
Neto de um Alentejano
Data 16/06/2010 00:28:07 | Tópico: Poemas
| Foi numa manhã com sono Que dei por mim a perguntar Avô como é o Alentejo Avô como é o teu lar?
Foi nessa manhã dormente Que vi meu avô chorar Vi nas suas palavras, um novo céu Vi um novo olhar!
Foi assim que ele disse, Bem assim mais ou menos, Com medo que a lágrima fugisse Balbuciou quase um segredo.
Falou-me que logo pela matina Mal via o sol raiar Já tinha de 'tar no cimo da colina Já tinha de 'tar a trabalhar
Falou-me que no verão O sol deixava de ser nosso irmão: -Questão fazia em madrugar E tardava a ir descansar
Falou-me de uma vida vivida Falou-me de um cultura quase esquecida Falou-me de um postigo aberto Sem medo do incerto
Imaginei um povo desconfiado E ele convidou-me a entrar Aí vi que após um trabalho árduo Ninguém hesitava em farrar
Ai disse-me que logo pela matina Ele ouvia entrar pela cortina O som das campinas Naquelas madrugadas vivas
E nessa noite esperei até amanhecer Deitado num longo rego Afaguei o rosto do meu velho Até o ver sorrir e perecer
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