
Desabafo de Agosto
Data 04/06/2010 11:41:43 | Tópico: Poemas -> Introspecção
|  Escorre réstia de luz no mar Na calmaria da praia Vermelha Um ébrio vagar esconde a ira, Desferida num templo comum.
Onde a vida se esconde sob O véu da morte vivida. E vislumbra num doce cantar O murmúrio do Senhor,
E a paz virá daquele que Nos deixou a rolar lágrimas... Que no frescor da noite vive Sobrevive uma vontade de aço
De fazer do simples lito, Um grão fino de areia Se mova na brisa e me revele A visão do nada do momento...
O mar quase estático, Inerte de marés, Da distante música, De pescadores a velejar,
De cantorias em saveiros, De buscas, encontros De partidas, despedidas De perdas e ganhos.
E tudo corre com a silente Voz nostálgica do universo Em tudo quanto há de ser Naquilo que se anuncia
No próximo despertar, Pegadas na praia, corpo trêmulo, Sôfrega alma, tanta ânsia de vencer, Mas teme perder o leme da vida...
Já não se ouve mais Aquelas melodias febris, Que adornavam as ilusões pueris, De um canto juvenil, tão pueril.
E correm soltas as palavras, Folhas ao vento, já não ressoam, No triste elo perdido do viver. Tudo está tão disperso...
Buscar, querer se encontrar Descer ao fundo do poço, Pantanoso campo, íntima escuridão... Ínfima, entre “id e ego”...
Para despertar de um pesadelo, E atravessar a ponte que une De um lado, fantasia e emoção, De outro, realidade e razão...
AjAraújo, o poeta humanista, escrito na década de 70, durante os duros anos da ditadura.
Imagem: Nascer do sol na praia Vermelhan a Urca - RJ.
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