
Ver o mundo de forma análoga a sentir o gosto amargo da verdade, caem máscaras, muros caem, romper de estradas, vagar imundo na imundice do absurdo, embriagar-se na fonte da decrepitude. Correr contra o tempo e mergulhar em sonhos que se fazem horripilantes pesadelos no silêncio da noite das palavras. Uivo da alma e arrepio da calma. Viver no fio, no equilíbrio, sem pender para os lados, sem vender os passos, sem gastar os sapatos negros virados de cabeça para baixo atrás da porta da vergonha. Comer em pratos vazios e sonhar com um bom vinho para embriagar de felicidade o coração tomado de dor... Pois a morte, velha, caquética, é certa, incorruptível e careta.
São Gonçalo, 18 de setembro de 2008
foto: Romulo Narducci no Uma Noite na Taverna, restaurante do SESC São Gonçalo, novembro de 2005. Por Angélica Câmara.
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