
arma dura
Data 01/09/2010 21:40:59 | Tópico: Textos
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que fazer quando tudo arde. com a sala inacabada. o corpo às voltas e a aflição. não perguntar à consciência quais são os limites da fuga. ir, sem olhar para trás. o destino é morrer. é quando a porta se abre que a cabeça se fecha. já nada pensa, nem a sombra. uma mulher vê-o cruzar a rua, a barriga apertada junto ao cinto das calças. está nua, camisola curta. a mulher respira e chama o filho que conhece então o rosto do pânico e chora. a mulher corre.ele de braços abertos.sempre de braços abertos. descalço.que fazer quando tudo arde. fechar os olhos é subitamente encontrar o teu rosto. deixo cair o corpo no passeio. um pássaro pequeno, vejo, vem ao meu encontro. é o lugar de ver o corpo imóvel. mas onde encontrar a raiz do medo quando o corpo volta por onde fugiu. assim cresce uma árvore ininterrupta. não haver grades no céu nem se ouvir sequer o tempo, talvez a não existência de pequenos pássaros. como vês maior é o precipício e a queda quando o corpo não sabe fugir. se o rosto o dissesse quando regressa, corpo ao colo, pânico no ventre. talvez depois crescesse menos.
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