
de mão dada aos olhos
Data 23/09/2010 17:05:49 | Tópico: Textos
| desviei o meus olhos da cinzenta calada paisagem natural. e desviei os meus olhos do colorido berrante artificial das montras da cidade. levei-os rua abaixo,pela mão.e fixei-me no caminho. como quem leva dois filhos à escola ainda distante,levei-os. na esquina,um gelado,pelo prazer e alívio do calor.um assoar do nariz.um atrasar do passo,tendo em conta o cansaço das suas pequenas pernas.os olhos têm pernas. pequenas.uma palavra de atenção.os olhos ouvem.uma recomendação.um carinho.os olhos sentem.um ralhete.uma distracção.os olhos perdem-se.uma exigência.um ensinamento.os olhos aprendem.uma piada.uma gargalhada.os olhos riem-se.um pensamento.uma invenção.os olhos criam. um brilho de alegria, contrabalançando todas as tristezas e as tantas preocupações.todos os medos. uma ponta de dureza requerida pela coragem que a luta da vida implica. uma lágrima ao seu canto,pela constatação de todo o mal. uma faísca de raiva afastando as ameaças e os inimigos. um grande mapa em parte desconhecido. um grande livro para se ir lendo ,que nunca acaba. outro quem sabe,para se ir escrevendo.
pelo caminho,caminhamos.
tantas vezes em desepero. certezas e incertezas.a passos dados. escolhas de rotas.planos gerais,instintos,direcções tomadas. pensamentos,emoções e valores. supresas,erros,tombos,recomeços e descobertas.
levei os meus olhos pela vida fora.às vezes atenta.outras tantas distraída. procurando não me esquecer do essencial. e levá-los-ei sempre.
até ser hora. dirão eles .de dormir.
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