
Do convento ao firmamento
Data 28/05/2010 19:23:56 | Tópico: Poemas
|
Na curva do convento, Entre o céu e o mar, Meus olhos silenciosos, Esgaravatam o prazer do teu sentir, Devorando o azul do teu olhar, O conjecturar da tua alma, o voar do teu ser. O cheiro inebriante da calma serrania, O ventar suave, movimentado a energia densa no ar, Que se moldava em volta do teu corpo de entrega.
Sonhando, Teus sentires consumiram-se, Rescrevendo os teus desejos, Na memória do poeta, Que despertou marés de águas vivas, Beijos suados de prazer, Abraçando o entardecer, Nas escarpas da sacra montanha, Agora trajada de raios dourados.
Acreditando, Ele abriu seus braços aos ventos, De palmas dobradas ao céu, Apoderando-se da força da aragem, Soltou promessas autênticas, Invocando as assistências congénitas, Concedidas pelas árvores da vida.
Já tarde, no crepúsculo do dia, Que não ambicionava acabado, Contemplou o horizonte, Até onde o mar se funde com o céu, Sentindo o cheiro das algas, O levitar dos golfinhos, A quietude do porto silencioso, Submergiu nesse teu olhar terno e imenso, Que é o prolongamento do próprio mar.
Eduardo Jorge, em 15 de Janeiro de 2009
|
|