
MOTO CONTÍNUO
Data 13/07/2010 15:30:41 | Tópico: Sonetos
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Aprendo a cada dia Buscando meus atalhos Coração em frangalhos Divina poesia Espero a fantasia Fadado aos tantos falhos Gritares dos retalhos Houvesse o que eu queria Iludo-me deveras Jogado nalgum canto Lutando eu me garanto Mergulho entre estas feras No fim nada me resta Ocaso, em fim de festa.
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Bebesse alguma luz Cerzida com carinho Depois de qualquer ninho Expresso o que conduz Fadando à mesma cruz Gestando o amargo vinho Hedônico; adivinho Idólatra eu me pus Jogado nalgum sonho Levado pela ausência Marcada impertinência Negando o que componho Ouvindo a voz do nada Perdido em leda estrada.
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Crivando a fantasia Destinos tão diversos Encontro nos meus versos Fé dita em poesia Gerânios; poderia Hortências onde imersos Incursos universos Jamais em noite fria, Lavrando com cuidado Mereço algum legado Não mesmo o que me deste Ouvindo o vento além Percalços; já contêm Querência mais agreste.
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Domínio da expressão Esgota por si quando Fagulhas me tocando Gerando uma explosão Horrível solução Incômodo reinando Jazigo se tornando Legado em salvação. Mesquinhos dias trago Navego em falso afago Oscilo entre o não ser Presumo um ermo apenas Querendo; me serenas Renegas: faz morrer.
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Esbarro nos meus erros Fragilizada vida Gritando a cada ermida Heréticos desterros, Inepto sonhador Justiça seja feita Levando ao que se deita Marcado espinho e dor, No quanto quis e pude Ouvir a voz do vento Perdido em vão fomento Quotas de sonho rude Restando no momento Sombras da juventude.
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Frenético lutar Gritando dentro da alma Havendo o que me acalma Invento algum lugar Jorrado em mim luar Levado palma a palma Mereço além do trauma Num duro navegar O quanto quis e nada Pudesse ser assim Quebrando o que sem fim, Resumo em vã lufada Somando o que não tenho, Tomando este ar ferrenho.
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Guardadas proporções Helênica batalha Infausto que se espalha Já nada recompões Livrando as direções Macabro tom se atalha No quanto digo em falha Ourives de ilusões Presumo onde não há Querendo aqui ou lá Restar em paz, enquanto Senzalas abandono Tranqüilo, tento o sono, Urdido em desencanto.
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Hoje ao me perceber Incorporando o sonho Jamais além proponho Levado ao desprazer, Mas quando a mais sofrer Num ar turvo e medonho Ouvindo o mar me ponho Perdido e sem saber Quanto me restaria Resumo em novo dia Somando ao que se fora Tentando uma canção Uníssona expressão Venal e sonhadora.
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Inapelavelmente Jazendo em algum canto Levado ao desencanto Marcado friamente No todo em que se mente O pouco que garanto Presumo a dor e o pranto Queimando plenamente. Restauro uma esperança Seleta enquanto avança Tentacular a dor, Um sol já tão distante Vestindo num instante Xales em turva cor.
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Jograis que a vida trama Logrando esta esperança Medonho mar avança Negando o sonho e a chama Ocasionando o drama Pressinto a fúria e a lança Querendo uma mudança Resvalo no que clama Servil, meu coração Terrível ilusão Um carma em voz dorida, Vacância presumida Xerez que me inebria Zarpando em noite fria.
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Zéfiros tão diversos Xavante porfiando Velórios, ar infando Unindo velhos versos, Tremulo entre universos Se às vezes entranhando Revejo o quanto e quando Quedasse em tais perversos Partícipe do sonho, Ouvindo o mar medonho Negando qualquer messe, Manada em explosão Levada ao rumo vão Jamais algo obedece...
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Aonde quis a paz E nada mais pudera Senão mesma pantera Temível ar audaz, E neste vão tenaz Já pouco inda se espera Do quanto destempera E vida enquanto traz No olhar mais dolorido A falta de sentido, O manto onde se cobre Vestindo hipocrisia O mundo não teria Um ar galante e nobre.
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Um ar galante e nobre É tudo o que talvez Pudesse a cada vez Aonde o não descobre Além do que o recobre E enfim tu já não vês Total insensatez Decerto enfim nos sobre. Levado pelo sonho Ouvindo a voz do vento Imenso sentimento Agora mais bisonho, No preço que se paga A sorte molda a adaga.
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A sorte molda a adaga E traz em traição O mesmo salto em vão E nisto aumenta a chaga, O risco nos alaga E nega a direção Meu passo desde então A vida não mais traga Arisco sonhador Imerso em farta cor, No fundo sem o brilho Do quanto quis estrela, Porém como contê-la? Dos versos, andarilho.
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Dos versos, andarilho Sem ter sequer descanso O quanto ainda avanço No fundo, nada trilho Somente assim polvilho A sorte em velho ranço E quando além me lanço, Apenas empecilho. Restando do que tanto Desejo e já garanto Não mais posso sentir O corte em tom profano E quanto mais me dano, Menor; vejo o porvir.
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Menor; vejo o porvir. Após a queda quando O mundo desabando E nele presumir O quanto do existir Aos poucos se negando, O corpo vai pesando, A morte é o que há por vir. No quanto em vão disfarce A vida já me esgarce E negue uma clemência, Do todo que pensara Ausência na seara A vida em vã demência.
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A vida em vã demência. O olhar procura alguém E nada nunca vem Somente a impertinência Da sorte esta ingerência Deveras traça aquém Moldando no desdém O quanto quis querência. O prazo se findando O tempo mais infando O caos matando o cais. E tanto quis apenas As sortes mais amenas, Ao longe; nunca mais.
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Ao longe; nunca mais Nem mesmo um passo em paz, Do quanto fui capaz E agora em vendavais A vida em desiguais Caminhos, mas tenaz Procura o que se traz Além destes punhais. Resumos de outros tantos E sei dos desencantos Porquanto imaginara A lua em resplendor Amor um desertor Ausente em tal seara.
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Ausente em tal seara O canto mais tranqüilo E quando em vão destilo A sorte não prepara Senão fortuna amara E nela já desfilo, Vazio; eu vejo o silo E nada se estocara, O estio dentro em mim, Decerto não tem fim, Também sem solução Meu canto se esvaíra Nos ermos da mentira, Antros da traição.
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Antros da traição Olhares noite afora, E a morte desancora E trama esta estação, Os dias não virão Tampouco qualquer hora E sei que sem demora, Apenas perdição. Escusas; já te peço, E quando além tropeço Meu rumo se destroça, Quem dera se esta lua, Gigante rara e nua Pudesse inda ser nossa.
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Pudesse inda ser nossa A noite que jamais Trouxesse em desiguais Desenhos onde apossa Do canto e gera a fossa Imersa em vendavais Ausentando do cais O quanto o sonho endossa. Não tive e nem teria Sequer a fantasia Que tanto alimentara, Vagando sem destino No quanto me alucino, A sorte; eu sei que é rara.
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A sorte; eu sei que é rara E quando se encontrar Pudesse este lugar Aonde se ancorara A lua em noite clara Por onde imaginar E tendo este vagar A vida se escancara; O corte em cicatriz Além do que mais quis E tento outro caminho Por onde a vida trace A mais que o velho impasse No sonho onde me aninho.
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No sonho onde me aninho A vida não pudera Cerzir além da espera O campo mais daninho, Restando tão sozinho Arcando com a fera No pranto a dor à vera O parto em medo e espinho. Aprendo com enganos E sei puídos panos À sombra do que tenho, E neste vão remendo O pouco quando entendo Gerando um torpe empenho.
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Gerando um torpe empenho Meu mundo não pudesse Traçar como benesse O quanto ainda tenho Do olhar se nele eu venho Vencer a dor e tece Somente a vã quermesse Em ar turvo e ferrenho. No prazo que me deste O sonho mais agreste O risco além do tudo, O manto na verdade O tempo já degrade, Porém não mais me iludo.
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Porém não mais me iludo Com falsas sintonias E sei quanto querias No canto quase mudo Vestir a paz, contudo São tais hipocrisias Nos medos, noutros dias À queda não acudo. Esqueço dos meus falhos Delírios em atalhos Nos quais pudesse ter A messe iridescente Diversa da que sente Quem tenta algum prazer.
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Quem tenta algum prazer E nada mais consigo Senão tal desabrigo E nele posso ver Resumos de um querer Demais arcaico e antigo, Revelo o que não digo E tento me esquecer. Tecesse além da queda A vida não mais seda Quem sabe do final, E o beijo traiçoeiro Retrata o jardineiro Marcando o meu quintal.
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Marcando o meu quintal Com tais daninhas ervas E quando além conservas Os dias, ritual No peso sempre igual, Sem esperanças servas No quanto não reservas O mundo é tão venal. Assumo engodos quando Percebo desabando O todo atrás de mim, Não pude nem sonhar, Quem dera cultivar Em paz o meu jardim.
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Em paz o meu jardim Deixando para trás O quanto fora audaz E agora vejo assim Distando do que vim E nada mais me traz Somente o mais fugaz Delírio em beijo e gim. O amor não mais pudera Cerzir além da espera E o canto não condiz Com quem sonhara além E o canto não contém De dores, cicatriz.
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De dores, cicatriz Apenas não carrego O mundo segue cego E nele por um triz Divido o que não quis, E quando além me entrego O pouco onde navego Não quero ou peço bis. O verso imerso em sonho E quando mais proponho Viola não se cansa, O rude desenhar Da noite sem luar Revive esta lembrança.
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Revive esta lembrança Do dia em que a morena Ao longe ainda acena Prometo uma mudança, Porém o sonho alcança E tudo se envenena Aonde quis serena A vida nunca é mansa. Acordes dissonantes E neles me adiantes O fim desta canção O barco adentra o mar Cansado de tentar Alguma atracação.
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Alguma atracação Pudesse nesta vida Quem busca uma saída E escuta sempre o não O tempo agora em vão A sorte em dor urdida Estrada tão comprida Cumprida em solidão. Chegando nalgum cais Quem sabe os temporais Ausentes deste olhar Cansado de batalhas Aonde a paz espalhas Talvez possa ancorar.
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Talvez possa ancorar No porto da saudade Aonde a vida agrade E eu possa mergulhar Sabendo do luar E nele esta verdade Viver felicidade E tanto me entregar Sem medo e sem estio Meu canto um desafio Nos fios da viola O amor se traduzindo Num dia claro e lindo Minha alma além decola.
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Minha alma além decola E sabe muito bem O amor quando ele vem Deveras nos assola, A sorte não imola O coração também Vivendo sem desdém O sonho entra de sola, E o riso se aproxima Mudando todo o clima Gerando a primavera, Depois do quanto pude Viver em tempo rude, Fortuna é o que se espera.
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Fortuna é o que se espera Cansado de sofrer Ausência de querer A vida sempre fera, O corte destempera O mundo passo a ver Nas ânsias do viver O todo degenera. Meu canto mais suave A vida não agrave E deixe que sorria Vencer a tempestade E ter o quanto agrade Vivendo dia a dia.
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Vivendo dia a dia Depois de tanta luta A vida sem permuta O sonho se recria E bebo esta alegria Na sorte mais astuta E quando não reluta Transcorre em harmonia. O canto sem fastio, O amor que desafio Afãs diversos têm, Mas quando solitário O passo é temerário Buscando um novo alguém.
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Buscando um novo alguém Depois que tu partiste A vida aqui tão triste Somente o medo contém O passo e nele tem Ausência e se consiste No pouco que resiste Da vida em tal desdém, Açoda-me saudade E tudo se degrade No fato dolorido Do tempo mais cruel O tempo rompe o véu E nega algum sentido.
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E nega algum sentido Quem tenta desvendar As ânsias de um amar No nada presumido O corte dolorido A faca a se afiar O gozo a destroçar O sonho mal erguido Nos transes e promessas Por onde tu tropeças E nada mais se vendo, Do canto sem respaldo, A vida que desfraldo Não passa de um remendo.
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Não passa de um remendo O mundo aonde outrora A sorte que se ancora Já não consigo, vendo E o pouco que desvendo Decerto me devora E o tempo sem ter hora Aos poucos vai morrendo. Arguto caminhante Sabendo a cada instante Do nada que inda resta, A morte após a queda Caminho ora se veda Sem ter sequer a fresta.
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Sem ter sequer a fresta Por onde poderia Haver a fantasia E nada mais se atesta O mundo me detesta E gera esta agonia Pura melancolia Aonde quis a festa, Restando dentro em mim O manto desbotado O tempo desolado A dor que não tem fim, Promessas de um futuro? Mas, nada eu asseguro.
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Mas, nada eu asseguro. E tento acreditar No quanto pude amar Em tempo amargo e duro, O quanto em vão procuro Cansado de lutar Tentando desvendar Além do vago e escuro Noctívago sonhara Com nova bela e rara Manhã em pleno sol, Mas quando mal notara A vida semeara Terrores no arrebol.
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Terrores no arrebol Depois de tanto crer Num claro amanhecer E ser o girassol, Ao menos o farol Pudesse conhecer E nele o bom prazer Amor agora em prol, Mas nada disto veio, Apenas o receio E nele me traduzo, O passo sigo aquém Do quanto ainda vem, Porém vago confuso.
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Porém vago confuso Em noite interminável O solo desejável Agora já nem uso, A vida dita abuso E o sonho não potável, O corpo que incansável Entrega-se ao desuso, E quando quis sorriso Apenas impreciso Esgar de quem não ama, O manto desvendando, O risco alimentado O sonho é mera chama.
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O sonho é mera chama E nada satisfaz Somente mais mordaz O tempo mata a trama O quanto em vão reclama E deixa para trás Realidade e faz Do encanto um mero drama, Vestindo esta promessa O nada recomeça E dita a realidade, Sonhar e ter apenas As horas tão pequenas, A dor já nos degrade.
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A dor já nos degrade E mate o que pudesse Ainda em farsa e prece Cevando tal saudade E nela a realidade Deveras já tropece E o quanto se obedece No fundo gera a grade O marco mais atroz E nele somos nós Somente e nada mais, Do medo de seguir A fúria sem porvir Momentos ancestrais.
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Momentos ancestrais Traçando o quanto eu quis E sei ser infeliz Ausentes os cristais Resumo em vendavais O mundo, este aprendiz E nego o quanto eu fiz, Pudesse muito mais. O carma que carrego O passo em rumo cego O vandalismo e a dor, O canto em desvario O medo ora desfio, Teimando em dissabor.
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Teimando em dissabor Não pude mais sentir Sequer o que há de vir Em farto desamor, Restando além da dor O canto a presumir A morte e nela ouvir O mesmo e vão rancor. Pudera apascentar E mesmo desenhar Um novo amanhecer, Mas quando em discordância A vida em discrepância Só dita o desprazer.
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Só dita o desprazer Quem tenta acreditar Nos ermos do luar E nada pode ver, Senão tanto querer Distando a divagar, Morrendo sem lugar Onde pudesse crer. Cerzindo este vazio E nele o ledo rio Ausente desta foz, O canto sem promessa A vida já tropeça No sonho, duro algoz.
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No sonho, duro algoz, Disperso caminheiro E sei deste espinheiro Reavivado em nós, O manto mais atroz O canto em corriqueiro Delírio é mensageiro Da fonte e marca a foz Em poluídas águas Assim além deságuas Os medos que alimentas, Os tantos dissabores E neles perdes cores, Aumentas as tormentas.
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Aumentas as tormentas Enquanto dizes não Ao quanto o coração Em correção sangrentas E tanto dessedentas Vontades de emoção E nesta noite vão Paixões mais virulentas Resumos de outras tantas E nelas tu garantas Apenas os vazios Resumos de outros dias Por onde poderias Singrar meus velhos rios.
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Singrar meus velhos rios E crer no quanto pude Embora mesmo rude Em ares tão sombrios Olhando os desafios O passo não se ilude E quando em atitude Ocasos entre os fios Alheio ao que inda possa Ou mesmo sendo a fossa Meu ermo mais constante, No todo que pudera Sentir a dura fera Por onde se agigante.
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Por onde se agigante Meu ermo costumeiro E quando além esgueiro E tento radiante Caminho a cada instante Sabendo o derradeiro E nele garimpeiro Não vendo o diamante Cerzido e lapidado Nos ermos do passado Porquanto fora assim A vida sem tropeço Aonde me endereço E volto ao mesmo fim.
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E volto ao mesmo fim Deveras onde outrora A sede desancora E trama outro carmim, No vândalo que há em mim, O manto desarvora E beijo sem ter hora O corte e tento assim Sagrar cada palavra Na qual a vida lavra E trama transparência A larva que tentara Crisálida seara Morrendo em penitência.
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Morrendo em penitência Depois de presumir A vida no elixir E mera coincidência O ranço a imprevidência O tanto que ao sentir Não pude prevenir Na queda em eloqüência, Assim cada momento Trazendo o que alimento Na paz mais dolorida, Assumo cada engano E aos poucos eu me dano Perdendo a minha vida.
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Perdendo a minha vida No quanto imaginava A sorte menos brava A vida em despedida, A sorte sendo urdida E nela se espelhava A morte onde se lava E cura esta ferida Há tanto em tal cansaço Porquanto ainda traço Meu verso impunemente O marco destruído No canto em que envolvido O encanto se desmente.
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O encanto se desmente Na paz que não redime E sei do mais sublime Delírio onde um demente Pudesse mais freqüente Sentir este ar que estime E nunca mais se prime A voz incontinente. Ourives do sombrio Nefasto desafio Por onde tento além Do nada que recebo O amor mero placebo Nas ânsias do desdém.
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Nas ânsias do desdém Os erros corriqueiros E além dos espinheiros A vida me provém Do medo e quando vem Meus olhos derradeiros Vivendo em vãos ligeiros Nas tramas do que tem O canto mais agudo E sei quanto me iludo, Mas não me canso e tento Vencer embora saiba Do quanto não mais caiba Senão meu sofrimento.
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Senão meu sofrimento O quanto poderia Se nada em alegria Ainda diz provento No vago me alimento E sei da noite fria E nela se ergueria Este atroz monumento Expresso em verso e medo Enquanto em vão procedo Vestindo esta quimera, Que tanto quis e nada Somente a sonegada E morta primavera.
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E morta primavera Já não resumo em sonho O quanto me componho Aquém do que me espera, A morte degenera O passo em tom medonho E o risco onde eu proponho Meu rumo destempera, A sórdida presença De quem não me convença E traz além do mar Apenas o vazio E neste desafio Quem dera enfim amar.
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Quem dera enfim amar Depois de tantos ledos Caminhos em segredos No canto a desenhar A sorte a divagar Desvenda em vãos enredos Os dias e os degredos Cansado de lutar, Luar distante e agora O manto não decora A pele tatuada No medo e deste nada O risco mais audaz, Já nada enfim apraz.
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Já nada enfim apraz Quem tanto quis um dia Viver em alegria E a vida mata a paz Deixando para trás O quanto quis e urgia, Porém melancolia É tudo o quanto traz A marca da ilusão E nela se verão Somente os dias vagos, Resvalo no meu passo Tropeço quando o traço Secando rios, lagos.
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Secando rios, lagos, Nascentes dolorosas E sem saber das rosas Os mortos sonhos, bagos, Os olhos sem afagos As sortes desejosas Em noites olorosas Apenas sonhos magos. Acasos entre os ermos, Os dias ditam termos E matam esperança. O manto já puído, O canto destruído A vida não alcança.
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A vida não alcança Senão o que vê nisto E quando já desisto Apenas sinto a lança E nela a dor avança Matando o quanto insisto E sinto e até resisto Tentando e não descansa, A sorte se traduz Na falta desta luz Que possa me guiar, Fazendo do meu verso Um canto e se disperso Jamais posso luar.
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Jamais posso luar E sei do reticente Caminho que apresente As tramas de um lutar Deveras caminhar E nisto a dor se sente No corte impertinente Cansado de sonhar, Já não consigo o cais E sei que nunca mais Eu posso ter a paz Que tanto desejei E morta a sorte e a grei, O dia não se faz.
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O dia não se faz Depois da madrugada Deveras tão nublada Em tempo mais mordaz, Crepuscular e audaz O passo rumo ao nada Alçando outra calçada Descalça a mera paz, E risco desta agenda O nome que se entenda Marcando em tez sombria. O vândalo destroça O quanto fora nossa A vida e não seria.
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A vida e não seria Somente assim em nós O canto perde a voz Atroz desarmonia, O peso onde pendia O corte mais atroz, O risco rompe os nós E nada mais se via Senão este medonho Delírio onde proponho Apenas outro passo, Depois de tanto tempo, Imerso em contratempo O meu olhar; desfaço.
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O meu olhar; desfaço Em meio à treva imensa E quando não compensa Sequer o mero espaço O dia noutro traço Tentando o que se pensa E gera a dor intensa No quanto me embaraço, Restando quase nada Da sorte desenhada Nas tramas de um vazio, O manto lacerado O olhar já desolado Canteiro em pleno estio.
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Canteiro em pleno estio Escusa ceva dita A sorte necessita De um tempo menos frio, Mas quando desafio E sinto esta infinita Vontade que inda grita E mata fio a fio, O riso de ironia, A paz já não teria Sequer outro caminho, Vagando sem descanso, A morte quando alcanço Um sonho mais mesquinho.
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Um sonho mais mesquinho Resume a minha vida, E nesta sem saída, Espero um novo ninho. Mas sei que tão sozinho, À parte, desvalida A sorte merecida Esbarra em cada espinho, Das urzes costumeiras Palavras onde inteiras Delírios mais audazes, No fundo nada tenho, Apenas o desenho Atroz que tu me trazes.
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Atroz que tu me trazes Caminho rumo ao farto, E nada mais descarto Sequer as várias fases Em dias mais tenazes, A lua nega o quarto Aborta em mim o parto E sei dos mais audazes Delírios de um poeta Aonde se repleta A sorte em tom mais gris, Vagando pela ausência Sem ter qualquer clemência Alheio ao que mais quis.
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Alheio ao que mais quis Durante a vida, agora O todo desarvora E gera este infeliz Desenho em tosco giz E quando me devora A sorte não ancora E deixa por um triz O cais ausente quando O dia transbordando Em dor e solidão, Alçando o duro inverno, Aquém do quando interno Em mim qualquer verão.
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Em mim qualquer verão Já não me bastaria A noite sendo fria Caminhos não virão E sei que desde então A sorte em heresia Tampouco poderia Saber desta lição O mundo não se faz Nos ermos desta paz Nem mesmo traça um rumo Diverso norte tem Quem gosta de outro alguém Ao fim já não me aprumo.
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Ao fim já não me aprumo E mesmo que tentasse Moldar em nova face O quanto tento o sumo Do amor onde consumo O passo a cada impasse E nada além se grasse Do todo onde me esfumo, Sedento caminhante Que sabe doravante O peso da existência, Não quero penitência Nem mesmo falsa luz À qual tanto me opus.
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À qual tanto me opus Gerando esta mentira Que quando me retira Do foco feito em cruz, Gestara e contrapus O todo onde retira O gosto perde a mira E o fato não seduz, Restando muito aquém Do amor quando convém E gera outro caminho, Quem fora mais audaz, Agora já não traz Senão sonho mesquinho.
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Senão sonho mesquinho Do pouco que me deste, O tempo o medo e a peste, A pedra, a dor e o espinho, No quando me avizinho Do tanto e se vieste No nada se reveste Ausência de carinho. Pecado é não amar E ter noutro luar A redenção do sonho, Meu verso te procura Em noite mesmo escura, Mas nada além componho.
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Mas nada além componho Senão esta mesmice Aonde contradisse O passo mais bisonho, E quando além me enfronho Percebo esta tolice No amor que não pedisse Senão risco medonho, Acordo e quando vejo Aquém do meu desejo O manto já puído, A noite em desatino, Apenas determino, Em mim torpe ruído.
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Em mim torpe ruído Invés da sinfonia Aonde mais queria O passo já perdido, O rumo distraído Nos ermos de outro dia Total melancolia O corte dolorido, Meu canto em precipício A vida desde o início Já fora desta forma, O risco de sonhar, O canto sem lugar A vida nos deforma.
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A vida nos deforma E traz sem rumo ou nexo O olhar onde complexo O mundo dita a norma E quando já se informa Do corpo sem reflexo Do sonho, mero anexo Do medo que transforma, A noite já se entorna E sinto quanto é morna A face mais sutil Do amor que eu tanto quis E agora por um triz Jamais alguém reviu.
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Jamais alguém reviu Tratados convergentes E neles tu te ausentes Do quanto mais é vil, O passo se sentiu Por tempos penitentes E quando em inclementes Delírios nada viu, Marcando com cinzéis Os dias mais cruéis Alabastrino sonho, O riso após a queda A sorte se envereda Em rumo mais medonho.
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Em rumo mais medonho Moto continuado Depois do meu passado O nada recomponho, Galgando este bisonho Caminho desolado Deixando por legado O fardo que proponho, Cerzindo do vazio Apenas este estio Ausência de colheita, O amor não mais seria Sequer a fantasia Aonde em vão se deita.
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Aonde em vão se deita O riso o medo e a prece O nada mais se esquece Além do quanto aceita Uma alma insatisfeita Não tendo este benesse Somente estabelece Enquanto se deleita, Depois já tão cansada Buscando noutra alçada A paz que me redime, O amor não pode ser Nem mesmo merecer A solidão; vão crime.
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A solidão; vão crime Desnuda a realidade Aonde já degrade O quanto mais estime, O mundo onde sublime Queria a liberdade E o sonho em claridade, Deveras já substime O passo mais atroz E sei do quanto em nós Pudesse ser assim, Mas quando tu te vais E nada dita o cais, Apenas vejo o fim.
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Apenas vejo o fim Aonde quis começo A vida tem seu preço E nela dita assim Porquanto ao nada vim E tanto até me esqueço Do amor qual adereço Dos medos, o estopim. Galgar felicidade E ter a liberdade De crer em novo dia, O manto se destroça Gerando o medo e a fossa Aonde o sonho havia.
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Aonde o sonho havia Somente existe o nada, A sorte desejada Agora é mais sombria, O corte não veria Sequer esta florada, Porém quando podada A vida renascia E vendo noutro rumo O passo aonde esfumo E tento acreditar Semente em duro solo, Deveras se me assolo Encontro este luar.
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Encontro este luar Nas fráguas que poéticas E mesmo sendo heréticas As posso caminhar Desejo desvendar Além das mais ecléticas Vontades quase herméticas Traçando um novo mar, Perpetuando o sonho Que agora te proponho E sei quando tu queres, Os dias mais felizes, E neles não desdizes, A mais do que inda esperes.
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A mais do que inda esperes Talvez ainda tenhas, Se sabes logo as senhas E nelas destemperes Tu és entre as mulheres A que sempre desdenhas As messes negas lenhas Enquanto fráguas queres, Não pude e nem queria Saber da fantasia Porquanto sou assim, Apenas sonhador E canto o novo amor Enquanto não tem fim...
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Enquanto não tem fim O amor que tanto quis Dos sonhos aprendiz Procuro ter em mim, Ou tanto sendo assim Disperso, mas feliz, Até num céu mais gris Azulejando enfim. Café de manhã cedo, A broa, o pão e o sonho Aonde recomponho O mundo onde concedo Em poesia e paz O vento agora traz...
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O vento agora traz A voz de quem outrora Partira e desde agora De novo e deixa atrás O sonho mais audaz Que ainda me devora, Também tanto apavora E sabe enfim me apraz, O todo se perdendo A vida num remendo Retalhos ajuntando E o corte mais profundo No sonho onde me inundo Sem ter sequer nem quando.
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Sem ter sequer nem quando O tempo não perdoa Uma alma segue à toa E aos poucos derramando, O quanto imaginando Apenas mal revoa E o canto inda ressoa No peito decorando Medalha da esperança Que tanto ao nada lança E trama este buquê Aonde o meu caminho Por vezes tão daninho, Agora em luz se vê.
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Agora em luz se vê As sombras do apogeu Aonde se perdeu O amor e sem por que, A gente não mais crê No tanto que foi meu E agora se escondeu Num mundo e se revê Pedaços do que um dia Pudesse em alegria E nada mais se fez, O tanto já sabido Agora diz olvido E tola insensatez.
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E tola insensatez Ditando o quanto pude E mesmo sendo rude O mundo onde não vês Sequer esta altivez Já morta a juventude O sonho não ilude E nele não mais crês, Cenário discordante Aonde doravante Somente o nada dita, E assim onde pudesse Quem sabe ter benesse A dor reina infinita.
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A dor reina infinita E toma a poesia Aonde o bem queria E a sorte necessita Jamais outra desdita Em dor ou agonia, Meu passo então traria Além do que acredita, Resumo em dor e pranto O quanto quero e espanto O medo com sorrisos, Os dias mais audazes, E neles tu me trazes Os passos mais precisos.
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Os passos mais precisos Procuram solução E nada desde então Senão tais prejuízos Em desiguais juízos Os ritos não verão Sequer a dimensão Dos erros entre os sisos, Capazes de sanar Ou mesmo de enganar Quem tanto quis remédio, O amor quando não vem E dita o seu desdém Morrendo em dor e tédio.
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Morrendo em dor e tédio O quanto quis em paz, O dia mais falaz A morte em raro assédio, Derruba qualquer prédio E traz o olhar mordaz, E nele o que se faz Jamais dita o remédio. Não pude e não pudera Conter enfim a fera Que vira numa espreita, O bote sendo certo, Caminho em paz deserto E a morte aqui se deita.
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E a morte aqui se deita Enquanto busco alento E quando além eu tento A vida não aceita Assim insatisfeita A sorte nega o vento E mata algum provento Aborta esta colheita, E o passo rumo ao vago Aonde o sonho trago Desfaz esta ilusão, Meu canto sem sentido O mundo resumido Em medo e negação.
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Em medo e negação Não pude e sigo alheio Aonde inda rodeio As tramas, viração, Ao menos não terão Olhares com receio Perdendo agora o veio Por onde a direção Cerzida no passado Renega o meu futuro, O passo sempre duro, Olhar alienado, O tempo se esgotara Marcando esta seara.
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Marcando esta seara Com toda indiferença Amor já não convença Quem tanto semeara, Colheita não prepara E tendo a desavença A morte então compensa Quem nunca busca a clara Manhã de uma esperança E ao nada ora se lança Semente nega a messe, Enquanto se desdisse Amor, mera tolice, Jamais algo obedece.
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Jamais algo obedece Quem tanto quis além Do pouco que contém Senão resumo em prece O todo que parece E nele este desdém Dos sonhos, quando vem A noite se escurece, O prazo determina A sorte cristalina Agora não mais vejo, E tendo esta incerteza Dos medos, mera presa, Aquém de algum ensejo.
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Aquém de algum ensejo No qual eu possa ver O sol enaltecer O amor que ora prevejo Nas ânsias do azulejo O sonho perceber E nele poder crer, É tudo o que eu almejo, Risonho caminhante Eu sei que doravante A vida não seria Da forma que pensava, Minha alma sendo escrava Procura uma alforria.
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Procura uma alforria Quem tanto quis no olhar Apenas desenhar A sorte de outro dia, E tanto poderia Deveras caminhar Em luz rara e solar, Mas tanto escurecia O mundo e nada tendo Somente um mero adendo Dos sonhos tão somente, O quanto mais eu quero, O olhar dorido e fero Negando quem fomente.
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Negando quem fomente Num mote que não pára A vida se escancara E deixa mais ausente O medo onde freqüente E alheie tal seara A noite não declara O amor impertinente, Marcando com terror As tramas deste andor Calores; já não vejo Apenas sei que o canto, Sem ter sobejo manto, Destroça algum desejo.
MARCOS LOURES FILHO
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