
SOLTAR O VERBO
Data 14/08/2007 15:15:58 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
| Minha língua está molhada Na abstrata palavra Que consome meu paladar Que me proíbe de falar Meu paladar está amargo, Um fel em dorido compartimento Meu peito exala um forte tormento Como as cavas de coveiro que emudecem O meu corpo está clamando pelas vestes A minha face está corada de desejo Mas ressequida das grandes vaidades Que voam e andam por aí com moletas de sobejo Ah a minha audição está marcada O meu sexo está cada vez mais vivo O meu corpo está crivado em delírio A minha voz soa assim suave E os mundos que aleatoriamente criei Estão vivos por um raio de cometa E não mais mortos como dos homens os gametas Que fazem criar o mundo habitável Sou a mulher que amputa o próprio seio Quando vê que fluiu seu leite derramado E que a discórdia foi o real carrasco Não aquele que nos mata no orgasmo Mas a loucura de soltar meu verbo ao vento E de vê-lo não contido por entre meus dentes!
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