
Humilhação
Data 12/09/2010 09:51:56 | Tópico: Poemas
| Há momentos em que o cerrar de olhos É o sentir de uma dor no coração desfigurando o rosto Um aperto cruel na ausência de calor humano O cansaço que anuncia a navalha afiada do desgosto Um gesto obrigatório de altear a fronte Explodindo no refalsamento um renascer intemporal Hierarquia de valores num recobro de teimosia Paradigma dum ressurgir vulcânico consumado dignidade Porque o combate também é pelejado por quem silencia!
Algemas pesadas num estatelar moroso e aflito Padrão de sorrisos em lágrimas que deslizam sob a pele Qual rio subterrâneo que molda o ventre da Terra Estigma de sulcos agonizantes na garganta do tempo Onde a voz límpida dá lugar à rouquidão Por ausências que ferem o alento Por estrias gravadas com sabor a sofrimento!
Porque há sentires que se guardam unicamente na alma E não têm objectiva e concreta tradução Em nenhuma linguagem e código humano Por aviltamento e censura à comunicação Mas por milagre e imperiosa vontade Eis que a tenebrosa humilhação Solta um bramido desesperado de agonia Transfigurado em louvor de redenção E mesmo na batalha perdida há um clamor de alívio Como se dos grilhões que nos amarram Renascêssemos feridos mas em estado de libertação!
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