
Em relógios de lua
Data 01/07/2010 14:56:08 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| Desde que experimentei o verdadeiro silêncio, deixei de temer a morte. Que mais pode ser a morte que um silêncio prolongado... Aquele silêncio em que o relógio que o pode marcar é o relógio solar ponteiro dirigido ao céu, sem tic-tac. Desde que conheci o verdadeiro silêncio, deixei de ter medo da vida, da vida que come o silêncio... Conto-me no relógio de areia, uma a uma se deixa tombar, a contar os segundos, sem ruído de ponteiros, nem cucos a espreitar. É nesse marcar de tempo sem tic-tac de solidões que me nascem orquestras de silêncios em ondas a levarem-me ao céu como que na derradeira viagem, com o tempo contado em relógios de lua... Que mais será a morte que um silêncio, onde o compasso não vem da areia, nem do sol, mas tão só da lua, donde mire o mundo com poesia, donde continuarei a fazer-te poesia, calma, serena, a minha, viva... gravada pelo vento nas dunas do meu silêncio...
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