
Balada do mau amor (José Ángel Buesa)
Data 16/09/2010 15:58:39 | Tópico: Poemas -> Amor
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Que lástima, garota, que não te possa amar. Eu sou uma árvore seca que só espera o machado, e você um arroio alegre que sonha com o mar.
Eu joguei minha rede no rio… Rompeu-se a rede… Não junte teu vaso cheio ao meu vazio, pois se bebo em teu vaso vou sentir mais sede.
Beija-se pelo beijo, por amar o amor… Esse é teu amor de agora, mas o amor não é esse, pois só nasce o fruto quando morre a flor.
Amar é tão simples, tão sem saber por quê… Mas assim como perde a moeda seu brilho, a alma, pouco a pouco, vai perdendo sua fé.
Que lástima, garota, que não te possa amar! Há velas que se rompem à primera rajada, e há tantas velas rasgadas no fundo do mar!
Mas ainda que toda ferida deixe uma cicatriz, não importa a folha seca de uma rama florida se a dor dessa folha não chega à raiz.
A vida, chama ou neve, é um moinho que vai moendo em seus braços o vento que o move, triturando as recordações do que já houve…
Já o meu foi meu, e agora vou ao azar… Se uma rosa é mais bela molhada de orvalho, o golpe da chuva a pode desfolhar…
Tive um amor covarde. O tive e o perdi… Para teu amor prematuro já é demasiado tarde, porque na minha alma anoitece o que amanhece em ti.
O vento enche a vela, mas à esfiapa, e a água dos rios se faz amarga no mar… Que lástima, garota, que não te possa amar!
José Ángel Buesa (1910-1982), poeta cubano, de estilo romântico e sensual, começou a escrever poesias aos 7 anos de vida.
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