
REST IN PEACE (morte a morte)
Data 30/09/2010 04:02:18 | Tópico: Poemas
| Morte a morte! Já que todos nós, morreremos um dia, O que me impede de desafiar a minha sorte? Chegou a hora de me encarares, eu a tua cria, Tu o meu criador, meu pastor, que me cria A espera do momento certo para me abater. Com um palito na boca, lá fui a procura de um perito, De um negrito ou branquito, não importa, não quero criar atrito Só quero perceber, compreender o que é isso de morrer. Se isto é uma guerra, então estamos a perder. Chegou a C.S.I, daqui ninguém sai São todos suspeitos até prova em contrário. Já não suporto ver tantas lágrimas, porque essa dor não vai? O mundo é um enorme local do crime meu irmão, Cada ponto desta enorme ferida cheira a podridão Afinal de contas, são milénios e milénios de vida, Já que, a vida sempre deu vida a morte, tal como a morte Sempre deu morte a vida, é um ciclo sem norte Ela continua a fecundar no mesmo local onde se exprime. Exprime-se, nas lágrimas que ela própria desperta, Mesmo quando nos ensinas a estar alerta Para ti nenhuma artimanha é suficientemente esperta Arranjas sempre um jeito de nos vacinar de dor. Não percebo, porque nascemos senhor, Se a finalidade é acabar por deixar enormes vazios Ou ficar eu próprio com enormes terrenos baldios Dentro do meu peito, de um jeito incultivável E que provavelmente, me deixará facilmente abalável. No dia do julgamento final, terás o teu papel especial, podes crer. De madrugada, meti-me no primeiro navio em direcção ao norte, Pelo menos é o que dizia a tal Bússola que eu mal sabia ler. Foram dias terríveis, junto de imigrantes ilegais largados a sua sorte Eu vi a morte bem de perto, mas sempre que alguém morria Atirávamos o seu corpo ao mar, para a morte ninguém sorria. Não sei exactamente para onde vou Estou assim perdido, sempre que dou Um pedaço de mim a um novo lugar mesmo que seja para alugar Acabo por me perder nesses jogos de sentimentos vulgar Gostaria de saber diferenciar tudo Mas este meu coração é daltónico e mudo Ama mais do que se acalma Deste jeito, já sei que sou capaz de morrer de A.V.C. Passo por tantos lugares diferentes, de gente como você Como eu, gente com patentes, gente simples. Gente que adiciono a minha infindável lista de brindes, É assim que tratei cada um que conheci, são presentes São pedaços do que na realidade importa, vejo isso sem lentes. Depois de ampliar tanto essa loucura no meu caminho Decidi trabalhar como coveiro, mas era por mais que dinheiro Precisava estar perto de ti, de sentir o teu cheiro e finalmente De chegar a ti, porque sempre que estou perto do teu ninho O segredo que tanto procuro, se evapora no escuro da minha mente É como se, estivesse a perder o juízo Já não sinto o piso, esta demasiado liso. Vi caixões e caixões passarem por mim Olhei e topei que me tinha tornado assim Como estou hoje, um ser insensível a dor Depois disso, acho que já estou preparado para ti Por isso, estou aqui sentado desnudo perante ti Nu assim como vim a terra pelas tuas mãos nas mãos de outro Faz-me nascer de novo, seja aqui ou noutro lugar Na realidade, eu só quero poder voltar A dizer, que estou vivo! Apesar de continuar sem saber o que é a morte Só sei que tenho que deixar os mortos morrerem e deseja-los boa sorte.
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