
Infortúnio
Data 07/07/2010 22:53:37 | Tópico: Poemas
| Infortúnio
A tarde infinita deu adeus Deixando meus pés doídos e inchados Não sinto cansaço nem fome, na verdade não sinto nada Nada que valha apena, nada além dessa febre Que me queima o juízo com lembranças distorcidas São duas bolas negras e iluminadas São idéias antes impregnadas e agora vagas Uma fumaça que insiste em nublar Uma garrafa de vinho pela metade Uma gilete em cima do prato empoeirado São diabos me zunindo aos ouvidos Me fazendo perceber que nada que eu quis eu sou E perfuram o meu peito com seus dedos afiados Os mesmos que apontam minhas mazelas e culpas Já não importa se as crianças estão brigando Ou se a música está muito alta, ou se o cachorro sujou tudo Já não importa se o que dizem é verdade Ou se é uma mentira deslavada, ou se todos se calaram Até as palavras fogem de minhas mãos trêmulas Escondendo assim, o incorreto e o indecente E todos os fantasmas, dessa forma, presos Assombram sem piedade minha sucumbida mente O tremer das carnes embaralham tua imagem entre sorrisos e lágrimas E o medo entrelaça suas mãos em meu pescoço Como se viesse o último suspiro, mas não existe passagem Só uma alma decepcionada e presa Deus, santos, orixás, oxalás Todos ilusionistas com crédito na praça
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