
O Riso da Saudade
Data 29/07/2007 15:32:15 | Tópico: Poemas -> Saudade
| O Riso da Saudade (sextina*) António Castel-Branco A cálida alvorada já sorri e teu ser rejubila de vontade de abraçar essa estrela que se ri ao ver-te decidida e destemida no fim desta tão triste e curta vida, vivida com carinho e com saudade. No meio da tristeza da saudade que senti ao lembrar-me que sorri dos sonhos que aspiravas para a vida... do modo como impunhas a vontade às dores que enfrentavas destemida... soltei as emoções e logo ri. Mas as lágrimas soltas quando ri, cintilam com o brilho da saudade penetrante, tão forte e destemida... que adubam o silêncio. Pois sorri, se lutas para impor tua vontade e decidir o rumo a dar à vida. Pois esta já tão longa e dura vida esculpida por alma que se ri das desditas... da força da vontade, escorada nos prumos da saudade, guiada pelo vento que sorri, é reflexo duma alma destemida. És guerreira, amazona destemida pelejando nas páginas da vida, que é dura, mas por vezes te sorri... E buscando a verdade que se ri, sentes o tempo em troca da saudade esgrimida em defesa da vontade. Refém deixas de ser desta vontade que te faz combatente e destemida e partes, paladina da saudade que corrói e destrói a própria vida, em busca do firmamento que se ri do tempo em que ditoso te sorri. Se o tempo te sorri, faz-lhe a vontade: abraça o sol que ri, já destemida, e vive em pleno a vida sem saudade. Sintra, 19/02/2007<br />*sextina - forma poética, de origem provençal, constituída por seis estâncias isométricas de seis versos e um terceto final (coda), podendo os versos ser soltos ou rimados segundo um esquema em que se repetem nas outras estâncias, em posições diversas, as palavras finais da primeira estância; o esquema é: estrofe 1 ... A B C D E F " 2 ... F A E B D C " 3 ... C F D A B E " 4 ... E C B F A D " 5 ... D E A C F B " 6 ... B D F E C A coda ....... AB CD EF
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