
40 mil sonetos, com a graça do Senhor
Data 04/07/2010 20:34:08 | Tópico: Sonetos
| 001
A manhã me trazendo Olhar onde pudesse Acreditar na prece Aonde em dividendo O mundo transcendendo Ao quanto se obedece Enquanto além se tece O quadro sem remendo Do mundo mais suave Aonde sendo uma ave Liberto coração Galgando espaços sigo E tendo em ti o abrigo Caminho e direção.
002
E seus raios solares Dourando este caminho Aonde mais mesquinho Pudesse em vãos altares E neles onde estares Vencer qualquer espinho Um mundo mais daninho Ou tantos maltratares, Vagando pelo quanto O tempo ora garanto Vencendo os meus temores, Restando dentro em mim O mar que não tem fim, Em raros bons albores.
003
Da abelha fecundando A plena primavera Aonde nada espera Senão tal vento brando, Mas quando em mim nublando Além do quanto gera A vida sempre fera O mundo mais infando, O pranto o medo o vento E nisto ainda tento Cerzir novo caminho, Mas quando me percebo Apenas eu recebo A dor, a pedra e o espinho.
004
Na eterna primavera Aonde quis um dia A mansa melodia E nada mais tempera A sorte, o corte a fera O peso mostraria O canto em agonia E a vida desespera Ausente da esperança O corte já me alcança E poda qualquer luz, O risco ora se espalha Sou campo de batalha E feito em morte e pus.
005
A manhã, companheira Dos sonhos mais audazes E nele não me trazes Senão velha ladeira Aonde a derradeira Loucura em tais mordazes Caminhos vãos tenazes Estendes a bandeira, Restando muito pouco E quando quase louco Ainda tento a sorte, Sem nada à minha frente Apenas me contente Saber da minha morte.
006
Refaz a nossa vida A queda ou mesmo o medo, E quando assim procedo No quanto não duvida Ou mesmo agora acida O risco, o tempo ledo, Não tendo outro segredo Não vejo mais saída, Tristeza diz da sorte E quando não comporte O tempo nega a luz, O vasto caminhar Agora sem lugar O fim já reproduz.
007
Para os noturnos medos Os olhos são vazios E os tantos desafios Agora em ritos ledos, Ourives da ilusão Poeta poderia Gerar um novo dia, Mas morto desde então Suplica pela paz E nada mais se vendo Apenas o remendo Dorido e tão mordaz Restando o que inda vejo Aquém do meu desejo.
008
Abrindo a porta, fecha A sorte a quem se dera Na fúria de uma espera A dor é como flecha, O risco em tênue mecha A volta não tempera E mata a primavera Aonde a sorte flecha E rasga esta promessa O nada recomeça Emana insensatez O verso sem mais nexo O rito mais complexo O todo se desfez.
009
Há tanta coisa mais Do que mero sonhar E busco noutro mar Quem sabe novo cais, Enfrento os desiguais Caminhos, navegar Vencido e sem singrar Os tempos vendavais, Restando esta ilusão E nela a direção Timão não conhecia, Naufrágio sem defesas Seguindo as correntezas A noite é sempre fria.
010
Que acompanha os solares Anseios de quem sabe O quanto não lhe cabe Sequer parcos lugares E tanto relutares E nisto já desabe O medo que se gabe Ou tanto engalanares Com falsas pedrarias E nelas não terias As messes mais queridas, Restando em poesias As horas mais vazias Assim também as vidas.
011
As libélulas, sonhos De livre caminhar Sem termo nem lugar Sem sóis ou enfadonhos Delírios tão medonhos Nem mesmo onde aportar Apenas revoar Em céus turvos, risonhos, Arisca tarde aonde O tanto já se esconde Responde a tal promessa Aonde o vento leva A vida não longeva Sem medo se professa.
012
Nossa vida passando Sem tempo para nada Sem medo ou alvorada Ou chuva desabando, O coração em bando A porta dita estrada A vaga e tola estada O manso se nublando O corte o canto o peso, Aonde fora ileso Agora em cicatriz, Detesto o que detenha Ainda busco a lenha Que a messe me desdiz.
013
Tristeza anestesia O parto sonegado A linha outro traçado A morte noutro dia, Cultura ou mais sangria Versando no passado O verso desenhado No pranto ou na agonia, Mudando vez em quando O prego penetrando A morte não traduz O peso do sonhar A falta de lugar Ausência desta luz.
014
A manhã vem trazendo A sorte mais mesquinha E nela se adivinha O corte sem remendo, O beijo num adendo O parto se avizinha Da vida outrora minha Agora em vão perdendo; Medonha face exposta Aonde quis resposta Proposta não sabia Sequer algum mistério E vago sem critério Bebendo a sacristia.
015
Dançando nas esferas Vagando em contraluz Aonde nada pus Tampouco ainda esperas E quando degeneras O passo ou reproduz O tempo gesta a luz Ou mesmo destemperas. Sidérea profusão Em astros divergentes Porquanto ainda tentes Diversa dimensão O farto o fado o sonho E tudo eu decomponho.
016
As nuas melodias Postergam a verdade E quanto mais degrade Em turvas heresias, O quanto tu querias A morte ora me invade E gera a tempestade E nela as agonias Os dias guerrilheiros Os olhos espinheiros Campônio coração Lavrando em verso apenas O quanto ainda acenas Em dias de verão.
017
Que fazem do horizonte Apenas este espanto Aonde nada canto Nem mesmo já desponte O dia aonde aponte O rumo onde garanto E mesmo me adianto Mudando a velha fonte, Pedindo em vã promessa O todo se confessa Fortunas entre sonhos, Os riscos arco além E sei do quanto me contém Em ares mais medonhos.
018
E em plenas alegrias Os medos não puderam Vencer e desesperam Matando o que querias Em idiossincrasias As sortes destemperam E nada mais se geram Aonde não havias, A sorte se trucido O tempo resolvido O manto renegado, Apenas não sou gado E nisto esta colheita A vida nunca aceita.
019
As Ruas e destinos Os medos balas, trevas Aonde tu me levas Ausentes rumos tinos, E sei destes meninos Em turvas vagas levas E quando a morte cevas Assim são cristalinos Os ermos mais servis E neles nunca quis Sequer a mera sombra, Verdade se prefira, Mas bebo esta mentira Enquanto a vida assombra.
020
Realejos dos tempos Aonde nada resta O beijo não empresta Sequer os contratempos
E digo aos quatro ventos Quem possa persistir Depois do meu porvir Olhares mais atentos
Resumo em verso e canto O todo que podia A noite segue fria E nela me garanto
À bala num fiasco, O tempo em mero frasco.
021
Quem me dera se O tanto prometido Pudesse sem sentido O quanto não se vê Ainda sem por que O corte presumido O dia resumido No quadro e nada crê No forte bala ou mesmo No quanto me ensimesmo Buscando solução E teimo mesmo a sina Ainda que assassina Em noites de verão.
022
Realizassem por Canto ou tanto faz O medo mais audaz O farto desamor E nisto recompor O corte outro voraz Anseio ou mais tenaz Delírio onde propor O vento noutra cena A morte não apena Somente quem temia Eras diversas trago E bebo deste afago Matando qualquer dia.
023
Mas, nada , estou assim Ao menos no piano Olhando o desengano Que existe dentro em mim, Tocando o quase fim E nele se me dano O corte dita o pano E vejo outro jardim Aonde nada houvera Sequer a primavera E tudo se perdeu, O pouco que me resta A liberdade gesta O mundo em medo e breu.
024
Sabendo que virás Após estes mesquinhos Delírios mais daninhos Ausentes rumo e paz, O tanto mais mordaz O corte diz espinhos Os versos velhos ninhos O peso mais audaz, E nada além da queda Aonde o passo veda E a morte se garante Mudando a cada instante O rumo da promessa E nada mais confessa.
025
O brilho dessa vida, Ausente plenamente No quanto se apresente E nada mais duvida A estrada dividida O corte se pressente E nele a vida mente Ou tanto já perdida A liberdade enquanto Ainda tento e canto Resumo em verso e nada A morte anunciada E nela não me espanto Apenas me adianto.
026
depois de tanto tempo, durante a vida vaga a sorte não afaga e trama em contratempo o quanto pude além e nada se repete enquanto não reflete o passo nunca vem, e a morte outra promessa ainda não me nega o quanto fora cega a velha e vã remessa, ferido e sem defesa entregue, mera presa.
027
Revivendo invadindo O tanto não pude Senão mera atitude Aonde não deslindo Sequer o que inda brindo E mesmo que isto mude Atroz a juventude E nela distraindo O passo rumo ao quanto Pudesse sem entanto Saber de outro momento Cantando inutilmente Ainda que me invente Apenas me atormento.
028
Trazendo, ao fim da história O medo se seguir O nada presumir Senão esta vanglória E nela sem memória O tempo que há de vir Presume sem sentir A farsa da vitória Negando o passo aonde O todo já se esconde E muda a cada ausência E nisto a realidade Traduz outra verdade E nela a morte, essência...
029
AH! COMO EU PODERIA Vencer os meus temores Aonde além tu fores Seguindo cada dia E nele esta alegria Ditando novas cores Gerando belas flores Em cantos de alegria A sorte, o corte o medo Além deste arremedo E nada mais senão A paz dentro de mim A vida em teu jardim Terras da promissão...
030
DA SENSAÇÃO CRUEL Ausente se medito E quando ao infinito Vagando imenso céu, Resumo mesmo ao léu O canto assim bendito E tanto necessito O passo em risco e véu, Ausento do vazio E tento em desafio Vencer os meus anseios, Incensos dentro da alma A lua que me acalma Transcende aos próprios veios.
031
DIZER-TE QUE, SEM TI Já nada mais faria Senão a fantasia E nela me embebi O tanto que senti Ou mesmo poderia Viver em alegria Além ou mesmo aqui, Restando deste pouco O quanto me treslouco Ou tento a sorte e o carma, Meu canto em paz agora A vida quando aflora O coração desarma.
032
VOU PROCURAR-TE EM TODA Certeza em voz suave E quando a dor agrave O tempo não açoda E gera sem a poda Ainda a velha trave, A liberdade uma ave O medo gira e roda, E o corte se profana A face soberana Do manto que se faz E nele tanto audaz O canto mais tenaz Jamais à vida engana.
033
JAMAIS EU SABERIA Vencer o meu temor Não fosse recompor Assim a melodia E nela a sintonia Ou canto em dissabor O corte o medo e a dor O manto cobriria Com tanta luz em nós E mesmo o mais atroz Deveras gesta a luz E tanto quanto pude Ou mesmo em atitude O nada me conduz.
034
INFORMAR A ESSE LOUCO Caminho aonde quis Decerto ser feliz E sei o quanto é pouco O risco de sonhar E ter noutro delírio Aquém deste martírio Imenso e claro mar, Pudesse ainda ver O todo aonde imerso Percorro e me disperso Em ritos de prazer, Vagando em paz agora O todo já se aflora.
035
EM QUE CANTO, EM QUE RUA Apenas pude ter Olhando o meu querer Que além tanto flutua Ou nada ainda atua E gera o não saber Mergulho no teu ser E bebo a face nua Por ela consagrando O dia bem mais brando Aonde se transcende Ao quanto se desvende Em toda maravilha Amor paz se polvilha.
036
EM QUE MUNDO ELE SOUBE O quanto nada havia Senão a fantasia E nela nada coube Resolvo a cada passo O tanto quanto pude Ainda esta atitude Aonde o nada traço E bebo em vinho e paz O manto mais suave E nisto nada entrave O passo mais audaz, Gerando a sorte aonde O mundo já responde.
037
AGORA QUE AS PALAVRAS São meras luminárias E mesmo tais corsárias Não negam nossas lavras Eu quero e tenho em mim O todo que se trama Cevando medo e drama Ou mesmo outro jardim, Pudesse acreditar No passo aonde um dia O tempo poderia Ainda navegar Gerando a sorte e a messe Aonde a luz se tece.
038
AGORA QUE MEU MUNDO Não traz outro caminho Senão velhusco vinho E nele já me inundo O tanto que aprofundo O corte me adivinho E tento ser vizinho Do gozo mais profundo, Vagando sem destino Ainda me fascino Tentando novo brilho O risco de sonhar O medo de tocar O mesmo velho trilho.
039
QUANTO MAIS ME APROXIMO, Do todo que pudera Gerar a primavera E vejo apenas limo, O corte não estimo E nego quem tempera Ainda esta tapera E nela me redimo Do gozo mais audaz Da ausência aonde traz O tempo em solidão, O risco o gozo e o corte A sorte não comporte Senão mesmo verão.
040
Mas sinto a angústias mais Audaz quando se quer O toque da mulher E nada dos cristais Gerando sem jamais Saber o que vier Ou mesmo se pude Ainda em temporais. Resumo o meu destino Aonde me fascino E beijo o vendaval A vida não mergulha Senão mera fagulha Do mundo atemporal.
041
SE, QUANTO MAIS DE DOR, O manto não trouxesse Ainda a mansa prece Ou canto alentador Vagando como for E nisto se obedece O passo que merece E gera nova flor, O vento o risco e o riso O passo ao paraíso O manto não recobre O prazo que se dá E sinto desde já O coração mais nobre.
042
SUPLICO, POR FAVOR, Se ainda vejo a luz E nela se produz O manto em medo e dor, O corte o dissabor O risco em contraluz O tanto aonde pus O medo ou desamor, Não temo o que virá E sinto desde já A queda anunciada Trazendo para mim O quanto ora sem fim Pensara a velha estrada.
43
Bela estrela acendendo Um raio divinal Permite sem igual Um caminho estupendo O quanto me envolvendo Num rito magistral Vagando pelo astral Recebo este estupendo Delírio aonde eu tento Vencer imenso vento E sigo sem temores Além do quanto pude No máximo a amplitude Risonha dos amores.
44
Em brisas, maciez, O tanto quanto além Do todo onde contém Amor quando se fez E nesta insensatez O gesto sem desdém O ritmo que convém E nele sem talvez Singrando o céu imenso E quando em ti eu penso Encontro especular Caminho majestoso Em rito pleno e gozo Por onde navegar.
45
De tudo que sonhei Durante a vida inteira Agora a verdadeira Imagem desvendei E sei da bela grei Por onde a derradeira Manhã é mensageira Do quanto me entreguei, E tento novo alento E quando assim invento Um porto além do mar O beijo da esperança Aos poucos já me alcança Permite então amar...
46
Senão o meu caminho Depois de tantos danos Por vezes desenganos E sei que vou sozinho, Adentro pedra e espinho Puindo velhos panos, E quando soberanos Os ermos mais daninhos Gestando em mim a dura E farta desventura Procuro algum sinal, Do todo que pudera E sei quanto me espera Em ato terminal.
47
Estrela que soubera Depois dos erros tantos, E agora em seus encantos A vida recupera A fúria em primavera E bebe em riscos, cantos E gera além quebrantos O mundo em clara esfera. O parto o peso o risco, O coração arrisco E beijo a madrugada Aonde nada além Do tanto que convém Traduz a minha estrada.
48
Transforma meu viver No quanto quis outrora E tudo se demora No pouco a perceber Em ti eu posso ver A sombra que decora O corte não aflora E a morte em desprazer Jamais seria minha Aonde nada alinha Houvera esta esperança E quando a sorte traz Além do que é capaz O canto em paz te alcança.
49
Abraço tal estrela Durante os meus sonhares Por todos os lugares Consigo em paz vivê-la, Quem dera se ao retê-la Ainda me tocares E vendo os meus olhares Também pudesses vê-la, O todo que se fez Em mansa insensatez Agora me domando, O dia se anuncia, Porém a estrela guia Em mim vai se internando.
50
Abraços nem sementes Nem medos ou temores Aonde tu te fores Irei contigo e tentes Vencer os penitentes Caminhos, dissabores Reinando sobre as flores Olhos clarividentes Sabendo ser assim A cor deste jardim E nele sou tal qual O riso, o risco e a prece E tudo se oferece Em rito magistral.
51
Esqueço meu caminho Por pedras e desvios E sigo os mansos rios Aonde me avizinho E bebo sem espinho O manto em desafios Unindo pontos fios, Do todo eu adivinho O risco de sonhar O gozo a me tomar E o tanto que inda possa, A sorte sendo nossa O corte já não temo, Sequer em nada algemo.
52
E nem amar a lua Que tanto desejara E agora esta seara Em face exposta e nua Também além flutua E bebe a sorte clara A vida se prepara E a morte se cultua. Não tendo outro cenário Além do temerário Caminho que penetro, Quem dera fosse assim, O mundo dentro em mim Ausente servo e cetro.
53
Quem dera se pudesse Saber de outra vertente Aonde se apresente A vida com benesse, O tanto se obedece Ainda que se invente Um rito imprevidente Ou mesmo a vida esquece E gera o desvario E assim me desafio Buscando a solidão, Mas sei quanto se dera A vida noutra esfera Gerando a afirmação.
54
Viver mesmo que, embora, Não seja o que pretenda A sorte mera lenda Agora não vigora O tempo não se explora O risco da contenda A morte na moenda O beijo não demora, O peso de sonhar O conto a navegar Histórias de além vida, Preparo a cada não A minha direção Sabendo da saída...
55
A lua que te traz Já levará, bem sei E noutra bela grei Também se faz audaz, Assim serei capaz E nisto me entranhei Enquanto seguirei O passo mesmo em paz, Além da plenitude O tanto quanto ilude Gerando a imensidão Porquanto ser feliz Fazer o que bem quis Luares mostrarão...
56
E nada mais fazer Senão seguir o passo Vagando pelo espaço O quanto conceber Do amor dito prazer E nele se me traço O rumo aonde faço O dia sem querer, Mergulho no vazio E logo desafio As sendas mais atrozes, Assim de tantos riscos Apenas os ariscos Delírios ditam vozes.
57
Amor, que se fazendo Do todo mais além Ainda me contém E nisto sem remendo O sonho vai tecendo E segue sem desdém Do todo sou refém E beijo este estupendo Caminho aonde possa Viver a mais que a fossa A vida noutra face E sendo sempre assim Amor não quero o fim Nem mesmo o que o desgrace.
58
Se torna quase mais Que o tanto que pudera Sabendo a primavera E mesmo os vendavais Além dos desiguais Caminhos onde a espera Aos poucos degenera O quanto fora cais, Resulto do meu verso E nele vago imerso Mentindo ou mais sonhando, O manto se desvenda E sei do amor qual lenda Em tempo outrora brando.
59
De sonhos e de cantos Os tantos quanto pude Em toda plenitude Viver em tais encantos, Agora não me retenho Senão esta verdade E nela se degrade O quanto mais ferrenho Pudesse ainda crer E nada além do dia Aonde fantasia O mundo em bel prazer, Resumo o verso em vão, Mas busco solução.
60
Ecoa no meu peito O canto aonde um dia Vivera esta alegria E agora se me deito Jamais vou satisfeito O risco mudaria A sorte em ironia E tanto mata o pleito Enquanto me renega A vida segue cega E tudo não traduz O parto, a lua a messe E o vago além se esquece Do quanto fora luz.
61
Divinos os teus rastros E sigo até cansar Buscando divagar Adentro vários astros, O mundo em alabastros Marmóreo caminhar Aonde lapidar Se morro sem meus lastros? Não pude esta promessa E tudo se confessa Apenas no vazio, Mas tento nova sorte E sigo sem suporte, Enquanto o vão recrio.
62
Amares nunca dantes Jamais se pode enquanto Além não me adianto Nem busco que agigantes Postergo os degradantes Delírios sem espanto E neste pouco ou tanto Ausentes diamantes, Vendido sem a luz E nela se propus O risco não concerne E sigo e perambulo Enquanto a morte engulo E a dor jamais externe.
63
Escapo numa escarpa E tento após rochedos Os dias menos ledos E fujo desta farpa, O manto já rasgado O tempo não transcende E nada mais se estende Além do meu passado, Restando muito ou nada Do quanto quis outrora A seca me devora E mata a minha estada Na estância da esperança À morte a sorte lança.
64
Rochedos dos meus sonhos Apenas heresias E logo tu verias Os dias enfadonhos Aonde em tons bisonhos Pudesse e não recrias O canto em ironias Ou mesmo estes medonhos Delírios onde tento Vencer o sofrimento E crer num novo cais, Mas quando me percebo O amor mero placebo Adentra os vendavais.
65
Mas, sendo quem não fora Jamais pudesse ver O dia amanhecer Se esta alma é sonhadora, Resulto do passado E nada mais consigo, Aonde quis abrigo O tempo desolado, O risco a manta a morte O preço que se cobra De quem tanto recobra O mar onde comporte Além da onda bravia Quem sabe a fantasia?
66
Ser mar e navegar Acasos entre quedas E logo tu te enredas Tomando devagar O todo que perdura Na falsa imagem leda E quando mais conceda Maior esta tortura, Resisto o mais que posso, No fundo até pensara Na sorte bem mais clara Mas, como se destroço? Um pária nada além Minha alma se retém.
67
Buscando em meu outono Quem sabe novo sol? Aonde quis em prol, No nada enfim me abono E bebo do abandono Buscando no arrebol Quem dera ser farol Aonde não me adono Sequer desta esperança E quando a vida alcança O medo mais atroz, Ninguém escutaria Ainda que vazia A minha frágil voz.
68
Pedindo, nos meus versos, Não pude acreditar No quanto há de sonhar Quem vive em tais imersos Caminhos de universos Além deste luar E tanto procurar Em tétricos submersos Desvios da emoção O tempo sempre em vão O vago deste sonho Aonde na verdade A lua não me invade E o sol não mais componho.
69
Amor que me maltrata, E traz somente a dor, Pudesse ter calor Aonde a sorte ingrata Certeza de cascata Na queda em dissabor Matando qualquer flor Exterminando a mata Floresce tão somente O medo que apresente E trace a negação, E quando quis verão A vida agora interno Somente em duro inverno.
70
Perdi a minha vida Na busca pelo farto Caminho que descarto Enquanto já me acida, A morte construída No peso atroz do parto E quando me reparto Não vejo a despedida, O manto destroçado O corpo acalentado Nas ânsias de um querer, Agora solitário Vagando temerário Sem nada a me prover.
71
Destino sempre prega A peça em quem procura A noite mais escura Caminha sempre cega O medo não carrega Senão velha loucura E quanto mais tortura Negando alguma entrega Resumo o barco em nada A vida naufragada A porta não abrindo O todo se perdendo A sorte; este remendo Um sonho não mais lindo.
72
Embora muita vez O mundo não reflete O quanto me compete Ou tanto se desfez Ainda quando vês O nada me remete Ao sonho de pivete Que a vida nunca fez, O pranto, o medo o risco, O quanto ainda arrisco Na busca por um porto Cenário aonde outrora A vida revigora Agora eu sei, é morto.
73
Na vida quase nada Traduz o quanto pude E vivo a plenitude Há tanto imaginada Resumo a minha estada No verso que me ilude No tanto que transmude A sorte desenhada Eu sinto após o vago Caminho aonde afago Apenas o que tento, Rescaldos do passado Agora sonegado O mundo e o pensamento.
74
Recebes com carinho O canto mais feliz De quem tanto mais quis E agora vou sozinho, Se eu fora mais mesquinho Dos sonhos, aprendiz O canto é chamariz, Porém morro daninho, O marco não seduz E gera em contraluz A tempestade apenas, E quando ainda quero Um verso mais sincero Decerto me apequenas.
75
Porém se amores traz Quem tanto mais mentira A vida não se atira E trama mais audaz O corte que sem paz Aos poucos dita a tira E nada se retira Senão canto mordaz, Vergastas lenham costas E sem ter mais respostas A porta não se abria, O manto descoberto, O rumo sempre incerto O sonho; hipocrisia.
76
E mordem como tantos Fizeram, tão somente O quanto se apresente Em fartos desencantos Os dias, velhos mantos Ausente uma semente Ainda que se tente Cercado por quebrantos Não tenho solução O dia é sempre em vão E a morte não se cala, Minha alma não transcende E à dor somente atende No fundo, uma vassala.
77
Os sonhos mais atrozes O manto descoberto O rumo sempre incerto E neles os algozes. Resisto o quanto tento E nada mais se vê A vida sem por que Apenas sofrimento, Bebendo esta mentira Aonde quis o sonho, O nada recomponho E o pouco se retira, Alheio ao canto eu sigo Um mundo atroz e antigo.
78
Em busca dos divinos Caminhos onde pude Viver a juventude E agora sem destinos Mergulho esquecimento E nada resta enquanto Ainda me garanto E bebo o quanto invento Não pude ser feliz, E nisto nada resta Senão a mera fresta Aquém do que eu mais quis, Bisonha realidade Deveras desagrade.
79
Vivendo deste amor Porquanto quis um dia Além da fantasia Em sonho multicor, Não posso mais propor Senão quanto teria Em dor e em agonia Matando qualquer flor. Olhando o meu passado O dia desolado, A noite sem promessa, O farto caminhar E sem qualquer luar O medo se confessa.
80
Que trama sem saber O parto, a mão suave E nada mais agrave Além do desprazer, Querendo sem poder Chegar e ser uma ave Galgando qualquer nave Aonde pude ver O manto mais sagrado Resumo consagrado De um tempo em plena luz, Agrados e desejos? São tantos os ensejos Somente ao nada eu pus.
81
Amor por ser amor Não deixa qualquer medo E tanto me concedo Buscando nova cor Aonde quer, se eu for Da forma que procedo, Dos sonhos, o arremedo Mostrando o dissabor, Negando esta ilusão E nela a decisão Não deixa que se creia No parto após a morte A vida não conforte Quem dela sempre anseia.
82
E nele mesmo incrusta A sorte mais audaz E nada mais se traz Medida clara e justa, O quanto já me custa Sonhar e ter tenaz Caminho e nada faz Uma alma mais injusta. Resisto o que puder E sei que sem qualquer Desejo ou decisão, Apenas o vazio E nele desafio Os tempos que virão.
83
Ao menos se escutasse A voz de quem procura Além desta loucura Qualquer temor e impasse, Mostrando a dura face E nela esta tortura Enquanto me amargura O pouco que se trace, Resvala no meu eu E tanto se perdeu Quem mais deseja o dia, O corte se aprofunda Uma alma vagabunda Ao longe se perdia.
84
Mas tolo coração, Depois de tanta luta Ainda não escuta Sequer esta versão Do sonho e se virão Embora a vida astuta; Delírios, mas reluta E gera no fastio O mundo atroz e frio E nisto este impreciso Desenho se moldando Em mim já se invernando Em dor neve e granizo. 85
282
Jamais eu poderia acreditar Nas tantas heresias da paixão E vendo sem caminho ou solução O passo eu não consigo desvendar Quisera pelo menos um lugar Aonde divisasse esta amplidão E nela sendo assim, dias virão Traçando a sorte além do imaginar, Mas quando me desnudo e nada vem O mundo se mostrando sempre aquém Do quanto pude ou mesmo imaginara Vagando sem destino vida afora, O todo que deveras desancora Domina sem limites tal seara.
86
Resumos de uma vida aonde quis E tento até sonhar com novo dia, O manto da verdade me escondia O todo que pensara em tom feliz, O risco de sonhar tentando um bis Aonde na verdade não havia Somente o mesmo som, melancolia E nele o que eu buscara contradiz Esgoto minha força nesta busca E sei o quanto a vida é mesmo brusca E traça a queda em todo atroz tropeço, Quem sabe novo brilho ainda possa Vencendo a solidão imensa fossa, E ao fim alguma luz; inda mereço?
87
Mereço qualquer sorte, mesmo quando O manto se desnuda em dor e medo, O todo não passando de arremedo O risco a cada passo se formando, O dia noutra face está nublando E quando desta forma em vão procedo, O gesto mais audaz e desde cedo O corte vejo enfim se aprofundando. Não posso acreditar noutra conversa E quando a realidade desconversa A morte se aproxima lentamente, No todo sem tempero e sem fastio Apenas o meu mundo desafio E vejo a minha sorte agora ausente.
88
Ausento do que fora independência A liberdade morre a cada instante E apenas o vazio se garante E nele a sorte dita esta inclemência Quisera pelo menos coerência Aonde o mundo apenas doravante Traduz a dor e nela esta inconstante Verdade em dor e plena virulência, Restando dentro em mim apenas isto O mundo com certeza não conquisto Nem quero alguma luz, quem sabe o escuro Decerto seja tudo o que procuro E não me preocupo com o brilho, Apenas a incerteza ora polvilho.
89
Polvilho o verso aonde alguém escute E sei do quanto nada represento, Porém ainda sim decerto eu tento Embora muitas vezes eu relute, O gosto pelo canto não embute Verdade nem sequer alheamento, O tanto quanto possa em incremento No farto caminhar já não desfrute Somente da ilusão e nada mais O tempo em dias fartos, vendavais O olhar não mais procura algum apoio, Quem dera se pudesse ser torrente Ou mesmo um oceano que se tente, Porém eu me contento em ser arroio.
90
Arroios da esperança, o verso dita E sabe da ilusão aonde um dia Gerando novo canto em harmonia A sorte não precisa e necessita De tudo que pudesse ser bendita Ou mesmo agradecer em ironia O todo noutra face mostraria Realidade ou glória se infinita. O prazo se findando após a curva A vida na verdade sei que é turva E nisto não se mostra a face escusa Por onde o caminhar já não labuta Nem mesmo uma visão assaz astuta Ou mesmo a realidade mais confusa.
91
Confusa a vida diz deste abandono E nego cada passo aonde um dia Pudesse e até quem sabe caberia O todo aonde o muito não abono, Resolvo a cada dia e me adono Apenas do que o fato mostraria O olhar não mais cabendo em ironia O tempo na verdade não tem dono, Seria muito bom acreditar Nas ânsias delicadas de um luar Cevando em luz macia a prata imensa, Mas quando vejo aquém do que pudera A morte na verdade dita a fera E nela a solidão é recompensa.
92
A recompensa mostra a face obtusa De quem se quer bem mais do que talvez O mundo noutra face já desfez E assim a mão deveras sempre cruza O passo quando muito ora confusa Mergulho no passado e mostro a tez Da qual a minha sorte ora não vês Não aceitando mais qualquer escusa, O risco de sonhar ora concebe O coração em glória se percebe Apenas num amor que me redime, Vivendo cada instante por viver O amor além de tudo posso ver E nele a sensação clara e sublime.
93
Sublime maravilha diz da glória De ter esta certeza me tomando O dia que pensara bem mais brando Mudando com certeza minha história Não passo de uma voz aleatória E tento caminhar sem saber quando O mundo poderia transbordando Gerar no fim de tudo uma vitória A merencória lua se deitara E mesmo dominando outra seara Não resta dentro em mim senão palavra E quando terminar a minha vida A sorte desta senda dividida Já não mais caberia nesta lavra.
94
Um lavrador de sonhos, o poeta Não sabe e nem consegue dominar A vida e neste farto desejar Jamais se vê na sorte mais completa E quando além do todo se repleta E bebe cada raio do luar Não vendo onde inda possa caminhar A sorte na verdade expressa a meta E assim ao se mostrar desnudo enquanto O passo noutro rumo não garanto Senão este granito dentro da alma O canto se espalhando além de tudo O quase caminhar e não me iludo Nem mesmo a minha morte já me acalma.
95
A calmaria dita esta abandono E quando mergulhando em tez sombria O quanto posso ou mesmo poderia Não dita na verdade qualquer sono, Do pouco que me resta e já me adono, O manto gera noite amarga e fria, O canto se transforma em heresia E neste caminhar não mais abono O medo de viver, a sorte tece E quando ainda vejo esta benesse Resumo de uma vida imprevidente, O marco se transforma em atitude E o corpo na verdade se transmude Enquanto o fim deveras se apresente.
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Apresentando agora o fim da peça O pano se abaixando lentamente, No todo que deveras se apresente Apenas a verdade se confessa O medo não traduz o que interessa Nem tanto quanto fora imprevidente O mundo não se mostra claramente E o corte sem temor já não tropeça No parto e na palavra mais sutil Aonde a minha morte se previu Resumo de medonha poesia A porta se trancando e nada vejo Senão a mesma sorte neste ensejo Aonde a solidão se moldaria.
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Moldando com terror cada vergão Esbarro no meu canto e nada tenho Senão este caminho onde desdenho O templo em falsa luz e provisão, Acordo e me pergunto e sei que estão Deveras o que tanto desempenho E tento quanto mais o mar ferrenho E como na verdade sou cristão Não quero saber mais de cruz e medo, Apenas ao amor eu me concedo E nele sei vital a liberdade, Não quero esta vergonha desfilando O tempo noutra face desenhando O quanto se transforma e já degrade.
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Olhando mansamente este riacho E nele se reflete a luz do sol O amor bem poderia ser farol E nele com certeza serei facho, O todo que deveras já não acho E bebo da esperança em arrebol, Seguindo na verdade sempre em prol Do todo que decerto não escracho Eu vejo a mão divina em paz e glória A sorte não seria aleatória Eu quero e me pergunto aonde eu possa Seguir a mão do Pai sem sortilégio Amar e ser feliz é privilégio Desta verdade imensa e sei que e nossa.
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É nossa a decisão de ser feliz E nada mais do quanto pude e quero Ao menos se em verdade sou sincero Permito o quanto além jamais desfiz, O tanto quanto possa este aprendiz E nele sou deveras mais austero O amor por si somente já venero E não o quanto outrora mais eu quis, E resolutamente nada temo, Sequer o que deveras dita demo, O parto não permite outra falácia, Não necessito mais de uma vingança Meu canto em liberdade a Deus alcança E nisto me perdoe alguma audácia.
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Eu quero perdoar e ser também Embora não precise do perdão Para poder seguir em louvação A quem eu desejara sempre bem, O amor somente amor nele contém E não precisa mais da provisão De quem se deu além, satisfação Mergulho no caminho e me convém Seguir a liberdade que Ensinaste Um mundo feito em dor tanto contraste Percebo quanto é bom acreditar Na plena face clara de quem ama, Mantendo na esperança viva a chama E sei que em cada um existe o altar. MARCOS LOURES
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