
A SOMBRA E A SOLIDÃO
A Solidão esgueirava-se pela estrada e procurava um lugar onde pudesse se abrigar,antes do escurecer. Percebia que estava sendo seguida, mas toda a vez que olhava para trás, não via ninguém com quem conversar. Precisava desabafar, mas nem isso conseguia, por que ninguém a queria escutar. Seus pezinhos doloridos estavam cansados de tanto andar. A luz do luar fazia a imagem da Solidão aumentar e ela percebeu alguém ao seu lado a soluçar. A Sombra saiu da escuridão e a seu lado foi se postar. Era imensa, gigantesca e aquela hora da noite, parecia ainda mais sinistra. A Solidão sentiu a presença da Sombra que não parava de se lamentar. - Estou cansada, estou confusa. Mal podia a Sombra estas palavras formular, antes que se pusesse novamente a soluçar. Por onde eu ando,continuou a Sombra, fico num canto esquecida, quieta,calada,muitas vezes sem me mexer e quem eu sigo nem percebe a minha presença ao entardecer. Quando a luz da lua reflete os meus passos, muitas vezes eu assusto quem eu sigo e ninguém percebe que eu sou apenas uma Sombra amiga. - Pois eu, disse a Solidão, sofro muito mais discriminação. Ninguém quer a minha companhia, vivo só, na escuridão. A Sombra então se aproximou da Solidão e a envolveu com seus braços enormes. Ficaram as duas quietas, caladas, observando um raio de luar iluminar seus corações.
Débora Benvenuti
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