos picam o chão, procurando o que comer, nas falhas da calçada, por entre ninhos de formigas. Aqui e ali, uma ou outra criança brinca à sombra de uma árvore, enquanto os avós conversam ou jogam ao dominó. Rareiam os carros e uma carroça passa guiada por um jovem petiz, trazendo o alimento da terra cultivada nos baixios. O sol encontra-se agora no seu zénite e precavidas senhoras baixam os estores. A esta hora, meio-dia, a cidade parece adormecida e todos regressam a casa, para almoçar e dormir a sesta. Em um velho banco o poeta senta-se e põe-se a escrever…
Jorge Humberto 01/10/10
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