
O POEMA E A BAILARINA DE PLÁSTICO *
Data 21/05/2010 19:50:23 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| O Poema e a Bailarina encontraram-se Na solidão de um quarto exíguo, Numa noite sem estrelas nem luar, À luz de um velho candeeiro de porcelana. Ele, vive no versos e sonetos rabiscados De um inacabado livro de mesinha-de-cabeceira; Ela, presa no mecanismo magnetizado De uma caixa de madeira pintada à mão.
Ela, deixou-se prender pelo ritmo dolente Das palavras ternas que ele lhe sussurra E ele, pelo seu corpo de plástico colorido A rodopiar ao som de um piano metálico. Incapazes de se libertarem daquele feitiço, Aguardam ansiosamente pela noite; Ela, encerrada na escuridão da caixa fechada; Ele, nas páginas vazias do livro por escrever.
Quando o poeta se entrega a si mesmo, Mergulhado na tela colorida dos sonhos, E seu pincel traça cristalinas paisagens Sobre cavaletes de espuma e vento; A magia, todas as noites renovada, Acende-se na penumbra sufocante do quarto Libertando os amantes acorrentados Às frias amarras de um estranho destino. Ela, das profundezas de um camarim soterrado Emerge, com seu vestido de seda branco E um realejo de fantasias por satisfazer, Enchendo o quarto com arrebatadas danças. Ele, abre asas e desliza nos céus de papel, Ao ritmo da melodia que rasga o silêncio Em exaltados versos que ganham vida, Imortalizando uma paixão impossível.
* Dedicado a todos os amores incompatíveis, separados por um abismo de preconceitos, ou qualquer outro tipo de barreiras.
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