
SONETOS FEITOS EM 27/07/2010
Data 27/07/2010 13:24:00 | Tópico: Sonetos
| 001
Buscando meramente algum apoio Aonde prenuncio a queda, eu tento Vencer o mais comum alheamento Tomando em incerteza o velho arroio, E tento discernir trigo de joio, Num passo muitas vezes violento E quando permaneço desatento A vida se sonega em vão comboio. Olhar e ver apenas o que extinto Ainda trago, é como se o futuro Houvesse transformado em ermo e escuro, Cenário corriqueiro em minha vida, No quanto posso mesmo ou tanto eu minto, A sorte imprevisível, corroída.
002
Exatamente quando mergulhava Num mar em palidez, vasculho o fim E bebo cada parte do que há em mim, Ondeio caminho em dor e lava, E mesmo quando ausente procurava A consonante sorte, nada enfim Tomando plenamente e sendo assim, A trama se esbarrando em qualquer trava. Solucionar as dívidas que trago Na busca em placidez, ausente o lago Somente este bravio mar reside Na praia dos meus pânicos constantes Sirena em face escusa; já adiantes E nela o meu reflexo agora incide.
003
Somatizando ao fim estas crisálidas Na ultrapassagem dura; se apresente A vida com a face descontente Resumo de outras eras bem mais cálidas, Palavras muitas vezes são inválidas E nelas o que eu teimo e não se atente Expressa o mais complexo contingente Nas noites tão erráticas quão pálidas. Esgoto dentro em mim uma esperança Enquanto a realidade ainda avança E traça novo tempo aonde eu possa Tramar a realidade em claro tom, E o dia amanhecendo, farto dom Que impede num instante a velha fossa.
004
O quanto trago em pedras ar e fúria Mesquinho ser enquanto racional, Mergulho num destino sempre igual Gerado pela insânia e por incúria, Legado onde me entrego, em tal penúria Cercado por constante e mais venal Delírio desenhando este abissal Caminho aonde resto e sem lamúria. Escalo os mesmos montes e vasculho O quando dentro da alma é pedregulho Horrivelmente nu exposto ao chão Denigro a própria imagem cada dia, E migro para o próximo a agonia Herança para os que inda, iguais, virão.
005
À cântaros carrego e me lastimo Do peso desenhado pelo escasso Desenho aonde ausência teimo e traço, Caindo a cada passo, mesmo limo. O tanto quanto posso e não lastimo Resumo o meu delírio em novo espaço, A porta se entreabrindo quando passo Vestindo em ironia o que deprimo. A tola humanidade já se espelha Na face desdenhosa e dita ovelha No quanto em liberdade Ensinaste. Assim ao desnudar o rosto obtuso De quem no vago espelho ora entrecruzo Percebo a insanidade deste traste.
006
Na explosão destes canhões Nada trago em consonante Caminhar onde garante O que tanto não me expões, E persisto em negações Desviando a cada instante Outro passo, degradante, Visto em várias direções. Escusando-me na culpa Do que tanto se esculpa Deste sórdido demônio, O mercante sonho agora Onde a fonte desarvora Indefectível pandemônio.
007
Percorrendo em paralelo Vago passo eu tento quando O que trago e te revelo Noutro tanto desnudando, Presumir o quanto é belo O mergulho neste brando Desenhar onde te atrelo, Face sempre renovando. Neste alheio desenhar Onde outrora algum lugar Poderia haver, decerto, Na incerteza mais atroz O caminho dito em nós, Na verdade eu já deserto.
008
Nesta lentidão a vida Esboçando alguma luz Quando enfim eu já me opus Provocando a despedida, Desta cena outrora urdida No cenário em dor e pus, Vejo assim na contraluz O que outrora achei perdida. Naufragar é tão comum Quando em dois não restando um Esta soma se divide, Perco o rumo e nada veio Prosseguindo em rumo alheio Onde a morte em paz, incide
009
Sem memória que me baste Nem desejo onde um dia Bem diverso poderia Restaurando algum resgate, Nada além do vil desgaste Gera em nós vaga agonia, E medonha fantasia Onde a sorte má repaste Ouso em tétricos pudores Mesmo até se não mais fores Resgatar algum anseio Vasculhando cada parte Do que tanto não reparte Noutro rumo eu devaneio.
010
Quando havia a nostalgia De momentos consonantes Percebera que agigantes Quanto mais amor recria A fantástica heresia Por desejos torturantes Onde mesmo ou até antes Cada passo se faria, Sintonizo o tolo ardil Esboçando outro gradil E tentando ver além Do que outrora não soubera Na solvente primavera Longa espera me contém.
011
Quando esta saudade traça Com remendos o meu passo Vejo quanto me desfaço No vazio em luz escassa, O cenário se ultrapassa Ousa até noutro compasso Resumindo cada espaço Onde a vida gera a traça, Esfumaça-se a verdade Quando o medo ledo invade E transtorna quem pudera Conservar ou mesmo até Procurar em vaga fé O que outrora fora espera.
012
O presente diz passado O passado diz futuro? Quanto mais teimo e procuro Novo dia anunciado, Vejo neste enunciado O mergulho em solo duro E saltando a cada muro, Volto ao mesmo passo dado. Como fosse bumerangue Sigo imerso neste mangue Profusões de etéreos sonhos, E se expões novos caminhos, Tão erráticos, daninhos Quanto os velhos, tais medonhos.
13
Quando esta alma se encontrasse Com a mesma e degradante Tenebrosa e alucinante Realidade em mesma face, Novamente enfim calasse Leda voz deste farsante Onde o traço se garante Até quanto mergulhasse; Sou herético e mordaz, Com certeza tanto faz, E se tento nova sorte, Quem me leva e já me expões Em diversas direções Tendo o nada onde suporte.
14
A minha alma se perdendo Nesta face sempre igual Como fosse tal e qual Outra parte do remendo No cenário mais horrendo O meu canto triunfal, Menos bem quem sabe mal, Cobre em juros, dividendo. Narcotizo meu caminho Neste tétrico e mesquinho Navegar pelo eu profundo, Desta sorte sou assim, O prenúncio de meu fim Onde em pus ora me inundo.
15
Aonde se percebe este bruxedo Alquímica loucura dita a norma, E o quanto a cada passo se deforma E neste caminhar tento e procedo Diverso do meu tolo, fosco enredo Vagando sem saber onde se forma A vida noutra vida em vã reforma, O cálice do engano eu me concedo. Lapido com tenaz e até vulgar Delírio o que tanto a vasculhar Desvendo como fosse algum reflexo Desta alma em sordidez apodrecida, Mudando a rotação da própria vida, Gerando outro caminho mais complexo.
16
Quando incógnita passara Quem no fundo fora igual Em tortura ritual Mesquinhez doma a seara, E o meu carma desampara Quando feito na total Heresia virtual Geradora desta escara. Apressando o passo eu tento Vislumbrar o sentimento Mais comum em quem poeta Serventia de algum verso, Se talvez nele eu disperso O que em nada se completa.
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A minha alma em indolência Ou quem sabe mais tranquila Se inda tenta ou já desfila Sob a lua em influência Gera nova confluência Na certeza que destila Quando mesmo desopila A diversa virulência, Expressando em mim o quanto Deste nada desencanto Se eu me afasto ou continuo, Numa audácia me resumo, Levemente ledo sumo, Quando em uno quis ser duo.
18
Extremando qualquer hora Ou ousando a mesma expressa No delírio em vã promessa Onde o farto já se ancora Providenciando agora Lucidez, nada endereça Quando muito me interessa O que a ti sempre apavora. Esgotando a fonte em veio Bem diverso onde rodeio Mariposa em holofote, Jorro feito em gêiser quando O meu passo sonegando Preparando o mesmo bote.
19
Resplandece o que talvez Já não tanto traduzisse A verdade em tal crendice Onde o rústico já vês, No passado a cada vez Onde o tempo se desdisse O mergulho na mesmice Trama o passo em lucidez? Eu me engano quando o engodo Transbordando em lama e lodo Aventura-se no fato Mais banal e corriqueiro Neste errático canteiro Quando o nada ora resgato.
20
Numa hora tão inútil quanto opaca O manto discernido em verso e dor Transforma com seu cálice o pudor Aonde a realidade já se empaca, O quanto desta vida tênue e fraca Produz alguma luz no sonhador, Expresso o descaminho e mato a flor Cenário sem tormenta que me aplaca. Neste ostracismo cismo e volto à cena A porta escancarada ora condena O farto caminhante ao velho estilo, Reparo neste espelho a triste cã Remendo de uma vida sempre vã Que em versos costumeiros eu desfilo.
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No impossível caminhar No improvável tom venal Onde adentro o mesmo tal Como fosse algo vulgar, Visto o passo a se moldar No caminho bem ou mal, Resumindo esta fatal Mera ausência de luar. Entranhara em mim a tese Que deveras se despreze Do medonho desde o início, No produto deste meio Outro igual eu devaneio E me entrego ao precipício.
22
Ansiando uma resposta Nos meus velhos ermos vãos Expressando em toscos nãos O que tanto me desgosta, A verdade nua e exposta Reproduz os tantos grãos, Mas são áridos os chãos Onde a sorte foi proposta. Espalhando em mim deserto O fantasma ora desperto E anuncio o luto herético, Na promessa descumprida, A incerteza desta lida Num caminho quase hermético.
23
Quando é nevoenta, a tarde Noite apenas prenuncia A saudosa galeria Onde a sorte se resguarde, Nada tendo e não se aguarde Nem tormento ou poesia, O que tange e me invernia Novo passo já retarde. Num frágil tola herança Verso algum o tempo lança Na promessa mais sutil, Retrocessos? Já não vejo Tão somente algum verdejo Onde a névoa, o sonho viu.
24
Linha certa e a palavra tão torta, Não importa, o que importa é que é minha. Não é sozinha e no verso se aporta Abro a porta ao sabor desta vinha
Que se aninha, me embriaga e me corta Viva ou morta, o que penso? Advinha? Se é rainha eu sou gato. E a bota? Certa ou torta, história da carochinha!
Jogo a dama ao valete; ela quer rei. Já rimei noite com meio dia, Poesia eu te mando e te peço,
Mesmo inverso há espaço na grei... Risquei dor e pintei alegria, A magia sempre foi par do verso.
Josérobertopalácio
O meu verso imerso em fases Tão diversas quanto pude Muitas vezes a atitude Onde o sonho tu me trazes, No passado ou nos capazes Caminhares, tudo ilude, Amortalha a juventude Ou renasce em mais audazes. Sendo assim, disperso e unido O caminho presumido Vasto enquanto se concebe Espalhando o que se quer, Outra vida, e até sequer Qualquer tom regendo a sebe.
25
Qualquer nota mesmo aquela Onde nada se apresenta Gera a paz, marca a tormenta Vera face se revela, Nada tendo quando a tela Versa em luz ou violenta Ascendendo e me apascenta Quando em pálida se atrela Ecos ermos entre tantos São diversos desencantos Divergências merencórias, Barco em mar tão turbulento, Novo porto ainda invento Reunindo tais escórias.
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Uma estéril provação Esboçando a natureza Ao traçar sem mais surpresa Outros dias que verão Mesma face desde então, E não tendo mais certeza Procurando esta pureza Onde houvesse solução, Resoluto caminhante Nada tendo a cada instante, Novo fato ora produz, O poeta este indigente Tanta vez inconseqüente Verte a palidez em luz.
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Indistintamente eu vejo O meu passo rumo ao teu E se tanto se perdeu Nas angústias deste ensejo, Muitas vezes no verdejo Dos teus olhos bebo o breu, E o que tanto se escondeu Hoje molda o meu desejo. Visto o traje aonde eu pude Na mesquinha juventude Crer em ares mais felizes, Dos termômetros diversos Gero em mim os controversos Quando fúteis me desdizes.
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Quão maligna fosse a vida De que teima contra a sorte, Sem saber se inda comporte No final, mera saída, Vejo a cena consumida Onde nada traz um norte, Tão somente já me corte A certeza indefinida. Expressando noutro fato O demônio onde resgato Os meus ermos mais profanos, Reassumo estas peçonhas E deveras nelas ponhas Os puídos, velhos panos.
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Destas armas virulentas Onde mesmo trazes ermos E se tanto dizem termos Os que nada mais inventas Rastreando tais tormentas Quando muito; reavermos O que tanto não mais sermos No vazio representas, Escassez ditando a regra Minha vida desintegra E se entrega em ar suave, Neste pendular momento, O que às vezes inda tento Nada além, teimando, agrave.
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Irreais castigos; sinto No caminho e me situo No delírio perpetuo O que outrora quis extinto, E se tanto ainda minto, A verdade diz recuo Neste medo eu não cultuo O passado em vão absinto. Entorpeço-me no sonho Nele, vasto eu me componho Num delírio inconseqüente, Mas jamais isto me ilude, Mesmo quando eu sou mais rude, Sutileza se apresente.
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Ao descer várias encostas Onde outrora vicejara A beleza intensa e rara Sendo nunca mais repostas Desde quando já não gostas Do caminho que prepara Minhas sortes; escancaras, Em funérea face; expostas. Nada mais resta afinal Horizonte terminal Sem sequer saber o rumo Quando tento e me abandono Do passado em desabono, Ao descer também me esfumo.
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Que se faz de quem procura Mesmo em paz outra guerrilha, Na verdade este ermo trilha Numa vida mera e dura. O passado na amargura O futuro inda palmilha Perfazendo e se estribilha Muito aquém desta brandura. Necessária a quem porfia E acredita noutro dia, Quando a sorte se fará Discordantes tons eu vejo Ao beber este desejo Que bem sei e desde já.
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No submerso mundo em mim, Vasculhando cada ponto, Se deveras já me apronto O que eu vejo diz do fim, Por princípio é sempre assim, Nada levo nem desconto, Na tangente não remonto Ao cenário de onde vim. Resumindo em verso e canto O diverso desencanto Tão comum dos nossos dias, Entorpecido cometa No vazio se arremeta, Revela as vozes sombrias.
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Anular o pensamento E tentar quem sabe a sorte, Onde o nada me deporte E o caminho diz alento, No final enquanto eu tento Remeter-me ao frágil norte, Tanto quanto eu me comporte Explorando o pensamento, Verticais quedas eu sinto Resumindo o vago instinto Nas defesas costumeiras Perceptível face aonde O meu mundo não responde, Mesmo até se não me queiras.
35
Ao restituir o passo Na incerteza de outro além O desnível já provém Do que em mim decerto eu traço, Meu olhar neste ermo traço Vaga ou busca o quanto tem, E se entranha e volta sem Revelando o morto espaço. Um caminho quase esquálido Num cenário tosco e pálido, Reduzindo ao que provê Esta vida sem resposta, Quando enfim já decomposta Sem talvez qualquer por que.
36
Sobre os crânios, vários vermes, Subterrâneos caminhares, Onde além não mais ousares Em cenários quase inermes, Decompondo as epidermes, Roubam fartos lupanares Mesmo assim ao te entregares Adiposas, vastas dermes No final restituindo O que outrora se extraindo Noutra forma se compõe, Ao eterno renascer No vibrar e apodrecer Vida, a vida além repõe.
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Infernais caminhos onde O delírio eu não mais tento, E se bebo o sortimento Nele a vida não esconde E perdendo o trem e o bonde, Meu olhar mais desatento Entregando a sorte ao vento, O vazio me responde. Sendo assim, quimera em bote, Quando muito mais me esgote A franqueza feita em luz, Noutra face refletira Sonegando uma mentira Que à mentira contrapus.
38
Uma entrega interminável Dita a ronda sobre a Terra, No final o início encerra Ciclo vário enquanto arável, Reciclar o palatável Noutra face já descerra O delírio onde se enterra Este ser cruel e afável. Esgarçando a cada instante Num cenário degradante Vejo até maravilhado, Do composto em pasta e pus Nova vida ora faz jus Devolvendo o conquistado.
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Quando vejo em todo vão Outro tanto se aflorando, Na cratera deformando O sentido e a direção, Novos tempos mostrarão O que um dia em contrabando Senti mesmo me pesando Oprimindo outra estação. Régios dias onde pude Mesmo sendo brusco ou rude, Entender um pouco mais Dos heréticos cenários, Mesmo sendo necessários Calmarias; vendavais.
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Fui ninado com sangue e com melaço Nos meus ermos vitais e redentores Deveras entre tantos desamores O quadro sem sentido eu ouso e faço, O manto consagrado eu não repasso Tampouco me entregando aos vãos pudores Espelho minha vida aonde pores Os olhos no futuro, mesmo escasso. Resulto em verso e canto do que fora A sorte sem sentindo ou traidora, Vestindo esta diversa fantasia, Do todo ensimesmando bala e faca, A morte se provoca e não aplaca Quem tanto nova sorte em paz queria.
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Rasguei berro e valentia Nas estradas e tocaias, Onde mesmo se distraias Não verás um novo dia, Resumindo esta agonia Entre dores, facas, saias Quando aquém do sol desmaias No final outra agonia, Vicejando a morte em mim, Não suporte algum jardim Neste sangue exposto ao chão, A florada quase certa Nela a vida se desperta Nova face em mutação.
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O meu mar mineiro trama Outro mar dentro de mim, Salgo a vida desde o fim Quando a sorte nega a flama Espreitando o quanto se ama Boca exposta, carmesim, O funéreo golpe enfim Diz do velho e tolo drama, Nada vejo deste mar Que aprendi mesmo a salgar No momento, neste ensejo Sorte alheia não contém Nada além deste desdém E deveras, lacrimejo.
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Dos meus restos nada trazes Nem sequer qualquer promessa, Onde a sorte não começa Nem se vêm futuras fases, Aprendo em meras frases Eras novas; endereça Meu olhar ao que confessa Ermos trágicos, vorazes. Aprendendo a cada tombo, Deste etéreo sonho zombo Ou quem sabe me aconselhe. Quanto mais o tempo engelhe O meu carma ora desnudo Num cenário vil, miúdo.
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Nas laçadas desta vida Outra sorte eu não produzo E se tento sem abuso Encontrar uma saída Esta bala antes perdida Num olhar que ora entrecruzo Deixa o passo mais confuso Nova história sendo urdida, Resta em mim o desabono De quem sabe e em paz me adono Dos erráticos demônios, Cerceados dentro em pouco Se deveras me treslouco Ou se enfrento os pandemônios
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Tanta vida sem valia Vida diz esta ventura Onde a dita não perdura Nem tampouco merecia Outra sorte ou sintonia Cada gole em amargura Renegando já tortura Remetendo à fantasia. Expressões de vida e morte Que o caminho não comporte Nem traduza em verso ou canto, Do meu ego insatisfeito O delírio aonde eu deito No final quieto me espanto.
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Traquinagens de uma vida Entre vidas desenhadas, Outras tantas desprezadas, O que resta já se acida, No final a mesma urdida Nas entranhas destes nadas, Ou decerto destinadas Onde a sorte é distraída. Percebendo qualquer bote, Mesmo assim nada denote A palavra sanidade, Rescaldado em tal tormenta Quem deveras não se inventa, No final, pois se degrade.
47
Tetas fartas, mãe e glória Resvalando à perfeição, Nesta face se verão Os verões da torpe história, Mas a vida sem memória Esquecendo esta lição Da provável mansidão Outra fera em vil vanglória. Restaurando ao menos quando Decomposto renovando Em sutis e delicadas Formas várias das matérias Entre vermes e bactérias Tetas fartas, ofertadas.
48
Madrugada onde os orgasmos Poderiam ser sublimes, Na verdade em tantos crimes, Dias mortos sempre pasmos, No vazio dos sarcasmos Ou deveras não estimes O que tange e não redimes Entre ocasos e marasmos. Restaurando ou revelando Na pureza desde quando Outra sorte em concordância Gera a sombra de outra igual, Num caminho sensual Ou na torpe mendicância.
49
Irreais sonhos deveras São comuns a quem delira, Muito mais do que a mentira Faces várias, primaveras, Onde tanto ou nada esperas Do não tido se retira A palavra que desfira Entre luzes e quimeras. Mero espectro do que um dia Demonstrado em tez sombria Esboçara algo azulejo Sendo assim resumo o fato Onde tento e me maltrato Noutro tanto me prevejo.
50
Vou e nos currais do sonho Outro fato se resume Onde nada mais assume Quem se fez tolo e medonho, Vasculhando não me oponho Mesmo quando sou estrume E deveras de costume, Volto ao mar, mesmo enfadonho, O delírio em tez diversa Molda a sorte que se versa Entre gados, liberdade, Dos amores e perdões O que em sonhos tu expões Reproduz o quanto invades.
51
Nem sei do mar, vivendo minha praia Nas águas cristalinas das Geraes Aonde se pudesse ou muito mais Do quanto ao mesmo tempo nada esvaia, No vago caminhar, o passo traia E trace com promessas terminais Delírios entre fartos temporais, Ou mesmo nada surja nem retraia. As ondas dos meus mares em marés São fortes e bravias por quem és E nisto se acredita quem mais sonha, Nas âncoras do tempo, a liberdade Ainda que tardia, já me invade, Porquanto o meu delírio em mar se ponha.
52
Neste sol universal Destoando em tons sombrios Dos meus tantos desafios, Menos bem quem sabe o mal Estreitando o virtual Caminhar por entre os rios, Quando vejo em desvarios Afluência sol e sal. Litorais dos meus engodos, Apresentam mangues, lodos Charqueadas dentro da alma. Neste pântano que entoa A saudade diz canoa E decerto ora me acalma…
53
Os peixes no regato Quanto mais o tempo quis Entre bagres, lambaris Os meus dias eu resgato, Quando muito não desato Do que tento ser feliz Esquecendo a cicatriz, Mergulhando em pleno mato. Nas entranhas deste rio O meu âmago eu desvio E provendo com ternura, Pescador quase menino, Velho tolo desatino, Sempre a paz, teima e procura.
54
Onde houvesse confusão No passado ou se apresente Sempre além pela tangente Novas faces mostrarão Outras tantas na estação Mesmo estando descontente, Sou decerto impertinente Quando tomo a decisão, Esquecendo o que soubera Antes mesmo desta espera Numa estreita e vã viela Casamatas da esperança Onde a vida já se lança E a saudade se revela.
55
Na surdina em noite vaga Ouço vozes dentro em mim, Vasculhando chego enfim Ao que tanto já me alaga, Resumindo cada adaga Neste instante beijo o fim, E se cirzo quando vim A medalha dita a plaga. Resplandece além e aponte Onde houvera qualquer ponte Paralelos entre nós. Resvalando face a face O que sei mesmo e inda grasse Solidão expressa em voz.
56
Nos herméticos ou farto Do que tento e não consigo, Vejo até no desabrigo A verdade que reparto, Estação gerando o parto, Novo mundo e sem amigo Resumindo o passo antigo No que tanto em mim descarto. Vasculhar cada pedaço Deste todo onde refaço Novamente o que pudesse, A vazão diz da torrente Onde quer que se apresente Já não vejo mais benesse.
57
No piano, na senzala Noutro canto dentro eu pude Desvendar o quanto rude A minha alma não se cala, Atravessa esta ante-sala E se expondo em plenitude Quis até a magnitude Onde nada mais se fala. Resplendores, realejo Quando o tempo em mim revejo Vejo apenas vagas formas, E o que tento não seduz, Falta sempre o tom e a luz E o que tem; logo deformas.
58
Esgueirando pelos chãos Entre espinhos e mortalhas Tantos cortes e batalhas, Dias ermos, mesmos vãos, Resumindo em tantos nãos, Os caminhos onde espalhas Revivendo as dores, palhas Sonhos tolos artesãos. Particípio diz passado Participe do legado E verás em tom diverso, O que agora aflora e faz Mesmo sendo pertinaz O cenário, eu tergiverso.
59
Engelhada fronte em cãs Tão sombrias; verdadeiras Nelas quando tu esgueiras Espreitando outras manhãs Verás sempre as mesmas, vãs E decerto em tais ladeiras Noutras quedas, corredeiras Velhos dias, meu afãs. Alpargatas entre espinhos Olhos podres e daninhos Ventos rugas em disfarces, Condenando cada passo Outro até tecendo escasso Logo após o quanto esgarces.
60
Se na morte o meu carinho Vez em quando faço e até Procurando sem ter fé No futuro qualquer ninho, Muito embora vá sozinho Não cansado, sigo ao pé Da montanha e no sopé Abandono outro caminho, Espreitar e ver apoio Onde a sorte sem comboio Gera apenas outro cardo, Seduzido em cada engano, Onde tento e já me dano Passo lento, ora retardo.
61
Quando no colo da serra Outra serra se desvenda O que tange vira lenda E o já certo não descerra, Violão ao longe, a terra Onde o sonho não entenda E o passado já se estenda Muito aquém do quanto encerra. Vasculhar cada momento Por ser tanto ou não atento Venço ou perco, mas prossigo, O que teimo em voz igual Ou se mostra magistral Ou condena ao desabrigo.
62
Onde outrora quis o porto Cada parto refugando O momento desde quando Na verdade semimorto Caminhando além desporto Nada tento ou mesmo em bando A coragem desolando Onde eu quis virando aborto, Represando em mim um mar Tão cansado de sonhar Com a praia que não vejo, Cismo errando bar em bar, Até que posso ao ancorar Refletir algum desejo.
63
Na prolixa fantasia Resplendores e luzeiros Dias velhos. Costumeiros? No final o tempo adia, E se tanto temeria Noutro mar; mesmos cruzeiros Resto apenas nos cinzeiros, Qual imagem cinza e fria. Derrapando neste fato Onde até tento e resgato Outros tantos, mero espelho, Movimento em barcos, mares, Nos caminhos se notares O meu mar; sempre avermelho.
64
Tardes baças, mar distante Meu olhar sem sol ou brilho, Neste incerto vão palmilho E decerto se adiante Outra face a cada instante, Como fosse um estribilho, E deveras eu me pilho Neste infausto degradante, Resoluto, mas nem tanto No que tento e me adianto Quedas vejo e nada além, O trajeto se repete Quando a voz nada reflete E a palavra não contém.
65
Dolorosa solidão Ao mergulho em tal abismo, Quando além ainda cismo Não suporto os que virão, Olho atento em precisão, Cada passo um cataclismo, No final em otimismo Bebo o fim desta estação, Visto o inverno e até procuro Mesmo quando está maduro Outro fato em que talvez, Nova senda se desvende Ou quem sabe a morta atende O que agora já não vês.
66
O meu rio sem aporte A nascente há tanto morta, Assinala cada porta Onde a vida dita a sorte, Sem ter nada que a conforte, Resumindo o quanto importa Na senzala se deporta O caminho outrora forte, Ao carpir toda ilusão Dias novos não verão O que tento e não descarto, Jogo fora e no abandono, O final já desabono, Mesmo até por estar farto.
67
Indeciso passo eu tento Onde o nada em mim resiste, Se decerto eu sigo em riste Ausentando o pensamento, Nada tendo em provimento O caminho onde persiste Ilusão já não resiste Cai em tolo sofrimento, Vento expressa a sensação Deste mesmo mar de então Sem marulhos mais diversos, Marinheiro sem saveiro O que resta, este vespeiro Traduzido em poucos versos...
68
Quando agitas, coração Sem juízo e sem fronteira Quer a sorte traiçoeira Ou se perde em mero não, Navegar no mar, senão O caminho já se esgueira Sonegando uma bandeira Reparando a imprecisão. Cais ausente, mar também, E o delírio quando vem Transtornando este andarilho Arco até com fúria e gozo, Onde quis mais majestoso O passado ainda trilho.
69
Aguardando a minha morte Curva claras do destino, Quanto muito eu determino Qual será mesmo o transporte, No final já pouco importe Se eu pudesse ser menino Distrair o que não mino, Mergulhar em nova sorte. Paralelos olhos vendo O que fora algum remendo E em verdade nada diz, Ser ou não e persistir, Jogo bruto aonde ouvir Não me faz nem quer feliz…
70
Um comboio no deserto Em camelos, dromedários Outros tais itinerários Onde mesmo me desperto Seja longe, dentro ou perto, Escondendo em meus armários Dias tolos; necessários O mergulho em mim; alerto. Prazo acaba acaso seja De soslaio ou de bandeja, Servidão a cada instante, Previsível rumo ao quando Meu comboio desertando Novo igual já se adiante.
71
Aprendendo a navegar Entre tantas vis tormentas Quando até tu me apascentas Bem maior, o imenso mar, Procurando onde aportar Nada encontro e não lamentas, As procelas que acalentas Já não posso me mergulhar, Abissais fossas marinhas, Onde agora tu te aninhas, Expondo a face oculta Do passado denegrido Do presente presumido, E a verdade se sepulta.
72
Arrebento estas algemas E procuro, libertário Um caminho imaginário Onde nada veja ou temas, Resumindo os meus dilemas Neste vago itinerário, Tantas vezes necessário Encarar velhos problemas. Restaurando o passo além Do que tanto me convém Congregando tudo em mim, Investindo contra a fúria Do delírio em tal penúria Traduzindo o medo e o fim.
73
Rimas fartas onde outrora Dissonância me diria Quem se fez em alegria Ou do tanto não devora, Restaurando desde agora, Nova face, mesmo dia, Horizonte não traria O que alheio desancora, Coração coragem tem, Mas imerso em teu desdém Marca em duras cinzeladas Esculpindo em alabastro Noutro mundo em vão me alastro E me dizes sempre nadas.
74
Quando crivas ironias Esboçando risco em tom Divergente traz por dom Estas mãos somente frias, Frágeis noites esvazias E percebo o quanto é bom Esgotado este neon As dormências mais sombrias, Lua alheia à cheia ou não Das marés desta emoção Desenhada em cores gris, Retalhando esta promessa, O vazio se confessa Onde o tanto outrora eu quis.
75
Lapidar com precisão Ou quem sabe em tons diversos Os meus vários universos Noutro rumo o mesmo não, Vago e busco desde então Quanto pinto em tons dispersos Os caminhos já submersos Desta leda sensação, Vasculhando cada ponto Onde nada tento e apronto Recontando as tais estrelas, Cabem mesmo dentro em mim Reluzindo no jardim Tão somente por revê-las.
76
Nada estóico quando tento Aprender outro caminho, Se eu persisto em tom mesquinho Bebo a sorte em catavento Ou divirjo num momento Doutro tanto mais daninho Mesmo até quando me aninho Neste errático incremento. Postular ao menos isto, Quando posso e sempre insisto Refletindo este granito. Gelidez adentrando a alma A certeza não acalma Tanto quanto eu necessito.
77
Observando e bem de perto Quem se fez tanto ou tão pouco, Na verdade quase rouco Quando grito em vão deserto, Se deveras me desperto E percebo se treslouco Nada tenho nem tampouco Quero o coração aberto, Reparando agora bem O que tanto não convém Espalhando em tal seara, Onde nada mais se vendo, O meu passo algum remendo, Noutro igual já se escancara.
78
Tais estigmas que eu carrego São enigmas nada mais Paradigmas entre os quais O meu passo é sempre cego, Na verdade não me entrego Encarrego em vendavais Outros ermos tão iguais E percebo e já não nego. Ocasiono vez em quando Cada passo semeando Serenando o quanto pude, Realmente a vida trama Com ternura medo e drama A estupenda juventude.
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Ao cerzir novo poema Onde possa em poesia Traçar minha fantasia Sem saber corrente algema, Nada vence quem não tema Outra luz forte irradia E mergulha mesmo em fria Solidão e sem dilema. Quando a culpa se esclarece Redimida em nova prece Mea culpa logo assumo, Mas se perco algum apoio, Novamente viro joio Volto ao velho e tomo aprumo.
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Aspergindo a luz aonde Renascesse esta promessa E se tanto ali tropeça A verdade em vão se esconde Nada faço onde responde A saudade cruza e apressa Navegando se endereça Alameda em frágil fronde. Respirar o quanto eu posso, Sendo o amor diverso ao nosso, Aspirando algum alento, Reparando qualquer erro, Até quando no desterro Volto ao mesmo e velho vento.
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Cada trago no cigarro Alimenta o caranguejo, Muito além do que desejo, Mas da morte tiro um sarro, E se tanto me desgarro No vazio do verdejo Onde dita o realejo A incerteza deste escarro. Presumindo a melhor sorte Quando o nada me comporte Venço os medos, tão comuns Dos demônios que eu carrego, Cada passo num nó cego, Na incerteza bebo alguns.
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Musicando a luz do canto Neste tanto em primavera, O meu verso não espera E provém do desencanto, Quero além e se; entretanto Nada vence tal quimera, Amanheço em nova fera Adormeço em raro espanto. Agonizo e não me canso, Mesmo até se algum remanso Encontrasse no caminho, Passageiro aleatório Neste mundo merencório Sigo até quando sozinho.
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Jorram fontes divergentes E dos versos que alimento Tento dar prosseguimento Onde quer e não pressentes, Vestimentas coerentes, Encaminho ao vão tormento E percebo alheamento Dos meus olhos indigentes. Respirando este ar profano Onde tanto e sei que engano Desenganos; acumulo. Não salteio em tom suave, Cada queda mais agrave, Mas persisto neste pulo.
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Redondilhas entre as ilhas Dos meus sonhos vagam; sós, Tento dar diversos nós E decerto não palmilhas Caminhares entre trilhas Desmembrando aonde nós Emergimos destes pós E voltamos; armadilhas. Prazo dado, jogo as cartas E se logo me descartas Agradeço e peço bis, Morredouro a cada verso, No final quando submerso Terei tudo o quanto quis.
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Já não tento em fanatismo Obsedado pelo fato Onde o medo eu não constato, Nem sequer temo este abismo, Resumindo em realismo O de outrora não resgato, Aguardando o pulo, o gato Sabe inútil cataclismo. Peçonhenta face exposta De quem tanto sabe e aposta Que o final será semente Restaurando o mesmo rumo, Quando o fim em mim resumo, Outro início se apresente.
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Languidez no olhar de quem Sabe quantas quedas tendo O princípio ou dividendo No final tudo convém, Mesmo até qualquer desdém Prevenindo outro remendo, Corte alheio e a mais desvendo No passado perco o trem. Apalpando o meu futuro Qualquer cena onde procuro Retratar a minha ausência, Negará o simples trato E o caminho onde maltrato Traduziu conveniência.
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Esperando o fim do jogo, Muita calma desde agora, O resumo não demora E não ponho a mão no fogo, Tanto amor sem ter o rogo De quem bebe e me devora, Incerteza me apavora Desde quando além ou logo. Aspirando alguma luz O caminho eu não supus Desta forma impenetrável, Desejava mais plausível O que vejo noutro nível Tão superno e nunca arável.
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Espreitando cada espaço Onde pude adivinhar A certeza do lugar Nele o canto já desfaço, Aproveito este bagaço E realço o navegar Nas entranhas deste mar, Mesmo quando o céu é baço. Prazo aceito; eu sigo aquém Do delírio e quando vem Bagunçando o meu coreto, Desta forma reagindo Vejo ao longe ressurgindo Noutra forma, a de um soneto.
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Aprender nunca é demais, Mas saber da direção Dos meus erros não virão Traduzir em temporais Quero a sorte e peço mais, Mas cansado em promissão Na verdade a revisão Desalenta qualquer cais, Sou deveras tal refugo, E se tento ou mais verdugo Presumindo o cadafalso, Esperando a guilhotina O meu passo não domina E deveras nada calço.
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A incerteza de quem sonha A verdade de quem luta, No final a sorte astuta Pinta em tez dura e bisonha, Revelando o que proponha Mesmo até na força bruta, A saudade não reluta E deveras é medonha. Aprendendo ou aprontando Desde agora ou senão quando Esta queda for maior, Já não peço mais ajuda, A incerteza carrancuda Reconheço e sei de cor.
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Violência e imprevisão Bala solta e até perdida Encontra morta a vida Onde quis a precisão, Movo o passo sem senão E percebo a distraída Caminhada sendo urdida No final desta estação, Preservando alguma messe O meu sonho reconhece O delírio de um poeta, E se bebe até fartar Salga as águas deste mar Onde em lástimas repleta.
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Reação em tom igual Representa a fúria quando Novo mundo desabando Traz do velho este sinal, Num instante triunfal O demônio se assentando Neste trono traz em bando O sorriso ritual, Vastidões em mim; procuro E sabendo quão maduro Este fruto em louco ardil, Apressando a própria queda O caminho onde envereda Tal cenário já previu.
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São meus sonhos causadores Destes tantos ermos meus, Entre dias mais ateus Outros vários sonhadores, E sequer sem mais te opores Espalhando os velhos breus, Tentativa em apogeus Do cultivo de tais flores. Cirzo em tom agrisalhado 0 meu canto desolado Lado a lado com diverso, Digerindo a paz enfim, Bebo as cores do jardim, E vomito tudo em verso.
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São meus dias sempre iguais, Restaurando algum sentido Ou deixando neste olvido Outros tantos funerais, Quero a praia e perco o cais, O meu barco desvalido, Já não faz qualquer ruído Tão puído em vendavais. Preço caro a se pagar Timoneiro teima em mar, Rosa dos ventos nas mãos, Mas depois de certo tempo Tanta dor e contratempo Sei que os sonhos serão vãos.
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Nada além do pouco ou nada Esboçasse esta verdade Quando a vida se degrade Prostitui a velha estrada, Navegar nesta alvorada Sem saber de porta ou grade Nem tampouco quanto invade Dos meus passos; nova estada. Aliando assim ao quanto O que teimo e me quebranto Restituo os meus anseios, E bebendo cada gole Da incerteza que console Adentrando os velhos veios.
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Expressões aonde a fossa Traduzira depressão No passado a imprecisão Meu presente agora adoça Muito além do que inda possa Ou entendo esta visão Ou meus passos não terão A incerteza que os destroça. Da palhoça ou do castelo O meu canto não revelo Já cansado de lutar, Visto, pois que nada entendo, Quando quero sou remendo Se eu consigo, sou luar.
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Deste caos gerado quando Percebera a mesma face Onde o nada sempre trace O diverso se moldando, Remodelo o quanto brando Fosse o dia que se passe Noutro rumo e não embace Novamente me nublando. Sou assim, por vezes tento Engrenar o pensamento Onde existe a calmaria, Mas que faço se concebo Raro amor, mero placebo, Ser feliz? É fantasia...
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Quando resolutamente Não soubera responder O que tanto a se perder Poderia novamente Seguiria o que apresente Com certeza a me envolver Nestas tramas do prazer Dominando corpo e mente. Sou rascunho e mero esboço, Mergulhando neste poço Realçando esta ferida Primavera? Já desprezo, O que tento e teimo ileso, Vasculhar o fim da vida.
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Bebo até já não caber Dentro em mim luar e sonho, Se o meu mundo assim componho Eu só tenho o que perder, Resumir em desprazer O que eu sei por si medonho, Noutro fato mais bisonho É deveras se embeber. Ser ou não disperso sim E singrar começo e fim Desta estrada em curvas feita, A minha alma neste ardil, Presumindo, pois não viu, Qualquer sonho que a deleita…
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Terminando cada passo Noutro passo até que possa Conhecer a sorte, e nossa Maravilha em novo espaço. Realçando o que desfaço Gero a sorte onde se apossa Do caminho e nada roça Senão velho e mesmo laço. Lassos dias velhos termos, Meus demônios seguem ermos, Mas na espreita com sarcasmo, Este prazo terminara No final desta seara, Mas persisto enquanto pasmo.
MARCOS LOURES FILHO
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