
Anunciação
Data 23/07/2010 19:00:07 | Tópico: Poemas
| A anunciação se aproxima Trazendo um velho gosto. Sinto que estive, a minha vida toda, Esperando por isto. Esta luz convertida em sombras que se faz presente. Agora é o momento. E é momento totalmente novo Livre do peso das eras pesadas e loucas. É o nosso momento... Cheirando a orvalho fresco. Se quisermos o céu, ele será nosso. E as estrelas do sono eterno E os raios de luz que rasgam a noite silenciosamente adentro... Tudo. Este é o momento de nossas vidas. O agora, o já. Antes que o que se fez novo se faça morto e enterrado E perdido. Conheço tuas intenções... Sei bem o que pensas... Nada é coincidência... A anunciação se chegou mais perto... Está quase me sufocando... E só no que penso é no “tu”... É no incoerente, é na abjeção sacrossanta E vã e tardia. Intenções não bastam... Os olhares também já não... (Embora se possa viver deles) Podem estar se enganando... Ou pode ser que não. Este é o nosso momento. (E pode ser o momento derradeiro). A vida ou a morte, em nossa frente, nos espera. Então a decisão se faz necessária... E inalienável. E complexa em sua simplicidade. O que vamos escolher? (O mesmo céu, o mesmo luar?) Caminhos de pedra, caminhos do entardecer... Aqueles lá... Que bem conhecemos... Tão íntimos mais que nós mesmos. Amanhã? Amanhã pode ser tarde. Já está a espreita o executor... Implacável... Nem um pouco misericordioso. Mas o que te digo (escrevo) é vento... Leve e sem sentido (?)... Talvez já tenha passado por você e você nem o tenha percebido. E nunca mais ele voltará a soprar na mesma direção (estéril). Mutilando a si mesmo não o fará. Só as trevas me cercam... O medo. Mas... Ha-ha. Eu rio de tudo isso. Da anunciação, do prenúncio maldito Ou bendito. De tudo Isso.
(Tiago M. da Silva)
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