
Relato de um suicídio
Data 21/08/2010 11:08:44 | Tópico: Poemas
| Já nada me prende, já nada me arrebata, já nada me faz sonhar, e no sonho morri, Preparo as facas, preparo o ritual, com carinho por saber, é este o ultimo dia da minha vida, coloco as fotografias, dos queridos e desequeridos, a acompanhar o momento, como uma fileira a assistir, a uma pena de morte sentenciada, ponho um incenso, finalmente o meu coração sente-se feliz, porque vai deixar de ser infeliz, neste dia que é o ultimo dia, de dores e guerras, de sonhos perdidos e macabros, no ultimo dia da minha vida, coloco o meu melhor fato, a musica em repeat do angel gabriel, as lágrimas correm-me, de uma alegria profunda. Desligo os telemoveis, tranco as portas, e sorrio... para mim... para ti... e para quem me vir... Pego na faca, e corto o pulso esquerdo... sinto o sangue a sair... não me doi... sinto a sua temperatura quente, a encher-me os braços, pego na segunda faca... ainda incolume de cor, e corto o meu pulso direito... neste dia... que é o ultimo dia da minha vida... fecho os olhos... e choro... neste dia... que é o ultimo dia da minha vida... solidão tremenda... solidão vaticinando que não posso cá ficar, vaticinando que sou mais no de menos, e que não devia existir, o meu karma, de só encontrar, quem não precisava de ser encontrado, neste meu karma de amores e desamores, perdidos e desolados, agora enterro-os comigo... neste dia... que é o ultimo dia... da minha vida... e levo-te a ti... sejas tu quem fores... do meu passado, presente ou futuro... onde não te encontrei... e não te vou encontrar... pois neste dia de solidão... é o ultimo dia da minha vida... sinto as forças a esvairem-se, os braços a fraquejarem, doi-me o corpo, mas sorri a minha alma... estás quase a partir... estás quase a voar... sem a prisão... do corpo... da mente... da vida... ONDE NÃO PERTENCES.
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