
a sinuosidade da usura no buraco
Data 14/05/2010 21:51:46 | Tópico: Poemas
| Lavo a mão que se esgota E saio na barca para a aurora junto da cabeça Cantando a tarefa dos homens desesperados Afogando o passo em cada volta de agua Órfão do verde em sono E baloiçando deus no leito Nu, leito da rua selado Angustia ou desejo tanto faz Desde que arranhemos a pele no relento E gritamos a sinuosidade da usura no buraco Contamos os dias duas vezes A noite clara e o dia sol Duas vezes inocente esta hora Este espaço de hora que se move na sua própria vontade A passagem bate nos olhos do poeta no coração E nos pulmões das costas curvadas Somos o café Congestionamos a idade neste momento E espancamos a lentidão do tempo Batemos na fertilidade do ar Nas folhas do morrer hoje Neste anel de fogo exorbitamos a padeira de coisa alguma Temos o sexo branco no meandro do sangue Como escavasse-mos o firme dos nossos remos Saberemos mais tarde Que a queimadura na parte exterior da perna esquerda Vive fragmentos de granito constantes em bocados sentimentais E da existência Partimos as danças ao meio e da garganta dos sapatos Libertamos as plantas dos pés A mulher deu-me um livro infantil para a moer A mão que tocou o seu marfim quente E a língua que beijou a sua uva canta Canta as palavras do mar criança Do velho que coleccionava objectos redondos O corpo é um peso circular e a ponte é fresca E prende-se na menina de cabelo amarelo Amamos a eternidade do vento sul E a pimenta dos confins da África moderna Nomeamos as árvores em nosso redor Bebemos calos do pensamento neste degrau Transfigura-se a espuma das flores É o que nos resta na memória saltitar E por agora somos inacabados Continuação do encanto jovial Estamos bem mais gordos quando saímos da rua deitados.
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