
O dia em que a noite ficou mais escura ainda…
Data 22/08/2010 14:34:42 | Tópico: Poemas
| … e eu, solitário com os ossos nus do crepúsculo a esvair-se em rubro sangue que as veias azul-negro da noite vertem, ira estampada no rosto oco e sombrio do vazio
aqui, estático e só, onde os desejos fremem sedentos de ser alguma coisa diferente do nada, caio no abismo da noite fria.
penumbra por dentro de mim o sonho.
e lá fora ressoam os ecos, estampidos secos das estrelas que cintilam sem a luz de outrora. grita-me por dentro a ira. irados, ferem-me os tímpanos a vida e o deserto que possuo nos espaços incomensuráveis de mim neste lentíssimo progredir regredindo labirinticamente nos secretos poços do deserto da minha memória aturdida.
e grito. um grito absurdo que já não ouves na tua ausência dilacerada, um grito repetidamente repetido “já não necessito de ti”. basta-me a companhia nocturna do absurdo e a peste que me envenena a alma neste silêncio em que me abandono.
as galáxias do meu viver escondem-se envergonhadas de mim no princípio de tudo onde nada é sendo-se senão o fim sem princípio de nada, a não ser a loucura dos nómadas errantes que se servem da mesma angústia gritante para viver. __________ Praia da Galé, 22/07/2010 de "onde os desejos fremem sedentos de ser" dedicado ao poeta Al Berto
|
|