
Não tenha medo de dizer adeus, de bater o pé na soleira da porta e pegar a estrada mesmo que seja tortuosa, mesmo que já não haja esperança. A estrada é o novo e o novo é o que sempre vem. Renova o espírito e o corpo com a mente que já não quer o presente que se fez passado e o passado que é enterrado como os grãos da ampulheta que se misturam como a história de cada segundo, morrendo num fundo escuro e abafado, inertes e temerosos a quebrarem o vidro e encarar o inesgotável desconhecido. Não tenha medo de dizer adeus nem que seja um tenebroso ensaio, mesmo que fique metade da palavra agonizante na garganta ou que seja a fuga insensata de suas falhas. A palavra não é para se prender no peito e deixá-la tornar-se um fantasma de seus desejos incomensuráveis; a ânsia mata por dentro e resseca a alma. Não torne-se inválido de suas vontades, pois caminhar é preciso, seguir um fluxo a esmo, um destino sem hora marcada e nem pousada, um destino sem cobranças e expectativas, não saber o que vai comer no momento seguinte ou se a chuva que cair não irá te importunar. Não tenha medo de dizer adeus, siga em frente, Mesmo que seja até a próxima esquina.
São Gonçalo, maio de 2009.
www.romulonarducci.blogspot.com
|