
APENAS UM TIJOLO / A CASA INVISÍVEL
Data 15/05/2010 13:27:36 | Tópico: Poemas
| APENAS UM TIJOLO Autor: Carlos Henrique Rangel
No vazio do lote ocupado por matos, lixos e ratos, um tijolo perdido me lembra o passado... O sobrado parece ressurgir do nada na tela de minha mente e quase ouço as vozes da elite da terra em seus saraus restritos.
Nunca fui convidado porque não existia ainda para esse mundo de contrastes. Meu pai e minha mãe também não...
Mas a casa “bacana”nos fascinava pela beleza... Pelo que significava: beleza, riqueza, poder...
Depois o tempo, esse devastador de utopias, descorou sua tinta. Envelheceu seus moradores. Desfez a magia... As massas em relevo de suas fachadas caíram deixando à mostra os tijolos comuns a todas as casas.
O telhado que cobria a riqueza fez água...
Por fim, o pedaço da história se foi... A cidade continuou o seu caminho com a memória empobrecida...
Apenas um tijolo perdido me lembra o passado entre matos lixos e ratos.
A CASA INVISÍVEL Autor: Carlos Henrique Rangel
Quando surgiu era linda... Para todos. A sensação... A casa mais importante por que importante eram os que a habitavam. Viu saraus. Viu tramas e dramas. Viu romances nascerem e se desfazerem... Viu sonhos desfeitos... Riquezas desfeitas... Nascimentos, doenças e mortes... Viu movimentos, progressos, decadência... E era vista: centro de atração. Admirada. Respeitada... Amada... E odiada. Depois desprezada, esquecida... INVISÍVEL. As casas vizinhas eram demolidas, substituídas. Sobressaiam, mudavam, cresciam... Ela... Invisível. A rua mudava. Se poluía... A cidade crescia. Ela:invisível. O tempo que muda tudo transformou a casa linda em feia. Maltratada, quebrada, abandonada, vazia. Um dia alguém a viu ali perdida entre prédios visíveis. Trocou suas janelas e portas, E telhas, E reboco. E lhe pintou as paredes de cores vivas, berrantes, chocantes: Um vermelho vivo e detalhes em dourado... E a casa invisível apareceu de repente em seu esplendor. Assustou os transeuntes que antes não a viam... A viram então. E curiosos a descobriram. E sua história. E sua glória. Que era parte da história e da glória da rua... Da cidade... De todos...
|
|