
Quinta
Data 15/07/2010 21:48:29 | Tópico: Poemas
| Acerca do tempo que não cabe nos relógios é que falo; da inquietação contida no alheamento itinerário dos dias; idéias que chegam e que passam, intactas, sem qualquer destinação. Tantos vícios por planejar, poemas por descrever, lágrimas por desvendar e hoje não é dia de nada. Suspiro. Na espiral de fumaça amplifico o céu - são silhuetas de anjos aflitos que me saem da boca como se o inferno estivesse dentro de mim. Agora vazio. Deste lado o meu corpo, do outro o resto; tudo que se vê realizável, tudo que se consuma num estalar de dedos, tudo a que não me liga o interesse. Todas as horas se sucedem igualmente pequenas; desbotando a epiderme do horizonte, imprimindo o ontem em todo perfume, silenciando o sol. Exausta de um livro, levanto-me de volta pra casa. A água do lago nada diz. Ondula-se, morna e triste, antecipando-se à pedra na minha memória.
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