
E dia após dia ela madruga...
Data 04/08/2007 17:07:34 | Tópico: Poemas -> Sociais
| E dia após dia ela madruga…
Arranja-se à pressa, O leite para ferver, O café para fazer O almoço para acabar As lancheiras para aviar Os miúdos para acordar As roupas e o leite para lhes enfiar Os quartos para arrumar.
O marido acaba de se levantar O café para lhe dar Ele nunca mais acaba de se barbear Ainda se vão atrasar Os autocarros não sabem esperar Ele não os vai levar Não tem tempo para caminho desviar Mas ela também ganhou para o carro comprar.
Finalmente tudo pronto para zarpar Nem sequer os beijos rápidos já há tempo para dar O mais novo ao colo o outro pela mão a andar As lancheiras a segurar os autocarros para apanhar No infantário um para largar, Na escola o outro para deixar A horas ao emprego consegue chegar.
O telefone a tocar O chefe a chatear A colega a coscuvilhar O trabalho a acumular O dia parece não acabar As forças não podem faltar Ela lá continua a lutar Até chegar a hora de findar.
Corre para o infantário que está a fechar Agarra no pequeno e corre para a escola fechada onde o miúdo está a chorar Pega-o pela mão para o arrastar que o autocarro está a chegar Chegam a casa quase a desmaiar O banho aos miúdos para dar O jantar para preparar A casa para limpar A roupa para passar Os miúdos ainda querem brincar Ele sem chegar
Tudo pronto para jantar Nem um minuto conseguiu parar Ele já está a chegar Correm os miúdos para o abraçar Esquece-se de a beijar Senta-se à mesa a jantar Os miúdos tem que se lhe dar Ela janta com a comida a enregelar Já ele acabou de se levantar Já a televisão foi ligar E a cozinha para arrumar E os miúdos para deitar E a roupa para lavar E a fadiga a atrofiar Cai no sofá sem falar Vai para a cama a cambalear Ainda mais coisas para arrumar As roupas de amanhã a preparar Cai na cama a estoirar. Ele, para a televisão fica a olhar Adormece sozinha sem sonhar Amanhã tem um novo madrugar…
Eu cansei-me só de imaginar!!!
Mães, mulheres, esposas, trabalhadoras (in)felizes Que não sabem dizer não à escravatura submissa do lar.
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