
OS DESGARRADOS
Data 18/09/2010 13:15:19 | Tópico: Prosas Poéticas
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OS DESGARRADOS
Todas as madrugadas Às primeiras claridades do dia Um pedaço de seu sono acordava Levantava-se da cama Seguia lépido rumo à sala Abria ofegante a porta Olhava delirante ao derredor E constatava que ela não voltara Que não era mesmo sonho Que, em verdade, estava só...
Investido de um calma que arde Voltava-se novamente ao quarto, Essa triste desgarrada parte; Intentava, montando nele, Novamente integrar-se Como uma alça quebrada de xícara. Justo então quando percebia Que o dia acordaria em breve Com ele segmento desjuntado Eternamente desviado de si Por aquela alaranjada Raia de manhã entorpecente...
Sem ter o que fazer Sem ter para onde mais correr O fragmento volta à sala E lá espera aparvalhado Juntos com todos os outros Seus segmentados nacos: Os entes desgarrados das outras noites. São os seus fantasmas de uma esperança De que, um dia, enfim, a campainha toque Com o dedo dela do outro lado da porta.
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