
Delírios de uma mente cansada.
Data 27/07/2010 15:42:36 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| Destroços das paredes em falso alicerce cobrem a sala que um dia foi mais do que agora restou. No sofá vejo o esforço do nunca existir, será falta do que jamais será? As frases ao avesso vestem o ar frio, nada tem importância, apenas escuro coberto de incertezas. No espelho o vermelho toma a cor deixando o que era pele agora em uma marina de sal,é esta água que rola no peito afogando o que lá um dia pulsou. Nada mais tem importância. Somem aos poucos em longe olhar o que antes em decisão me era o certo, apenas me cabem raizes mortas tocando o marmore frio. Nos seus riscos é possível ver o desenho da solidão quase que como em seu próprio padrão. Na parede laranja marcas do silêncio engasgado, talvez um dia a textura conte o por que desbotou, desmancha enegrecendo o nó que preso a garganta tornou-se apenas uma fita comum, isso por que deram-lhe ácido para beber. Ruinas do triste fim apanhado em minhas mãos como criança ao desfalecer , já não mais adianta chorar por aquele que já morreu em sua própria cova, a pá ainda é guardada debaixo do colchão que deito todas as noites. Esturricada algumas lembranças sobraram por entre as cinzas, em labaredas memórias que ainda teimam em ascender. O tempo parece ganhar a força de mil homens para que seus ponteiros rodem anti-horário ao som da marcha funebre, lá velam o pobre presente sem sorte na vida. Em presença lá estão todos os que ajudaram a envenena-lo um pouquinho a cada dia, com tochas nas mãos prontos estão para lançar seu corpo ao fogo. Lá vem o vento forte assoprando com o seu mal hálito a única esperança que o pobre pedaço em carvão perseverava a ter, agora nem o pó sobrou para deixar ao passado algo ao que pensar. Enxergo apenas o zumbi a vagar com sua carne emputrecida lançando seu asqueroso perfume nos comodos de minha insanidade. Delírios de uma mente cansada. Um instante apenas um instante.
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