
Sempre paguei caro pelos prazeres da carne. Com o prazer sobre a carne alheia, a minha carne arde.
Sempre sonhei em ser poeta famoso com livros na praça e no submundo. Mas meus versos malditos não agradam e minha poesia está morta.
E morto estou eu.
Sempre toquei acordes etéreos em meu inconsciente. Mas minha música não é música, é uma arma, é um calibre 38 enferrujado.
Sempre desposei a morte na minha juventude. Porém, enquanto a idade me devora, a desprezo. O medo agora é o amante mais perfeito de toda a minha fadada imperfeição.
E imperfeito sou eu.
Sempre quis ser o maior amante de tua cama... Mas sei que as lembranças estão ali, sei que ser o melhor pode não ser o melhor esteticamente...
Sempre sorri com elogios de borracha. Cépticos olhares e bocas são a chave. Vira-se na fechadura todos os jogos carnívoros-eróticos-tântricos-assassinos.
E pirrônico sou eu.
Rio de Janeiro, 04 de fevereiro de 2002.
Imagem: by Mechanical Mirage, Almacan.
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