
CHOVE
Data 10/04/2010 15:31:45 | Tópico: Poemas
| Vagarosamente, a solidão envolve-me. O amor ausente, não desvanece o morto tempo. Um leve despertar recorda a saudade. Um doce lembrar embala mas desassossega, de novo. Momentaneamente, a vida, os irrisórios, abstractos, lentos factos, infinitas rotinas, tendem a uma total displicência, que temporariamente me assola.
Chove de novo, lá fora. Os algeroz extravasam repletos, as violentas bátegas que sulcam o empapado solo. O negro asfalto, sacudido p’lo vento agreste é um inóspito mar, profunda cova de gritos, prantos viúvos, tenebrosas vagas, que despedaçam toda e qualquer espécie errante, desprevenida, aventureira de vida.
Chove deveras e é lindo. Advinham-se tempos de outrora (mera ilusão!!).
Quando o Sol da primavera despertar paixões e cantos, a flor nascerá. A vida vai brotar resplandecente de cada fresta aberta.
Vagarosamente, a solidão que há poucas horas me assolava a alma, não passa agora, de uma ténue saudade que se esvai, perante o cenário radioso de uma paisagem alentejana (que eu adoro!), varrida pela chuva de inverno (que eu detesto!!).
Malafaia 2010-01-04
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